ATENÇÃO: Oi, gente! Publiquei dois capítulos seguidos hoje e vi que algumas pessoas acabaram não percebendo, por isso não deixe de conferir o 08, ok?  

NOTA: na língua coreana existe o que se chama de discurso formal e informal. A formalidade é necessária como regra de etiqueta em várias situações, especialmente quando se está num ambiente de trabalho, faculdade, quando se conversa com alguém pela primeira vez, e quando a pessoa com quem você fala é mais velha. A diferença da linguagem formal e informal acontece na terminação das frases. E esse é motivo pelo qual, mais adiante, o Mino ficará ofendido com o modo de falar da Ji Won.

G L O S S Á R I O

Aigoo: expressão usada para demonstrar surpresa.

Dongsaeng: pode significar irmão ou irmã mais nova, dependendo do prefixo (Nam para se referir a meninos e Yeo para meninas)

Eomma: mãe.

Staff: conjunto das pessoas que compõem o quadro de uma instituição, empresa etc.

Unnie: forma de uma garota referir-se a uma outra que seja mais velha. O significado literal é "irmã mais velha".  

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HAE SOOK VOLTOU DA cozinha carregando uma bandeja repleta de quitutes caseiros para alimentar as visitas. Acomodado confortavelmente no sofá, Song Min Ho respondia a algumas perguntas feitas pelo apresentador do reality, um sujeito peculiar que vestia uma camisa de estampa duvidosa e sapatos brilhosos.

A matriarca dos Cha soltou um suspiro de alívio. Tinha demorado quase meia hora para acalmar a filha e convencê-la a participar da gravação do programa. Precisou relembrá-la, repetidamente, do principal motivo que a levou a se inscrever, que era salvar a alfaiataria, e só assim ela decidiu ir adiante com o plano.

O staff do programa, compadecendo-se do ataque de pânico de Ji Won, até concedeu um tempinho para que ela trocasse de roupa e desembaraçasse o ninho que chamava de cabelo. Uma princesa, Hae Sook constatou, satisfeita, ao ver a filha descendo graciosamente as escadas.

Ji Won sentou-se no espaço vago no sofá e descansou as mãos sobre as pernas, escondendo as unhas roídas. Espiou Mino de soslaio e notou que ele estava sorrindo. Revirou os olhos, fervendo de raiva por ter que respirar o mesmo ar que aquele pervertido.

Ela quase teve uma crise nervosa ao descobrir que a mãe e o irmão a haviam inscrito no We Got Married com o marido errado. Fez uma nota mental para acabar com a raça de Seok Jin quando este retornasse do mercado. Ele provavelmente havia feito aquilo de propósito, só para rir às suas custas.

O ponto positivo era que ela, inacreditavelmente, fora uma das escolhidas para participar do reality show. Finalmente poderia colocar seu esquema em prática e promover a alfaiataria da família. Precisava apenas convencer Mino a vestir as roupas sob medida confeccionadas por seu pai, o que, particularmente, ela não considerava uma tarefa tão difícil assim. Bastaria massagear um pouco o ego inflado dele. E, se isso não funcionasse, recorreria à chantagem.

— É um prazer tê-la conosco, Cha Ji Won. — Disse o apresentador Kang. Atrás dele, uma funcionária de camiseta rosa indicava a câmera para a qual ela deveria olhar ao responder as questões.

— O prazer é meu. — Ji Won ajeitou uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Como você se sente ao receber a chance conviver com o Song Min Ho por seis meses?

Desgastada, era o que queria falar, mas não disse.

— É... hum... — Ji Won franziu a testa, tentando elaborar uma resposta apropriada. De que jeito uma fã de verdade reagiria? Se não parecesse genuína, correria o risco dos telespectadores perceberem sua farsa. — Um sonho. Isso. — Meneou a cabeça vigorosamente. — É a realização de um sonho. Estou até suando frio, vê? — Ergueu rapidamente as mãos e tornou a escondê-las no colo.

O apresentador Kang riu.

— Claro que sim. Song Min Ho ganhou diversos prêmios por sua atuação primorosa em dramas e filmes, além de sustentar o admirável título de dongsaeng da nação. Milhares de meninas fariam de tudo para tomar seu lugar no programa. — O homem comentou, divertido. — Por isso... — Gesticulou para que Ji Won se aproximasse. — Tome cuidado ao sair na rua. — Cochichou em tom conspiratório.

Ji Won engoliu em seco e forçou uma risada.

— Não se preocupem, meninas. Essa unnie aqui vai cuidar bem do nosso Mino. — Brincou, olhando diretamente para a câmera ao transmitir o recado.

— Oh, temos uma garota espirituosa em nosso meio! — Exclamou o apresentador. — E quanto a você, nosso prodígio da atuação, como se sente sabendo que ficará casado por seis meses com uma de suas fãs?

— Primeiramente, quero dizer que estou muito feliz em participar do We Got Married. Acredito que será uma experiência... única na minha vida, uma oportunidade de conhecer melhor minhas fãs e retribuir todo apoio que recebo dia após dia. Espero sinceramente não decepcioná-las. — Mino exibiu novamente um daqueles sorrisos de comercial.

Falso, Ji Won murmurou entredentes, e seu muxoxo não passou despercebido pelos ouvidos atentos do apresentador.

— Disse alguma coisa? — Questionou o homem.

— Ah, eu... — Ela cutucou o canto da cutícula, procurando urgentemente por uma desculpa. — Não foi nada... e-eu tenho mania de resmungar coisas sem nexo quando estou muito nervosa. É que essa situação toda parece surreal, sabe? A ficha ainda não caiu. He-he.

He-he? Martirizou-se mentalmente. Quem ri assim?

— Entendo perfeitamente, querida. — Aparentemente convencido, o apresentador voltou a consultar as fichas em suas mãos. — Ótimo, depois continuamos com as perguntas. Vamos trabalhar, por hora, com a cena do pedido. Pode ser aqui na sala mesmo, vai criar uma atmosfera mais casual. Acho que se a mãe da garota participar, teremos um bom efeito. Você consegue fingir choro em frente às câmeras, senhora? Tem que parecer emocionada de verdade.

— Eu? — Hae Sook apontou para si mesma. — Aigoo, por que colocariam uma ajuhmma no episódio de um programa para jovens? — Abanou o rosto, seus olhos cintilando empolgação. — Mas como vocês insistem, vou lá em cima trocar de roupa rapidinho e já volto.

Dito isto, os funcionários da emissora começaram a preparar a sala para a gravação, reorganizando, estrategicamente, seus modernos equipamentos de som, luz e vídeo. Aproveitando-se do momento de distração do pessoal do staff, Ji Won cutucou o braço de Mino e sussurrou para que ele a acompanhasse até a cozinha, afirmando que os dois precisavam ter uma palavrinha em particular antes que o reality show começasse oficialmente.

Ela encostou a porta, bloqueando ouvidos curiosos, e virou-se para encará-lo. Após o incidente no restaurante, queria garantir que Mino se comportaria, o que implicava manter o contato físico restrito ao necessário para a atuação no programa, além de não trocar, em hipótese alguma, qualquer fluído corporal.

Mino, contudo, não percebeu a expressão ameaçadora no rosto angelical de Ji won. Ou então simplesmente preferiu ignorar. Ela apostava na segunda opção.

— Nunca pensei que você fosse esse tipo de garota. — Comentou ele, provocativo. — Me arrastando para um canto isolado na primeira oportunidade. — Deu um passo na direção dela e afastou uma mecha de seu cabelo do rosto. — Mas seu segredo está seguro comigo. Gosto assim. — Disse baixinho.

Ji Won demorou dois longos minutos para reagir. Nesse intervalo de eternos cento e vinte segundos, ela viu-se hipnotizada pelos olhos escuros de Mino, que insinuavam propostas capazes de fazê-la queimar de tanta vergonha. Ou raiva, isso, raiva. Era isso que ela deveria estar sentindo. Por que os piores tipos eram sempre atraentes?

— Yah! — Ela afastou a mão dele. — Coloque sua cabeça no lugar, Mino, ou eu mesma vou ter que fazer isso por você. — Advertiu.

— Yah? — Ele arregalou os olhos. — Yah?! — Repetiu, chocado. — Eu sou três anos mais velho. Quem disse que você pode falar de modo informal comigo?

— E quem disse que você tinha o direito de me beijar?! — Ji Won rebateu, não se deixando intimidar por aqueles um metro e oitenta de altura. O beijo roubado no restaurante era um tópico que ainda estava entalado em sua garganta. — Sugiro que mantenha seus lábios pervertidos longe dos meus enquanto estivermos juntos nesse programa. — Disse, impondo limites.

— Eu só estava tentando ajudar. — Mino bufou, sentindo-se ofendido até o último fio de cabelo. — Você parecia tão lamentável diante daquele seu namorado.

— Eu não pedi por sua ajuda, e isso não justifica você achar que poderia me agarrar!

Mino riu sem humor.

— Se você me detestasse de verdade, não teria se inscrito no programa para ficar comigo.

— Quem disse que eu me inscrevi?! — Ela esbravejou.

— Como assim? — Ele parou, confuso. — O que você quer dizer com isso?

— Não importa, apenas... se comporte. — Ji Won desconversou, percebendo o deslize.

Afinal, como ela conseguiria convencê-lo a vestir as roupas da alfaiataria se continuasse a discutir daquele jeito? Mino acabaria queimando as camisas e calças sociais em praça pública só pelo prazer de ensinar-lhe uma lição. Ou pior, ele poderia pedir aos produtores do reality show para expulsarem-na, sob a alegação dela ser uma hater disfarçada.

Seja gentil, ela repetiu para si mesma. Sorria.

— Eu... er... — Ji Won piscou os cílios com rímel, ganhando tempo. — Sinto muito. 

Mino encarou com desconfiança aquela súbita mudança de comportamento.

— Sente muito pelo quê? — Ele inquiriu.

— Por ter perdido o controle no restaurante. O soco foi... hum... um reflexo desproporcional. É que minha personalidade tende a ser um pouco explosiva. — Ela respondeu com uma risadinha nervosa. — E eu posso não ser como suas outras fãs, mas quero que saiba que admiro muito seu trabalho como ator. Espero que possamos resolver nossas diferenças e conviver bem juntos. — Estendeu a mão para ele.

Mino escutou tudo calado, forçando-se a conter o riso que queria escapar. Se ela pensava que conseguiria enganá-lo com aquela atuação barata, logo ele, estava delirando. Mas se ela pretendia fazer joguinhos, tudo bem, ele dançaria conforme a música. Sempre gostou de tango.

Mino aceitou a mão dela e a apertou.

— Tá, eu perdoo. Também sinto muito pelo beijo. — Ele desculpou-se, tentando manter o rosto neutro. Talvez tivesse passado mesmo dos limites. Sua tia ficaria decepcionada.

— Por que vocês estão aqui?! — Uma funcionária do staff entrou na cozinha de repente, fazendo-os pular de susto. — Precisamos terminar de gravar, venham logo! — Queixou-se.

E os dois retornaram para a sala, posicionando-se no centro do cômodo.

Hae Sook, devidamente vestida e maquiada, já estava assoando o nariz com o lenço, chorando copiosamente. E mal os produtores sabiam que aquilo nem era encenação. A matriarca dos Cha sentia-se em êxtase por presenciar a filha recebendo uma proposta de casamento, mesmo que falsa.

Song Min Ho tirou o paletó e dobrou as mangas da camisa branca até a altura dos cotovelos. Deu uma última ajeitada no cabelo e ajoelhou-se no chão, de frente para Ji Won. Estendeu-lhe, então, uma caixinha de veludo contendo um anel.

Era tão bonito e reluzia tanto que Ji Won perdeu a fala. Caberia em seu dedo? Oh, bem, sua mãe dissera que na ficha de inscrição eles pediram por esse tipo de informação.

— Ji Won... — Mino pronunciou seu nome como se saboreasse algo delicioso, um sorriso alojado no canto de sua boca.

Ele pegou a mão dela e acariciou suavemente seu dedo, beijando o local antes de colocar o anel. O breve contato dos lábios dele contra sua pele enviou arrepios por todo seu corpo e ela repreendeu-se por reagir assim.

— Você aceita se casar comigo? — Mino perguntou baixinho, com voz rouca, desencadeando outra onda de arrepios em Ji Won. Ele só podia estar fazendo isso de propósito. Malditos hormônios descontrolados.

Ji Won encarou bem no fundo dos olhos dele, tentando desvendar os motivos ocultos que o levaram querê-la como esposa no We Got Married, mas não conseguiu chegar a uma conclusão clara. Vingança, talvez?

Bem, Mino não perdeu a compostura face à demora dela para responder ao pedido. Ele permaneceu em sua pose irresistível como se tivessem todo tempo do mundo, como se fosse normal ela hesitar e como se fosse óbvio que ela nunca teria coragem de rejeitá-lo. Toda aquela autoconfiança a irritava ao extremo.

— Sim. — Ji Won disse, por fim. — Eu aceito.

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E o que vocês acharam da interação entre nossos pombinhos? Contem pra mim!