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O capítulo de hoje foi dividido em dois porque ficou muito grande, por isso o encontro da Ji Won com o Mino continua no próximo.
G L O S S Á R I O
Aigoo: expressão usada para demonstrar surpresa.
Ahjumma: modo de se referir a uma mulher mais velha.
Eomma: mãe.
Kimchi: é um prato muito popular na culinária coreana. O sabor pode variar de acordo com o legume ou vegetal utilizado, os temperos, e o tempo de conserva.
Oppa: forma mais íntima de uma garota se referir a um rapaz mais velho. Pode ser usado entre amigos, irmãos e namorados.
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NÃO ERA COMO SE Song Min Ho precisasse se submeter àquilo. Ele poderia simplesmente esperar que o programa entrasse em contato com as candidatas para, depois, participar da transmissão do anúncio oficial da emissora.
E era exatamente isso que os outros famosos iriam fazer, agir dentro do roteiro, optando pelo caminho seguro e sem risco de desastres. Mas Mino não. Ele gostava de pensar fora da caixa, de ousar, de surpreender o público e derreter corações. A mania de grandeza e criatividade para criar ideias mirabolantes sempre foram as características mais marcantes de sua personalidade.
Por isso ele decidiu que visitaria pessoalmente a casa de Cha Ji Won para comunicar, com sua própria boca e palavras bonitas, que ela havia sido selecionada para o We Got Married e teria o privilégio de ser sua esposa de mentira por seis meses.
Os produtores adoraram, disseram que seria um modo inovador de iniciar a nova temporada do reality show. Dong Man, por outro lado, tentou vetar de todas as maneiras, porque temia que as coisas saíssem do controle. Já não dava para confiar muito em Mino, muito menos se aquela garota imprevisível estivesse envolvida.
— Depois não reclame se você ganhar outro olho roxo em plena rede nacional. — Agourou Dong Man, tentando reforçar seu argumento. — E eu não vou fazer nada para consertar as coisas dessa vez. — Declarou. — Não vou mover nem meu dedo mindinho pra te ajudar.
— Pare de ser tão pessimista. — Mino revirou os olhos e ajeitou a gravata. — Se foi ela mesma quem se inscreveu pra se casar comigo, — Fez aspas no ar. — então que motivos ela teria para tentar me prejudicar?
— Não sei, pode ser só um pressentimento, mas... — Seu assessor mudou o peso do corpo de uma perna para outra, parecendo inquieto. — Algo nessa situação não bate, não se encaixa.
— É mesmo? — Mino arqueou uma sobrancelha. — Pois eu acho que Ji Won provavelmente se apaixonou por mim depois do beijo, mas reagiu daquele jeito porque não soube lidar com suas emoções, e agora está usando o reality como uma desculpa para nos reencontrarmos.
— Apaixonada, certo. — Dong Man riu com deboche. Não dava mesmo para entender o funcionamento misterioso da cabeça dos artistas. Talvez a fama tivesse algum efeito psicótico ainda a ser desvendado pela ciência.
— Fica quieto que vai começar. — Mino cochichou ao lembrar-se das inúmeras câmeras ao seu redor, capturando cada um de seus movimentos. Deu uma rápida ajeitada no cabelo e estendeu a mão, enfim tocando a campainha da casa da família Cha.
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Cha Hae Sook estava ocupada lendo um livro quando escutou o barulho da campainha ressoar dentro de sua modesta residência. Suspirou, imaginando que seu primogênito se esquecera, novamente, de levar uma cópia da chave. E como Jin havia saído para ir ao mercado, provavelmente estaria carregando consigo várias sacolas pesadas, por isso ela se apressou em atender a porta. Contudo, ao fazê-lo, grande foi sua surpresa ao quase ficar cega com tantos flashes.
— Mas o quê... — Cobriu os olhos, assustada.
— Bom dia. — Um rapaz engravatado e bem apessoado a cumprimentou.
Hae Sook piscou várias vezes para adaptar sua visão. Sondou o ambiente e notou que vários jornalistas tinham câmeras e gravadores apontados em sua direção. Quanto ao homem sorridente à sua frente, ela tinha a impressão de já tê-lo visto em algum lugar.
— O que vocês querem? — Ela questionou, as engrenagens de seu cérebro girando enquanto tentava elaborar teorias que explicassem que raios de situação estranha era aquela.
— Eu me chamo Song Min Ho e esse aqui é o Dong Man, meu assessor. — O rapaz bonito esclareceu. — Por acaso essa é a residência da Cha Ji Won?
— O que vocês querem com a minha Wonie? — Hae Sook questionou na defensiva. Ela estava cansada de ver na tevê como esse tipo de coisa funcionava. Aquela corja de abutres jornalistas só costumava cercar pessoas comuns quando algo ruim acontecia.
— Esse pessoal aqui comigo... — Min Ho indicou os funcionários vestindo camisetas cor-de-rosa. — São o staff do We Got Married, e o restante são jornalistas e seguranças. Viemos comunicar pessoalmente à senhorita Ji Won que ela foi escolhida para ser minha futura esposa na nova temporada do programa. — Ele abriu um sorriso brilhante, sua marca registrada.
Hae Sook sugou uma grande lufada de ar, seu fôlego ficando entalado na garganta. Não, não fazia sentido, aquele não era o rapaz com o qual a filha escolheu se casar no reality show. Céus, ela não deveria ter pedido ao Jin que finalizasse a inscrição no site enquanto ela cuidava do jantar na cozinha, devia ter deixado a panela queimar no fogo em vez de largar o computador nas mãos do avoado filho mais velho.
— Você! — Hae Sook apontou o dedo acusatoriamente. — Agora eu me lembro. Você é o ator do escândalo! — Constatou, aborrecida.
Mas que solução existia? O kimchi já tinha azedado e Ji Won teria que entender a situação. Por outro lado, se aquele sujeitinho metido a ator ousasse trair sua preciosa filha, assim como fez com a antiga namorada celebridade, Hae Sook não deixaria barato. Ninguém mancharia a reputação de um de seus bebês e sairia impune.
— Sim. — Mino respondeu, forçando seus músculos faciais a não transparecerem seu desagrado por ela ter trago à tona a questão do escândalo. — E você deve ser a irmã da senhorita Ji Won. Posso ver as semelhanças na aparência tão... adorável.
— Oh. — Hae Sook pôs a mão na bochecha, instantaneamente deixando a irritação de lado. — É muito gentil da sua parte, querido, mas sou a mãe dela. Todo mundo diz mesmo que tenho uma genética fantástica. Esse rosto aqui... — Gesticulou. — Desconhece o que são rugas. — Soltou uma risadinha anasalada.
Mino riu junto, sustentando a pose de bom moço.
— Então, a Ji Won... — Ele retomou o assunto.
— Ah, aguarde só um minutinho que vou chamá-la. Minha Wonie costuma ter um sono mais pesado que o de um urso. Você gostaria de entrar e esperar na sala? — Ela convidou, sorridente.
— Obrigado pela gentileza, mas vou precisar recusar. Queremos fazer uma surpresa. Apenas peça a ela para atender a porta, que as câmeras estarão a postos para gravar. Tudo bem? — Mino lançou-lhe uma piscadela.
Hae Sook prontamente assentiu, fazendo conforme ele pediu.
Aigoo, que pedaço de homem, pensou consigo mesma enquanto subia as escadas em direção ao quarto da filha. Faria as ajuhmmas da feira engolirem a língua ao gabar-se de que Ji Won tinha conseguido arrumar, novamente, um bom partido.
— Wonie. — Cutucou-lhe o braço. — Wonie, acorda. — Chacoalhou-a com mais intensidade.
Sonolenta, Ji Won resmungou para que a deixassem em paz e virou de lado.
— Levanta logo dessa cama, menina! — A mãe, perdendo a paciência, escancarou as cortinas e arrancou-lhe as cobertas.
— Yah! — Ela grunhiu, ainda de olhos fechados. — Some daqui antes que eu arranque essas bolas de gude que você carrega entre as pernas, Jin! — Ameaçou, irritada, e foi atingida por um tapa certeiro na cabeça.
— Já disse pra você não falar assim com seu oppa. Que boca suja é essa? Não te ensinei a respeitar os mais velhos? — Hae Sook ralhou, pondo as mãos na cintura.
— Eomma! — Ji Won fez pirraça, enfim percebendo que sua mãe era a responsável por perturbar a tranquilidade de seu sono.
Ela não queria se levantar, estava tão exausta que sentia como se um trator tivesse moído cada uma das articulações de seu corpo. Passara a noite anterior praticamente em claro, assistindo a melodramas românticos e remoendo como ainda sentia falta do ex-namorado. Para piorar, Hae Jun não parava de ligar e mandar mensagens, implorando para ter a chance de esclarecer as coisas. Seu coração não aguentava mais tamanho sofrimento.
Sua melhor amiga, Kang So Dam, bem que tentava encorajá-la a seguir em frente e superar Hae Jun, mas era tão difícil. Foram necessários cinco anos de relacionamento para que ela se esquecesse que existia vida além do namoro. E, agora, precisava reaprender a caminhar com as próprias pernas. Sozinha. Sim, provavelmente viraria uma ajuhmma solteirona, porque onde mais ela encontraria alguém capaz de aguentar seu temperamento explosivo?
— Você tem visita. — Hae Sook cantarolou, empolgada, coraçõezinhos invisíveis brotando de seus pequenos olhos castanhos.
— Quem? — Ji Won bocejou, espichando pernas e braços para espreguiçar-se. Retorceu-se tanto na cama que mais parecia uma minhoca.
— Você precisa descer e descobrir. — Ela cantarolou novamente. Abriu o guarda-roupa da filha e começou a vasculhar os cabides em busca do vestido certo. Escolheu, por fim, um modelo estampado com pequenas margaridinhas. — Você fica linda nesse. Use.
Mal humorada, Ji Won ignorou a sugestão de roupa e arrastou-se até o banheiro para escovar os dentes. Sua mãe a seguiu.
— Passe um pouco de maquiagem também nesse rostinho, você precisa causar uma boa impressão. — Hae Sook abriu a gaveta e retirou um rímel, um tubo de BBcream e vários batons. — Rosa cai bem com seu tom de pele, mas coral te deixa mais vibrante. O que você acha, Wonie?
— Eomma! São nove horas da manhã! — Ela resmungou, cuspindo a espuma da pasta de dente. — Quem de tão importante está lá embaixo pra causar essa comoção toda em pleno sábado? — Bochechou um bocado de água, enxaguando a boca.
Hae Sook comprimiu os lábios numa linha fina, recusando-se a dedurar a surpresa, e Ji Won crispou os olhos, desconfiada.
— É um homem, não é? — Tentou jogar verde, mas a mãe permaneceu num silêncio suspeito.
Então Ji Won começou a matutar. Se havia um homem à sua procura, só podia ser o ex-namorado. Mas como ele ousava aparecer assim, de surpresa, sendo que ela já havia alertado àquele traidor para nunca mais cruzar seu caminho?
Irritada, ela desceu as escadas correndo com sua mãe em seu encalço.
— Wonie, não receba as visitas nesse estado, você nem limpou a remela dos olhos! — Hae Sook gritou, apavorada. — E olha esse pijama que você está vestindo, todo manchado e com um furo bem na... — Não teve tempo de completar a frase.
Cega de raiva, Ji Won simplesmente escancarou a porta, preparada para mandar Hae Jun voltar para o buraco de onde saíra. E quando ela, enfim, deparou-se com o circo que estava armado na frente da sua casa, já era tarde demais. Flashes, câmeras e reportes, tudo ao mesmo tempo, fizeram-na entrar em pânico.
— Olá, Ji Won. — Song Min Ho sorriu com malícia. — É um prazer finalmente conhecer minha futura esposa.
Ela piscou uma, duas, três vezes, e bateu a porta.
— EOMMA!!!!!!!!!!!!
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