Capitulo 5
Capítulo 5
Ao cair da noite, a multidão dentro da central do circo era abundante. Com o grupo separado em seus respectivos lugares, Isaac se estreitou pelo amontoado de pessoas e arrumou um acento pra si na segunda fileira, perto o bastante para poder observar o show com cuidado e agir caso fosse necessário.
A tenda era extremamente grande, havia no mínimo 500 pessoas dentro daquele lugar, sem contar com as que estavam do lado de fora. Se a culpa dos desaparecimentos for realmente do circo, eles eram habilidosos o bastante para atuar em seus planos sem que o público notasse.
— Está começando...— Disse Isaac jogando algumas pipocas em sua boca.
As lamparinas ao redor da tenda se apagaram, e tudo se tornou apenas o breu.
— Caros cidadãos e viajantes, sejam bem vindos.... — Uma voz risonha ecoou, quando o centro do circo se iluminou com chamas que se ergueram e uma melodia animada começou a tocar — Ao melhor espetáculo de suas vidas!
O Títere abriu seus longos braços num sorriso malicioso, enquanto os outros membros do circo entraram num desfile animado.
— Sejam bem vindos, ao Palace Circus, um lugar onde os sonhos acontecem, um lugar onde vocês podem esquecer todas as suas preocupações e rir com todos nós. Não é divertido? Aqui será seu lar, um lugar onde se encontrar...um mundo encantado onde tudo o que desejam pode se tornar realidade.
Dois acrobatas idênticos saltaram pelos ares, se agarrando as barras colocadas lá para eles. Suas roupas eram um conjunto rosa florido, com um véu de estrelas, como um céu artificial criado para ficar dentro da tenda.
Isaac se debruçou em seu acento, e olhou para os dois acrobatas com um sorriso sarcástico.
Eles não perdem a chance...
Mais e mais membros do circo foram entrando, em suas danças e acrobacias malucas e encantadoras, era de se esperar, afinal, o ânimo da cidade com a chegada deles não era pouca coisa.
— Um show e tanto, não? — Disse o Títere, rindo para a plateia. — Agora, quem será a pessoa corajosa e sonhadora que vai descer dos bancos e vir até aqui conosco? Será você? — Ele disse apontando para uma garotinha — Ou você? — disse novamente, olhando para outra criança.
— Eu me voluntário.
O Títere parou de sorrir por um momento, e olhou na direção de quem havia falado. E lá estava Isaac, com os braços cruzados e um sorriso falso em seu rosto.
— Ora, que mocinha corajosa.
Veias saltaram levemente na testa de Isaac, mas ele se manteve quieto e apenas sorriu.
— Não perderia essa oportunidade por nada — Disse, pulando da arquibancada e se aproximando do Títere.
— Esse é o espirito, jovem dama — O marionetista abriu um sorriso largo e estendeu a mão na direção do ruivo, o mesmo apenas aceitou sem rodeios, e logo em seguida foi puxado em uma pirueta para os braços do homem.
As mulheres da plateia suspiraram levemente de surpresa, teriam elas gostado da visão? Não era um certeza, mas Isaac com certeza não havia gostado.
Seu rosto estava com um sorriso rígido para tentar ao máximo não demonstrar o desgosto. Não que adiantasse muito, pois as veias saltadas em sua testa eram bem visíveis.
— Não me olhe assim, querida. Não quer que o publico fique desanimado sabendo que você e seu bando vieram aqui para estragar o meu show.
Isaac deu um sorriso largo e se afastou do Títere como se estivessem em uma dança.
— Bons olhos, como sabia?
— Um mágico não revela seus truques, minha cara.
Um mágico, hum...
Issac pensou, antes de ser puxado novamente.
No canto mais afastado do show, o pequeno ratinho Ed se esgueirava pelo camarim dos integrantes do circo. Ele subiu em um dos baús da tenda e observou em volta. O local estava escuro, apenas com a presenta de um lampião com uma vela bem curta. Mas uma coisa era clara, algo ali o chamava a atenção.
Confio muito nos meus instintos...o local parece limpo, mas esse lado da tenda...tem um péssimo cheiro.
O pequeno ratinho se aproximou de uma parede, não parecia ter algo ali, mas...
Não estou enganado. Isso é cheiro de putrefação. Nunca erraria esse odor de morte.
— Mas não tem porta. Uma passagem escondida talvez? — Ele pensou por um momento, antes de ver uma sombra vindo em sua direção.
Ele correu para trás de algumas malas, e pode escutar um lamento.
— Que droga, eu quase acertei. Odeio ratos. — Disse, uma voz feminina, uma certo tom de nojo em sua voz.
— Você podia ter deixado eu tomar conta disso, Rosane.
— Liam, sua pontaria é tão ruim quanto a dos ursos do circo. Não valeria apena. De qualquer forma, ele nos disse para alimentar logo aquela coisa, então vamos.
— C... claro.
Ed se esgueirou pelo canto da mala e observou as duas pessoas que estavam na tenda. A mulher alta — Rosane — vestia uma roupa de mimico, ela usava um tipo de mascará de porcelana em seu rosto. E seu acompanhante — Liam — era um jovem de cabelos loiros, mais baixo que ela, estava usando apenas um macacão e... estava carregando um pessoa em seus ombros. Não...um cadáver.
Parecia ser o corpo de um idoso, sua mandíbula estava quebrava, e sangue vazava de sua boca, derramando sobre o ombro do jovem loiro.
Rosane apertou uma parte da parede, fazendo um pequeno ruído. Uma porta se abriu, não muito grande, mas o suficiente para uma pessoa passar. A entrada não era reta, pois ia diretamente para baixo, dando a visão de uma enorme escadaria, sem vista para o fundo.
Os dois entraram na passagem, que logo começou a se fechar, e Ed correu para entrar ali também, apenas escutando a parede se fechar atrás de si.
Seja lá o que tiver aqui em baixo, vamos resolver isso logo.
Na tenda do espetáculo, Isaac observava atentamente os movimentos do títere. Ele era estranho, não só em seu jeito petulante de agir, mas o modo que se movimentava e como seus passos soavam pesados na terra. Parecia errado.
— O que acham da nossa cara convidada realizar uma das mágicas favoritas de vocês?
A plateia se animou, gritando a todos pulmões.
Sério, o que vem de tão divertido nisso?
— Vamos fazê-la desaparecer — Ele disse, sua cabeça se contorcendo em minha direção, como uma coruja que encontrou sua presa — Vamos, entre na jaula. Você será levada até um mundo encantado — Ele disse, me guiando para dentro da jaula e segurando o pano que a cobria. Antes de se virar novamente para a plateia, ele chegou perto do rosto de Isaac e sussurrou de forma monótona — Não se preocupe, vou garantir que você não volte mais.
E então, fechou a cortina. Issac apenas escutou a emoção nas vozes das plateia, antes de sentir o chão abaixo de seus pés sumir, e cair em um abismo de escuridão.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro