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19. Pare de romantizar o estupro

#pratodosverem | Descrição da imagem: foto em preto e branco do rosto de uma mulher. Percebem-se machucados, o cabelo bagunçado. De olhos fechados, maquiagem borrada, ela chora e a lágrima cai pela bochecha. A foto usada é de autoria de Kat J e está disponível na plataforma Unplash.

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Em uma sociedade onde tudo o que é feminino ou que se aproxima do feminino vira motivo para escárnio, o estupro ser tido como "fetiche" não surpreende. Em outras mentes, é mesmo uma "punição" para aquela mulher que "não deveria ser vestir de modo tão vulgar", "não deveria estar naquela rua à noite", "não deveria estudar a noite, porque isso é coisa de puta" ou que "deve servir como boneca inflável para os homens". No Wattpad, infelizmente, fetiche e escárnio se unem em forma de obras que romantizam o tema.

Não faça isso.

Você pode até ter poucos leitores; você pode ter milhares deles ou nenhum, não importa: no momento em que você vai para a arena pública que é a internet, você precisa ter responsabilidade social; você precisa ter consciência de que os teus atos podem incomodar, influenciar e machucar.

Você precisa ter empatia.

Quando você romantiza um tema como esse, você está, sim, contribuindo para fortalecer a cultura do estupro que temos no Brasil. Você está dizendo para alguém que foi estuprado que aquilo poderia ter algo de bom e, Oh, que lindo!, eu poderia até ter me apaixonado pelo meu estuprador e vivido uma tórrida história de amor com ele... Definitivamente, não!

No Instagram, quando publiquei este capítulo, achei curioso como muitos homens jogaram pedras munidos de um discurso de que "não existe cultura do estupro no Brasil" e que eu "estava exagerando" e "querendo causar polêmica". A cultura do estupro não se refere apenas ao ato do estupro em si. Esse seria o "último estágio" de uma série de ações misóginas que levam ao extremo. A cultura do estupro nada mais é do que uma cultura de desrespeito contínuo e histórico, que permeia várias áreas (social, política, religiosa, cultural, midiática) e contribui para a objetificação dos corpos alheios; para o descrédito, a diferenciação, para o desrespeito.

Dados do décimo terceiro Anuário Brasileiro de Segurança Pública, divulgado em 2019, registra cerca de 66 mil vítimas de estupro no Brasil no ano de 2018. E um detalhe: 53,8% das vítimas são meninas de até 13 anos de idade. Para cada dez pessoas estupradas, oito são mulheres e dois são homens. E metade das pessoas é negra. Se você quiser uma estatística ainda mais chocante, a média do nosso país é de 180 estupros por dia. São mais de sete pessoas por hora. Ou seja: enquanto você lê este texto, alguém pode estar diante dessa violência.

É chocante? Sim. Mas é necessário abordar o assunto. No link externo ao final deste capítulo, deixo o relatório completo do Fórum de Segurança Pública.

Como eu já falei por aqui, escrever é um ato político. Portanto, de nada adianta você reclamar do Presidente da República quando ele afirma que alguém "não merece ser estuprada", enquanto no Wattpad você transforma ato tão repugnante no mote de um romance cheio de fofura.

Pois vamos lá. Vai escrever sobre estupro? Ótimo. É preciso. Não tenha medo de falar sobre o assunto. Porém, tome alguns cuidados:

1) Indigne-se; ponha-se no lugar da vítima;

2) Leia relatos, sinta a dor, busque a chaga que fica na alma de alguém que já passou por isso;

3) Deixe o erro em evidência e não o transforme em fetiche;

4) Não recompense o estuprador. Há redenção? Há, é claro que sim. Porém, dependendo do modo como você fizer isso, pode parecer que ele recebeu um prêmio. Deixe claro que há punição e punição SEVERA;

5) O cara inventado por você pode ter a famigerada aparência de um príncipe de contos de fadas, não importa: ele ainda é um ESTUPRADOR;

6) Não culpe a vítima. Não há NADA que justifique um estupro;

7) Use tua história como manifesto e grite. Faça da tua escrita uma forma de impulsionar o grito daqueles que não têm ou não tiveram coragem de denunciar o estupro sofrido;

8) Aponte o essencial tão dito pelos movimentos feministas, mas que principalmente nós, homens, ignoramos: "meu corpo, minhas regras". Deixe isso bem claro na tua história. Defenda essa posição. Lute por ela.

E o essencial: escritor, escritora, use a tua escrita como barco de salvação, não como arma em prol do machismo.

Empunhe a bandeira pelo respeito.

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