119. Você compraria o teu próprio livro?
#praTodosVerem | Descrição da imagem: diante de um fundo branco, vê-se o personagem Henggoinho abraçado à capa do livro "Conversas com Deus no coreto do Éden". Saem coraçõeszinhos da cabeça do personagem e o boneco tem uma expressão relaxada no rosto.
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Eu poderia encerrar este artigo com o título, mas merece uma contextualização. Essa pergunta foi feita a mim em 2009 por uma professora da universidade. Estávamos em uma aula de Metodologia Científica e, na confusão de papéis e de xerox, acabou que entreguei para a professora um rascunho de um dos meus primeiros livros. Ela leu, fez algumas considerações, conversamos sobre literatura e ela perguntou:
"Tu compraria o teu próprio livro?"
Eu disse que não sabia. A verdade é que na época, ainda envolto por aqueles sentimentos de auto boicote que já conversamos por aqui, a minha resposta seria "não, não compraria". E concordo com essa resposta. Meus textos ainda careciam de estrutura, eram muito crus, personagens mal feitos. Eu não fazia roteiros e tinha a terrível mania de escrever por impulso. Se meus livros estivessem disponíveis em uma livraria, eu riria.
Hoje, isso mudou. E a resposta é o completo oposto.
Eu já falei aqui sobre a necessidade de sermos nossos primeiros fãs. E esse é um processo que também passa por buscarmos melhorar nosso texto, estudar escrita criativa, desafiar-nos a sermos melhores e, principalmente, não cairmos no sentimento de mediocridade que permeia o Wattpad e outras plataformas literárias, mesmo a Amazon.
Olhe para o teu livro com o mesmo olhar que você olha para um livro que está na lista de mais vendidos da revista Veja, por exemplo. Fuja da prisão mental de "Meu Deus, eu jamais vou alcançar essa qualidade de texto.". Mentira! Alcança sim. Não caia na armadilha do talento. Muitas pessoas acham que quem escreve bem só o faz porque "tem talento para escrever". Mentira!
Talento ajuda? Ajuda. Mas o talento sozinho não é nada! Absolutamente nada.
Alguém esforçado alcança e até supera o mesmo nível do talentoso.
Alguém que se recolhe ao talento que tem fica parado no tempo.
Esforce-se. Queria ser mais. Saia da caixinha.
E não é ser melhor para os teus pais, para se mostrar nas redes socais para ganhar aplausos ou para eventuais editores. É ser melhor para ti, por amor-próprio. É colocar a cabeça no travesseiro e dormir tranquila na certeza de ter pelo menos tentado. É largar a desculpa sobre "sou adolescente, ainda sei pouca coisa" e buscar mais e mais.
Eu tenho uma afilhada de 16 anos que escreve muito bem. Claro, há falhas que o tempo irá polir, mas as bases estão formadas. Por quê? Porque ela sempre foi estimulada a ler e quando ganhou certa independência não se fechou no próprio umbigo. E outra: ela está aberta a aprender e a quebrar a cara.
E mais uma vez eu repito: cuidado com as redes sociais! Uma pergunta como a do título se fosse feita no Instagram, por exemplo, traria milhares de respostas do tipo "Ah, eu acho que nunca vou conseguir", "Meu texto é horrível!", "Nunca vou chegar a esse nível!" e coisas do tipo. E o pior é que esse sentimento derrotista tem duas vertentes: ou ele infecta as pessoas e alimentam sentimentos de incapacidade, ou ele faz com que alguém que tenha orgulho do que faz se sinta envergonhado de dizer que conseguiria sim.
Use as redes sociais de modo saudável. Não tome o que está ali como se fosse verdade. Lembre-se: aquilo ali é uma bolha dentro de uma bolha. Não caia na falácia do "se está nas redes sociais, todo mundo vai ver". Mentira! Trinta por cento da população brasileira não tem nem acesso à internet. E dos outros setenta por cento, boa parte não são usuários das redes sociais, além do WhatsApp, e outra parte têm internet, mas não está nas redes sociais.
É uma bolha. Acorda.
Há muitos, dezenas, centenas de escritoras e escritores pelo Instagram que vivem nessa certeza de que aquela bolha é o símbolo de sucesso; certeza de que fazer sucesso no Instagram é fazer sucesso no mercado literário. Não necessariamente.
Estude, dedique-se, tenha coragem e o teu livro será excelente independente dos aplausos que ele receba. E então, lá na frente, você responderá à pergunta do título sem receio de soar soberbo ou egoísta.
"Você compraria o teu próprio livro? Sim, sem dúvida!"
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P.S: só para avisar quem acompanha o livro há tanto tempo: a partir deste artigo, começamos a contagem regressiva para o final desta longa jornada de publicações. Obrigado pela companhia. ^_^
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