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111. Gere empatia logo nas primeiras páginas

#praTodosVerem | Descrição da imagem: vê-se uma ilustração com a silhueta de duas pessoas com as cabeças encostadas. Vemos os cérebros de ambas. A figura da esquerda, com um cérebro todo alaranjado, passa um pouco de seus sentimentos para o cérebro da pessoa do lado direito, com o cérebro cinzento, que é invadido pela cor laranja.

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Não importa o meio midiático: os primeiros minutos, as primeiras palavras, são essenciais para dizer se o público comprará ou não a tua narrativa. Só para você ter uma ideia, essa relação inicial deve se estabelecer logo nos primeiros 20 minutos de um filme, nas primeiras 2 páginas de um conto, no máximo até a segunda canção de uma peça musical. Sabe a história do "a primeira impressão é a que fica"? É sobre isso que se trata.

Por mais óbvio que pareça, muitos escritores não atentam para o fato de que a primeira página é a primeira amostra do teu universo. Portanto, inicie a história visando logo a apresentação do teu protagonista, pois você já estabelece um contato com o público. Pense também em mostrar de imediato a ação, o problema que a tua trama propõe. Isso gera aquela clima de dúvida e de mistério para impulsionar a leitura. Outro ponto, é cuidar da personalidade desse personagem. Se você a apresentar o quanto antes, possibilitará que o leitor se reconheça na trama. Você gera empatia.

A empatia inicial é prejudicada principalmente com excessos descritivos, excesso de adjetivos e erros gramaticais. Somado a isso, demore a trazer a trama do teu livro e, parágrafo a parágrafo, a atenção do público irá se esvair. Pense: "Se meu livro fosse um filme, como a minha protagonista faria uma entrada triunfal e inesquecível? Marcante?"

Cause frisson, asco, repulsa, choque, risos, lágrimas, medo, angústia logo nas primeiras páginas (de preferência na PRIMEIRA PÁGINA), e boa parte do trabalho para conquistar leitores estará feito. Imagine que a livraria, que o Wattpad ou a Amazon, são oceanos cheios de peixes (leitores em potencial). Agora, pense na quantidade de livros (varas de pescar) à disposição. Se você tiver a melhor isca, a melhor estratégia, a chance de fisgar leitores é muito maior.

Vamos fazer um exercício de percepção narrativa? Abra livros que você gostou, leia as três primeiras páginas e perceba essa estratégia. Note onde foi que aquela trama te fisgou, como os autores iniciaram suas obras, como é o primeiro parágrafo, a primeira frase.

Por exemplo, vamos dar uma olhada na primeira página de A Revolução dos Bichos de George Orwell.


"O sr. Jones, dono da Granja do Solar, fechou o galinheiro para a noite, mas estava bêbado demais para lembrar-se de fechar também as vigias. Com o facho de luz da sua lanterna balançando de um lado para o outro, atravessou cambaleante o pátio, tirou as botas na porta dos fundos, tomou um último copo de cerveja do barril da copa e foi para a cama, onde sua mulher já ressonava.

Tão logo apagou-se a luz do quarto, houve um silencioso movimento em todos os galpões da granja. Correra, durante o dia, o boato de que o velho Major, um porco que já fora premiado numa exposição, tivera um sonho muito estranho na noite anterior e desejava contá-lo aos outros animais. Haviam combinado encontrar-se no celeiro, assim que Jones se deitasse. O velho Major (chamavam-no assim, muito embora ele houvesse concorrido na exposição com o nome de "Belo de Willingdon") gozava de tão alto conceito na granja que todos estavam dispostos a perder uma hora de sono só para ouvi-lo."


Perceba como Orwell já nos apresenta o lugar (uma fazenda), alguns personagens essenciais da história (o senhor Jones, o porco Major) e o cerne fantástico da narrativa (animais que falam e combinam de se encontrar). Como o livro se baseia nesses bichos com características humanas (reiterada no próprio título da obra), o escritor, já na primeira página, apresenta o fazendeiro Jones. O homem cria uma espécie de "vínculo de humanidade" com os leitores. Jones é como se fosse o leitor espelhado na trama. Em seguida, George Orwell puxa o público para a estranheza de o bichos também criarem esse vínculo. E por ser uma obra política, até hoje usada como metáfora para os mais diversos cenários sociais, podemos muito bem dizer que Jones representaria características consideradas "normais" e os animais, apesar de tidos como inferiores, possuem as mesmas características consideradas tão nobres e exclusivas aos humanos. Portanto, têm uma luta de classe compreensível. É a revolução.

Vamos agora para a primeira página de As Vantagens de Ser Invisível de Stephen Chbosky.


"25 de agosto de 1991

Querido amigo,

Estou escrevendo porque ela disse que você me ouviria e entenderia, e não tentou dormir com aquela pessoa naquela festa, embora pudesse ter feito isso. Por favor, não tente descobrir quem ela é, porque você poderá descobrir quem eu sou, e eu não gostaria que fizesse isso. Chamarei as pessoas por nomes diferentes ou darei um nome qualquer porque não quero que descubram quem sou eu. Não estou mandando um endereço para resposta pela mesma razão. E não há nada de ruim nisso. É sério.

Só preciso saber que existe alguém que ouve e entende, e não tenta dormir com as pessoas, mesmo que tenha oportunidade. Preciso saber que essas pessoas existem.

Acho que, de todas as pessoas, você entenderá, porque acho que você, entre todos os outros, está vivo e aprecia o que isso significa. Pelo menos eu espero que seja assim, porque os outros procuram por você em busca de força e amizade, e é tudo muito simples. Pelo menos foi o que eu soube.

Então, esta é a minha vida. E quero que você saiba que sou feliz e triste ao mesmo tempo, e ainda estou tentando entender como posso ser assim.

Tento pensar na minha família como um motivo para que eu seja desta forma, principalmente depois que meu amigo Michael não foi à escola em um dia na primavera passada e ouvimos a voz do Sr. Vaughn nos alto-falantes:

"Meninos e meninas, lamento informar que um de nossos alunos faleceu. Faremos uma cerimônia em memória de Michael Dobson durante a assembleia desta sexta-feira."


Aqui, sabemos as dores do protagonista, já somos introduzidos a uma narração em primeira pessoa em formato de diário e percebemos que há um problema de timidez. Sabemos que ele está na escola e que houve uma morte – e que ela o impactou. O sinistro e a personalidade do personagem se fundirão e embarcaremos em uma jornada mais intimista. A primeira página de Chbosky é como um divã: o personagem se deita e convida os leitores a deitarem ao seu lado, respirarem fundo e prepararem-se para uma obra introspectiva. E um detalhe: nós só saberemos que o nome do protagonista é Charlie quatro páginas depois, quando ele encerra esse dia do diário com a frase "Com amor, Charlie". Aqui, o autor usou tanto o impacto da primeira página e também o impacto de uma primeira memória no diário. O "Com amor, Charlie" ao final desse 25 de agosto de 1991 gera empatia. Já estamos entregues ao Charlie. Bingo! Stephen Chbosky nos fisgou!

Terceiro exemplo. Agora, observe a primeira página de Mentes Consumistas: do consumismo à compulsão por compras, livro da doutora Ana Beatriz Barbosa Silva.


"Nos últimos quinze anos, o número de pessoas que chegaram ao meu consultório aparentemente com quadros ansiosos e/ou depressivos aumentou de forma significativa. No entanto, pude perceber que, por trás de tanta ansiedade, angústia e depressão, grande parte daqueles jovens adultos escondia uma espécie de segredo, que só era revelado diante de alguma catástrofe iminente – quase sempre relacionada a dívidas contraídas ao longo de muitos anos: gastos descontrolados com coisas que todos julgavam ser uma forma inocente de se recompensar por situações de estresse. A meu ver, tal tragédia inevitável conectava-se às inerentes escolhas do viver, ou ainda às ilusórias crenças de que comprar para presentear era uma forma de agradar as pessoas amadas e, com isso, mantê-las ao lado.

Eu sabia que, de alguma maneira, aquela nova forma de adoecimento sinalizava um comportamento crescente e, longe de ser um fenômeno pontual, tratava-se de uma tendência na eterna busca humana pela felicidade. Passei a desenvolver um olhar mais atento sobre essa questão e, após mais de uma década de muitas anotações, pensamentos, dúvidas, questionamentos e percepções, resolvi organizar essa experiência em formato de livro. Tal iniciativa, além de me proporcionar respostas positivas em minha prática profissional, trouxe-me grande aprendizado sobre o que realmente tem significado e valor na minha vida pessoal."


Eu trouxe um livro de não-ficção exatamente para que você perceba que a necessidade da primeira página envolve qualquer texto. Nesse caso, a médica Ana Beatriz Barbosa Silva já inicia apresentando o problema social ao qual se debruçará em estudo (Nos últimos quinze anos, o número de pessoas que chegaram ao meu consultório aparentemente com quadros ansiosos e/ou depressivos aumentou de forma significativa) e prossegue apresentando a percepção que sua prática clínica lhe permitiu deduzir (No entanto, pude perceber que, por trás de tanta ansiedade, angústia e depressão, grande parte daqueles jovens adultos escondia uma espécie de segredo, que só era revelado diante de alguma catástrofe iminente). Os leitores compreendem a relação, são convidados a encararem o problema e a embarcarem em uma leitura que esmiuçará os pormenores dessa questão. E note ao final desse trecho como a autora se coloca. Ana Beatriz sai do papel de mera observadora do transtorno e mostra para nós, logo na primeira página, como lidar com esses pacientes impactou sua vida pessoal.

Você vê o quanto uma primeira página nos diz? O quanto ele revela sobre a obra e sobre a trama? Como, quando bem feita, uma primeira página traduz tudo o que os leitores precisam saber para pularem de corpo e alma naquele texto?

Imagine um livro na prateleira de uma livraria. Alguém chega, interessa-se pela capa. Ótimo, palmas para a capista. Então, dá uma olhada na sinopse e na orelha do livro. Ponto para o autor e editor. Por fim, essa pessoa abre a primeira página da história e lê um texto impactante, que flui, apresenta, puxa, instiga, convence. É compra certa.

Agora, pense no Wattpad ou na Amazon. O livro convence pela capa, a sinopse é bem feita. Ok. O leitor abre o livro e a primeira página é uma nota do autor. Tudo bem. Sem problema. Isso não conta. Aí, passa para a página seguinte e, ao invés da história, vem uma página com personagens. Depois, outra página com mapas. Depois, outras páginas com explicações sobre a história. No caso do Wattpad, mais três ou quatro páginas com desculpas e pedidos de perdão. E, lá para a página quinze, quando finalmente começa a narrativa, o primeiro parágrafo é uma descrição anatômica de "fulana tinha longos cabelos lisos e olhos verdes. A pele branca feita a neve era macia feito pêssego. A boca vermelha e o nariz afilado...".

É mais do mesmo.

Aqui, o pessoal não liga. Não estão nem aí porque fazem errado e aceitam o erro dos outros para que a pedrada não caia em cima delas mesmas. Mas o mercado literário cobra qualidade. E não apenas cobra como excluí quem não tem qualidade.

Sendo assim, seja se você tem pretensões de ir para o mercado pago de livros, seja se quer só ficar de boa no Wattpad ou mesmo se quer apenas escrever uma redação melhor, comece a fazer o certo aqui e agora.

Uma primeira página bem feita vai te poupar muitas dores de cabeça.

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