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Capítulo 15: Doação entre irmãs

  Hoje iria ser o dia da minha doação de medula óssea, já tinha se passado duas semanas desde que descobri sobre o segredo que minha irmã. Sophia, escondia de mim.

   Tinha ido para Londres a visitar, no dia seguinte após a minha descoberta, a qual ficou bastante surpresa com minha visita, estava bem pálida mas mesmo assim ficou alegre e me deu um abraço forte.

   — Anny. — Trocamos um abraço bem forte e depois de alguns segundos nos soltamos. — Por que não me disse que viria?

   — Quis fazer apenas na surpresa, não gostou? — Pergunto a ela.

   — Amei, entra. — Ela dá um espaço para mim e entro, olho ao redor e vejo um pano com sangue está em cima do sofá. — Já volto, pode se sentar.

    Ela percebe que eu vi o pano, o pega rapidamente e some do meu campo de visão, me sento no sofá e aguardo ela voltar, dessa vez com uma aparência melhor, ela se senta ao meu lado.

    — Eu descobri tudo, Soph. — Ela arregala os olhos com o que eu falo.

    — Descobriu tudo? Tudo o que?

    — Sobre a sua doença.

    — Quem te contou?

    — Não importa quem me contou, não vou te perguntar por que não me falou, eu quero apenas te ajudar, mana. — Pego as mãos dela e sorrio.

    — Eu apenas não queria jogar essa bomba em cima de você, tínhamos acabado de nos conhecer. — Ela fala já chorando.

    — Tudo bem, eu entendo seu lado. — Puxo ela para um abraço forte. — Apenas quero que você aceite fazer a cirurgia, eu sei que você não fez o tratamento, então eu vou ser a sua doadora.

    Ela se afasta de mim e seca as lágrimas.

    — Você tem certeza disso? Você não é obrigada a isso.

    — Eu sei que não sou obrigada, você é minha irmã e eu te amo, quero apenas te ajudar, não posso te perder, ainda mais agora que nos reencontramos após dezessete anos separadas. — Falei com a voz embargada.

    — Eu também te amo muito. — Nos abraçamos novamente.

    Então desde então, fizemos vários exames e a cirurgia seria hoje em um hospital particular de Londres, na qual a mãe da Sophia estava pagando tudo.

    Pedimos para ficarmos no mesmo quarto, após a cirurgia, como era um hospital particular eles apenas acataram o nosso pedido.

    Então cá estamos nós duas sozinhas, daqui dez minutos iria começar a nossa cirurgia. Eu estava super nervosa e acho que ela notou.

    — Está nervosa não é? — Ela pergunta.

    — Estou e você?

    — Estou e muito.

    Antes que eu continue perguntando algo a ela, a porta é aberta e vejo Nat e nossa avó entrando. Sorrio ao ver as duas, eu não fazia a mínima ideia que elas viriam. Recebo um abraço aperto das duas e Sophia também.

    — Por que não falaram que viriam? — Pergunto a elas.

    — Porque era uma surpresa. — Minha avó se explicando.

   — Como vocês estão? — Nat pergunta.

   — Nervosas. — Eu e Soph respondemos ao mesmo tempo e rimos.

   — Até nisso elas são iguais. — Minha avó fala e nega com a cabeça.

   Após isso, enfermeiros aparecem dizendo que já estava na hora.

   — Tenha uma boa cirurgia, meninas. — Nat deseja e sorrio para ela.

   — Vou estar rezando por vocês, minhas queridas. — Minha avó dá um beijo no meu rosto e de Soph.

   Depois das duas saírem, Elizabeth entra e vai direto falar com Soph, apenas sorrio vendo as duas se abraçando.

   Suspiro, pensando se eu não tivesse perdido minha mãe, se nossa relação seria assim? Ou se eu e Sophia nunca teríamos sido separadas, se ela estivesse viva. Tudo seria diferente completamente.

   Ela se despede da gente, olho para minha irmã e sorrio.

   — Até breve.

   — Até breve. — Ela responde e sorri.

   Sou colocada em uma maca, respiro fundo e sou levada até a sala de cirurgia. Minha mente começa a vagar quando quase morri, lembro de algumas coisas daquele dia, quando fui para a sala de cirurgia e sentia uma dor insuportável.

   Continuo deitada até que fecho um enfermeiro injetando anestesia em minha veia e tudo se escurece.

     
    Abro os meus olhos e fico incomodada com a luz do quarto, até que se acostuma. Começo a me lembrar da cirurgia, olho para o lado e vejo minha irmã dormindo, suspiro aliviada e tento me sentar, porém sinto uma dor no local da dor.

   Minha avó nota que acordei e se levanta da cadeira que estava sentada.

   — Vou chamar a enfermeira. — Ela disse e assinto.

   Rapidamente ela some do meu campo de visão, após alguns minutos retorna com uma enfermeira que estava com uma bandeja.

   — Boa noite, vejo que uma já acordou. Como está se sentindo? — A enfermeira pergunta simpática.

   Franzo o meu cenho ao escutar seu boa noite, a cirurgia demorou tanto tempo assim? Mas depois questiono isso.

   — Estou sentindo uma dor no local da cirurgia. — Falo a ela.

   — Isso acontece, você vai apenas tomar esse analgésico que logo vai passar mas provavelmente sentirá sono depois.

   Assinto e tomo o remédio, logo ela se retira e olho para a minha avó que estava sorrindo.

   — Estou muito orgulhosa de você por ter feito isso pela sua irmã. A cirurgia foi um sucesso, deu tudo certo.

   — Só fiz o que faria por alguém que eu amo.

   — E o Peter? Não o vi por aqui, nem está usando o anel e pingente que ele te deu.

   — Nos terminamos, vó. — Falo já sentindo meus olhos marejarem.

   — Por que não me disse?

   — Porque ainda dói, dói tanto vó. Amo tanto ele mas apesar dele ter me traído. — Falo já chorando.

   — Ele te traiu? — Ela pergunta incrédula.

   — E ainda saí do apartamento que morávamos juntos.

   — E onde você está morando? — Ela pergunta preocupada.

   — Com a Lexy, ela me ajudou muito vovó.

   — Por que não me contou, querida? — Ela pega minhas mãos e acaricia.

   — Não queria te preocupar, desculpa.

   — Não peça desculpas, fico feliz em saber que você tem pessoas que se importam e cuidam de você. Se eu for embora um dia, vou feliz em saber que você vai estar muito bem cuidada.

   — Não fala isso, você não pode me deixar vó. Eu te amo.

   — Também te amo, querida.

   Nos abraçamos e sinto meu coração bater, não poderia em hipótese nenhuma perder ela, era tudo para mim. A pessoa que me criou e cuidou durante a vida toda, não consigo me imaginar sem ela.

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