Capítulo 14: Ela precisa de você
Hoje o dia em Oxford amanheceu um pouco frio, então tomei um banho quente e vesti uma roupa confortável para esse tempo, uma calça jeans, uma camisa vermelha de mangas compridas e calcei um all star.
Tomei meu café da mãe animadamente com a Lexy, que mais uma vez dizia que eu deveria dar uma chance realmente para o Léo. Depois do nosso encontro, eu não vi mais ele e como hoje teria aula, provavelmente o veria.
Eu estava bem nervosa para isso, pois eu não fazia a mínima ideia de como lidar com ele. Depois do nosso café da manhã, dei carona para ela porque estava com preguiça de dirigir até a universidade, morávamos pelo menos uns 15 minutos de distância lá.
Assim que chegamos, fomos direto para as nossas aulas e por sorte não encontrei o Leo. Estava totalmente preocupada, sempre tive somente o Peter. Não consigo sequer me imaginar com alguém.
Decidi prestar atenção em todas as primeiras aulas, tentando ocupar a minha mente, até que o intervalo chegou.
Comprei algo só para forrar a minha barriga, não estava com muita fome, me sentei em uma mesa que estava vaga na lanchonete que é próxima.
Logo Leo apareceu e sentou do meu lado, depositando um beijo em minha bochecha. Em seguida, surgiu Harry sentou em nossa mesa o que me deixou um pouco surpresa. Desde quando terminei com Peter, não andamos nos falando mais.
— Harry, quanto tempo. — Falei sorrindo.
— Espero que eu não esteja atrapalhando vocês. — Ele fala tímido. Harry Osborn tímido? Isso é algo raro de acontecer.
— Sem problema, você é muito bem vindo. — Ressaltei.
— Já lá está insuportável. Peter está cada vez mais chato. — Ele explicou.
— Entendi. — Dou um sorriso fraco.
Engatinhamos em uma conversa animada enquanto lanchamos até que o meu celular começa a tocar, peguei e notei que era um número desconhecido, estava o maior barulho dentro da lanchonete e peço licença, fui até lá fora e atendi.
— Alô, quem é?
— Alô, é a Anny Martini? — A voz feminina desconhecida me pergunta.
— Sou eu mesma e você, quem é?
— Elizabeth Wilson. — Ela dá uma pausa e tento me lembrar quem é. — A mãe da Sophia.
— Ah sim, o que deseja? — Perguntei estranhando e tentando imaginar o motivo da ligação.
— Tem como nos encontrarmos?
— Para quê?
— É um assunto muito importante, relacionado a Sophia.
— Está bem, onde podemos nos encontrar?
— Vou lhe mandar o endereço por mensagem e não diga para ninguém sobre o nosso encontro.
— Ok, tchau. — Concordei mesmo não entendendo.
— Tchau.
Desliguei o meu telefone mas fiquei encarando ele como se fosse conseguir respostas para as minhas perguntas. Será que é algo muito grave?
— Anny.
Ouço a voz do Peter e olho para ele confusa. Como ele se aproximou sem que eu notasse?
— Tudo bem? — Perguntou.
— Ah, está sim. Depois nos falamos, Peter.
Passo por ele e entro novamente no refeitório, me sento na mesa com os meus amigos.
— Quem era? — Lexy pergunta.
— Telemarketing.
— Só você mesmo para atender, eu mesmo simplesmente ignoro. — Leo fala e o restante concordam.
Logo as aulas voltam e passam-se rapidamente, mas todos os meus pensamentos iam para o que a mãe da Sophia queria comigo.
Assim que as aulas acabaram, deixo apenas Lexy em casa, mas antes ela me encheu de perguntas.
— Eu sei que aquela ligação não foi de telemarketing.
— Era a mãe da Sophia. — Respondi e ela olhou surpresa para mim.
— E o que ela queria?
— Apenas disse que precisa falar comigo e é importante.
— E você vai?
— Vou, é sobre a minha irmã, então deve ser algo bem importante.
Estaciono o meu carro em frente ao nosso prédio e me despeço dela. Pego o meu celular e vejo o endereço da lanchonete que iria me encontrar com a Elizabeth, ficava do outro lado da cidade.
Enquanto dirijo, ligo o som para cantar alguma música para o tempo passar e a primeira que toca é Take my breath away, sorrio ao me lembrar do baile de outono da escola, onde falei para Peter que era música da nossa trilha sonora.
Estávamos conversando sobre outras coisas como: quem está bem vestido, quem provavelmente vai ser o rei e rainha do baile, tiramos várias fotos até que ouço take my breath away tocando.
— Peter é a nossa música. — Puxo ele pelo braço até a pista de dança, coloco meus braços ao redor de seu pescoço e ele coloca suas mãos em minha cintura.
— Será que essa é a nossa música? — Pergunta ele tímido e sorri.
— Com certeza é. — Começo a cantarolar e quando a música encerra dou um selinho rápido em seus lábios.
Se eu soubesse tinha aproveitado os nossos momentos a cada vez, agora o que me restava era apenas lembranças.
Após essa música acabar, chego na lanchonete e estaciono o carro, desço e entro no local. Uma mulher loira acena para mim e me aproximo, eu não fazia a mínima ideia de como ela era, mas como eu era idêntica a Sophia com certeza ela não teria dificuldade em me reconhecer.
Me sento na mesa, a frente dela e logo uma garçonete chega nos perguntando o que gostaríamos, então pedi um milkshake de morango enquanto ela pediu um suco de laranja.
— Até nisso vocês são iguais. — Ela fala se referindo ao milkshake de morango.
— Então, o que você quer tanto falar para mim? — Pergunto curiosa.
— Recentemente, descobri que Sophia tem um problema de saúde.
— Problema de saúde? E por que ela não me contou?
— Descobrimos no início do ano, ela ficou muito abalada. Apenas eu e o meu ex marido sabemos.
— E esse problema é grave? — Pergunto já sentindo um nó em minha garganta.
— Sim, ela tem...
Antes que ela fale algo, a garçonete chega com os nossos pedidos, tomo um pouco do milkshake para ver se esse nó se desfaz em minha garganta. Sem sucesso.
— Ela tem leucemia, Anny.
Sinto uma lágrima rolar no meu rosto. Mal tinha conhecido minha irmã e acabo de descobrir que ela tem uma doença, que poderia tirar ela de mim.
— Leucemia?
— Sim, ela ainda está no início, porém se recusa a fazer o tratamento.
— Você quer que eu a convença de fazer os tratamentos?
— Não.
— Não? Como assim? — Pergunto mais confusa ainda.
— O processo é algo muito demorado, mas pensei que você poderia ser a doadora da medula óssea.
— Doadora?
— Sim, como ela se recusou a fazer o tratamento a doença já deve estar um pouco mais avançada, então o melhor é o transplante.
Olho para ela ainda sem acreditar que a minha irmã tem leucemia. Por que ela não me falou?
— Ela precisa de você. — Enfatizou.
Apenas me levanto, jogo algumas notas para pagar o meu milkshake, saio da lanchonete sem dizer nada a ela. Agora essa frase ecoava em minha mente "ela precisa de você".
Entro no meu carro e dirijo ele até uma praça que tinha perto, estaciono o carro e pego o meu celular, ligo para a minha avó preciso ouvir ela.
— Alô?
— Oi vó, é a Anny.
— Oi querida, como você está?
— Estou bem, mas preciso de um conselho seu.
— Pode falar, sou toda ouvidos.
— Se você pudesse ajudar, uma pessoa muito importante, mas só que essa pessoa não te contou que precisava da sua ajuda, apenas você pode ajudar. Você faria o que?
— Meio confuso, mas acho que entendi. Eu não perguntaria a pessoa o porquê de não ter me pedido ajuda, apenas ajudaria.
— Obrigada, vó. Eu te amo.
— Também te amo, querida.
Desligo o meu celular e respiro fundo. Isso que eu faria, ajudaria a minha irmã. Quando ela quisesse me falar o porquê de não ter falado sobre essa doença, eu serei todo ouvido.
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