parte dois
001 — Acabei decidindo que cada capítulo vai ter uma música do 5SOS, então a dessa capítulo é Lonely Heart, amo amo.
"Seu tipo de mentalidade, é tão difícil de encontrar
Nativa minha, você é exatamente o meu tipo"
O DEPARTAMENTO DE POLÍCIA ESTAVA um caos quando chegamos e eu não me surpreendi ao ver as fotos de cadáveres em um dos quadros, meu estômago revirou quando meus olhos focaram nelas.
— Emily.
Minha melhor amiga me encarou e então seguiu meu olhar, fazendo uma careta.
— Isso é parecido com algo que ela faria? — Emily murmurou, tensa.
Tirei meu distintivo do bolso e me aproximei do supervisor da unidade, era difícil manter a postura quando o meu maior medo estava se tornando realidade.
— Sou a agente especial Rossi e essa é a agente especial Prentiss, somos do Departamento de Análise Comportamental do FBI — falei, chamando a atenção dele.
O homem fez uma careta.
— Eu não chamei vocês.
— Você não precisa — Emily cortou, séria — O caso que está naquele quadro? Ele está ligado diretamente a Mary Grayson, que fugiu da clínica psiquiatra da cidade.
O cara cruzou os braços.
— Nunca ouvi falar dela.
— Você deve a conhecer como a Viúva Negra de New Orleans — murmurei, odiando o gosto que aquele nome deixava na minha boca — responsável por cerca de quinze assassinatos.
Meu pai havia usado todos seus contatos e influência para conseguir mandar minha mãe para uma clínica e não para a prisão normal, direto para a pena de morte.
Hoje em dia, eu acho que teria sido melhor deixar ela ir para a prisão.
— Sou Oliver Kelce — o homem finalmente se apresenta, endireitando a postura — Agora posso ver que toda a ajuda será bem-vinda nesse caso. Posso preparar uma sala e o que mais vocês quiserem... Vai vir mais gente?
Emily concordou.
— Nossa equipe deve estar chegando em breve.
Me aproximei do quadro onde as fotos estavam penduradas e fiz uma careta, dava para ver que ela havia ficado mais cruel, provavelmente isso havia sido causado pela raiva de ter ficado presa por tantos anos.
— Ei, vamos dar um jeito.
— Eu... Preciso de um minuto.
Me afastei de Emily e sai da delegacia por alguns momentos, me sentando no banco que havia ali na frente, na calçada. Meu celular vibrou novamente e eu dei uma rápida olhada, vendo milhares de mensagens de Spencer, que apenas ignorei.
Eu não precisava que alguém sentisse pena de mim.
Passei as mãos pelo rosto e respirei fundo, eu não precisava ser muito inteligente para saber que Hotchner iria me tirar do caso assim que chegasse, ele iria dizer que meu pai e eu estávamos envolvidos demais, o que era verdade. Porém, ao mesmo tempo, ninguém a conhecia como nós dois.
Meu celular continuou vibrando e eu apenas o coloquei no silencioso.
Eu já estava cheia de problemas e a última coisa que precisava era pensar no maldito idiota que havia quebrado meu coração.
"De joelhos, eu sempre seguirei
Eu te prometo, até o fim dos tempos"
SPENCER AJEITOU SEUS ÓCULOS de leitura e virou a página do livro que estava lendo para mim, eu suspirei baixinho, completamente apaixonada. Aquilo era um momento especial nosso que acontecia ao menos uma vez por semana, onde a gente esquecia do trabalho e tentava ter um momento tranquilo, como se fossemos pessoas com empregos normais sem psicopatas ou casos que ficavam gravados na nossa memória como cicatrizes.
— Spence?
Ele me encarou, franzindo a testa. Spencer sempre ficava um pouco inseguro quando era a sua vez de escolher a nossa leitura, pois temia que eu achasse seus livros muito nerds.
— Achou o livro muito chato?
Eu me inclinei na sua direção e colei nossos lábios. Começou com um breve selinho, mas nenhum de nós dois conseguiu se conter, então aprofundamos o beijo.
Delicadamente me afastei dele e peguei o livro, colocando um marca página onde havíamos parado antes de fechar e colocar na mesinha de centro da sala. Coloquei as mãos nos ombros de Spencer e então sentei em seu colo, seus olhos estavam focados em mim, como se não existisse mais nada ao nosso redor.
— Ver você lendo, todo concentrado, me provoca coisas.
Spencer arqueou a sobrancelha, um pequeno sorriso surgindo em seu rosto.
— Que tipo de coisas, babygirl?
Peguei a mão dele e levei até o meio das minhas pernas, as pontas dos dedos dele estavam tocando o tecido da minha calcinha.
— Ah, eu começo a ficar com calor, Dr. Reid — sussurrei, seus dedos se moveram, me massageando por cima da calcinha e por um momento fiquei sem ar.
Ele me encarou.
— O que mais?
— E-eu começo a me sentir molhada, s-sabe? — tentei conter um gemido, mas ele puxou o tecido para o lado e finalmente tocou diretamente onde eu queria.
Joguei a cabeça para trás quando o dedo dele brincou com a minha entrada.
— S-spence.
— O que foi, babygirl? Já conversamos sobre isso, você tem que usar as palavras para me dizer o que quer, lembra?
Ele poderia ser um bastardo provocador às vezes, mas eu amava.
— Eu quero você.
"Nossa casa em chamas, estamos queimando
Nós dançamos por dentro, você está se machucando"
NÃO ERA A PRIMEIRA VEZ que via toda a papelada do caso de Mary, as fotos de como ela havia deixado os cadáveres quase me fazia vomitar. Emily estava sentada na minha frente, tentando permanecer com uma expressão neutra em seu rosto, eu sabia que ela estava se controlando para não dizer alguma coisa.
— Sabe, eu não queria abordar o assunto, principalmente agora com todo esse caso — minha melhor amiga começou, lentamente — mas eu preciso saber antes que fique um clima estranho aqui. Você e o Reid brigaram?
Congelei por um momento, de todas as coisas que eu imaginei que ela iria perguntar, nunca considerei que seria sobre Spencer.
— O quê?
Emily suspirou e deixou a pasta do caso de lado, então me encarou.
— Você passou meses com um humor muito bom, ao mesmo tempo que Spencer parecia feliz e sempre ocupado quando a gente o convidava para sair depois de algum caso, fora as mensagens que ele estava sempre digitando no celular — ela começou lentamente — Então no dia que jantamos na casa do seu pai, eu segui o Spencer e acabei vendo vocês dois, no seu quarto...
Senti meu rosto esquentar ao lembrar daquele momento.
— Emily.
Ela se inclinou sobre a mesa e pegou a minha, a apertando.
— Eu não vou julgar você, na verdade, estou muito feliz que vocês dois estão juntos, amo os dois e realmente quero que sejam felizes — Emily disse rapidamente — Apenas estou curiosa, porque sou melhor amiga dos dois e não ouvi absolutamente nada sobre o assunto.
— A gente terminou.
Emily arregalou os olhos, em choque. Ela definitivamente não esperava aquela resposta e sendo sincera, eu também não considerava aquilo uma possibilidade há dois meses.
— Oh.
Forcei um sorriso, tentando fingir que eu estava bem com aquele detalhe, como se o meu coração não tivesse sido partido em mil pedaços diferentes, como se eu não quisesse chorar e quebrar tudo ao meu redor toda a vez que via Spencer agindo como se nada tivesse acontecido.
— Está tudo bem, só um pouco estranho, mas logo a gente supera isso. De qualquer forma, não acho que iria dar certo, meu pai iria surtar se descobrisse e tudo mais.
Ela franziu a testa.
— Alex...
Antes que ela pudesse dizer mais alguma coisa, a porta abriu e meu coração acelerou ao ver a equipe de Emily entrando. Deixei o arquivo de lado e levantei, andando na direção do meu pai e me jogando em seus braços.
— Filha, eu estava preocupado — ele murmurou, me abraçando com força.
Me afastei dele e forcei outro sorriso, ignorando totalmente o fato de que meus olhos estavam lacrimejando.
— Emily e eu ainda não fizemos muito progresso com o caso, não tenho a mínima ideia de onde Mary está, mas ao menos já temos a vitimologia...
Aaron Hotchner me encarou com uma expressão séria.
— Alexandra, pensei que Emily tivesse te avisado... Você vai ser afastada do caso por ser algo pessoal demais — ele disse, sem espaço para discussão — Já reservamos um quarto de hotel para você essa noite e amanhã cedo vai voltar para casa.
O encarei sem acreditar naquilo.
— Mas...
— Já foi decidido.
Olhei para o meu pai, que apenas desviou o olhar, parecendo culpado.
— Então ele vai ser afastado também?
Hotchner passou por mim e foi na direção da mesa, colocando suas coisas.
— Não.
Eu o encarei, sem conseguir acreditar naquela merda.
— Qual o sentido de eu ser afastada mas ele não? Sabe, eu não sou a droga de uma criança, eu passei os últimos anos fazendo de tudo para provar que sou uma agente qualificada e que não consegui esse emprego apenas por ser filha do David.
— Hotchner tem razão.
A voz de Spencer me fez queimar em ódio, eu não conseguia acreditar que ele iria ficar do lado de Aaron.
— Oh, sério, Reid? Você vai apoiar essa idiotice?
Spencer franziu a testa.
— Você está ligada demais a esse caso e, todos sabemos, que Mary vai querer vingança, já que ela só foi descoberta por sua causa. Parece lógico afastar você do caso antes que acabe agindo sem pensar.
Eu bufei e peguei minha bolsa, olhando com ódio para cada um deles. Todos desviaram o olhar, parecendo culpados demais para falar alguma coisa, o que apenas serviu para me deixar ainda mais irritada.
— Quer saber? Que se foda todos vocês.
Saí da sala, ignorando a voz do meu pai e de Spencer chamando meu nome.
Como eles podiam fazer isso comigo?
Entrei dentro do carro e apoiei a cabeça contra a direção, me permitindo chorar todas as lágrimas que passei as últimas horas segurando.
"Se você me deixar de manhã
Eu vou ter um
Um coração tão solitário"
SPENCER REID PARECIA ESPECIALMENTE animado com o filme que a gente ia ver, aparentemente era um filme que durava cerca de três horas inspirado em um dos livros favoritos dele, eu já sabia que não iria entender absolutamente nada, mas tinha concordado porque ver a felicidade e animação de Spencer com aquilo não tinha preço.
— Eu tenho certeza que você vai adorar o filme — ele disse, enquanto pagava pelo balde de pipoca e os refrigerantes — É praticamente uma obra de arte.
Sua animação me fez sorrir e eu acabei concordando.
— Sim, vai ser incrível.
Ele me lançou um olhar brilhante - parecendo uma criança feliz - então se inclinou, selando nossos lábios em um rápido beijo.
— Você vai poder escolher o próximo filme.
— Ah, eu quero Barbie.
Spencer gargalhou.
— Não sendo o especial de Natal da Barbie de novo...
O encarei com uma falsa expressão triste.
— Você adorou que eu sei.
— A história original do Quebra-Nozes não aconteceu daquele jeito, Babygirl — ele resmungou — Você deveria tentar ler o livro, sério.
Antes que eu pudesse responder, meus olhos acabaram focando na entrada do cinema e eu sorri ao ver Derek Morgan e Penelope Garcia.
— Spence, olha ali quem...
Percebi pela expressão de Spencer o momento que ele viu a dupla, seu rosto ficou pálido e ele me encarou com os olhos arregalados, começando a me empurrar para a parte de trás do cinema, onde ficavam os banheiros.
— O que você...
— Você enlouqueceu? — Spencer sussurrou, nervoso — Vai ser um desastre completo se eles nos verem aqui!
Eu o encarei, sem reação.
— Somos duas pessoas normais indo ao cinema, qual o problema deles nos verem?
Spencer revirou os olhos.
— Se eles souberem, Rossi vai ser o próximo a descobrir e eu realmente não estou afim de enfrentar toda a coisa do pai super protetor por algo como uma amizade colorida — ele resmungou, olhando ao redor — você consegue perceber o inferno que ia ser tudo isso?
— Spence...
Quando percebi, estávamos na saída de emergência, praticamente fugindo do cinema como dois criminosos. Eu parei onde estava e empurrei Spencer para longe, o olhando indignada.
— Que merda? — eu perguntei, incrédula — Eu entendo você não querer que meu pai saiba, mas o seus amigos?
Ele franziu a testa.
— A gente pode discutir isso depois?
— Quer saber, eu vou para a minha casa, sozinha, Reid.
Spencer deu um passo na minha direção.
— Alex, eu...
— Tchau, Reid.
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