The Girl With The Violet Wings
Estepes Illyrianas
320 anos atrás
Alynia foi jogada de forma brusca no chão e sentiu seu rosto atingir a poça de lama e folhas que ela estava tentando evitar ser atirada a manhã toda.
Os três machos ao redor dela gargalharam, e ela sentiu o sangue ferver enquanto fechava as mãos em punhos e sentia a unha cravar com força na pele da palma. Seu corpo inteiro gritava de dor e as asas estavam tensas e fechadas atrás do corpo.
-Não vejo a hora de ver essas suas belas asas violeta cortadas.- disse um deles com um sorriso arrogante. -Talvez assim pare de ficar desafiando os machos pra uma batalha. Como se uma fêmea um dia fosse ser capaz o bastante de lutar conosco, e você querendo participar do Rito de Sangue, Alynia. - ele estalou a língua e se aproximou dela. Alynia sentiu o bafo quente do macho em sua orelha. -Sua mãe nunca te ensinou como uma fêmea deve se comportar?
-Por que você não vai pro inferno, Elli?- ela disse, cuspindo no rosto dele. Os outros dois deram risada enquanto o que estava na sua frente sorria cruelmente pra ela e se limpava.
-Você não devia ter feito isso. - ele disse num sussurro, e antes mesmo que Alynia pudesse se mexer, Elli a puxou pelo braço com força.
Ela se debateu, tentando se desvencilhar daquele Illyriano. Mas quando se é uma fêmea sem treinamento contra um macho que luta desde os 11 anos, é difícil conseguir revidar.
-Me solta!- ela disse, tentando esconder seu desespero. Suas asas. Sabia que Elli queria ferir suas asas, e se ele o fizesse... Aquilo a destruiria.
-Por que eu deveria?- ele disse, passando a mão pelo rosto dela, e Alynia se afastou bruscamente do toque.
Elli riu e os outros dois machos se aproximaram. Eles puxaram os braços de Alynia, a imobilizando ajoelhada diante de Elli.
-Você vai se arrepender disso.- ela grunhiu. -Me toque e vai se arrepender disso.
-Ah, é mesmo? Tenho certeza que seu pai não vai se importar se eu fizer alguns cortes nessas suas belas asas e a deixar impossibilitada de voar. Ele já não estava programando fazer isso, de qualquer jeito?- disse Elli e o coração dela deu um salto. Não, não suas asas.
-O que você quer?- ela disse, baixinho, o medo começando a transparecer. Elli sorriu ainda mais ao sentir o cheiro de seu pavor.
Ela imploraria; pela Mãe, Alynia estava disposta a implorar a aquele macho por suas asas. Para poder voar. Porque se Elli a cortasse... Não restaria mais nada dela se não tivesse suas asas.
-Vou começar por esse seu belo rostinho. Pra sempre saberem que você é minha, queira você ou não.
O coração de Alynia disparou quando Elli segurou sua nuca com força e a deixou parada. Ele sorriu escutando o coração dela.
-Me deixa em paz.- ela disse, sentindo o desespero na própria voz. -Me solta!
Elli sorriu e ergueu sua faca. A faca que ele havia usado pra estripar tantos outros, que havia usado pra destroçar outras asas Illyrianas. Alynia não sabia o motivo de o coração ainda bater dentro do peito, tamanho era seu horror.
A faca de Elli parou no lado esquerdo do rosto de Alynia, na parte de cima de sua sobrancelha.
-O que acha que acontece quando impedimos a cura de um ferimento por muito tempo?
E então Alynia gritou. Pelo Caldeirão, ela gritou e implorou enquanto os três Illyrianos riam e a faca rasgava seu rosto. Pelo menos suas asas estavam a salvo. Estavam a salvo, intactas. Pelo menos...
-Agora que já te dei essa marca horrível que vai sempre te lembrar a nunca desafiar um macho... Vamos a suas asas.
O coração dela acelerou. E no momento de mais puro desespero, Alynia conseguiu soltar um de seus braços e socar o outro Illyriano que a segurava. Ela conseguiu dar três pequenos passos antes de ser derrubada no chão outra vez. Não tinha chances contra três guerreiros.
Então ela começou a chorar e gritar. Não dava a mínima que aquilo a fizesse parecer fraca. Eram as asas dela, era a vida e a liberdade dela. Se eles arrancassem a coisa que ela mais amava, o que sobraria ainda? Sem mais vôos de noite pra curtir a brisa no rosto, sem mais a sensação boa das gotas geladas da chuva nas asas poderosas, sem mais vistas espetaculares de cima.
-Vamos começar. - disse a voz cruel de Elli e ela sentiu a faca gelada encostar em sua asa direita.
Então sentiu o chão estremecer e escutou os machos arfarem, o cheiro de horror invadindo suas narinas. A faca saiu de sua asa e ela escutou Elli gritar. Os outros dois machos a soltaram, e ela se sentou com um gemido de dor. Nem que tivesse que se arrastar, Alynia não ficaria ali para ver quem estava atacando eles.
-A mãe de vocês não ensinou como respeitar uma fêmea, seus covardes?- disse a voz forte de um macho.
-Nós só estavamos nos divertindo, não é, Alynia?- disse Elli, tentando soar tranquilo mas falhando. Qualquer um podia notar o medo em sua voz.
Alynia se virou para entender o porque Elli parecia tão apavorado. E seu coração foi parar na garganta quando viu quem havia impedido Elli de cortar suas asas. Um macho alto, de cabelos escuros na altura dos ombros e olhos de avelã, com asas poderosas. Ela sabia quem era aquele macho, mesmo que jamais tivesse trocado uma palavra com ele. Aquele era o Comandante dos exércitos da Corte Noturna. Cassian.
-Eles estavam tentando cortar minhas asas depois de fazerem isso.- ela apontou para o próprio rosto.
-Era tudo o que eu precisava ouvir. - disse ele.
No segundo seguinte, de uma forma tão rápida que Alynia mal conseguiu processar, Elli e os outros dois foram surrados como nunca.
Depois de deixar oa três Illyrianos jogados e gemendo no chão, o macho caminhou até Alynia. Ela não se encolheu diante dele, simplesmente ergueu a cabeça e o encarou. Cassian sorriu e estendeu a mão pra ela. Ela aceitou, e ele ajudou Alynia a se levantar.
-Vamos cuidar desse seu ferimento e depois você pode decidir o que fazer com esses imbecis. Sou Cassian. - ele disse.
-Eu sei quem você é.- disse ela e Cassian deu um sorrisinho.
-É? Que bom. E você se chama Alynia.
-É. - ela disse e deu de ombros.
-Ótimo. Agora que essas formalidades idiotas foram feitas, vamos deixar esses babacas sangrando e dar um jeito nisso. - ele apontou para o rosto dela e ela concordou com a cabeça. -Consegue voar?
-Sim.- ela disse e o coração acelerou. -Graças a você. Obrigada por isso.
-Qualquer oportunidade de socar um Illyriano escroto, estou dentro. - ele disse dando uma piscadinha e Alynia sorriu de leve.
-Sinto muito por ter que ficar com essa cicatriz. - disse Cassian depois que foram até a curandeira e foi constatado que aquela marca não sairia. Alynia deu de ombros.
-Você salvou minhas asas. Uma cicatriz no rosto não importa.- ela disse. Estava bem ciente de que o corte ia desde sua sobrancelha até a bochecha, salvando somente a integridade de seu olho esquerdo.
-Sinto muito por aqueles machos terem se achado no direito de te ferir. - disse ele com um suspiro.
-Pelo menos ainda existem alguns bons que nem você. - ela disse dando um sorriso que não chegou aos olhos. -Talvez um dia fêmeas tenham mais direitos. Talvez um dia possamos ficar com nossas asas. Lutar e participar do Rito de Sangue.
-Quer ser uma guerreira?- ele perguntou e ela deu uma risada fraca.
-Queria. Nenhum macho está disposto a gastar o precioso tempo treinando uma fêmea Illyriana. Acham que devemos cuidar de casa e dos machos, e não sermos guerreiras. Acho que terei que me acostumar com isso. - Alynia suspirou e olhou pro céu. -Quanto tempo ainda tenho até tentarem cortar minhas asas outra vez?
-Não acho justo. Você quer ser guerreira, então eu te treinarei.- ele disse e ela o observou. Não havia nenhuma maldade na expressão de Cassian ou deboche. Os olhos dele brilhavam. Alynia franziu o cenho.
-Sério?
-Se você quiser.- Cassian deu de ombros. -Já está na hora das fêmeas começarem a se impor e fazerem o que desejam, não concorda?
-Sim. E sim. Eu quero treinar com você. E quero me tornar uma guerreira.
Oi oi! Sejam bem vindos!
Espero que estejam bem.
Esse foi nosso primeiro capítulo, e foi bem simples, mas ainda tem muita coisa pra explicar sobre a Alynia e a vida dela.
Espero que gostem!
Vejo vocês no próximo capítulo.
~Ana
Data: 03/11/20
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