Shit. Just Shit
Corte Outonal
Beron a olhou como se ela fosse uma tremenda idiota que havia acabado de assinar sua sentença de morte. Talvez ela tivesse sim feito isso. Se ela se importava? Nem um pouco.
Lucien gritava e implorava pra que ela fosse embora, mas Alynia se recusava a olhar para ele. Se recusava a sequer ouvi-lo, não depois de tudo o que tinha acontecido. Não depois dele ter metido ambos naquela situação de merda.
Tamlin fez como o prometido na noite anterior: se colocou no caminho dos quatro filhos de Beron, os impedido de chegar ao pai ou a Lucien. E pelo menos eles tinham inteligência suficiente para saber que não conseguiriam passar por Tamlin ao menos que ele deixasse. O que não iria acontecer. Alynia esperava, pelo menos, que Tamlin não a traísse. Estava colocando tudo naquilo. E se ele a traísse... Bem, ela morreria mesmo, ali, naquela corte putrida e estragada. Quase tão ruim quanto a Cidade Escavada.
-Admiro sua coragem, menina, admiro mesmo. Por mais estúpida que seja. - disse Beron apertando a espada na mão. -Mas você não vai aguentar dois minutos, não importa quão poderosa seja, quantos séculos de treino possua. Sou um Grão Senhor. Sua força jamais vai se comparar a minha.
-Eu não tô nem ai.- ela disse com um suspiro. -Você gosta mesmo de falar, né, Beron? Se falar resolvesse alguma merda, já teriamos nos acertado e você não estaria mais sendo uma pedra chata no meu sapato.
-Você realmente vai se matar por causa dele? O que ele tem de tão especial, me diga, que vale a pena a sua morte.- disse Beron a encarando. Lucien a olhava, tentando chamar a atenção dela, provavelmente para implorar que ela fosse embora dali. Ela não iria.
-Se o conhecesse de verdade, saberia.- foi a resposta dura da illyriana pra ele. Beron balançou a cabeça, um sorriso frio despontando nos lábios.
-Isso é muito mais do que somente ter ele aquecendo sua cama, não é?
-Você é um idiota, sabia?- disse a illyriana, apertando com força o cabo da sua lâmina para evitar avançar contra Beron. Não ainda, ainda não era o momento. -Não espero que compreenda o significado do amor, até porque duvido que você seja um dia capaz disso. É por isso que é tão vazio e podre por dentro. Ninguém te ama, todos te temem. E isso corrói até o mais grandioso feérico.
-Quem precisa de amor quando se tem poder? - disse Beron, mas Alynia riu.
-Viu? É o que estou dizendo. Vazio e sozinho, sempre foi e vai morrer assim. - ela disse e ele grunhiu.
-Está fazendo isso por uma paixão idiota que sente por ele? Meio precipitado, não acha?
-Não é uma paixão.- Alynia disse com um rosnado. Ela respirou fundo, sentia seu coração batendo forte contra o peito. Ela olhou para Lucien, e ele a encarava, o desespero evidente em seu olhar. Alynia desviou o olhar para Beron novamente. -Eu amo ele. - todos pareceram parar de respirar, Lucien inclusive. -Algo que nem mesmo em um milênio você vai ser capaz de entender.
E, antes que Beron pudesse dizer algo, a illyriana se moveu, silenciosa e agilmente. Ela esticou a mão esquerda em direção ao rosto de Beron e soprou.
O Grão Senhor deu um grito e Alynia se afastou enquanto ele tentava entender o que ela havia feito, enquanto tentava tirar os resquícios daquele pó de seu rosto. Não adiantaria absolutamente nada, pois já estava feito.
-O que é isto?- gritou Beron colérico. Alynia deu um sorrisinho pra ele.
-Veneno feérico. - ela disse, a conversa que teve com Tamlin na noite anterior ainda bem fresca em sua memória.
-Se lutar com Beron, vai morrer.- havia dito Tamlin enquanto bolavam uma estratégia no escritório dele.
-E quer que eu faça o que, então? Deixe Lucien lá pra se ferrar?- ela disse se apoiando na mesa e fuzilando Tamlin com o olhar. O Grão Senhor revirou os olhos.
-Claro que não!- ele começou a vasculhar algo na mesa e arrancou um pequeno frasco de dentro e suspirou. -Isso é o que restou do veneno feérico do exército de Hybern.
-Quero saber o porque você tem isso, Tamlin?- ela disse arqueando a sobrancelha. Tamlin não disse nada e seu silêncio já dizia tudo. -Ia usar contra Rhysand.
-Ia. Mas depois de tudo o que você me disse, estava pensando em destruir isso. Não quero mais ser aquela pessoa que você tanto odeia.- ele disse num murmúrio. -Vai ser útil agora. Use contra Beron e o de uma surra com a espada. Sei que tem habilidade o suficiente pra vence-lo. Eu não posso fazer isso, não sem causar uma guerra entre as cortes.
-Não pedi isso.- ela disse analisando o conteúdo o frasco. -Não tem um tipo de antídoto que foi feito para esse veneno?
-O antídoto não dura a vida toda, Alynia. - disse Tamlin. -E tenho certeza que Beron não contínua tomando ele diariamente, até porque não espera que alguém ainda tenha o veneno e seja burro o suficiente para usar contra ele.
-Ótimo.- a illyriana tinha respondido com um sorriso perverso no rosto.
Alynia deu um largo sorriso pra Beron e ficou na sua posição de ataque enquanto os poderes do Grão Senhor iam se esvaindo. Ela tirou seus sifões e os guardou no bolso da calça de couro preta.
-Uma luta justa, o que acha, Beron?- ela provocou e ele de fato a olhava como se já imaginasse a cabeça da illyriana sobre um prato. Nem ela sabia se conseguiria sobreviver aquilo, mas pelo menos morreria lutando e com sua honra.
-Vou te matar com ou sem magia, pode ter certeza.
Beron atacou e a lâmina de Alynia se chocou contra a dele. Ele atacou, atacou e atacou. Alynia sabia que Beron estava fervendo de raiva e aquilo atrapalhava na hora de uma luta. Então, a illyriana, com todos os séculos de treinamento com Cassian frescos na memória, manteve sua mente calma e esperou pelo melhor momento pra revidar.
Ele deu uma abertura para ela, e Alynia o atacou, a espada raspando na lateral de Beron. Ele conseguiu se desviar por pouco, e a espada do Grão Senhor cortou o ar na direção das asas de Alynia.
A illyriana conseguiu desviar, mas a lâmina de Beron raspou na asa dela, fazedo um corte superficial, mas que ardia pra caramba.
Alynia não deixou que aquilo a interrompesse; girou a lâmina illyriana na sua mão e a chocou contra a espada de Beron. Mas Beron jogava sujo, muito sujo, e enquanto as espadas deles se chocavam, chutou a coxa da illyriana e enfiou uma adaga que trazia escondida nas vestes no ombro dela.
Alynia gritou e cambaleou pra trás. Escutou a multidão de feéricos e grão feéricos arfarem e Lucien gritar a chamando, mas ela não prestou muita atenção nisso. Seu sangue quente escorria pelo ombro e uma dor terrível a corroeu. Beron deu um sorriso satisfeito e ela sorriu com crueldade pra ele. Alynia arrancou a adaga sem se importar com a dor, o que fez Beron a olhar horrorizado. E, aproveitando isso, ela mirou e atirou a adaga diretamente na perta direita do Grão Senhor. A lâmina cravou ali e Beron deu um grito surpreso e de dor.
Alynia correu e chocou a espada novamente contra a dele, ignorando a dor nas asas e no ombro. Ela atacou, atacou e atacou, libertando toda sua fúria, a fúria que estava guardando havia dias. Pelas mentiras, pelo medo, pela dor que sentia no coração. Beron quase não conseguiu desviar e bloquear.
O Grão Senhor a deu um chute na virilha e Alynia grunhiu e se afastou. A espada dele se chocou com a dela e ele a fez recuar até conseguir arrancar a espada da mão da illyriana.
Beron deu um sorriso vitorioso e levantou a espada, preparado pro golpe final, aquele que tiraria a vida de Alynia.
A espada desceu contra o pescoço dela e Beron já podia sentir o cheiro do sangue da illyriana, já podia vê-lo escorrendo pelo chão, a cabeça dela rolando.
Alynia segurou a lâmina com a própria mão e apertou, a afastando de seu pescoço. Seu sangue vermelho escorreu por entre os dedos e Beron arregalou os olhos, chocado. Fazer aquilo sem perder a mão e os dedos exigia uma habilidade imensa que poucos guerreiros tinham.
Quando ela deu um sorriso lupino para ele, Beron soube que tudo isso não passou de um jogo para ela. Uma armadilha montada especialmente para ele e seu orgulho, e Beron tinha caído perfeitamente nela. Porque perder a espada e deixar que ele a atacasse... Foi tudo meticulosamente calculado.
Alynia deu um puxão forte na lâmina, a arrancando das mãos de Beron. Ela a jogou pro alto e segurou seu cabo. Beron cambaleou para trás, mas Alynia não o deixaria fugir. Não o deixaria escapar daquilo sem sofrer.
E, sem pensar nas consequências de seus atos, sem pensar nos problemas que aquilo iria causar a ela, mas somente com a imagem de Lucien sendo tratado como animal, Lucien quase morrendo, Lucien humilhado, Lucien tendo que assistir a fêmea que amava morrer porque o pai não aprovava, Alynia cometeu o maior erro de sua existência.
-Tchau, tchau, Beron.- ela disse com um sorriso perverso antes de se movimentar com rapidez e agilidade.
Ela escutou mais do que viu o barulho de carne e osso se partir. Sangue jorrou no rosto dela, mas Alynia estava chocada demais consigo mesma para se importar. Um ploft pode ser escutado quando a cabeça de Beron caiu no chão e rolou até os pés de Alynia.
Todos os feéricos e grão feéricos pareceram parar de respirar. Ela mesma não sabia se ainda respirava, mas sabia que morreria depois daquilo. Ela tinha feito a única coisa que Tamlin havia dito para não fazer: matado um Grão Senhor em sua própria casa e com milhares de testemunhas.
-Ora, ora.- a voz Eris ecoou até o ouvido dela. E ele parecia estar se divertindo muito com a situação. -Como novo Grão Senhor da Corte Outonal, presumo que eu deva lidar com isso.
O olhar de Alynia se encontrou com o de Lucien. Ele estava tão chocado e perplexo quanto ela. Alynia sentiu como se um buraco tivesse sido aberto sobre seus pés e ela estivesse caindo, caindo e caindo. E, sem pensar direito, deixou escapar:
-Ai, merda.
Bom dia, meu povo! Como vão vocês? espero que bem!
Pra quem achou que a Alynia não teria coragem: ela teve. Na verdade tá mais pra burrice pura mesmo, mas tudo bem
Cabeça do Beron rolou, gostaram? Porque eu amei
O que acham que vai rolar nos próximos capítulos? Que que será que o Eris vai fazer com a Alynia? Será que ela vai sentar o Lucien na porrada antes de morrer? Hmmm, me digam o que acham
Espero que estejam gostando!
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 26/01/21
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