Velaris

          Alynia e Mor estavam nervosas quando voltaram a Velaris na manhã seguinte. Nenhuma delas havia dormido, tinham passado a noite toda tentando acalmar Vassa e descobrir o que diabos aquilo na carta significava. Nem mesmo Morrigan, que esteve na Guerra há 500 anos e conhecia Jurian por muito mais tempo, sabia o que ele queria dizer com aquelas palavras. E estavam muito, muito preocupadas.

           Mor deixou Alynia e foi atrás de Rhys para informar o que tinha acontecido. A illyriana seguiu para sua casa, na esperança de que Lucien já tivesse voltado.

              O apartamento estava vazio e silencioso, sem nenhum sinal de Lucien. Aquilo fez Alynia ficar ainda mais apreensiva e desesperada. Quanto mais tempo demorassem para achar Jurian, mais difícil seria acha-lo com vida.

                  E o que ele queria dizer com passado? Alynia sabia pouco da história dele, sabia o que Cassian havia contado a ela tantos séculos atrás.

                  Jurian era um guerreiro mortal, comandou os exercitos humanos na guerra há 500 anos atrás. E Amarantha era comandante de Hybern e tinha uma irmã. Clythia, que foi terrivelmente apaixonada por Jurian. Sabia que Jurian a havia usado para conseguir informações sobre os exércitos de Hybern, sabia que tinha uma amante chamada Miryam que o trocou por um príncipe grão feérico. E Jurian traiu Clythia, depois de meses fingindo ser amante dela, conseguiu as informações que precisava e a torturou e matou, crucuficando-a com freixo para faze-lo. E deixou os pedaços da fêmea para a irmã.

                Sabia que Amarantha o tinha destroçado por isso, que tinha prendido sua alma por todos aqueles anos para que ele visse todos os horrores que ela proporcionava. Por mais erros que Jurian tivesse cometido, ele tinha pagado por cada um deles naqueles 500 anos de horror. Então, o que significava prestar suas dívidas com o passado? Afinal, Amarantha estava morta, Hybern estava caído e derrotado, e as rainhas humanas nada tinham haver com isso e nem mesmo Miryam e o príncipe Drakon... Certo?

                  Ela entrou dentro de seu quarto e arrancou o suéter lilás e a calça confortável, sabendo exatamente o que tinha que fazer. Alynia pegou suas roupas de couro illyriano e seus sifões e se trocou. Prendeu a espada nas costas, as facas no cinto e enfiou uma última dentro da bota antes de sair do quarto e depois do apartamento.

                  Alguns feéricos olhavam estranhamente para a guerreira enquanto ela caminhava pelas ruas da recém amanhecida Velaris. Mas ela não se importou; não tinha tempo para isso, não sabendo com o que teria que lidar.

                   Ela bateu na porta da casa de Rhysand até ela ser aberta. Quem abriu, para desgraça de Alynia, foi Elain.

-Rhys e Feyre estão ai?- perguntou a illyriana.

-Estão falando com Morrigan. E eu tenho que falar com você.- disse a fêmea e Alynia se enfiou dentro da casa.

-Elain, não tenho tempo pra isso.- disse a illyriana com um suspiro pesado, se direcionando para escada que levaria até a sala de Rhysand.

-É sobre Lucien.- disse Elain. -Sei que estão juntos.

-Elain, pelo Caldeirão, tem coisas mais sérias que isso acontecendo, eu realmente não tenho tempo pra discutir o caso que tenho com seu parceiro.- começou a illyriana, mas Elain a cortou.

-Não é isso! Eu não... Não ligo de estarem juntos!- ela disse e respirou fundo. -Tem algo estranho acontecendo.- Alynia desceu um degrau e franziu o cenho.

-Você previu mais alguma coisa?- ela perguntou, um pouco nervosa com qual poderia ser a resposta da fêmea. Elain balançou a cabeça em uma negação.

-Não, não previ nada, mas eu senti. Pelo laço. - ela disse e o coração de Alynia quase parou de bater. Era ainda pior se Elain tinha sentido o laço balançar.

-O que...- a illyriana engoliu em seco. -O que você sentiu, exatamente?

-Ele está vivo. Bom, pelo menos acho que está, pois ainda consigo sentir o laço. Mas senti dor. Uma dor terrível e que deixou muito fraco o laço. Achei que ia se partir. - ela disse e Alynia teve que se segurar no corrimão da escada pra não cair de joelhos. -Está normal agora, mas não sei.

-Como assim? Ele está na Corte Diurna!- disse a illyriana, mais pra si mesma do que para Elain.

-Tem certeza disso?- ela falou, mas não com maldade, somente... Preocupação. Alynia assentiu.

-Ele me disse. Lucien nunca mentiu pra mim.- mas, então, ela começou a se lembrar do como o macho estava estranho na última vez que se viram. -Ai merda. Eu preciso ir pra Corte Diurna.

             Alynia se virou para subir, mas, antes, olhou para Elain novamente.

-Obrigada por me avisar. - ela disse com sinceridade.

-Sei que eu o evito, mas me importo com ele.- disse a fêmea. -Então, por favor, o encontre.

-Eu vou.

                A guerreira illyriana subiu as escadas correndo, tentando não cair no processo. Seu corpo todo tremia em medo e desespero e o coração batia forte quando ela abriu a porta da sala de Rhysand. De fato, ele estava lá acompanhado de Feyre e Mor, em uma discussão acirrada.

-Ah! Finalmente chegou. Estava falando sobre Jurian.- disse Mor, mas ela parou de falar ao olhar para Alynia. -O que aconteceu?

-Lucien.- ela disse. -Elain sentiu coisas estranhas no laço hoje. Acabou de me falar.

-Por que ela te avisou e não avisou pra nós?- perguntou Feyre, talvez se sentindo meio traída.

-Isso importa? Lucien está com problemas!- ela disse.

-Você não disse que ele foi pra Corte Diurna?- perguntou Rhysand. Alynia assentiu. -Então não vejo o porque ele estaria em perigo lá.

-O laço nunca mente, Rhysand, deveria saber disso.- ela disse rispidamente. Rhysand suspirou.

-Aly, o que exatamente ela disse?

-Que sentiu dor, que sentiu o laço enfraquecer. Mas que agora está tudo bem.

-Viu? Talvez ele tenha lutado com alguém ou algum monstro, sei lá.- disse Rhysand. -Não precisa se preocupar. Ele está com Helion.

-Não preciso me preocupar? Claro que preciso!- ela disse irritada. -Se fosse Feyre você ficaria agindo como se nada tivesse acontecido?

               Os três ficaram em silêncio, apenas olhando a illyriana, chocados demais para dizer algo. E então ela percebeu o porque. Havia acabado de associar a importância de Feyre para Rhysand com a de Lucien para ela. Havia acabado de admitir para seus amigos que tinha algo rolando entre Lucien e ela.

-Você e Lucien...- começou Feyre, mas se calou por um tempo, sem saber ao certo o que perguntar. -Estão juntos?

-Eu acabo de falar que ele pode estar com problemas e é isso que vocês querem saber? Sério?- ela disse fazendo cara feia.

-Alynia, pelo Caldeirão...- começou Rhysand, mas ela o cortou.

-Se for pra matar a curiosidade de vocês da vida alheia, sim. Estamos juntos, se querem um rótulo pro que temos. Eu gosto dele, gosto pra caramba, como nunca gostei de ninguém depois que Adrien morreu. Não esperem que eu fique sentada vendo mais um macho que gosto se fuder sem fazer nada.- ela disse, deixando os três boquiabertos e sem reação. Alynia se virou e caminhou até a porta.

-Aly, espera.- ela escutou Rhys a chamar, mas ignorou, saindo da sala e, logo depois, da casa dele.

         Pois ela iria pra Corte Diurna de qualquer forma, nem que tivesse que voar até lá. E descobriria que merda estava acontecendo.

Boa tarde meu povo!

Capítulo do "todo mundo se fudeu"

Jurian sumindo do mapa, Lucien provavelmente metido em merda, Alynia irritada com os amigos fofoqueiros. É, não vejo como isso tudo pode ficar melhor, quero dizer, pior

Espero que estejam gostando!

Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana

Data: 25/01/21