Lucien Vanserra
Corte Primaveril
45 anos atrás
A illyriana estava colérica; a morte de seus pais ainda fresca na memoria, o que haviam feito com sua irmã antes dela conseguir chegar... Alynia ainda podia ver a expressão de horror de Becca no rosto morto, o corpo quebrado e rasgado de milhares formas. Torturada por Amarantha. Massacrada pelos monstros dela. Assim como seus pais.
Alynia ainda podia escutar os gritos desesperados de Thery quando foi aos céus com uma batida estrondosa de asas e deixou o irmão gêmeo para trás naquele momento de fúria e raiva gélida.
Estava cansada. Cansada do reinado horrível de Amarantha por Prythian há quase cinco anos. Estava cansada de estar separada de seus melhores amigos, de não poder saber se estavam bem. E estava cansada de saber que Rhysand estava preso Sob a Montanha, se sacrificando por eles, sem poder fazer nada. Ela sabia que Rhys tinha lhe pedido somente uma coisa quando contou o que tinha acontecido com ele e pedido para ela ficar longe: proteger os Illyrianos e impedir que entrassem em guerra. Mas Alynia era uma só, e ainda mais uma fêmea. Não a escutariam tão fácil, então teve que tomar outras medidas. E graças a isso, ela e Thery estavam longe demais quando atacaram sua família.
E ela tinha a quem culpar. Culpava Amarantha por ser ardilosa, por ter enganado todos. E culpava, principalmente, o senhor da primaveril, Tamlin. Porque ele teve a oportunidade de dar um fim nisso, quebrar a maldição, se somente tivesse aceitado os termos dela. Podia ter salvo Prythian, mas isso exigia algo que o egoísmo de Tamlin jamais o permitiria dar. Fazer um sacrifício; por que ele deveria quando foi o que melhor se saiu nessa situação toda? Amaldiçoado por Amarantha, sim, mas ainda tinha anos livre até acabar o prazo. Anos esses que ele poderia viver tranquilamente em sua própria casa, sem ter que ficar preso vendo os horrores de Sob a Montanha. E para Alynia, aquilo bastava.
Bastava de saber que aquele macho havia se dado bem quando o seu Grão Senhor tinha que sofrer os horrores de Amarantha sozinho e sem ninguém para apoia-lo. Bastava de mortes Illyrianas, de mortes de feéricos e grão feéricos em sua corte. Matar Tamlin não ia parar Amarantha, mas definitivamente ia acalmar a fúria em Alynia. Ela não dava a mínima pras consequências de matar um Grão Senhor de Prythian. E certamente poderia fazer isso agora que o poder de Tamlin estava reduzido graças a ardilosa. Ela mesma entregaria a cabeça dele em uma bandeja para Amarantha e aceitaria a sua morte de braços abertos depois disso.
Então ela aproveitaria o Calanmai. E quando o Grão Senhor da primaveril estivesse bêbado demais de magia, ela o mataria. E o faria se arrepender de cada escolha errada que um dia havia feito.
Alynia podia estar colérica, mas tinha que admitir: as decorações da corte primaveril para a celebração estavam impecáveis. Os feéricos e grão feéricos de todos os lugares já dançavam e riam ao redor das imensas fogueiras e a música ecoava por todos os lugares quando Alynia pousou, afastada o suficiente.
Mas por mais belo e convidativo que parecesse, ver aquelas pessoas felizes e dançando só deixava Alynia mais irritada. Enquanto as outras cortes e Grão Senhores sofriam as crueldades de Sob a Montanha, ali estava o Senhor da Primaveril, dando uma festa e se divertindo. Alynia definitivamente iria adorar dilacerar a garganta de Tamlin.
Ela sabia que não seria fácil se misturar em meio aqueles feéricos. Suas asas a entregariam, e se não fossem as asas, seria o couro illyriano escuro e sombrio, nada comparado as roupas leves e alegres que eles vestiam ali.
Então, Alynia se escondeu em meio as árvores e esperou. Observou as fêmeas dançarem, os belos vestidos coloridos esvoaçando. Observou os machos cortejando e soltando galanteios. E continuou observando quando Tamlin apareceu, com aquela máscara dourada presa no rosto, e escolheu uma fêmea. E a levou para uma caverna.
Alynia esperou por alguns minutos, observando os feéricos ao redor. Ninguém pareceu notar sua presença. Ótimo. Sorrateiramente e sem chamar a atenção, Alynia se esgueirou pelas árvores, aproveitando as sombras que surgiram com o por do sol e seguiu em direção da caverna que vira o Grão Senhor da primaveril entrar.
A guerreira apertou com força a lâmina Illyriana em sua mão direita, controlando as batidas de seu coração e tentando controlar sua raiva a medida que entrava naquela caverna. Não precisava que Tamlin a visse antes da hora e a matasse antes que ela tivesse sua chance. A esperança dela é que Tamlin estivesse tão ocupado com a fêmea que não notaria a aproximação dela, não escutaria seu coração bater ou sentiria seu cheiro, até ser tarde demais.
Ela escutou os gemidos da fêmea e o ofegar do macho; estava perto, bem perto. E assim que virou e entrou de vez naquela caverna, o viu. Nu, em cima da fêmea, de costas para Alynia. Ocupado demais em fazer seu serviço para notar a raiva que saia da fêmea illyriana. Ela levantou a lâmina, preparada para enfia-lá na garganta de Tamlin. Mas da mesma forma que o senhor da primaveril estava ocupado demais para nota-lá, Alynia estava cega demais para notar o grão-feérico que a seguiu e se aproximou, fechando a mão no ombro dela e a atravessando para longe da caverna antes que ela tivesse a chance de sequer piscar.
Alynia rugiu de ódio quando apareceram na clareira da floresta, tão longe do Calanmai que a música mal dava para ser escutada. Os olhos dela brilharam com pura raiva enquanto se virava para o macho do outro lado da clareira, que a observava com a mão no cabo de sua espada. O macho usava uma máscara de raposa cor de bronze, e tinha cabelos cor de fogo. Um de seus olhos era avermelhado e o outro era de metal, e Alynia conseguia ver a cicatriz que despontava pra fora da máscara. Uma cicatriz no mesmo lugar que a de Alynia, mas ela teve a sorte de não perder o olho. Quem quer que tivesse feito aquilo com aquele macho, não teve a mesma piedade.
-Quem. É. Você.- cuspiu Alynia e não era bem uma pergunta, mas sim uma ordem.
-O que está fazendo nessa corte sem permissão?- disse o macho a olhando friamente. Alynia deu a ele um sorriso cruel.
-Você já sabe a resposta, raposinha.- retrucou ela e escutou o macho grunhir. -E você acabou de me atrapalhar.
-Como se eu fosse deixar alguém ferir meu Grão Senhor.- retrucou o macho.
-Seu Grão Senhor é um tremendo de um bosta. Já percebeu isso? Essa máscara grudada no seu rosto também é culpa dele.- retrucou ela.
-Quem é você e o porque quer matar meu Grão Senhor?- disse o macho. -Ou vou ter que te matar logo e esquecer as perguntas?
-Você pode tentar. - provocou a illyrina. -E perder. Aliás, acho que sei quem você é.- ela disse e semicerrou os olhos. Alynia estalou a língua. -Claro. O filho mais novo do Senhor da Outonal. - o macho pareceu fervilhar ao ouvir aquilo. -Lucien odiado Vanserra. Talvez eu deva levar sua cabeça pro seu pai Sob a Montanha depois que terminar com você. Será que eu receberia uma recompensa dos seus irmão, Emissário da corte primaveril? Ou deveria te chamar de cadela do Tamlin?- e aquilo foi o suficiente para irritar o macho.
Lucien a atacou com fogo, mas Alynia já esperava por aquilo. Um escudo roxo se ergueu, os sifões brilhando. Ela sorriu pro macho e arrancou a espada illyriana presa as suas costas. Então, Alynia o atacou.
O mataria ali, pelo Caldeirão, Alynia queria mata-lo por ter impedido que ela despedaçasse Tamlin. Mas Lucien lutava bem. Bem até demais pro gosto dela. E com os sentimentos a controlando e a exaustão por ter voado até ali sem descanso, Alynia tinha dúvidas de qual dos dois sairia com vida daquela luta.
Sua lâmina se chocou contra a do macho e metal rangeu. O fogo dele mais uma vez cresceu até ela, e seu escudo o dissipou rápidamente. Alynia usou o seu poder para empurra-lo para trás. O macho cambaleou e sua espada caiu, Alynia não o deu tempo de recupera-lá; acertou um chute na costela exposta do macho, que arfou e gemeu, e depois o socou no queixo, onde não era coberto por aquela máscara.
Lucien se recuperou rápido, e aproveitou que Alynia ainda não havia se afastado completamente para soca-lá no estômago. Ela se curvou com dor e choque e sentiu suas asas se espremerem no chão quando o macho a derrubou. Lucien pressionou o corpo contra o dela, tentando a imobilizar no chão. Mas Alynia não era um ser que podia ser contido e domado.
Ela se livrou da pressão do feérico e conseguiu reunir toda a sua força para inverter as posições, prendendo o macho no chão com suas pernas e segurando os braçõs dele com as mãos. Lucien a encarou, o olho vermelho arregalado de choque.
-O que foi, raposinha, nenhuma fêmea te meteu o cacete antes?- disse Alynia com um sorriso ácido pra ele, que grunhiu.
Alynia afrouxou a pressão contra o corpo do macho e se levantou, se afastando rapidamente dele. Estava cansada e exausta e isso uma hora a faria ser morta. Ela sabia que deveria recuar enquanto ainda podia, sabia quais batalhas perder. Aquela era uma delas.
-Se eu te ver de novo, você morre.- rosnou Lucien, mas não fez menção de atacar. Até ele estava exausto daquela briga de gato e rato.
-Foi um prazer conhecê-lo.- zombou ela e, antes que o macho pudesse retrucar, Alynia disparou para o céu com uma batida estrondosa de asas.
E aquela seria uma noite que Alynia se lembraria durante muitos e muitos anos.
Hello meu povo.
Não postei mais cedo porque passei um nervoso a tarde toda tentando me matricular na faculdade, dios mio.
Mas agora é oficial, eu passei na faculdade, e como isso significa que não vou mais surtar com vestibular, teremos mais capítulos sendo produzidos rsrsrs.
Esse capítulo foi pra explicar como a Alynia e o Lucien já se conhecem. E porque querem se estapear KKKK
Espero que gostem e que estejam todos bem.
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 14/12/20
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