Velaris

             Alynia nunca tinha achado que o termo "vomitar até as tripas" pudesse ser tão real quanto naquele momento. Os sonhos eram a pior parte; traziam a tona memórias que ela não queria encarar. Ficar acordada era melhor do que dormir. Mesmo que os fantasmas aparecessem nos dois momentos.

              Lucien segurava o cabelo dela sem dizer nada enquanto Alynia passava mal e tremia. Ele não se importava em ficar ali, e ela até tinha o mandado embora, mas ele se recusava a deixa-la sozinha naqueles momentos. Ela não sabia se ficava grata por isso.

-Eu odeio isso.- ela disse lavando a boca, o rosto e se apoiando na pia, tentando parar de tremer tanto. Lucien segurou a mão dela com carinho.

-Eu também odeio.

-Não precisava ficar aqui.- ela disse o olhando nos olhos.

-Está maluca se acha que vou deixar você passar por essa merda sozinha.- ele disse e ela suspirou, enterrando o rosto no peito dele. Lucien a abraçou.

-Eu vou matar essa vagabunda, vou corta-la em milhares de pedaços.- disse Alynia grunhido, sentindo a raiva a dominar. Antes raiva do que dor pensou a illyriana.

-Esse momento vai ser todo seu, pode ter certeza. - disse Lucien. -Quando a acharmos.

-Isso se os imbecis que chamo de amigos pararem de me tratar como uma criança e me deixarem lutar. - ela disse irritada.

-Você é o bebê da família.- zombou Lucien e ela o beliscou.

-Feyre é mais nova que eu!- reclamou Alynia. -Séculos mais nova!

-Primeiro, ela é Grã Senhora. Segundo, ela que é a dona da coleira do Rhysand.- disse Lucien e Alynia deu risada. Algo que ela não fazia a muito muito tempo. Isso fez Lucien sorrir.

-Eu deveria ter arrumado um Grão Senhor, então.- ela brincou, puxando de leve o cabelo dele.

-O filho de um Grão Senhor não é o suficiente?- ele disse rindo. Ela o olhou e segurou o rosto dele em suas mãos.

-Mesmo que você fosse um ninguém no mundo, ainda assim seria alguém pra mim. Sempre seria alguém pra mim.- ela disse e encostou a testa na dele. -Te amo.

-Eu também te amo. Sempre vou.- ele disse e ela o abraçou com força.

-Estou tentando não ser pessimista.- ela disse se afastando um pouco para olha-lo nos olhos. -Mas me tira o sono mais ainda pensar no que Clythia está armando. Como isso vai afetar Prythian. Como vai afetar nós.

-Não pense nisso agora, Alynia. Você tem outras coisas pra de preocupar. Vamos dar um jeito como sempre demos.

-Não quero outra guerra.

-Não vai ter outra guerra!- ele disse a olhando seriamente.

-Não quero te perder também. Eu suportaria qualquer coisa, qualquer coisa, menos isso. - ela disse o olhando e Lucien suspirou.

-Não vai acontecer isso.- ele disse a puxando e a pegando em seu colo.

Alynia deu um sorriso fraco e prendeu as pernas ao redor da cintura dele, o abraçando com força e apoiando o queixo no ombro dele enquanto Lucien os levava de volta para o quarto.

Ela se deitou em cima dele, o abraçando com força. Sabia que nenhum dos dois ia dormir, mas não importava. Ficar ali, no escuro, no silêncio, com o corpo grudado no de Lucien, trazia paz pra ela de certa forma. Fazia com que Alynia sentisse no fundo de sua alma que tudo ficaria bem. E se não ficasse, de que importava? Ela estava com Lucien, tinha ele ao seu lado.

Ela acariciava distraidamente a bochecha dele, bem em cima da cicatriz, enquanto ele passava a mão delicadamente pelas costas dela, acima das novas cicatrizes da illyriana, cicatrizes causadas por Clythia. Quando ela deixou que ele visse pela primeira vez, Lucien havia beijado cada uma delas de uma forma tão amorosa que havia feito a illyriana chorar.

-É engraçado, não é?- ela disse meio perdida em pensamentos.

-O que?

-A forma como a gente ficou junto.- ela disse sorrindo fraco. -Que historinha conturbada.

-Isso é porque você tentou me matar quando me conheceu.- ele disse e Alynia não precisava se virar para saber que ele sorria.

-Você atrapalhou meus planos.- ela resmungou e ele riu. -Fiquei pensando naquele dia por anos. Achava que era porque tinha te odiado, mas não tenho certeza se isso foi só uma desculpa que minha mente criou. A verdade mesmo é que depois que começamos a andar juntos, percebi o quanto era fácil te amar.

-Não é tão fácil assim.- ele disse baixinho.

-Você se coloca muito pra baixo. Não deveria ligar pras pessoas que não sabem te dar valor. - ela disse olhando para o olho vermelho e o de metal de Lucien. -Você sempre me fez bem, até mesmo quando eu me negava a admitir que gostava da sua companhia. Foi tão fácil me acostumar com você. E te amar é uma das únicas coisas boas que fiz na vida.

-Fez coisas muito melhores que isso também, Alynia. - ele disse colocando a mão na bochecha dela. -Nunca encontrei alguém como você. Nunca amei alguém como amo você.

-Lucien...- ela começou, mas ele a calou.

-Eu digo isso de verdade. Quero ficar com você, pra sempre se você quiser. - ele disse a olhando e ela sentiu os olhos queimarem com as lágrimas. -Não tenho dúvidas disso, Ly.

-Claro que eu quero ficar com você, Luci. Pra sempre.- ela disse se esticando para colar seus lábios nos dele. -Eu te amo.

                  Por mais que Alynia tenha demorado para admitir, a verdade é que ela sempre soube o que queria. E o que aquela fêmea illyriana queria era Lucien. Ela nunca fez a menor questão de ter um macho em sua vida, casar, ter uma família. Principalmente depois de Adrien. Mas aquele Grão Feérico de cabelo vermelho fazia ela questionar tudo. Fazia ela querer, desejar e sonhar com o dia em que ficariam juntos e em paz. Porque ele fazia Alynia se sentir segura, feliz, em casa. Ele fazia com que ela desejasse construir uma família. Não tinha sequer uma coisa que Alynia não desejasse fazer com ele.

Boa tarde meu povo! Tudo bem com vocês? Espero que sim!

Gente, importante. Faltam nove capítulos pra fanfic acabar, então queria saber se vocês querem que eu publique os nove entre hoje e amanhã ou publique um por dia. Deixem ai nos comentários, porque se quiserem entre hoje e amanhã teremos maratona de fanfic

Enfim, eu espero que gostem do final!

Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana

Data: 01/02/21