Lost Hope
Sob a Montanha
Me mate.
Me leve. Me leve.
Alynia rezava todos os dias para que A Morte a levasse. Para que ouvisse sua suplica e a tirasse dali para sempre. Ela nem sequer se importava mais com o que seria de Jurian depois que ela morresse, com o que seria de Prythian nas garras de Clythia. Ela só queria morrer. Sabia que não faria diferença no mundo caso partisse.
Pelo menos Clythia nunca mais tocara nas asas da illyriana. Pelo menos tinha um pingo de honra, apesar que não servisse de nada. Ela tinha destruído o corpo de Alynia e partido sua mente.
Naquela tarde, Clythia foi criativa nas torturas. Usou ferro quente para marcar as costas da illyriana. A picotou com uma adaga de lâmina cega. E jogou álcool em suas feridas.
Alynia gritou tanto que sua garganta estava tão destruída quanto ela. Ela já havia desistido de resistir. Já não tinha forças para sequer chorar, mas ainda assim lágrimas silenciosas escorriam pelo rosto da illyriana.
E Jurian... Jurian era amarrado e deixado acorrentado ali para observar. E depois Clythia o levava embora, deixava Alynia sozinha na escuridão. E ela não sabia o que era de Jurian depois que Clythia sumia com ele.
Naquela noite, durante seu momento sozinha na escuridão, Alynia pensou nas formas de morrer. Talvez quando Clythia passasse a adaga afiada por uma veia Alynia usasse suas forças finais para provocar um corte e morrer. Talvez conseguisse levar Clythia a mata-la. Talvez...
Ah, meu amor.
Aquela voz doce e suave soou no seu ouvido, e por mais que fizesse séculos que não a escutasse, Alynia sempre a reconheceria. Ela sentiu um nó se formar em sua garganta e podia jurar que, ao olhar pro lado, via Adrien ali no escuro, a olhando de volta.
Não pode desistir.
-Eu não tenho mais forças.
Você nunca caiu sem lutar antes, Aly.
-Não posso fazer isso.- ela disse, baixinho, as lágrimas rolando pelo seu pescoço e se misturando com o sangue seco em seu corpo. -Não aguento mais.
Seja forte. Por mais um dia. E eu venho te buscar. Vamos passar a eternidade juntos em outro lugar.
-Promete?
Prometo. Mas até lá, você não desiste. Você luta. Você revida.
Alynia fechou os olhos e permitiu que a escuridão a engolisse por completo. Mais um dia; ela teria que aguentar mais um dia antes de Adrien enfim ir busca-la. E ela faria aquele último dia valer a pena.
Alynia acordou com o barulho de Clythia abrindo a porta. Jurian estava com uma cara péssima, provavelmente com tanta vontade de morrer quanto Alynia.
-Vamos brincar mais um pouco hoje, Alynia?- disse Clythia empurrando Jurian para um canto e começando a escolher seus instrumentos em uma bandeja. -Que tal arrancar um pedaço do seu braço? Não vai fazer tanta diferença, não é?
Clythia continuou tagarelando, mas Alynia olhava para Jurian. Esperava que conseguisse transmitir o que iria fazer somente com o olhar. E, para o alívio da illyriana, ele entendeu e assentiu.
-Vamos começar!- disse Clythia estalando a língua de forma animada e se aproximando do altar de pedra. -Estava pensando em...
A fêmea nem sequer notou quando Alynia puxou a perna, arrancando o feixo preso ali no processo, e chutou Clythia na traqueia. A fêmea cambaleou para trás e colocou a mão na garganta, engasgada.
Alynia aproveitou a distração de Clythia para arrancar os pedaços de freixo que a prendiam na mesa, com um grunhido de dor.
Quando os pés da illyriana tocaram no chão, por um segundo, Alynia achou que não fosse conseguir atacar. Estava tão terrivelmente fraca.
Você não desiste. Você luta. Você revida.
Com os olhos pegando fogo, Alynia socou Clythia e a fez recuar. A socou e socou.
-Chega!- gritou Clythia socando o estômago da illyriana e a fazendo cambalear. -Vou dar um fim em você de vez!
Mas antes que Clythia pudesse matar Alynia, Jurian usou suas correntes para sufocar a fêmea. Clythia gritou e tentou tira-lo de cima dela.
Jurian a socou e empurrou na direção do punho erguido de Alynia, que encontrou o nariz de Clythia. Ela escutou barulho de osso partir e Clythia gritou.
Por um segundo, Alynia achou que conseguiriam dar um jeito naquilo. Que talvez, só talvez, pudessem fugir com vida. Isso foi até Clythia arrancar do bolso uma seringa e a enfiar na perna de Jurian.
O guerreiro humano cambelou para trás e se chocou contra a parede de pedra, deslizando sobre ela e ficando paralisado no chão. Jurian não perdeu a consciência, mas tampouco conseguia se mover.
Clythia socou Alynia no rosto e a chutou na direção do altar. A illyriana cambaleou e sentiu as costas se chocarem contra a superfície rochosa.
-Deite ai, agora ou irei matar Jurian.- disse Clythia ferozmente e Alynia obedeceu, vencida.
Seja forte. Por mais um dia. E eu venho te buscar.
Ela havia lutado e havia caído. E agora era a hora de finalmente ter a morte que desejava.
Clythia enfiou pedaços de freixo nas palmas da mão de Alynia, em seus ombros e pernas, atravessando o material até transpassar. Alynia nem teve forças para gritar dessa vez.
A fêmea estava mirando uma estaca de freixo no pescoço de Alynia, aquela que daria fim a sua vida, quando algo pareceu chamar sua atenção. Ela arregalou os olhos e deixou que a estaca caisse ao lado da mão de Alynia antes de correr pra fora da sala e desaparecer.
Não importava o que fosse; Alynia tiraria a própria vida se fosse necessário. Ela tentou alcançar a estaca e chorou de dor devido ao freixo em seu corpo. Ela esticou a mão novamente até a estaca, tentando toca-la com seus dedos. Lágrimas desciam pelo rosto coberto de sangue da illyriana.
-Nã... Nã... Não...- tentou dizer Jurian, lutando contra o veneno.
-Sinto muito.- ela disse baixinho, quando enfim o alcançou e mirou a estaca em seu próprio peito, reunindo suas forças para um golpe final.
As portas se abriram novamente e o medo de Alynia transbordou. Clythia havia voltado e a impediria de fazer o que precisava ser feito.
Mas o cheiro que invadiu suas narinas não era o de Clythia. E as forças da illyriana se esvairam. Ela largou a estaca, que caiu no chão ao lado do altar como um baque. Seus olhos se fecharam e o coração batia devagar. Mas ainda estava viva, bem bem viva.
Ela sentiu a mão dele em seu ombro, a tocando com cuidado pois não havia uma única parte do corpo nu dela que não estava coberta de sangue e cortes. A illyriana sentiu o cheiro do pavor, do medo, do choque e da dor dele.
-Alynia... Alynia...- Lucien não sabia o que fazer ou o que dizer. Ela escutou alguém vomitar atrás dele. -Eu vou te tirar daqui. Vou te tirar daqui.
-Eu só queria isso.- ela disse, baixo demais. Fraca demais. -Te ver só mais uma maldita vez.
Lucien não disse nada, mas tirou os pedaços de freixo no corpo dela, as lascas de vidro e as facas que Clythia tinha deixado cravadas ali. Ele pedia desculpas cada vez que Alynia gemia e soluçava de dor. A illyriana se sentiu aliviada quando a magia dele a preencheu, curando e fechando os ferimentos mais simples. E retardando a situação séria dos mais graves.
O macho passou a mão com cuidado por baixo das costas e das pernas dela e a puxou da forma mais cuidadosa possível para seus braços. A cabeça dela bateu no ombro dele e ela não tinha sequer forças para se mexer. E, antes mesmo de sair daquele inferno, Alynia já havia apagado.
É meu povo, a bicha sofreu mas acabou. Por enquanto
Enfim, não tenho muito o que comentar sobre esse capítulo porque ele me destruiu
Querem mais um capítulo hoje?
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 31/01/21
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