Corte Diurna

            Alynia somente enfiou algumas coisas em uma mochila antes de voar as pressas pra Corte Diurna. Não deixou que Mor entrasse em sua casa e ignorou os amigos que tentaram falar com ela antes de deixar Velaris de vez. Alynia se resolveria com eles depois, depois de saber se Lucien estava bem.

             Como eles puderam ter agido daquela maneira, como se não se importassem nem um pouco com ele? Talvez não se importassem mesmo.

              Ela estava preocupada, mas não permitiu que aquilo a tirasse do foco enquanto seguia seu caminho para Corte Diurna.

               A viagem não foi curta; ela teve que parar algumas vezes para descansar e ficou um dia inteiro voando. Suas asas já estavam doendo e Alynia estava completamente exausta quando chegou ao Palácio de Helion, no nascer do sol.

               Os soldados de Helion não a impediram de entrar, pois já estavam familiarizados com a illyriana. Ela entrou meio desesperada, pedindo para que alguém chamasse Helion. Urgentemente.

                Alynia balançava a perna inquietamente, sentada na sala do Grão Senhor, esperando que ele chegasse. A ansiedade quase consumia completamente a illyriana naquele momento.

               Quando escutou a porta se abrir, Alynia se levantou e se virou. Helion estava ali, com cara de quem havia acabado de acordar, ainda com suas roupas de dormir - ou a falta delas.

-Não estava esperando por sua visita hoje, Aly, mas fico feliz que tenha vindo.-  ele disse entrando na sala e dando um sorriso pra ela, mas este logo morreu quando notou a preocupação no rosto da illyriana. -Aconteceu algo? Parece nervosa, cansada e com fome.

-Estou nervosa, cansada e com fome.- ela disse e respirou fundo. -Helion, o Lucien está aqui?- ela perguntou e Helion franziu o cenho pra ela.

-Não. Achei que ele estivesse em Velaris. Com você.- disse o Grão Senhor e a illyriana teve que se apoiar na cadeira para não cair de joelhos.

                Lucien havia mentido. Havia mentido pra ela. Feito exatamente aquilo que prometeu nunca fazer: a manipular e enganar. Então era por isso que ele estava tão estranho da última vez que se viram. Nunca foi o plano dele ir pra Corte Diurna. Nunca foi. E ele agora estava metido em um problema, sabiasse lá aonde.

                 Então era por isso que ele havia declarado que gostava muito dela. Ele sabia que estava se metendo em problemas. Sabia, e não tinha dito nada pra ela. Sabia, e achava que não voltaria com vida. E tinha deixado Alynia na completa escuridão. Cega e sozinha.

-O que aconteceu?- disse Helion entregando um copo de água pra ela e a fazendo se sentar. Alynia o pegou, a mão tremendo, e bebeu tudo antes de responder.

-Ele me disse que ia vir pra cá.- ela disse, num sussurro. -Ele estava tão, tão estranho. Parecia nervoso. Eu estranhei, porque não achei que... - ela parou de falar, sentindo como se alguém tivesse socado seu estômago.

-Não achou que ele fosse mentir pra você, não é?- disse Helion e suspirou.

-Eu não sei nem onde ele está.- ela disse com uma sensação horrível tomando conta dela.

-Eu acho... Ah. Ah. - Helion se levantou e começou a vasculhar algo nas gavetas de sua mesa.

-Helion?

                Ele parecia irritado e ao mesmo tempo preocupado. Claro que estaria. Havia acabado de descobrir que tinha um filho e esse filho tinha se metido em alguma merda em algum lugar que ninguém sabia onde era.

                Helion finalmente pareceu achar o que procurava. Ele estendeu na mão uma carta e começou a lê-la. Então, fez uma careta.

-Semana passada recebi uma carta de Eris.- disse Helion e Alynia franziu o cenho. -É, eu sei. Ele não é tão ruim quanto todos pensamos.

-Tenho minhas dúvidas, conheço a peça.

-A verdade é que ele queria minha ajuda para tirar a mãe da Corte Outonal. Aparentemente, Beron estava planejando mata-la.- disse Helion e Alynia arregalou os olhos.

-O quê?!

-Eu ia traze-la pra cá. Tirar ela de lá com ajuda de Eris.- disse Helion e suspirou. -Não comentei nada com Lucien, claro. Sei o como ele ama a mãe e provavelmente faria algo idiota e sem pensar. Se ele pisar naquela Corte... Vai morrer, ainda mais agora sem a proteção de ninguém, nenhuma Corte.

-Ah pela amor da Mãe.- disse Alynia sentindo o coração parar de bater dentro do peito.

-Tenho quase certeza que ele também sabe disso. E que descobriu algo e foi se meter lá. Só isso explica a mentira pra você, Alynia. Ele nunca te contaria sabendo que você iria junto, pois o medo dele de te perder é maior.- disse Helion e ela grunhiu.

-E ele preferiu mentir pra mim e me deixar ficar que nem uma idiota, somente esperando a notícia da morte dele chegar?- ela disse se levantando num pulo. -Vou resolver isso.

-O que vai fazer?

-Resgatar minha raposinha, o que acha que vou fazer, Helion?- ela disse irritada. Helion suspirou.

-Irei com você.

-Não!

-Ele é meu filho!

-Isso vai dar uma merda colossal se você for. Pense bem, quer mesmo causar uma guerra entre a Corte Outonal e a Diurna? Você é um Grão Senhor, eu sou somente a Alynia.- ela disse seriamente. -E se Beron descobre que Lucien é seu filho, ele mata você e a mãe dele e ele sem nem pensar duas vezes. Sabe que tenho razão, Helion. Me deixe cuidar disso.- ela pediu e o Grão Senhor fechou os olhos com força.

-Está bem. Mas tente não ser morta, por favor.

-Eu não vou. Mas preciso de um favor seu.

           Alynia se virou para a fêmea da Corte Diurna enviada por Helion e agradeceu por ela ter feito o favor de atravessar a illyriana até ali.

               Quando a fêmea desapareceu, Alynia respirou fundo e caminhou apressadamente até a mansão.

                 Ela havia passado o dia todo na corte Diurna, recuperando suas forças. Por mais desesperada que estivesse, sabia que não seria útil beirando a exaustão.

                 Mas agora daria um jeito naquele problema. Daria um jeito de resgatar Lucien daquela maldita Corte. Mas pra isso, precisaria de uma ajuda. E como não podia contar com seus amigos... Bem, então restava somente uma pessoa forte o suficiente e que se importava minimamente com Lucien para ajuda-la.

-O que está fazendo aqui essa hora da noite?- disse a voz grave atrás dela. Alynia se virou para encarar os olhos de Tamlin na escuridão da noite.

-Acredite, não queria estar aqui também.- ela disse com um suspiro nervoso. -Mas Lucien está com problemas e eu preciso da sua ajuda.

            Tamlin a olhou seriamente antes de indicar para que ela entrasse na mansão. Quando estavam seguros lá dentro, o Grão Senhor da Primaveril se virou para ela.

-Me conte tudo.

             E ela contou.

Só digo uma coisa: a merda é bem mais embaixo do que vocês previram

Cadê o povo que comentava aqui e sumiu? :c

Querem outro capítulo? Se sim, comentem ai, o próximo é BABADO

Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana

Data: 25/01/21