Velaris

               Já havia se passado um mês desde que Lucien resgatara Alynia em Sob a Montanha. Por mais que os pesadelos ainda existissem, não eram mais tão avassaladores. As feridas estavam se fechando, a illyriana havia voltado a treinar e estava preparada para esmurrar Clythia.

            Alynia estava tentando dormir naquele momento, mas a voz irritada de Vassa brigando com Jurian no quarto ao lado estava a tirando do sério.

-Vou matar os dois.- disse Alynia com um grunhido e Lucien resmungou, apertando com força o travesseiro no ouvido.

-Então vai logo, pelo Caldeirão, eu quero dormir.- ele também reclamou e Alynia pulou pra fora da cama. -Deixe essa adaga ai.- resmungou Lucien, que estava de costas para ela.

-Não sei do que está falando.- mentiu a illyriana.

-Ahan, até parece. Vai, larga.- ele disse e ela grunhiu antes de largar a arma no móvel ao lado da cama.

-Chato.

             Alynia saiu do quarto e caminhou a passos duros até o cômodo ao lado. Nem sequer bateu na porta antes de a abrir com força.

-Dá pros dois calarem a boca?- disse a illyriana irritada. -Jurian, coloca uma roupa que ninguém é obrigado a ficar te vendo pelado.

-É o que eu estava tentando dizer a ele!- falou Vassa irritada. -Não estou nem ai que queira dormir pelado, faça isso quando eu não estiver aqui!

-Nossa, qual o problema de vocês? Se fosse uma imagem horrível, seria totalmente compreensível, mas estão tendo o privilégio de admirar uma obra de arte.- disse o humano e Alynia segurou a vontade de dar uma gargalhada.

-Tem certeza que está sóbrio? Deve ter batido a cabeça em algum lugar se acha que isso ai é obra de arte.- disse Vassa apontando pras partes baixas de Jurian. O humano escancarou a boca pra Rainha.

-Você é um pervertido.- disse Alynia apontando pra Jurian. -E você para de gritar, pelo Caldeirão!- ela disse para Vassa. -Tem uma coisa chamada "dormir" que eu queria muito estar fazendo agora.

-Nenhum de nós reclama quando a cama do quarto ao lado fica fazendo barulho de noite. - disse Jurian e Alynia fez um gesto vulgar. -Coragem sabendo que tem vários ouvidos feéricos aqui nessa casa.

-Sabe uma coisa chamada "não to nem ai"?- disse Alynia erguendo uma sobrancelha.

-Mas que porra tá acontecendo aq...- Cassian, que ainda estava em Velaris por causa da amiga, entrou no quarto e deu um grito ao ver Jurian, saindo tão rápido quanto chegou.

-Viu, Jurian, sua coisinha ai tá espantando todo mundo.- disse Vassa rindo. Jurian a fuzilou como olhar.

-Coloca pelo menos uma cueca, porra.- disse Alynia. -E parem de gritar! Quero dormir nessa merda aqui, esse lugar parece um hospício!

Parece mesmo.

-Rhysand, saí da minha mente, porra!- gritou Alynia alto o suficiente pra casa toda ouvir. Ela escutou a risada do Grão Senhor e da Grã Senhora ecoar e ergueu seus escudos mentais.

Que família disfuncional nós temos. Ela mandou a mensagem.

Você entrou nela porque quis dessa vez quem falava era Azriel, pelo laço de parceria.

Azriel, onde diabos você está, pra início de conversa? Ela mandou de volta.

Você sabe onde estou.

Mande um oi pra Aisha.

Ela nem sabe quem é você.

Mande mesmo assim.

Porque não vai encher o saco do Lucien e para de encher o meu?

Que parceiro carinhoso e amoroso eu tenho. Babaca. Ela quase conseguia escutar Azriel rindo.

-Vassa, se Jurian não parar de ser o Jurian, eu volto pra te trazer umas lâminas illyrianas pra você enfiar nele. Agora, calem a boca, boa noite, amo os dois. - Alynia se virou e bateu a porta atrás de si antes de voltar para o quarto.

            A illyriana se jogou na cama ao lado de Lucien e ele a olhou. Ela conseguia ver que ele estava contendo a vontade de rir. Mas a perdeu completamente quando Alynia sorriu de volta. Então, os dois gargalharam. Risadas tão puras e verdadeiras, algo que não davam havia dias. Naquele momento, nenhum problema existia. E Alynia estava feliz novamente.

-Jurian é um idiota.- disse Lucien quando conseguiu parar de rir.

             Alynia apoiou os cotovelos no colchão e o rosto na mão, olhando para Lucien com um sorriso. Ele esticou a mão e tocou a bochecha dela, contornando a cicatriz no rosto da illyriana.

-Ele é mesmo.- admitiu ela rindo.

               Lucien a puxou delicadamente para seu colo e ela passou as pernas ao redor da cintura dele enquanto o macho a abraçava.

                Alynia beijou a bochecha de Lucien, o maxilar, o pescoço. Ele respirou fundo e ela deu um sorrisinho.

-Você disse que queria dormir.- ele falou enquanto Alynia beijava lentamente seu pescoço, o provocando.

-Disse? Acho que mudei de ideia. - ela falou o mordendo de leve. Ele apertou a coxa dela e Alynia estremeceu, calor subindo pela sua coluna.

-Você nunca cansa?- ele disse a jogando pro lado e invertando as posições. Ela gemeu quando sentiu a carícia dele no centro de sua asa.

-De você? Nunca.- respondeu Alynia enroscando as pernas ao redor da cintura dele e o puxando para mais perto de si.

              A illyriana o puxou pela nuca e juntou seus lábios nos dele em um beijo calmo. A língua dele envolveu a dela, e Alynia sentiu o corpo todo pegar fogo e ela nem mesmo era da corte outonal. Agora a illyriana entendia perfeitamente o que queriam dizer quando falavam que "machos da corte outonal trepavam fazendo jus ao fogo no sangue". Aquele ali fazia jus ao fogo da outonal e as chamas da Diurna. E juntar fogo com fogo nunca dava certo.

                 Enquanto seus corpos se tocavam de forma tão verdadeira e íntima, ela pensava que, um dia, depois que toda aquela merda tivesse passado, se casaria com aquele macho. Pela Mãe, ela queria se casar com ele. Atiraria tudo pro espaço, mas o que Alynia verdadeiramente precisava e desejava era Lucien. E nada mais fazia sentido sem ele.

Esse cap foi escrito só pra descontrair mesmo da sofrencia que vão ser os próximos, quero dizer, enfim...

Volto as 19h, beijos na bunda
Obs: não sei se vou conseguir postar as 21h porque vai ser a apresentação online da minha unidade acadêmica, mas se eu não conseguir postar, as 22h30 eu posto dois

Vejo vocês mais tarde
~Ana

Data: 01/02/21