Velaris

            Alynia estava com a cara afundada em livros, uma dor de cabeça ameaçando a consumir. Havia ficado aqueles três dias sem notícias de Lucien afundada no trabalho. A única coisa que a acalmava era saber que ele estava seguro na Corte Diurna. Com Helion. Pai dele.

               Ela suspirou e se levantou, massageando a tempora e caminhando até a cozinha para beber um copo de água.

               Alynia não havia imaginado que ficar alguns dias longe de Lucien ia ser tão difícil e entediante. Quem ela queria enganar? Já sentia a falta dele. Mas também achava bom que o macho passasse tempo com o pai biológico. Que Helion ajudasse Lucien a controlar a magia proveniente dos poderes dele.

                  Ela tentou não pensar em Lucien quando voltou para a mesa na sala e continuou trabalhando, analisando os papéis que Cassian havia a entregado. Fazia um bom tempo que ela não pisava nas estepes illyrianas. Talvez devesse tirar alguns dias para passar lá, lembrar aos machos escrotos que ela ainda era comandante dos exércitos e por um bom motivo.

                     A illyriana estava perdida em pensamentos quando escutou as batidas na porta. Sem pensar muito, ela abriu e Amren entrou antes mesmo de Alynia a convidar, acompanhada por Mor e Feyre.

-Pode entrar, Amren, seja bem vinda a minha casa.- zombou ela, e Amren a fuzilou com o olhar.

-Eu selecionaria as palavras com cuidado se fosse você. - ameaçou ela. Alyniu deu risada.

-Que bom que você não é. E vocês vieram ver Amren me assassinar?- disse Alynia olhando Mor e Feyre. As duas deram risada.

-Viemos roubar seus vinhos bons. E nem negue falando que não tem, eu sei que tem.- disse Mor começando a vasculhar os armários da cozinha.

-Lucien saiu?- perguntou Feyre franzindo o cenho.

-Ele foi pra Corte Diurna.- disse Alynia e Feyre arregalou os olhos. -É. Se resolver com o pai Grão Senhor gostoso dele.

-Lucien é filho de Helion?- disse Mor se virando com uma garrafa na mão. Feyre assentiu e a fêmea assobiou. -Uau, por essa eu não esperava.

-Nem ele.- disse Alynia e Mor riu.

-Não sabia que Lucien tinha conversado com Helion.- disse Feyre, talvez um pouco magoada.

-Ah, é algo recente. - disse Alynia, mas não era bem verdade. Fazia um bom tempo que Lucien havia conversado com Helion. -Então, o que vieram fazer aqui? Já vou logo avisando que não tenho dinheiro.

-Seu apartamento é bem confortável.- disse Amren que havia se instalado na sala com as dezenas de livros e papéis que havia trazido consigo. -Estava pesquisando o que me pediu.

-E ai? Encontrou algo?- perguntou Alynia se jogando no sofá e espiando por cima do ombro de Amren.

-O que você pediu?- perguntou Mor se sentando em uma poltrona com uma taça de vinho na mão. Feyre se aproximou e se sentou de frente para elas.

-Encontrei pouca coisa. É realmente uma maldição complexa essa da rainha humana.- admitiu Amren. -Um feitiço bem complicado. E cruel.

-Estão falando de Vassa?- perguntou Feyre e Alynia assentiu

-Mas talvez tenha um jeito. Quem sabe se você juntar Feyre e Helion não consiga resolver? Leve isso pra ele se puder, talvez ele entenda melhor.- disse Amren entregando para ela os papéis e livros.

-Obrigada, Amren. Vou pras terras humanas falar com Vassa.

-Quer companhia?- perguntou Mor.

-Bem, não ia reclamar se você fosse junto. A viagem de fato ia ser mais curta.- disse Alynia e Mor riu. -Vou quando anoitecer.

             Quando o sol se pôs, Alynia já estava pronta para ir as terras humanas. Pretendia passar alguns dias lá com Mor, tentando resolver a situação de Vassa. Esperava que pudesse quebrar a maldição da mulher humana.

-Vamos?- disse Mor, que estava muito bem vestida. Ela estendeu a mão para amiga e Alynia segurou antes de Mor as atravessar.

                Apareceram em frente a imensa mansão e caminharam calmamente até a porta. Alynia nem sequer bateu antes dela ser escancarada por Vassa. A rainha humana se assustou, mas pareceu aliviada em ver a illyriana. Isso antes do choque voltar a seu rosto.

-O que aconteceu?- perguntou Alynia, já sentindo que tinha algo errado.

-Jurian.- disse ela. -Ele sumiu.

-Como assim sumiu?- perguntou Mor dando uma passo para frente.

-Não sei!- disse a rainha puxando ambas pra dentro. Era evidente o nervosismo de Vassa. Ela passou a mão pelos cabelos de fogo e andou de um lado para o outro. -Eu acabei de me transformar.

-Como sabe que ele desapareceu?- perguntou Mor com uma careta e Alynia tentou amparar Vassa, mas foi em vão. A mulher estava nervosa demais, em choque demais. Alynia achou que ela fosse abrir um buraco no chão andando de um lado para o outro.

-Jurian estava estranho essa semana.- disse Vassa e olhou para elas. -Falando demais das coisas e pessoas do passado, lembrando demais da guerra. Se martirizando pelos erros que cometeu, como matar a tal de Clynthia, perder Miryam. Quase como se um fantasma do passado tivesse vindo para inferniza-lo. Ele estava mal. Mas hoje ele pareceu bem magicamente. Porém, estava estranho, quase como se esperasse por algo. Algo ruim. Então, quando minha maldição foi ativada e virei um pássaro, Jurian sumiu. Acabei de voltar e encontrei isso!- ela estendeu um pedaço de papel com a letra do homem e Alynia o pegou, lendo junto com Mor.

Vassa,
O passado veio cobrar minhas dívidas.
Estou com problemas, mas não quero te meter nisso. Talvez eu nunca mais volte e você nunca mais me veja com vida.
Obrigado por tudo. Agradeça o Lucien por mim. Não me procurem ou vão morrer também.
-Jurian.

              Alynia olhou para Vassa, sem saber ao certo o que dizer ou o que aquilo tudo significava.

-Bem. Fudeu.

Como diria minha bebê illyriana boca suja né: agora fudeu tudo

Se preparem porque a coisa vai pegar fogo. Vai ficar mais quente que o fogo no rabo da Alynia. Estão avisados. Usem capacete porque senão é tiro na testa

Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana

Data: 24/01/21