Human Lands
Terras Humanas
Atualmente
Quando amanheceu no último dia deles na corte Estival, Lucien estava tenso. Tenso como no dia em que foram para Corte Diurna. Mas dessa vez, Alynia sabia exatamente o motivo: a próxima parada seria a Corte Primaveril.
-Lucien.- ela disse o cutucando. Ele nem pareceu ouvir. Ela passou a mão na frente do rosto dele e Lucien a encarou. -Podemos ir pras Terras Humanas antes de ir pra Primaveril, se você quiser.- sugeriu ela. Lucien abriu a boca pra dizer algo, mas ela continuou. -Eu também estou cansada dessas políticas de corte. Podiamos passar uns dias investigando nas Terras Humanas e depois ir pra Primaveril. Você disse que mora lá, não é? Não vai fazer muita diferença.
Lucien suspirou e deixou que o corpo relaxasse na cadeira. Alynia ainda o observava com cautela, imaginando as coisas que o macho deveria estar passando naquele momento. E pelas que já tinha passado antes. Afinal, se Tamlin tinha sido abusivo com a mulher que amava, o que o impedia de ter sido com o amigo? Lucien nunca havia dito nada a respeito, mas Alynia tinha suas suspeitas.
-Rhysand disse para irmos em todas as cortes antes.- disse Lucien e ela revirou os olhos.
-Rhysand não está aqui.- disse ela rispidamente. Lucien bufou.
-Está bem, se você quer ir pras terras humanas...
-Quero sim. Nunca fui pra lá.- ela disse dando de ombros. Aceitaria a bronca de Rhysand caso acontecesse, mas ela duvidava que seu Grão Senhor ia se importar. E se ele se importasse, bem, problema dele.
-Está bem. Vou avisar Tarquin que partiremos logo. Arrume suas coisas.
Lucien os atravessou e pararam na frente de uma grande propriedade ao anoitecer. Uma mansão. Alynia se virou para Lucien.
-É aqui que você mora?- ela disse e ele deu risada.
-Na maior parte do tempo. Mansão dos Exilados.- ele disse e Alynia fez uma careta.
-Tem duas pessoas lá dentro.- resmungou ela.
-Devem ser Vassa e Jurian.- disse Lucien e Alynia franziu o cenho.
-Você não disse algo sobre ela ter uma maldição e ter que ficar presa na casa de um bruxo mago sei lá o que?- disse Alynia e Lucien ergueu a sobrancelha. -Ei, eu presto atenção nas coisas que você fala. Quer dizer, as vezes.
-Sim, mas ele deu um tempo pra ela. - disse Lucien. -Ela tem muitas coisas pra lidar. A situação das rainhas humanas, do povo humano, da maldição dela...
-E Jurian? Quem é ele, afinal?- disse ela e Lucien deu um sorrisinho. Jurian sempre foi o cara de uma história para Alynia. Ela não fazia ideia de quem ele realmente era.
-Você vai descobrir logo logo isso. Vamos. - ele disse começando a andar em direção as imensas portas duplas.
A propriedade era de fato imensa. No andar de baixo havia uma sala grande para receber visitas, a sala de jantar, a sala de estar e a cozinha. No andar de cima, diversos quartos, dois escritórios e uma imensa biblioteca que Alynia desejou ter em sua própria casa.
-Quem é essa?- disse uma voz atrás deles e Alynia e Lucien se viraram. Ali estava uma bela mulher humana, com cabelos cor de fogo e olhos vorazes.
-Vassa, essa é a Alynia. Alynia, Vassa.- disse Lucien. Alynia assentiu em comprimento a rainha humana, e a mulher deu um sorriso, os olhos brilhando com divertimento.
-Ouvi falar de você, Alynia.- disse Vassa. Lucien fez uma careta.
-Imagino que só coisas ruins.
-É, em boa parte foi mesmo.- concordou a rainha.
-As coisas mudaram. - disse Lucien e Vassa deu um sorriso pra ele.
-Ah, eu sei. Caso contrário não estariam juntos. Já teriam se matado.- disse Vassa e Alynia deu risada enquanto Lucien bufava.
-Gostei dela.- disse Alynia. -É mais legal que você, raposinha.
-Raposa?- perguntou Vassa, os olhos brilhando.
-É porque...- começou Alynia, mas Lucien a cortou.
-História pra outra hora.- ele disse e fuzilou Alynia com os olhos. Ela deu risada.
-Não pense que vai se safar dessa, Lucien.- disse Vassa sorrindo. -Estão com fome? Porque vamos jantar logo. Antes de Jurian sair pra encher a cara e perder o dinheiro que ele já não tem no povoado.
-Como ele está indo?- perguntou Lucien, um pouco mais sério.
-Bem, eu acho. Jurian enfrentou muita merda nos últimos séculos. Isso meio que mexe com a cabeça dele as vezes. Por isso gosta de encher a cara. Talvez o faça esquecer do que viveu com a tal de Amarantha. - respondeu Vassa.
Alynia teria enlouquecido se tivesse no lugar do homem mortal. Passar séculos preso dentro de um anel, vendo os horrores e torturas de Amarantha sem ponder se desligar disso... Ela iria preferir estar morta do que viver com a lembrança disso.
-Eu não me preocuparia demais com Jurian. - completou a Rainha. -Ele é imprudente, mas sabe o que faz. Na maioria das vezes. Vamos jantar. Quero ouvir sua história, Alynia.
-Não tenho bem uma história.- disse Alynia seguindo a mulher para o andar de baixo, em direção a sala de jantar. Vassa deu um sorrisinho pra ela.
-Todos tem uma história. Poderia começar falando como ganhou essa cicatriz ai. Amarantha também te atacou?- ela disse e olhou pra Lucien, que ficou tenso. Alynia negou com a cabeça.
-Não. Um macho me torturou.- ela disse e Vassa parou de andar, prendendo o fôlego. Até Lucien pareceu prender o próprio fôlego, por mais que já tivesse escutado a parte mais rasa dessa história. -Sabe como é importante as próprias asas para um illyriano?- perguntou ela e Vassa negou. -É muito. É preferível morrer do que ter as asas machucadas e ficar impedido de voar pelo resto da vida. Nós geralmente não permitimos que toquem nelas, não qualquer um. É preciso pedir permissão, e poucos illyrianos permitem que elas sejam tocadas. Por serem sensíveis, por ser muito íntimo e por serem uma parte muito importante do nosso corpo.
"Mas as fêmeas não são tratadas da mesma forma que os machos. Quando sangramos pela primeira vez, eles fazem cortes em nossas asas para nos impedirem de voar. Cortam os tendões centrais delas e ficamos incapazes de voarmos. Eles dizem que é para nossa segurança. - Alynia riu com escárnio. -Mas eu duvido disso."
-Pelo Caldeirão.- murmurou Lucien.
-Quando eu tinha dezessete anos, era cheia de raiva dentro de mim. Eu não queria ser o tipo de fêmea que nasceu pra casar com um macho e ficar cuidando da família. Meu pai me bateu muitas vezes por causa disso. Eu nunca liguei e nem nunca parei de tentar lutar pelos meus direitos. Porque eu deveria tê-los.
"Mas... Teve um dia. Três machos me jogaram no chão, me ameaçaram. Eu cuspi em um deles e acho que isso o irritou ainda mais. Ele já me odiava mesmo pela humilhação quando o rejeitei e o desafiei. Então os dois amigos dele me seguraram enquanto ele cortava meu rosto, várias e várias vezes e de uma forma tão cruel... Não tive como curar a marca depois disso. E ele ia cortar minhas asas. Tudo isso foi porque ele queria cortar elas. Mas, graças a Cassian, elas foram salvas. Mas você perguntou só como ganhei a cicatriz." - Alynia sorriu pra Vassa, que a observava com um olhar avaliador. Alynia não conseguia decifrar o olhar que Lucien direcionava para ela. Era quase como se ele estivesse em conflito entre segurar a mão de Alynia ou simplesmente admirar a fêmea.
-Eu acho.- começo a Rainha enchendo três taças com uma bebida forte. -Que todos nós nessa casa somos fudidos. -ela entregou uma taça a Alynia e outra a Lucien. Vassa ergueu sua taça. -Um brinde ao bando de fudidos!
Boa tarde, meu povo! Como vão? Espero que bem!
Esse foi nosso cap de hoje, espero que estejam gostando.
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 11/01/21
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