Heart Broken and Alcohol
Estepes Illyrianas
Atualmente
Assim que a noite caiu, Alynia e Lucien já estavam inquietos. Ambos ignoraram os protestos de Feyre para que fossem embora somente de manhã, então Mor fez o favor de os atravessar até lá já que Lucien não conhecia as montanhas de Ilíria.
-Tem certeza disso?- perguntou Mor para a amiga que assentiu. Mor a abraçou com força. -Então te vejo quando você terminar de socar algumas pessoas.
Alynia deu risada enquanto se afastava da fêmea. Mor acenou com a cabeça pra Lucien antes de desapareer.
-Então, pra onde vamos? Porque parece que estamos no meio do nada.- disse Lucien e Alynia deu risada.
-Vamos pra minha casa, e amanhã bem cedo vamos socar alguns illyrianos.- ela disse e Lucien assentiu. Alynia esticou a mão pra ele e o macho franziu o cenho. -Quer ir andando até o outro lado da montanha?- ela disse arqueando a sobrancelha. Lucien engasgou.
-Você quer me carregar até sua casa?- disse Lucien.
-Tem ideia melhor?- disse ela. -Eu sei que sou pequena e magra, raposinha, mas não significa que não possa carregar um macho.
-Não estava duvidando disso.- respondeu Lucien bufando.
Alynia agarrou o Grão Feérico antes que se irritasse mais com ele, segurando Lucien com força em seus braços antes de se impulsionar para o céu. Ela escutou o coração de Lucien acelerar e deu um sorriso.
-Nem comece. - grunhiu ele e Alynia deu uma risada.
-Não sabia que tinha medo de voar. Ou tem medo que eu o derrube?- ela disse e Lucien a ignorou. Alynia deu um sorriso. De fato, seriam dias divertidos.
Alynia permaneceu em silêncio o resto do caminho, parte de sua diversão sumindo conforme voava em direção a casa que ela não visitava havia anos. Pois, por mais que fosse sua casa, Alynia preferia mil vezes dormir em uma estalagem barata ou na casa de seu irmão do que ficar naquela casa. Mas já estava tarde e ela duvidava que Thery aceitaria um macho grão feérico em sua casa.
Lucien a encarou por um tempo, mas não disse nada. Ele provavelmente tinha sentido a mudança de humor de Alynia, mas eles não tinham nenhuma intimidade e sequer eram amigos. Ela ficou grata por pelo menos o macho não fazer nenhuma pergunta a respeito. Ela não tinha total certeza se conseguiria evitar atira-lo do céu caso ele tivesse.
Alynia pousou em frente a casa e suas botas pretas bateram com força contra o cascalho. Lucien se soltou dela rapidamente e manteve uma distância respeitosa da fêmea, mas ela pouco se importava. Ela encarou e encarou aquela porta marrom, com marcas de garras na frente. A porta pela qual havia saído para abraçar Adrien pela última vez. A porta que havia escancarado quando foi embora de casa. A porta a qual havia encontrado o corpo da irmã pregado.
A macha de sangue há muito já havia sumido do chão de entrada, mas Alynia se pegou o encarando mesmo assim. Os vestígios de Becca já haviam se apagado há anos. Seu cheiro havia morrido também. E aquela casa parecia mais um túmulo para Alynia do que qualquer outra coisa.
-Podemos ficar em outro lugar.- disse Lucien. -Não tem uma estalagem ou algo assim?- disse ele a encarando e Alynia piscou, voltando a realidade. Ela franziu o cenho pra ele.
-Essa casa não é boa o bastante pra você, raposinha?- ela disse semicerrando os olhos. Lucien cruzou os braços. -Vamos logo.
Entrar naquela casa novamente foi a parte mais difícil, mas Alynia não daria o gostinho de parecer abalada para Lucien. Por mais que provavelmente o macho já tenha reparado nisso.
A casa estava limpa mas com um cheiro estranho, diferente do cheiro que era antes da família de Alynia morrer. Enquanto ela não suportava ficar ali, Thery ainda ia toda semana naquela casa para limpa-la. O motivo para o irmão gêmeo fazer aquilo, Alynia não sabia.
-Você pode dormir no meu antigo quarto. - disse Alynia para Lucien. -Eu vou dormir aqui na sala.
Lucien não disse nada enquanto Alynia mostrava para ele o quarto, que era do lado da sala.
-Pode acender aquela lareira com seu fogo?- ela pediu sem seu tom sarcástico, pois estava aterrorizada demais para isso. Lucien somente assentiu e se dirigiu a lareira da sala.
Alynia se dirigiu a porta onde ficava a cozinha. Tinha várias partes faltando dos armários e móveis, por mais que Thery tivesse limpado a bagunça e todo o sangue. Mas ela ainda conseguia ver as manchas de sangue por todo lado, madeira partida, os pedaços do corpo da Mãe espalhados pela casa toda. Alynia apertou com força a madeira da cadeira ao seu lado, até que as juntas dos dedos ficassem brancas.
-Alynia.- a voz de Lucien ecoou atrás dela e Alynia soltou a cadeira para se virar para ele.
-Não tem comida aqui.- ela disse tentando disfarçar o que havia acabado de acontecer ali e se dirigiu para o armário que ainda estava preservado. -Mas tem isso. - ela puxou uma das garrafas de vinho que o pai escondia de todos atrás dos pratos e panelas riu com escárnio. -Velho illyriano idiota, achava que aqui era um bom esconderijo.
Alynia abriu o outro armário e pegou as únicas duas taças que ainda estavam ali, intactas, e as colocou na mesa antes de abrir a garrafa e encher até a boca. Lucien franziu o cenho pra ela.
-Amanhã vai ser um longo, longo dia, raposinha. Sugiro que encha a cara, porque, como diz Cassian, encher a cara é a melhor solução pra tudo. - disse Alynia antes de pegar a taça e virar tudo de uma vez só.
-Pela Mãe, garota.- disse Lucien e ela grunhiu.
-Ele escondeu essa bebida por trezentos anos. E é horrível!- disse Alynia, incrédula, enquanto colocava mais da bebida em sua taça. -Pior vinho que já tomei.
-Então por que vai tomar mais?- disse Lucien bebendo de sua taça.
-Porque quero encher a cara. Porque só assim pra conseguir ficar nessa maldita casa.- soltou ela. Lucien somente a encarou e Alynia andou de um lado para o outro, esvaziando a garrafa.
A illyriana caminhou até o armário, cambaleando, e retirou outra garrafa dali. Poderia ser um vinho péssimo, mas o efeito era rápido. Ela tinha acabado de abrir a outra garrafa quando Lucien a tirou gentilmente das mãos dela. Alynia o fuzilou com o olhar.
-Vai querer estar de ressaca amanhã?- disse ele. -Porque tenho certeza que não vai gostar de entrar em uma briga assim.
-Tanto faz.- ela resmungou passando por Lucien e deixando a cozinha.
Alynia passou pela porta de seu antigo quarto aberto e estacou. Ainda estava do mesmo jeito desde a última vez que Alynia estivera ali. Com as duas camas, a dela e a de Becca. A penteadeira que era mais de Becca do que de Alynia encostada em uma das paredes, junta com o armário onde guardavam suas roupas. O coração de Alynia se apertou.
Com um passo inseguro, Alynia entrou dentro do antigo quarto. Não tinha mais o cheiro de Becca ali, nem mesmo o dela. Anos sem pisar ali causavam isso.
-Você pode dormir nessa cama.- disse Alynia apontando para a sua antiga cama. Ela sabia que Lucien estava bem atrás dela, a olhando sem saber o que fazer ou dizer. E ela não precisava que ele dissesse algo, então ficou aliviada por ele não o fazer.
Alynia caminhou até o armário e arrancou dali os seus cobertores, deixando alguns na cama para Lucien, tentando evitar olhar para os belos vestidos de Becca que Thery nunca teve coragem de se desfazer.
Ela se virou para sair do quarto, mas um brilho na penteadeira chamou sua atenção e Alynia se aproximou. Como uma piada cruel, o anel com a pedra predileta de Alynia, ametista, estava sobre a superfície da penteadeira, brilhando sobre a luz da lua que entrava pela janela. Alynia sentiu a garganta fechar e sua mão estava trêmula quando ela esticou para pegar o objeto.
-Eu achei que aquele velho illyriano tinha jogado isso fora quando eu fui embora e esqueci de leva-lo.- ela disse, mais para si mesma do que para Lucien. Aliás, ela nem sequer se lembrava da presença do macho. Os olhos de Alynia se encheram de lágrimas e ela fez um barulho estranho com a garganta enquanto tentava evitar um soluço.
O cheiro de Lucien invadiu as narinas dela quando ele se aproximou, e aquilo foi o suficiente para acordar a illyriana de seu transe. Ela largou o anel ali como se tivesse queimado sua mão e limpou o rosto com força. Poderia usar a desculpa de estar bêbada depois, e esperava que a noite apagasse da memória dela o quanto Lucien tinha visto de Alynia.
-Pode usar aqueles cobertores ali.- ela indicou com a cabeça e cruzou os braços. O macho a encarava, inexpressivo, talvez se decidindo se falaria algo ou não. No fim das contas, ele decidiu dizer.
-Você está bem?
-Estou ótima. Um pouco bêbada, na verdade. Por que eu estaria mal?- ela disse e apertou mais os braços. Lucien não respondeu, e Alynia caminhou em direção a porta. Ela estava prestes a sair quando escutou a voz do macho outra vez.
-Eu também perdi alguém que amava. Eu sei como é a dor. Nunca vai embora, não importa quantos séculos tenham se passado.
Alynia sentiu o coração parar de bater no peito e travou na porta. Sabia porque Lucien estava falando aquilo. Sabia que ele tinha notado a estranheza dela a noite toda e associado com o que ela havia dito há algumas noites no dia em que se encontraram em Velaris. E sabia que o macho havia percebido que aquele anel que Alynia havia largado não era um simples anel.
Vagarosamente, Alynia se virou para ele, a verdadeira máscara inexpressiva no rosto e disse, com a voz fria:
-Não sei do que está falando.
E, sem dar a oportunidade dele dizer mais qualquer coisa, a guerreira saiu e fechou a porta atrás de si. E por mais que fosse ter uma manhã perturbadora também, Alynia não conseguiu pegar no sono. E pelo barulho da respiração pesada e inquieta de Lucien, nem ele.
Boa tarde meu povo!
Como vai a véspera de vocês? Espero que bem.
Alynia só se ferra, tadinha da minha bichinha.
Esse talvez seja o último capítulo do ano (se eu me sentir generosa eu público mais um)
Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana
Data: 31/12/20
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