Corte Primaveril
Três dias depois

Alynia acordou sentindo uma dor latejando nas costas. Suas asas estavam dormentes, mas ela conseguia mexe-las, o que fez com que o coração da illyriana voltasse ao ritmo normal.

Ela abriu os olhos com calma e gemeu de dor. Demorou um tempo até ela conseguiu enxergar direito e perceber que estava no antigo quarto de Lucien na Corte Primaveril. E, parado, na frente dela de braços cruzados, estava Azriel.

A illyriana conteve a vontade de gritar pelo susto, e teve vontade de sumir devido ao olhar duro que seu parceiro lançava pra ela.

-Oi, Az.- ela disse, a voz rasgando a garganta. Alynia se esticou para pegar a água ao lado da cama, mas Azriel se mexeu primeiro e entregou o copo pra ela, a ajudando a se sentar.

Ela se sentia fraca, inútil e acabada. Mal se lembrava do que havia acontecido e não sabia quando tempo havia ficado apagada. Pela sua imensa sede, ela diria que alguns dias.

-Por que está aqui?- ela perguntou, confusa. Azriel cruzou os braços novamente, suas sombras rodopiando em seus ombros.

-Você quase morreu. Eu senti você morrer. O laço quebrou por alguns instantes e eu senti uma dor terrível. Sabia que algo tinha acontecido com você, mas não sabia que merda tinha acontecido. Sabe como fiquei preocupado?- ele disse e Alynia se encolheu.

-Desculpa.- ela disse, baixinho, e Azriel suspirou, se sentando com cuidado ao lado dela.

-Eu estava preocupado. Pelo Caldeirão, eu cheguei colérico.- disse Azriel com um suspiro. -Rhysand estava comigo quando senti. Eu nem mesmo expliquei pra ele o que aconteceu antes de atravessar até aqui. Provavelmente você vai querer me matar, mas soquei a cara do Lucien quando cheguei.

-Azriel!- ela disse e sentiu uma dor lancinante nas costas e gemeu. -Por que?

-Porque eu estava sem controle e com medo. Bom, eu não era o único. Tamlin ameaçou me matar caso eu tentasse algo desse tipo de novo.- Azriel revirou os olhos e Alynia riu pelo fato de Tamlin achar que conseguiria matar Azriel. -Você salvou a vida deles dois. Sabe disso, não é?

-É. Eu sei. Não sei como eu estou viva.- ela disse e Azriel a encarou.

-Não estaria viva se Lucien não tivesse usado a magia dele pra te curar enquanto não conseguiam ajuda. Está viva por causa dele e ele por sua causa.- disse Azriel. -No que estava pensando quando fez isso, Alynia? Podia ter perdido suas asas!

-Eu não pensei nas minhas asas, Az, nem mesmo pensei em mim. - ela disse fechando os olhos com força. -Nem sequer pensei direito e se tivesse pensado, teria feito a mesma maldita coisa.

-É. Eu sei.- disse o illyriano com um suspiro.

-Eu não suportaria se algo tivesse acontecido com ele. Não suportaria. - ela disse num sussurro e Azriel sabia do que ela estava falando.

-E você acha que ele suportou o que aconteceu com você?- retrucou Azriel e Alynia o encarou.

-Onde ele está, então?- foi a resposta dela. Azriel suspirou.

-Não sei. Até porque, estou aqui com você. - ele disse e ela fez uma careta.

-Eu estou bem. Pode voltar pra Velaris.- ela disse e Azriel arqueou uma sobrancelha. -É sério, Az.

-Quase morreu. Não consegue sequer se levantar. E acha que vou te deixar aqui nessa corte com aqueles dois idiotas?- disse Azriel e Alynia respirou fundo.

-Por favor, não xingue o Lucien.- ela pediu e Azriel revirou os olhos.

-Está bem. Não tenho nada contra ele, mas estou nervoso, o que esperava?

-Desculpa, mamãe.- ela zombou e Azriel a olhou feio. -Prometo que não vai se repetir.

-E eu deveria ficar tranquilo com isso?- ele disse e ela riu.

-Acho que... Vou voltar a dormir, Az. - ela disse sentindo o corpo pesado. -Estou cansada.

-Tudo bem. Descanse. Quando acordar, já vai estar se sentindo melhor.- ele disse e Alynia segurou a mão dele com força contra a dela.

-Obrigada.

Quando Alynia acordou outra vez, estava de noite e ela estava completamente sozinha no quarto. Com uma certa dificuldade, ela se levantou e foi ao banheiro.

Suas costas doíam e as asas também, mas não estava mais tão ferida. Conseguia se mover pelos lugares, apesar de sentir uma dor latejando. Ela estava voltando pra cama quando a porta do quarto abriu e Lucien estacou na porta. Eles dois se encaram, em silêncio.

Sem dizer nada, Lucien caminhou até ela e a pegou no colo, a ajudando a voltar para cama. Alynia se sentia derrotada, mas não reclamou da ajuda.

-Vai falar comigo ou ficar me evitando? - ela perguntou o olhando com cautela. Lucien não a olhou de volta.

-Acho que você deveria descansar.- ele respondeu.

-Já descansei demais. - retrucou a illyriana e segurou o pulso dele quando Lucien se virou para sair. -Não se afaste. Não preciso disso. Eu fiz minhas próprias escolhas, Lucien, não preciso que fique se culpando.

-Você poderia ter morrido!- ele disse e ela grunhiu.

-Mas eu não morri.

-Você não tem esse direito.- ele disse, irritado. Alynia franziu o cenho.

-Direito do que? Do que, Lucien?- ela disse nervosa e ele a encarou, o olho vermelho brilhando de raiva e mágoa.

-De fazer com que eu me apaixone por você, de fazer com que eu me acostume com você, de fazer com que eu precise de você, pra depois arriscar sua vida como se fosse um nada.- ele disse e ela se calou, o observando. Alynia abriu a boca três vezes, mas nada saiu. Ela fechou os olhos com força. -Você podia ter morrido. - ele completou, baixinho.

-Eu ia preferir morrer do que te ver morrer, Lucien.- ela disse e suspirou.

-E você acha que eu quero isso?- ele disse e ela se calou. -Te ver morrer? Eu não preciso ver mais uma pessoa importante pra mim morrendo por minha causa. Não quero te ver morrer como Jesminda.

Ele estava irritado e... E havia acabado de comparar Alynia com o único amor que ele teve. Como se ela um dia pudesse significar o mesmo pra ele. Alynia sentiu algo estranho dentro de si, algo que preferiu ignorar.

-Me desculpa, mas não me arrependo por um segundo do que fiz. Faria de novo.- ela disse e o olhou. -Pode me odiar o quanto quiser, Lucien.

-Te odiar?- ele riu com sarcasmo. -Se isso fosse possível meus problemas teriam se resolvido magicamente.

Ele se aproximiu dela, sentando ao lado da illyriana e segurando sua mão com carinho.

-Por favor, por favor, nunca mais me assuste assim. - ele pediu a olhando nos olhos. Alynia suspirou e encostou a testa no ombro dele.

-Não vou prometer nada.- ela disse e ele deu uma risada fraca.

Lucien ergueu o rosto de Alynia para que ela o olhasse. E se encararam em silêncio por um tempo até Lucien a beijar com carinho. Um carinho que ela já estava começando a se acostumar e, pior, a gostar.

Não tenho nada pra comentar sobre esse capítulo, então só vou deixar aqui e sair correndo KKK

Querem mais um hoje?

Vejo vocês no próximo capítulo!
~Ana

Data: 22/01/21