Alynia Spits In Beron
Corte Outonal
Alynia nunca tinha estado naquela Corte antes. E, por mais nervosa que estivesse, por mais traída que se sentisse, por mais que a preocupação a dominasse, a illyriana não conseguiu evitar seu olhar admirador para a beleza daquele lugar, para os diversos tons de vermelho nas folhas das árvores. Apesar de abrigar pessoas ardilosas e podres, como Lucien dizia.
Os bosques tinham cores tão lindas e vivas que era impossível não se impressionar. E a propriedade de Beron era ainda mais bela, apesar de ter um ar sombrio, cruel e vazio.
Tamlin havia explicado para a illyriana na noite passada que a Casa da Floresta era construída dentro e em torno das árvores e das rochas. Um complexo vasto e apenas os níveis mais superiores eram visíveis acima do solo.
Abaixo, os túneis desciam alguns níveis para dentro da rocha. Sua extensão determina seu tamanho, sendo necessário metade da manhã para andar de uma ponta a outra da Casa. Há vários sentinelas contornando-a: nas árvores, no chão, sobre os telhados cobertos de musgo e nas pedras da própria Casa.
Segundo Tamlin, ninguém passava por ali sem o Grão Senhor saber. E também ninguém saia sem a permissão dele. Então, teriam, de fato, um grande problema.
-Vamos?- perguntou Tamlin olhando a illyriana. Alynia assentiu sombriamente, seguindo o macho quando ele se aproximou da propriedade de Beron.
O lado bom de ter levado Tamlin é que todos os guardas o conheciam. O que implicava uma facilidade maior de passar por eles e entrar naquele lugar. O maior problema? A imensidão. Como ela acharia Lucien naquele labirinto sem fim?
-Quero falar com Beron.- disse Tamlin seriamente encarando um guarda, que ficou nervoso com a atenção. Provavelmente novo no serviço. -Não me faça perder a paciência.
-Ele está com a família em um dos pátios, Senhor.- disse o guarda, meio afobado e nervoso pela presença de Tamlin e uma guerreira illyriana fortemente armada. -A execução é hoje.
-Que execução?- disse Alynia friamente, se aproximando mais do guarda. Viu o macho soar frio.
-Do filho mais novo.- disse o guarda e Alynia sentiu seu mundo girando.
-Nos leve até lá. Agora. - rugiu Tamlin e o guarda assentiu, começando a caminhar rapidamente na frente deles. Tamlin olhou para Alynia e ela o encarou.
-Se demora meio dia para ir de uma ponta dessa porcaria pra outra, como vamos chegar lá a tempo?- ela disse, meio desesperada.
-Beron gosta de se exibir. - disse Tamlin. -Entramos pela entrada principal. Ele obviamente fez disso um show aberto ao povo. Então duvido que seja do outro lado da Casa. E ele não espera que ninguém venha salvar Lucien.- Alynia sentiu um gosto amargo na boca.
Eles andavam rapidamente pelos corredores amplos e confusos da propriedade. Alynia nem sequer conseguia pensar e se situar, tamanho era seu nervosismo. E tudo ficou ainda pior quando viraram uma esquina e encontraram maldito pátio.
Tamlin estava, de fato, correto. Beron tinha mesmo feito daquilo um show de horrores, uma exposição. De um lado, uma plateia cheio de feéricos e grão feéricos, sentados em uma arquibancada montada. Do outro, estavam os quatro irmão de Lucien, Beron, a Senhora da Outonal, sendo segurada por Eris e... Lucien. Com a cabeça apoiada em uma mesa. Enquanto um macho segurava um machado de freixo sobre sua cabeça, preparado para deixar que aquilo descesse.
Alynia e Tamlin não precisaram nem conversar para saber o que tinham que fazer. Uniram seus poderes, a magia de Tamlin e a força dos sifões dela, e direcionaram aquela força avassaladora para o machado, o destruindo e espatifando em mil pedaços.
A plateia arfou, chocada e infeliz, e Beron deu um grito frustrado e irritado, chamas dançando em seus olhos. Todos se viraram para encarar Alynia e Tamlin.
A illyriana tirou a espada das costas e caminhou sem pressa até lá, com Tamlin bem ao seu lado. Ela ignorou o olhar chocado que Lucien lançou a ela. Fez questão de ignorar o macho em si.
-Tamlin! Que merda é essa? Invadindo minha Corte e acabando com a diversão? - gritou Beron irritado. -E quem é essa feérica inferior?
-Cale a boca, Beron.- rosnou Tamlin. -Ia matar seu próprio filho? - Beron deu uma gargalhada histérica e olhou para esposa.
-Ele não é meu filho, não é, querida?- disse o Grão Senhor olhando para a fêmea. Eris fuzilava o pai com o olhar, tentando se por entre a mãe e ele. -Filho do Grão Senhor da Corte Diurna. Parece que você realmente chegaria um dia ao poder afinal, Lucien. Mas vou ter frustrar seus planos.
-Você realmente gosta de se ouvir falar, não é?- disse Alynia apontando a espada pro peito de Beron.
-Está me ameaçando na minha própria casa, menina?- disse ele e ela deu um sorriso preguiçoso. Beron semicerrou os olhos. -Você é a garota illyriana de Rhysand.
-Não sou de ninguém.
-E por que está aqui? Por que se arriscar, arriscar a fúria de um Grão Senhor, levar problemas pra sua Corte, por um macho sem honra, sem corte, sem títulos, sem nada?- perguntou Beron, mas Alynia nada disse. Ele deu um sorriso cruel pra ela. -A não ser que esteja trepando com ele. Ah, você realmente gosta de uma fêmea inferior, não é, Lucien?
-Cale a boca!- gritou Lucien, mas Beron estava com sua atenção total em Alynia agora.
-Talvez deva matar ela também. Fazer o mesmo que fiz com a outra com ela. - ele falava sem o menor respeito pela fêmea que havia matado por capricho. -Seus irmãos iam adorar ver você perder mais uma pessoa.
-Você pode tentar me machucar e falhar miseravelmente, Beron. - ela disse e deu risada. Beron fervilhou de ódio. -Consigo surrar seus quatro filhos de uma vez. Pode mandar que venham.
-Ela é arrogante, não é?
-O que você quer, Beron?- ela disse suspirando com tédio. -Qual seu preço por ele?
-Eu não quero nada. E não existe dinheiro capaz de comprar o prazer que irei sentir tirando a vida do filho bastardo da minha esposa.- disse Beron dando um sorriso perverso. Alynia sentiu o corpo ficar tenso.
-Não pode fazer isso.- grunhiu Tamlin.
-Ah, não? Pelo que sei ele não está mais sobre sua proteção. Não faz mais parte da sua Corte.- disse Beron.
-Ele faz parte da Corte Noturna.- grunhiu Alynia.
-Faz mesmo? Então porque Rhysand nunca o deu um título que preste? Nunca o colocou como um de seus protegidos? Ele não tem absolutamente ninguém. E vocês perderam o tempo vindo aqui.- disse Beron se virando para pegar uma espada. Alynia levou a mão a faca presa no cinto, mas percebeu que a espada não era para ataca-los, não... Era para matar Lucien.
-Pare com isso, pai.- pediu Eris e o macho encarou o filho mais velho.
-Tem algo que queira dizer, Eris? Está amolecendo? Talvez tenha ficado frouxo. - desafiou o macho, mas o filho se calou novamente.
-Não vai mata-lo.- disse Alynia se colocando no meio do caminho. Beron a olhou como se ela fosse um bichinho particularmente chato. Uma mancha que não saia na sua camiseta predileta.
-E quem vai me impedir? Você?- Beron riu com deboche. -Já disseram que lugar de fêmea é cuidando da família e não vindo bancar uma de heroína?
-Heroína.- Alynia riu com escárnio. Ela deu um sorriso cruel pra ele, um que fez Beron hesitar. -Heróis tem honra, e te garanto que não tenho nenhuma contra meus adversários. Quando os faço implorar pela morte. Quer que eu te faça implorar, Beron? Solte Lucien.- ela disse, a voz fria e letal, cruel e sombria como a noite sem estrelas.
-Você até que é bem divertidinha e engraçadinha. Mas já chega, né? Entendo que Lucien deve te proporcionar momentos muito bons, mas você pode arranjar coisa melhor pra te satisfazer. Se sair da minha frente agora posso até te arrumar um casamento com um dos meus outros filhos.- disse Beron como se aquilo fosse uma grande oportunidade, imperdível.
Alynia cuspiu na cara dele com gosto e teve que erguer um escudo rapidamente antes que as chamas que Beron libertou a queimassem por completo.
-Sua vadiazinha. Vai pagar caro por isso. Agora será a sua cabeça e a dele!
-O que acha de uma luta, Beron?- ela disse sorrindo e rodando a espada na mão.
-Eu sou bem mais velho que você.- começou Beron. -Lutei em duas guerras! Acha mesmo que pode me vencer? Vencer um Grão Senhor de Prythian?
-Alynia...- disse Tamlin baixinho para que somente ela ouvisse enquanto Beron discursava, olhando para a plateia, os filhos e ela. Alynia entendeu o que ele queria dizer. A guerreira se aproximou sorrateiramente do Grão Senhor da Primaveril e ele passou o frasco pra mão livre dela antes que Beron visse. Alynia deu risada, cortando Beron, e disse:
-Vamos começar o show de verdade, então.
É, meu povo, bagui tá ficando loko aqui
Alynia sem noção
Tamlin somente existindo
Lucien quase morrendo
Beron putissimo querendo matar a Alynia
Esse é o bilhete
Vejo vocês amanhã!
~Ana
Data: 25/01/21
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