III: The Phophecy
— Portal? Como assim portal? — É a vez de Dean perguntar.
— O portal do gornião. Ele só se abriria quando a profecia estivesse próxima de se cumprir, por ele passaria o grande salvador de Ballwerrior. O guerreiro que nos tirará do colapso e derrotará a rainha das sombras.
A dor, que pensei que havia ido embora, se manifestou novamente na minha cabeça. Joguei-me nos braços de Sam, abafando o gemido.
— Eu não entendo. Já era para ela estar melhor — O rapaz me olha com confusão. Outro homem, mais jovem, se aproxima dele e sussurra algo em seu ouvido. Um sorriso se abre em seu rosto — Jovem — Em dois passos ele se aproxima de mim. Sam não me solta, pelo contrario, me aperta ainda mais em seus braços, quase me sufocando — Não tema! Não irei machucar a donzela.
— Tudo bem — Sussurrei e olhei nos olhos preocupados do meu amado — Eu sei que vai estar aqui se qualquer coisa me acontecer, pode me soltar, mas ainda continuarei ao teu lado — Seu aperto ao meu redor se afrouxou, involuntariamente ele ainda mantém sua mão no meu quadril. Sei que sua desculpa seria que era para caso eu caísse novamente, mas eu sabia que ele ainda tinha medo.
— Pode estender-me seu pulso esquerdo, por gentileza — Mesmo receosa, estendi minha mão para o homem. Ele passou a mão sobre minha marca de nascença, três pontos que formavam um triângulo. Sorriu — Não posso acreditar — A duvida se mantinha em meu rosto, mas no dele o sorriso permaneceu — Aguardamos sua chegada há muito tempo, princesa.
Isso seria um apelido? Sam costumava usar quando estava carente ou quando queria se desculpar de algo. Porém este não era Sam falando, era um cara desconhecido, em um lugar, possivelmente, uma realidade paralela.
— Depois de muitos anos, estamos diante de uma sucessora da verdadeira família real. Aquela que foi tirada a força do reinado. Aguardamos por muito tempo o surgimento de alguém com o mesmo sangue. Estamos diante dela. Seja bem vinda, princesa.
As coisas agora pareciam fazer um pouco mais de sentido, ainda sim confusas. Não se tratava de um apelido, mas um título. O que era ainda mais esquisito. Todas as pessoas que estavam a nossa volta se postam atrás do homem e, juntos me saldam em uma reverencia. Estava em choque, não sabia como reagir a tal gesto.
— Temos que ser rápidos em impedir que Edette seja coroada oficialmente. Caso contrario, ela será a rainha para sempre e você... Morrerá.
— Eu ainda não entendo... É tudo muito confuso.
— Antes disso, vamos recapitular — Dean diz, dando um passo ao meu lado — Como assim ela vai morrer? Ela estava segura em nossa casa, de repente viemos parar em um lugar com um nome estranho e, aparentemente, nem em 2021 nós estamos. E a única forma dela sobreviver é matando uma tal de rainha das sombras? Por que nós simplesmente não voltamos para casa?
— O portal de gornião só será aberto novamente quando a profecia for cumprida — Ele diz indiferente. Como se não tivéssemos escolha, ao que parece, eu não tenho.
— E o que diz essa profecia?
— Sente-se — Ele aponta para uns banquinhos que tinham logo ali.
A profecia do feiticeiro Dalibor Elliot
Ballwerrior era o único reino independe de todo o distrito. Realizavam negócios com todos os cantos do mundo, possuíam uma riqueza gigantesca. Água fresca e potável era encontrada em qualquer rio, ouro puríssimo havia em abundancia, bem como outras pedras preciosas: Diamantes, rubis, esmeraldas... As espécies de animais exóticos eram ilimitadas e eles vivam em perfeita harmonia com os habitantes do reino. As casas eram feitas dos melhores materiais para não haver estragos caso um desastre natural viesse ocorrer, e todas eram bem organizadas, sejam elas pertencentes aos plebes ou nobres. A recepção era acolhedora.
Não havia discórdia. O rei zelava pela paz e harmonia entre os vilarejos e sempre fazia o possível para garantir uma vida boa aos seus súditos. Seus descendentes convivam entre as crianças pobres sem nenhuma frescura ou preconceito, assim como ele sempre fazia questão de leva-las e darem um "dia real" para os pequenos.
Nunca faltou nada. Harmonia, paz, felicidade...
Porém as coisas mudaram repentinamente. O céu que sempre mantinha sua coloração azulado com leves pincelas brancas das nuvens, agora era cinza com nuvens escura onde saiam raios arroxeados. Eles soltavam fortes estrondos segundos depois da luz violeta ser vista atingindo o solo. As casas começaram a entrar em chamas, não era um fogo abundante em cores quentes como estamos acostumados a ver, sua coloração era anil com um toque de violeta, assim como os raios. Pessoas gritavam e corriam com seus filhos no colo, a recomendação era permanecer em casa que eram a provas de qualquer desastre natural. Se isso fosse gerado pela natureza.
Era Magia.
As pessoas estavam se estabelecendo no palácio, o único lugar que pareceu não se abalar pelos raios. Crianças choravam e as famílias estavam em pânico. O rei tentava manter as coisas em ordem.
— Rei Eratos, saia imediatamente — Uma voz feminina ecoou pelas paredes do castelo. O rei não hesitou, puxou sua espada da cintura e caminhou até o lado de fora — Gostei da atitude — Em sua frente, uma mulher formosa usava um vestido roxo, assim como os raios, os cabelos pretos sedosos e levemente encurvados batiam em seu ombro. O rei pensou se aquela mulher era realmente uma ameaça. Ele estava encantado. Ela tinha em seu rosto algo que ele nunca virá antes, além de ternura, seus olhos eram peculiares. Um deles era um castanho tão escuro que se misturava com a pupila, já o outro um azul florescente.
A mulher caminhou até ele, balançando os quadris mais do que o convencional, o que chamou ainda mais atenção do soberano.
— Deixe-me toca-lo. Garanto que não vai se arrepender — Sem tirar os olhos de suas curvas, ele assentiu. Parecia hipnotizado. A mulher parou a sua frente, colocou as mãos, cobertas pelas luvas da mesma cor de seu vestido, nas bochechas do rei e deu uma ultima olhada em seus olhos antes de sussurrar em seu ouvido — Queime!
As palavras foram como um gatilho. Imediatamente o fogo anil se instalou no corpo do rei, ele soltou apenas um grito antes de suas cinzas caírem ao chão.
— Ouçam todos — A mulher se pôs em cima do palanque que havia na frente do castelo, usando sua magia, sua voz se alastrou por todo reino de Ballwerrior — Seu rei está morto agora. Eu o matei! É melhor terem medo de mim, me obedecerem, posso fazer como fiz com ele em cada um de vocês — Ela fez uma pausa, analisando as sentinelas se aproximarem dela, prontos para atirar — FOGO!!! — Ela grita e, assim como o rei, os guardas viraram cinzas em poucos segundos
Ela soltou uma risada alta com orgulho.
— Mais alguém? — O silencio se pôs no ambiente, nem os pássaros eram ouvidos mais. Não seriam por muito tempo — Foi o que imaginei... Eu sou Edette, temam a mim! Serei eu quem governará este povo. A partir de agora serei a rainha! Ballwerrior que vocês conheciam anteriormente se foi, deem lugar às sombras! — Um lindo vestido verde brilhante, justo e decotado deslizou em seu corpo, seu cabelo parecia estar maior, assim como seu ego.
Ela ergueu a cabeça e caminhou até a escadaria do palácio, enquanto ia passando, as pessoas davam espaço, por fim, ela se sentou no trono do antigo rei Eratos e sorriu ao ver o medo e angustia instalados nas faces dos moradores de ballwerrior.
À medida que o tempo ia passando, o povo ia ficando cada vez mais infeliz e cansado. Não existiam mais negócios com Menaca, Dinert, Canoval ou qualquer reino que tinha interesse nas riquezas de Ballwerrior. Não havia mais bichos exóticos em movimento pelo reino, suas carnes foram congeladas para alimentar somente a rainha das sombras. Quando lhe convinha, dava um casal, ainda vivos, para o povo tentar criar e utilizar para sobreviver, mas a maior parte de sua alimentação agora vinha de frutas e verduras.
Agora havia desordem, fome, medo e infelicidade. Algo nunca visto ou sentido pelo povo de Ballwerrior.
Um cavaleiro, soldado traidor da rainha das sombras, passou anos de sua vida construindo uma espada capaz de matar Edette, agora só faltava um detalhe: Um feitiço para torna-la eficaz.
A espada era blindada. Feita de titânio, era a prova de qualquer força ou elemento químico. Cedric Rudson, assim chamado o cavaleiro, foi ao encontro de um velho conhecido da família, o feiticeiro Dalibor Elliot, pedir para encantar sua mais nova criação.
— Eu posso fazer isso — Ele diz analisando o objeto.
— Quanto vai custar? — Cedric aguardou a resposta, aflito, ele não tinha muito dinheiro, muito menos comida.
— Não lhe cobrarei, apenas terá que me prometer que será corajoso. Essa é nossa esperança de sairmos desse caos.
— Prometo-lhe.
— Volte aqui em dois dias.
Assim que o sol se pôs no seu segundo dia de espera, Cedric estava na porta de Dalibor novamente. Um "entre" foi dito baixo após o soldado bater esperançoso na porta.
O feiticeiro estava deitado em sua cama, coberto por finos lençóis e tossia freneticamente.
— Tudo bem senhor Elliot?
— Que bom que chegou cedo, acho que dentro de dois dias eu terei meu descanso — Ele se referia à morte — Consegui encantar a espada, mas para isso usei muita energia. Não aguentarei muito tempo.
— Fez isso por mim?
— Fiz isso por Ballwerrior. O povo merece ser salvo. Direi-te como isso funciona, mas não posso lhe falar detalhes, terá que descobrir sozinho. A coragem vem de dentro.
— Descobrirei! — Ele diz confiante, mesmo sem saber ao que o feiticeiro se referia.
— A espada é destinada a um guerreiro corajoso, deverá ter coragem até o fim. Medo, você não poderá sentir medo em momento algum, se não a espada te deixará. Se tiver coragem em seu coração até o momento de matar a rainha das sombras, conseguirá derrota-la.
Depois de assentir e gravar mentalmente as palavras do feiticeiro, ele caminha até a mesa onde estava a espada, parecia igual a quando deixou exceto por uma gravura.
""Στο μπλε θα βρείτε γαλήνη. Στο μπλε θα βρείτε τη λύση — No azul encontrará paz. No azul encontrará a solução".
Era chegada a hora. Cedric havia juntado seus melhores soldados, eles cavalgavam até a entrada do castelo a fim de confrontar Edette. Seguindo as palavras de Elliot, o soldado não tinha medo.
— Apareça monstro! — Ele gritou, suas palavras ecoaram por todo ambiente — Estamos cansados de obedecer a suas ordens, você não é e nunca será nossa rainha.
— Ora, ora... Um esquadrão para me confrontar. Darei a chance de lutares — Edette não precisava de soldados, apenas os tinha por preocução e pela ganância de ter pessoas obedecendo a suas ordens. Com um gesto, leões apareceram ao redor dos soldados de Cedric.
Sangue dos animais e cavaleiros se misturaram a frente do palácio. Ele quase hesitou ao ver seu irmão cair no chão, quase sendo abocanhado pelo felino. Seu olhar mortal caiu sob a rainha e ele desceu de seu cavalo, seguindo em direção à mulher que sorria.
— Vai se arrepender disso — Foram suas ultimas palavras. Sua forma feminina foi trocada pela de um leão gigante. Cedric não se abalou, poderia ser um leão gigante, mas ainda era aquela mulher que ele tinha certeza que poderia derrotar com facilidade.
O primeiro golpe foi dado. Cedric conseguiu cortar um pouco da juba do felino que ficou enfurecido. A rainha das sombras tinha muita afeição por suas madeixas.
Nunca se encoste ao cabelo de uma mulher sem permissão.
O felino rosnou para o soldado, seus olhos turquesa brilhavam conforme a luz. O grito de seu irmão chamou atenção, quando se virou, Cedric viu a perna dele sendo comida por um dos leões. A rainha rosnou novamente, chamando sua atenção. Seu peito arfava e suas mãos vacilavam, o suor fazia a espada escorregar.
Ele tinha medo.
O leão pulou em cima de Cedric, suas grandes garras cravando no seu peito. Ele soltou a espada. A rainha então começou a usar as unhas para perfurar ainda mais a pele do soldado, cansada de ouvir seus gritos, ela abocanhou sua cabeça e, depois de algumas mastigadas, engoliu.
Cedric e seus soldados estavam mortos.
A espada nunca mais foi vista.
De sua pequena cabana, a noticia chegou até Dalibor pelo seu filho mais velho. Ele estava frustrado, deu sua vida em vão. Deu sua vida a um covarde. Antes de fechar os olhos pronto para morrer, o feiticeiro teve sua ultima profecia.
— Filho, pegue uma pena e anote — O filho obedeceu. Dalibor foi dizendo tudo o que estava ouvindo.
"Em muitos anos, um portal se abrirá trazendo consigo o guerreiro forte o suficiente para derrotar Edette, consigo virá a ultima pessoa descendente da linhagem da verdadeira família real de ballwerrior. Finalmente teremos paz".
Essas foram as ultimas palavras de Dalibor Elliot.
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