56 | THE ASSAULT IN TIME
{ O assalto no tempo }
⎊
O DIA NO complexo amanheceu agitado, diversas papeladas para um lado e mais um monte de explicações sobre as joias para outro. Stella era uma das únicas que ainda conseguia pensar em outra coisa, isso significava que vez ou outra ficava se perguntando como Zeppelin estaria — isso a fez encher a caixa de voz de Pepper, pois parecia impossível conseguir controlar seus sentimentos de mãe. Tony, por outro lado parecia estar levando todas aquelas coisas sobre a joia de uma maneira mais fácil do que a esposa. Não que ele não estivesse preocupado com o filho, vez ou outra também mandava mensagens para Potts, mas o fato era que Tony não conseguia mais conter o entusiasmo de trazer todos de volta — e isso parecia aflorar sobre sua pele.
— O cara da joia do tempo...
— O Doutor Estranho. — Bruce completou a frase de Natasha.
— Que tipo de Doutor ele era? — a ruiva girava uma caneta em mãos, enquanto permanecia deitada sobre a grande mesa da sala.
Bruce estava deitado ao chão, também olhando para o teto. Tony estava deitado com a cabeça sobre o colo de Stella — que mantinha um celular em mão e acabava de checar como o filho estava mais uma vez.
— Otorrinolaringologista. — o moreno respondeu, apertando os olhos com os dedos, indicando que uma dor de cabeça estava se iniciando.
— Duvido falar isso dez vezes. — Stella deixou o celular de lado, bufando pois Pepper demorava responder de volta, olhando para baixo encontrando os olhos do marido. Tony sorriu amarelado, aceitando o desafio.
— Otorrinolaringologista. Otorrinolaringologista. Otorrinolaringologista. Otorrinolaringologista. Otorrinolaringologista... — ele mal terminara de falar e Stella desatou a rir, beijando a testa dele — Que tira o coelho da cartola.
— Idiota.
— Tinha uma casa bonita no Village. — Bruce completou.
— É. Na rua Sullivan Street? — Tony inclinou a cabeça um pouco sobre o colo da esposa, para conseguir ver Bruce direito.
— Na Bleecker.
Aquele assunto sobre as joias já estava deixando Stella de paciência esgotada, pois parecia que davam sempre voltas, e mais voltas, mas nunca chegavam de fato a algum lugar. Apesar de mal participar inteiramente das reuniões já que estava sempre pensando em alguma coisa, Stella ouvia tudo que eles diziam — cada pequeno detalhe. Então era bem fácil para ela entender e assimilar coisas que os outros não estavam pensando, como o fato de seu consciente parecer trabalhar mais rápido do que os deles.
— Pera ai. — interrompeu os comentários fúteis do marido e de Bruce — Ele morava em Manhattan, certo?
— Não, não, morava em Toronto. — ironizou Tony — Tá prestando atenção não, eu hein?
No mesmo instante em que acabara de falar isso, se arrependeu amargamente. Pois Stella empurrou o corpo dele que estava deitado no sofá com a cabeça sobre seu colo — e Tony caiu de bunda no chão.
— Ai. — gemeu, fazendo uma cara de dor alarmante.
— Eu entendi. — Natasha apontou para a amiga animada — Vocês são tão tapados, se pegarem o ano certo haverá três joias em Manhattan.
Stella revirou os olhos com a expressão surpresa de Stark e Bruce. Aquela era a primeira coisa que parecia estar dando certo. Tony se levantou do chão, apoiando as duas palmas da mão sobre o joelho da esposa — se abaixando um pouco até ficar a sua altura. Natasha e Bruce já haviam deixado a sala, provavelmente foram correndo até Steve contar sobre as joias.
— Essa expressãozinha... — Tony franziu os lábios, olhando para o azul dos olhos dela — Não sei dizer o que está pensando, docinho.
Stella sorriu de lado, se sentindo confortável pela primeira vez ao dia. Seus cabelos loiros caiam sobre seu ombro, totalmente despojados, já que nem havia os penteado de manhã. Continha pequenas olheiras abaixo de seus olhos, indicando que não tinha conseguido dormir direito, e a razão era a preocupação com o filho... e talvez o assunto sobre a viagem no tempo, que parecia usufruir da sua energia a cada segundo que passava.
— Agora eu tô pensando que já faz mais de dois anos e até hoje você não encontrou um apelidinho, — franziu o nariz em ironia — melhor do que esse.
Tony abriu a boca em um O, sendo pego de surpresa.
— O que tem de errado com esse? Achei que gostasse. — apertou um pouco as mãos ao redor dos joelhos dela, arqueando as sobrancelhas escuras.
— É estranho, querido.
— Não, não é. — dessa vez Tony já estava perto o bastante da boca dela, o que fez ele roubar um selinho rapidamente — O que foi?
— Nada... Só, preocupada, você sabe.
— Eu sei. — roubou outro selinho, um pouco mais demorado dessa vez — Nós vamos voltar, pegar as joias, desfazer todo o erro e depois estaremos em casa... na cama, do jeito que você gosta.
Stella riu dessa vez. Nunca iria se acostumar com a facilidade que Tony tinha para mudar qualquer assunto para algo sexual, ele jamais mudaria esse hábito.
— Vamos. — ele se ergueu, esticando a mão para ela que pegou sem nenhuma hesitação.
Logo os dois já estavam caminhando pelo corredor do complexo com as mãos entrelaçadas, vez ou outra Tony abraçava a lateral do corpo de Stella — outra hora beijava seus lábios rapidamente. Isso era uma prova de que ele estava animado com a probabilidade de acertarem dessa vez, dava para enxergar através de seus olhos castanhos. O casal desceu a escadaria até dar de cara com a sala de reunião novamente cheia, com todos os que estavam trabalhando com as joias.
A visão de todos aqueles seus amigos reunidos no mesmo ambiente deu um enorme calafrio em Stella, seu corpo inteiro se enrijeceu — como se quisesse lhe alertar de alguma coisa. Por instinto ela checou novamente o celular na esperança de uma mensagem sobre Zeppelin, mas não havia nada novamente.
Tony se sentou no sofá a puxando pela mão para que ela se sentasse ao seu lado. Ele se sentia impaciente e ao mesmo tempo extremamente nervoso, até então achava que para darem aquele grande passo demoraria mais alguns dias — não achou que seria assim tão rápido assim. Stella se acomodou ao seu lado, observando Steve cochichar alguma coisa no ouvido de Natasha. Assim que os dois se afastaram, Natasha bateu os olhos na amiga rapidamente — que arqueou as sobrancelhas de uma maneira maliciosa. As duas riram logo em seguida, deixando todos os que estavam na sala sem entender nada.
Coisas de garota.
— Tá legal, temos um plano. — Steve anunciou, parando na frente dos gráficos das joias. Mais uma vez ele estava trajando um de suas roupas comuns, o que parecia deixa-lo dez vezes mais bonito que o normal.
A joia do espaço, a joia da mente e a joia do tempo estavam em Nova Iorque. A joia da realidade estava em Asgard, a joia da alma em Volmir, e a joia do poder em Morag. Stella observou com detalhe todos aqueles gráficos do assalto no tempo.
— Seis joias, três equipes, uma tentativa.
Stella não gostava da maneira que seu corpo parecia reagir ao que estava acontecendo, suas mãos tremiam algumas vezes, seu coração acelerava do nada, e sem perceber chorava. Claro que não deixou que nenhum dos amigos lhe pegassem dessa maneira, para falar a verdade estava muito mais preocupada com tudo dar errado. Seus pensamentos iam e vinham com facilidade, lembranças de Wanda e Peter, saudade do filho, recordações do passado. Parecia coisas demais para se lidar sozinha, coisas que nenhum ser humano seria capaz de suportar por completo.
Ela tomou um banho quente depois da "última" reunião, já havia se passado um pouquinho mais tarde do almoço — que ela tentou comer a força, pois seu estomago estava embrulhado e parecia querer expelir a comida a qualquer instante. Stella secou os fios amarelados na toalha, vestiu uma blusa xadrez com uma mistura de cores em; azul, rosa, vermelho, azul claro e branco. Pegou a primeira calça jeans escura que encontrou sobre a cômoda, calçou os mesmos tênis brancos que estava usando desde que chegara ali, e checou o bracelete metalizado em seu pulso. Já havia se passado dois inteiros anos desde que precisou de fato daquele pequeno objeto, nunca imaginou que algum dia algo do tipo estaria acontecendo.
Quando Stella chegou novamente na oficina, todos os que iam viajar no tempo estavam ali. Ela apressou os passos. Tony que estava verificando algo em seu celular nem prestou atenção quando ela chegou, dois segundos mais tarde levantou os olhos e olhou confuso para a esposa que conversava com Clint e Natasha.
— Como que funciona esse traje? — Stella perguntou aos dois amigos, mas Tony interrompeu a conversação.
— Stella. — a chamou.
A loira virou os olhos perfeitamente azulados, e Tony fez uma nota mental sobre a maneira que eles pareciam mais bonitos aquele dia. Para falar a verdade Stark não havia conversado devidamente com ela sobre a viagem no tempo, apesar de ouvir inúmeros comentários negativos, sobre a maneira em que ela se sentia incomodada, ou sobre o medo que pairava ali. Tony não tinha receio em se arriscar, pois como o Homem de Ferro que a nação sempre esperou, ele precisava ser forte pelos dois. Mas, ver a maneira que ela parecia interessada demais no que estava sendo feito, começou o deixar nervoso. Tony era muito bom em omitir seus sentimentos, principalmente quando sentia medo de algo que não havia como se prevenir. Ele também passou noites em claros, planejando cada pequeno detalhe que era possível ser planejado e mesmo assim isso não parecia ter feito nenhum efeito positivo em si. Tony estava com medo da incerteza do que estava por vim, por isso no ápice do desespero em uma de suas noites, ele acabou deixando algo escondido para a esposa.
— Vou com o Clint e a Natasha. — Stella anunciou, dando de ombros, como se aquilo não fosse nada demais.
— Amor, você não vai. Não concordamos sobre isso.
— E desde quando temos que concordar alguma coisa? Fala sério né, Tony. — vociferou, ao mesmo tempo em que suas bochechas começavam a tomar um tom rosado de irritação.
— Não sei?! Talvez desde o momento que chegamos?! — ele ironizou, pousando as duas mãos na cintura.
Dessa maneira Stella conseguia ver melhor os fios de cabelos brancos que estavam começando a nascer no topete e na barba, a maneira que a roupa social caia perfeitamente sobre o corpo dele, e os olhos achocolatados que ainda eram os mesmos, mas dessa vez parecia transbordar um tipo de preocupação sinistra.
— Olha, — ela suspirou — eu não tô sentindo uma coisa legal em relação a isso. Como se... como se... como se algo fosse dar errado. Eu não suportaria estar aqui sozinha, me remoendo, enquanto você tá lá arriscando tudo mais uma vez.
— Amor...
— Não, Tony. É sério.
— {...} você está chorando. — Tony colocou as duas mãos ao redor do rosto dela, prendendo a atenção de seus olhos totalmente.
Ela nem havia se dado conta de que tal coisa estava acontecendo, só notou quando as mãos quentes dele tocaram suas bochechas enxugando as lágrimas que desciam. Stella não havia feito isso, não de proposito, fora seu corpo reagindo impulsivamente a algo que ela não saberia explicar. Estava com medo, seu coração batia como um louco dentro de seu peito. Sua pele queimava da mesma maneira de dois anos atrás, as coisas estavam diferentes, mas iguais de uma maneira perturbadora.
A incerteza do futuro... o medo... a morte que parecia dançar ao redor deles, como uma brincadeira de pega pega. Isso aflorava sobre a pele de Stella de uma maneira que ela conseguia reconhecer a sensação, pois foi assim em Sokovia, em São Francisco, no espaço com a morte de Peter... ela reconhecia aquele ardor dançar por suas veias como se brincasse com seu dom... seria uma premonição? Ou mais uma de suas paranoias ilimitadas. Era difícil definir onde a coisa real, se separava da falsa.
— Eu não quis. — sua voz saiu falhada, mas os olhos de Tony pareciam lhe dar algum tipo de conforto.
— Tudo bem. — beijou o topo de sua cabeça — Não vou tentar proibir nada, até por quê você pode me matar em segundos... então. — riu, conseguindo fazer Stella sorrir um pouco também.
— Esperto, você.
— Mas, não vai com os dois. Você vai comigo, assim posso ficar de olho em você e te proteger facilmente. — combinou, recebendo uma concordância em resposta. Stella se inclinou nas pontinhas dos pés e o beijou com vontade, explorando cada pequeno cantinho da boca de seu homem — Tá me deixando excitado na frente da galera, docinho...
Stella se afastou rapidamente, sentindo as bochechas queimando de vergonha. Fazia anos e aquele sentimento que Tony proporcionava parecia fluir cada vez mais. Com esse pequeno ato, ela conseguiu sentir um pouco de todo aquele peso que carregava em seu coração ir embora, como se por um milagre Tony tivesse todo aquele poder sobre si. O que todos sabiam que era verdade, já que desde a primeira vez em que conheceu Stark — seu corpo parecia responder automaticamente a cada pequeno avanço que ele fazia. Naquela época nenhum de nós sabia exatamente o motivo daquilo, muito menos Stella. Parecia algo tão distante, o passado, como se estivesse acontecido em outra vida.
Eles se desgrudaram dos braços um do outro, Tony colocou o aparelho do traje no outro pulso livre de Stella. Ele não sabia exatamente o que sentir naquele momento, claro que seu coração batia freneticamente só de pensar que não fazia ideia do que poderia acontecer com aquela viagem — e que aquela era a coisa perigosa que já havia feito em sua vida, e que temia constantemente a morte. Mesmo assim, ele se sentia pronto para o que estava por vim, mesmo não fazendo absolutamente ideia de nada.
A oficina nunca esteve tão sobrecarregada de energias positivas e amedrontadas ao mesmo tempo, como estava agora. Mesmo Natasha querendo negar a todo custo os sentimentos que tinha sobre Steve, foi quase impossível ela não se deixar levar e abraçar o loiro com todas as suas forças — quando eles se separaram Stella notou a ruiva deixar um beijo nos cantos dos lábios do Capitão. Aquele provavelmente havia sido "primeiro" beijo com sentimentos que ambos haviam dado. Stella estava orgulhosa de tudo que construíram e conquistaram até aquele momento.
Você pode ganhar uma família mesmo se você já é um adulto. Quando as pessoas passam por dificuldades juntas, elas se tornam uma família. Mesmo que elas não tenham o mesmo sangue podem ser família, e mesmo que tenham o mesmo sangue também podem ser estranhos. A dor, felicidade e o amor devem ser compartilhados — e foi exatamente isso que todas aquelas pessoas ali presente fizeram.
— Cinco anos atrás, nós perdemos. Todos nós. Nós perdemos amigos, perdemos família. Perdemos uma parte nossa. Hoje, temos a chance de termos tudo de volta. Conhecem sua equipe, conhecem sua missão. Peguem as joias, tragam elas de volta. Uma viagem pra cada um, não podem errar. Só uma chance. Muitos de nós está indo pra algum lugar que conhece, isso não quer dizer que sabemos o que esperar. Tomem cuidado. Cuidem uns dos outros. Essa é a luta das nossas vidas, e vamos vencer. Custe o que custar. Boa sorte.
Todos estavam prontos acima da enorme base elevada da oficina — aquela era a coisa principal da viagem no tempo. Stella olhava diversas vezes para a roupa que usava, preto, vermelho e branco dançavam por todos os detalhes do traje. Continha um A com a logo dos Vingadores no braço e no peito. Ao lado dela estava Tony, do outro lado Natasha. Ela correu os olhos por todos os amigos que estavam ali, e pediu a Deus em mísero silêncio que tudo desse certo. Contou até três, forçando um sorriso positivo para todos. Mas a real é que estava tão apavorada que suas mãos tremiam e suavam frio.
— Ele fala tão bonito. — admirou Rocket.
— Né. — Sam concordou sorridente.
— Tá legal, vocês ouviram o homem. Digita aí Chuchu bombado. — entoou Tony, sorrindo para Stella que lhe olhava com medo transbordando por suas órbitas azuladas.
— Promete que vai trazer ela de volta inteira. — pediu Rocket a Clint, que segurava a miniatura da nave.
— Tá, tá, tá.
— Eita, promessinha furreca. — menosprezou Rocky mais uma vez.
Novamente eles estavam posicionados em um circulo perfeito, prontos para avançarem. Stella olhou para a amiga ao seu lado, como se tentasse pedir por socorro ou algo parecido. Natasha sorriu animada e disse.
— Te vejo em um minuto.
Eu tô mt abalada, viu? Achei que ia ter mais estrutura para lidar com o fim desse livro, mas eu tô chorando todas as vezes que tenho que revisar.
Esse capítulo ficou bem curto comparado aos outros, mas tive que dar aquela famosa dividida, pois o próximo tá gigante e confesso que é um dos meus favoritos.
Beijão. Obrigada por todo o amor que dão a War. Nesse exato momento praticamente acabei de sair de uma pequena crise, então acreditem em mim, você significam muito... são o que me faz continuar.
Eu amo muito vocês. ❤
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