53 | BACK TO THE OLD TIMES
{ De volta aos velhos tempos }
⎊
QUANDO O DIA amanheceu Stella percebeu que o corpo de seu marido não estava ao seu lado, como todas as manhãs. Estranhou logo do inicio já que Tony sempre a acordava, e nunca se levantava da cama sem lhe dar um beijo. Mesmo assim Stella não se incomodou, talvez ele estivesse com Zeppelin — então ela se dirigiu até o banheiro e começou a fazer todas as suas higienes matinais. Assim que terminou, finalmente saiu do quarto, encontrando o silêncio pacifico de toda a casa. Deu vários passos descalços, enquanto secava os fios de cabelo com a toalha. Parou na porta do quarto do filho e a abriu, encontrando ele acordado com metade da perna enfiada no vão do berço tentando escapar.
— Eu falei que isso ia acontecer um dia. — soltou uma risada anasalada, pegando ele no colo — Cadê seu pai?
— Um-um.
— É mesmo? Eu também não faço ideia. — beijou a bochecha dele.
Logo os dois estavam na cozinha, já que Zeppelin começava a fazer birra incansavelmente enquanto não estivesse comendo alguma coisa. Stella o colocou no cadeirão, dando pedacinhos de morango e uva — acompanhada de um copo de água — enquanto mandava mensagem de texto para Tony, totalmente sem paciência.
Para falar a verdade uma parte de Stella talvez já soubesse o que estava para acontecer, mesmo assim ela se sentia oprimida demais para aceitar de fato todos aqueles sentimentos antigos que pareciam agora estar sucumbindo sua alma. Todas as chamadas caíram na caixa postal, e nenhuma das mensagens foram visualizadas. Ela não queria ter que começar a se preocupar com o paradeiro de Tony, apesar de sentir aquela coisa tomando conta de seu corpo. A última vez em que sentiu a maneira que seu sangue esquentava por causa da joia, fora a dois anos atrás — dois anos exatos. Hoje era o aniversário de morte de todos aqueles que se foram... Stella estava tentando ao seu máximo ignorar tudo aquilo, mas era impossível, pois parecia conseguir ouvir a risada de Peter ecoando por toda a casa... como um fantasma.
Então ela sentiu seus pulmões serem fechados automaticamente, da mesma maneira que sempre fechara quando tinha suas crises de pânico. Stella agarrou com força a bancada da cozinha, fechando os olhos, sentindo tudo a sua volta começar a girar. Ela sabia que não seria capaz de suportar aquilo novamente... ainda mais sozinha. Sua pele começou a borbulhar como fogo, mesmo o clima estando perfeitamente sereno e o sol nem estar quente o bastante — ela começou a suar como se estivesse corrido toda uma maratona. Os seus primeiros pesadelos pareceram acertar suas memorias, ela havia sonhado com aquilo a muito tempo atrás... por quê não deu atenção?
Então no exato momento em que sentiu que iria desabar no chão, pois suas pernas haviam se enfraquecido — o choro do filho lhe fez abrir os olhos e voltar para a realidade. Ela não poderia se dar ao luxo de uma verdadeira crise de pânico, não quando seu filho precisava de você. O ar começou a entrar em seu peito e sua respiração voltou ao normal. Ela deu passos pesados e forçados até o bebê que chorava — ele já estava com as bochechas rosadas e o rosto totalmente molhado.
Stella pegou Zeppelin nos braços com um pouco mais de cuidado dessa vez (pois sentia medo de suas pernas falharem novamente). Ela acariciou os cabelos pretos do bebê, enquanto balançava o corpo para frente e para trás na tentativa de acalma-lo. Cinco minutos depois finalmente havia conseguido. Ele parara de chorar e agarrou o pescoço dela, como se não quisesse ser solto. Foi quando Stella notou o papelzinho branco sobre a mesinha da sala.
"Amor, eu não queria te acordar, então sai de fininho. Ontem foi uma das melhores noites da minha vida, você sabe disso, é por isso que eu te amo tanto. Você tinha razão, sobre eu não conseguir descansar... sobre você não conseguir descansar. Eu vou resolver as coisas, por nós. Eu prometo te ligar em breve, cuida do mini gênio Stark. Eu te amo.
p.s: esse sou eu sendo seu herói"
Stella releu o bilhete mais uma vez, suspirando por fim. Ela se sentiu no meio de um limbo, entre a realidade e a esperança. Não queria acreditar que Tony conseguiria fazer tudo aquilo com perfeição, ela não queria confiar que poderia dar certo. Nos últimos dois anos Stella se obrigou a não ter esperanças com esse tipo de coisa, pois a cada pesadelo, a cada lágrima derramada sem perceber, ela sentia que não conseguiria sobreviver mais uma vez a outra batalha perdida.
Mesmo assim com esses pensamentos, dobrou o bilhetinho e o guardou no bolso da calça. Deu outra olhada para o filho que brincava agora com um de seus brinquedos, ele tentava morder a alcinha do elefante azul. Stella fechou os olhos, presa na indecisão do que fazer. Por fim, começou a lavar as louças do café da manhã e depois começou a arrumar suas próprias coisas.
Tony havia deixado sua casa exatamente ás oito da manhã, não tinha planos específicos nem nada parecido, ele apenas tentava se manter no próprio controle... e às vezes sussurrava para si mesmo que as coisas dariam certo. Ele fez quatro paradas em lugares diferentes, um foi na biblioteca pois procurava livros sobre a ativação da proporção de Doitê — já que não havia encontrado nenhum em PDF, como se o livro tivesse sumido da internet. Depois ele passou na outra biblioteca que frequentava quando era jovem, foi ali onde ele conseguiu achar o único livro totalmente empoeirado, acabado soterrado sobre outros. Quando era quase quinze para dez, Tony passou na Industrias Stark — pela primeira vez em bastante tempo. Pepper não estava, provavelmente estava em alguma reunião ou em uma viagem de negócios, então logo ele saiu.
Sua última parada foi no Drive-Thru do Wendy's — comprou um cheeseburguer e comeu no carro mesmo. Se recordando serenamente das vezes em que saia para comer um sanduíche sozinho, e da vez em que estava completamente bêbado e teve que lutar com Ultron após isso. Desde aquele dia Tony nunca mais havia voltado para o seu lugar "preferido" no mundo, pois era lá que sua mãe sempre o levava quando pequeno. Talvez pelo fato das coisas terem mudado, ou talvez por ele não ter mais tanto tempo assim, ou talvez é pelo fato de que o lugar favorito dele hoje em dia é quando está deitado com Stella em seus braços.
Aquele era seu primeiro pensamento oficial do dia sobre sua esposa, por isso ele soltou um suspiro pesado, se lamentando de alguma forma ruim.
Tony não achava que tudo aquilo que Scott havia dito daria certo, uma parte dele queria se recusar totalmente a acreditar naquilo. Mas, no momento em que ganhou quase cem por cento de certeza que aquele método funcionaria — aquilo simplesmente não saia mais de sua cabeça. Pensar em trazer todos de volta era um peso muito grande para conseguir carregar, nunca achou que aquilo havia lhe afetado tanto, até saber que poderia reverter todas aquelas mortes. Dois anos era muito tempo para continuar fingindo que podia continuar vivendo normalmente sem culpa.
Com esses pensamentos, Tony adentrou o carro na rua bastante conhecida que um dia fora sua casa. O lugar onde o complexo se encontrava, estava bastante diferente da última vez em que o viu. Tinha muito mais verde, um estacionamento exuberante e todas as árvores podadas. Pelo menos o dinheiro que gastava ali servia para alguma coisa. Ele acelerou o carro na pista reta, como se aquele pequeno ato fosse fazer com que seus pensamentos se acalmassem um pouco. Assim que fez a primeira curva, derrapou meio desajeitado até frear com tudo na frente do homem que estava ali. Tony passou um pouco do limite, então deu ré, até parar totalmente ao lado de Steve.
O loiro vestia uma blusa branca comum, e olhava para ele com uma expressão engraçada. Tony abaixou o vidro lentamente e olhou para Rogers, por trás de seus óculos escuros.
— Por quê a carinha triste? — o moreno perguntou, avaliando o amigo — Deixa eu adivinhar, ele virou um bebê?!
— E muitas outras coisas, eh, que que você tá fazendo aqui?
— É o paradoxo FTR, — Tony abriu a porta, saindo do carro — invés de forçar o Lang através do tempo, talvez tenham forçado o tempo através do Lang. — se apoiou na porta aberta— É difícil e arriscado. Alguém podia ter aconselhado a não fazerem isso.
— Aconselhou. — Steve disse.
— Aconselhei?! — ironizou Tony cheio de sarcasmo, com um sorrisinho nos lábios — Bom, graças a Deus que eu tô aqui. Em todo caso, eu consertei. — levantou o pulso, onde continha o aparelho — Um GPS de tempo e espaço que funciona.
Steve deu um sorriso de boca fechada, meio surpreso e meio orgulhoso do amigo.
— Eu só quero paz. — o moreno gracejou, fazendo o sinalzinho de dois com os dedos. Ele deu alguns passos até a parte de trás do carro — Acontece que o arrependimento é corrosivo, e eu odeio.
— Também odeio.
— Temos a chance de ter essas joias mas... Eu vou dizer as minhas prioridades. — Tony entoou, olhando para o loiro — Poder traze-los de volta? Eu espero, sim. Manter os daqui? Eu preciso disso, a qualquer custo. E... talvez não morrer tentando, seria legal.
Ele parou na frente de Rogers, esperando o que ele tivesse a dizer.
— Tô de acordo. — Steve concordou, estendo a mão para ele.
Eles apertaram as mãos, mantendo o olhar fixo por alguns segundos.
A dois anos desde que tudo aconteceu, todo aquele rancor que um dia preencheu o peito de Stark — não estava mais ali. Pois a culpa havia roubado todo o espaço, onde agora só restava isso. Tony pareceu se dar conta disso bem ali, com a mão do amigo segurando a sua. Ele deu um sorriso de lado, concordando com a cabeça e voltando para perto do carro, indo até o porta-malas e o abrindo.
Puxou de baixo de um pano o escudo perfeitamente brilhante do Capitão América. Segurou na frente de seu corpo, olhando para o loiro, que olhava perplexo para seu antigo companheiro de luta.
— Tony, eu não sei não...
— Por quê? — indagou — Ele fez pra você. Além disso, é sério, eu quero tirar isso da garagem antes do Zeppelin aprender a usar para escorregar.
Ele entregou o escudo para Steve, que mantinha os olhos preso nas cores vermelho, azul e branco, que pareciam brilhar diante seus olhos.
— Obrigado, Tony.
— Só, não espalha não, tá? — hesitou meio constrangido — Não tenho presente pra toda equipe.
Se virou para fechar o porta-malas.
— Vamos reunir toda a equipe, né? — questionou.
— Estamos resolvendo isso agora.
Assim que Steve terminou de responder, o barulho alarmante de um conversível preto chamou a atenção dos dois. O carro vinha em uma velocidade considerada um pouco alta, mesmo assim, na hora de frear, parou o carro com perfeição atrás do de Tony. O moreno nem teve tempo de raciocinar, pois os olhos azulados apareceram ferventes.
— Olha, da próxima vez que você fizer uma merda dessas, eu juro que te bato de um jeito que você nunca vai esquecer. — a voz alterada pareceu explodir nos ouvidos dos dois homens.
Stella desceu do carro vermelha de raiva, os cabelos loiros perfeitamente caídos sobre os ombros, calça jeans, tênis brancos, uma blusa social escura por baixo e um casaco preto extremamente charmoso.
— Stella o que...
— Nós somos um casal. — ela interrompeu a frase do marido, enfatizando a última palavra — Qual parte disso não entendeu? Na saúde e na doença, no espaço e até nessa coisa de viagem no tempo.
— Mas...
— Sério, sinceramente. — bufou irritada, as bochechas perfeitamente vermelhas — Eu não sei como saiu sem nem falar comigo.
— Você estava dormindo, eu deixei um bilhete...
— Um BILHETE? — riu com sarcasmo — Eu vou te matar.
— Amor... — Tony se aproximou, tentando inutilmente fazer ela se acalmar — Eu só achei que ia querer ficar lá, sabe, com o Zeppelin. Manter vocês dois seguros é a minha prioridade, sempre.
— Ah.
Agora as bochechas vermelhas já havia tonalizado para um rosa bem clarinho, ela respirou fundo algumas vezes até se dar conta que estava voltando ao normal.
— Eu só... — sentiu as lágrimas quererem descer — Não queria ficar sozinha.
— Não ia ficar. — Tony tocou em sua bochecha, lhe dando um beijo na testa — Onde deixou ele?
Steve olhava para os dois amigos achando graça toda aquela situação.
— Bom, — Stella limpou a garganta, começando a ficar nervosa — eu não ia ficar lá e também não ia deixar ele lá, né.
Se movimentou até a porta de trás, a abrindo. Tony franziu os lábios, em uma expressão de total reprovação, piscou os olhos com força como se aquilo não pudesse ser real.
— Aqui é o lugar menos seguro do mundo. — protestou Tony, achando aquilo a pior ideia de todas.
Zeppelin estava no bebê conforto, os cabelos escuros caindo perfeitamente sobre a testa, os olhos azulados abertos olhando a sua volta com curiosidade, e com um mordedor na boca.
— Isso é meio retórico, você sabe, né? Quando todos os melhores heróis do mundo estão aqui. — Stella franziu o nariz em uma tentativa em ser fofa — Só dois dias. Falei com a Pepper, ela tá em uma viagem e quando chegar vai ficar com ele, até resolvermos tudo. Mas, você vai ter que dar uma aumentada no salário dela.
— Stella! — a repreendeu, recebendo uma risada em resposta.
— Relaxa, o lugar mais seguro é com os pais. Todo mundo sabe disso, não é Steve?
— Ahm, acho que sim.
— Enfim, temos muito o que fazer, não? — ela perguntou, se dobrando para dentro do carro.
Zeppelin estava meio sonolento, todas as vezes em que entravam no carro, ele sentia sono. Então Stella destravou o cinto da cadeirinha e o pegou no colo. Os fios do cabelo dele estavam todos postos para o lado em um penteado fofo, já que Stella havia conseguido cortar as pontas. Ela havia vestido nele uma blusa longa azul escuro, que parecia fazer contraste com o azul de seus olhos. Assim que ele percebeu que a mãe havia o pegado, abriu os olhos por completo — ficando atento a tudo a sua volta.
— Eai amigão. — Tony o pegou dos braços de Stella, o segurando sobre os seus.
— Hum, Steve me ajuda a pegar isso aqui.
Então Rogers tirou o berço portátil do porta-malas, o carrinho, e uma das malas de Zeppelin. Stella pegou a própria mochila e sua bolsa. Tony ainda segurava o filho nos braços, apoiando a bolsa de fraldas dele em seu ombro. Então os três seguiram para dentro do complexo.
— Seus músculos ainda servem pra alguma coisa. — brincou Stella para Steve, que conseguia carregar o berço, o carrinho e uma mala perfeitamente ao mesmo tempo.
Era difícil colocar em palavras a maneira em que Tony se sentia ao ver sua mulher e filho ali, a coisa principal que queria era não os colocar em risco — e isso parecia piscar em um contraste vermelho em sua testa, como se falasse que aquilo estava muito errado. Poderia ser mais uma de suas preocupações aleatórias e sem sentido, ou alguma outra coisa importante de verdade.
Oi meus bebês <3 gostaria de agradecer vocês mais uma vez por estarem sempre me apoiando e estarem sempre aqui, esperando a atualização dos nossos nenês.
Estou quase escrevendo os últimos três capítulos, e acho que é isso que está me dando um certo tipo de bloqueio. Nunca dei tanto o meu máximo como estou dando agora, essa é uma das razões pelo especial de 70k não ter saído totalmente ainda — apesar de já estar sendo feito, ok?
Essa semana iremos ter atualização dupla, ouvi um amém? Se não for amanhã, será quinta. Acho que esse foi um dos capítulos mais curtos dessa terceira parte. Enfim, beijos eu amo cada um de vocês e a fic de HP também está em produção.
Beijão.
p.s: olha essa fanart que encontrei, virou meu papel de parede, só consigo ver o zep e o tony.
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