Capítulo XXXVI
Ninguém saiu ileso, não havia uma única parte do corpo dos membros daquele quinteto que não estivesse ao menos dolorida. Hansel ajeitou Frieda em suas costas e seguiu os demais para fora daquele lugar de horrores, ele estava se sentindo mal, mas externamente parecia ser aquele em melhor estado, Ralf até queria questionar e carregar ele mesmo a menina inconsciente, mas mal conseguia suportar o peso do próprio corpo. Erna estava praticamente exaurida, ela tentou curar o corpo de Frieda, mas Leon a impediu, ele também estava quase sem energia e sabia que Erna tinha gastado demais mesmo antes de realizarem a oração de convergência, usar mais do seu finito heilig poderia matá-la. Leon também tinha ciência de que Erna poderia se tornar bem irracional só de ver Frieda ferida, após afastá-la, ele foi até Frieda e checou seus sinais vitais e constatou que apesar de bem avariada, ela ficaria bem por um tempo, tempo suficiente para Erna se recuperar um pouco antes de prestar primeiros socorros, até lá Frieda teria que se contentar com bandagens e pomadas.
Griselna também estava exausta, segurar as pontas por tanto tempo foi difícil, faziam anos desde que não teve que manter Lomo aze Chirun por tanto tempo, estava ferida, exausta, mas precisava se manter de cabeça erguida para que os mais jovens não desanimarem. A mulher olhava para Frieda de esguelha, ainda estava surpresa com a cena que presenciou, na guerra ela viu muitos despertos que se erguiam em um último fôlego para destruir os oponentes, tal qual um berserker, geralmente era necessário primeiro passar pelos horrores da guerra por um tempo, sofrer muito desgaste físico e emocional, se ver em uma situação em que perdera tudo, provar do puro desespero e se tornar aquele que mais teme, até chegar o momento em que não teme mais nada, mas aquela era a primeira vez que ela via alguém tão jovem chegar a isso. Griselna sabia o mínimo sobre o passado de Frieda, sabia que seus pais a abandonaram, enquanto caminhava ela se perguntava se a menina não já tinha passado pelo inferno ao menos uma vez.
– Para onde vamos? – Indagou Leon. Trazia Ralf apoiado em seu ombro.
– Eu não quero voltar para aquele lugar nunca mais. – Hansel divagou em voz baixa.
Erna o olhou de lado, estava cansada, praticamente arrastava os pés. Ela viu em Hansel o mesmo semblante que via no espelho após a morte de seu amado pai, a face de alguém que perdeu tudo, até o propósito. Dito isso ela procurou afastar qualquer sentimento empático, desde o princípio havia decidido se apegar e proteger unicamente Frieda e Heinrich, porém desde então mais e mais pessoas se amontoavam à sua volta e antes que pudesse perceber o grupo de pessoas com o qual ela se importava cresceu demais, seu racional lhe dizia que aquilo poderia pôr em xeque aqueles que ela decidiu proteger primariamente, além de um grupo maior aumentar as chances de trazer a ela mais do mesmo sofrimento que sentiu com a morte do pai, Erna sentia medo, medo de perder.
– Nós vamos para a taberna, lá também tem uma local para pernoite no andar superior. – Disse Griselna. – Vamos tomar banho, descansar, comer, recuperar o máximo de energia e dar o fora daqui antes que percebam que a mansão está vazia. – Mandarei um passáro para a duquesa avisando que o Haidu foi encontrado e expurgado, e que a senhora da mansão pereceu. O restante das informações deixarei para quando apresentar o nosso relatório.
– Finalmente acabou. – Disparou Leon. – Sinto falta da comida do pai.
– E da Leona não sente falta? – Perguntou Erna.
– Me recuso a admitir. – Fez careta. Ele ficou pensativo por alguns segundos.
– Ela está bem, nosso pai está com ela e o Félix é bem habilidoso e energético, apesar de ser cabeça de vento às vezes, vai dar tudo certo desde que não hajam aranhas envolvidas. – Argumentou Erna. – Além disso, Johan é bem responsável, e fica super protetor com os mais novos.
O semblante de Leon se tranquilizou, Hansel só podia olhar toda aquela cena e por alguma razão seu espírito se acalmou um pouco, tornando-se leve.
❇❇❇
Ao chegarem na taverna não puderam deixar de chamar a atenção, todos murmuravam fofocas sobre como os cinco recém chegados ficaram naquele estado. A mulher que tocava antes não estava ali, mas uma pessoa conhecida se encontrava debruçada sobre o balcão, agarrado a uma caneca semi vazia. O quinteto se aproximou do balcão e tocou a pequena sineta que estava sobre ele, o homem se remexeu e murmurou algum impropério, mas não despertou, uma mulher surgiu dos fundos do lugar transpondo a porta, se aproximou dos clientes esfarrapados olhando-os com curiosidade, mas se conteve.
– O que desejam? – Demandou com cordialidade. Organizou alguns pequenos frascos sobre o balcão, com agilidade e olhou de lado para aquele que dormia. Não havia desdém em seu olhar, talvez um pouco de compaixão e ternura, é bem provável que eles se conheçam há muito tempo.
– Precisamos de quartos, banho e comida. – Griselna foi breve e objetiva. – Temos dinheiro para pagar e não ficaremos por muito tempo.
– Vou lhes mostrar os quartos disponíveis, sigam-me!
A taberneira os guiou para uma escada no canto da sala, abriu a porta após subir seis degraus e prosseguiu escada acima. Ralf nunca odiou tanto as escadas. A mulher mostrou dois quartos, em um deles ficaram Erna, Frieda e Griselna, no outro ficou Leon, Ralf e Hansel. A instalação contava com um lugar para tomar banho de uso comum, os rapazes tomaram banho primeiro e depois as garotas foram fazer o mesmo, Griselna jogou Frieda nas costas e a levou até o local do banho, colocando-a na cadeira que Leon pediu a Taberneira. Erna lavou a irmã com cuidado e tomou banho a seguir, depois aguardou Griselna terminar para então retornarem ao quarto. A comida logo ficaria pronto, já passava das nove horas da noite, quando eles finalmente se encontravam limpos, Erna insistiu para que lhe fosse permitido ao menos fechar os ferimentos mais graves e consertar os ossos fraturados de Frieda, ela se encontrava febril, Griselna acabou cedendo. Erna mal se aguentava de pé ao terminar, os rapazes chegaram ao quarto delas e Ralf puxou uma cadeira e foi se sentar bem perto de Frieda.
– Acredito que ela acordará em breve, quando eu me recuperar um pouco vou curar de novo. – Garantiu Erna.
– Não se exceda. – Falou Leon.
– Ele tem razão, ela pode se sentir mal em vez de ser grata se você se ferir no processo. – Considerou Ralf.
Erna desviou o olhar, fitou o chão.
– Essa foi dureza para a primeira missão de rank C de vocês. – Griselna tenta mudar de assunto. – Se bem que o nível dela é B ou até mesmo A, era para ser uma simples missão de investigação.
– Aquele monstro não parecia entoar orações. – Disparou Ralf, ele sentia que não tinha feito o suficiente. – Às vezes murmurava algumas palavras em linguagem sagrada, mas nem sempre falava algo antes de atacar ou usar heilig.
- Ele não precisa. – Disse Griselna. – Nós precisamos porque pedimos "ajuda" dos deuses para canalizar. Ele não precisa fazer isso, manipular heilig é como respirar para eles, alguns respiram melhor que outros, afinal todos possuímos um núcleo, todas as formas de vida tem um, alguns o desenvolvem outros não, uns melhor que outros.
– Precisamos melhorar os nossos núcleos para acumular ainda mais heilig. – Disse Frieda. A expressão indiferente retornou a sua normalidade.
Só agora perceberam que ela tinha acordado.
– Como está? – Perguntou Ralf afoito.
– Como se tivesse sido atropelada por cavalos. – Respondeu ela. – Mas estamos todos vivos, isso é o que importa.
– Aquilo... – Disse Erna tristemente. – Não use mais aquilo. Vamos dar um jeito na situação juntos, eu também vou ficar forte para que você não chegue ao limite outra vez, mas por favor, não me mostre uma versão que não se importa com o que acontece consigo nunca mais. Frieda, você é preciosa para mim, se você se machuca eu vou me importar mesmo que você não se importe. Não é salvação se você não viver também.
– Desculpa! – Pediu ela.
Erna suspirou, se sentia mais leve agora que Frieda estava acordada.
– Então? – Leon chamou a atenção dos demais, queria desfazer o clima pesado que se formava e nada melhor que falar sobre novas descobertas. – Aparentemente nosso amigo aqui também é um desperto. – Ele fez menção aos Hansel. – Não tem como levar uma descarga elétrica daquelas e sobreviver sendo uma pessoa comum. – Argumentou. – Sei que é difícil comentar, mas não consigo conter minha curiosidade. Bathild Hummel foi uma oradora que falava bem alto, foi impossível não ouvir sobre o contrato...
– O que quer saber? – Hansel não aguentava mais tanto rodeio.
– Porque não usou orações contra Frieda? – Questionou. – Não me diga que não sabe, certamente andou treinando às escondidas, aqueles não eram movimentos de um completo iniciante.
– Eu não quis. – Respondeu simplesmente.
– Achei que o contrato sobrepunha sua vontade. – Ponderou Leon.
– Eu também pensei, mas desde sempre fui capaz de ao menos controlar isso. – Falou Hansel.
– Acho que já vimos isso em uma das aulas do tio Meine. – Considerou Erna.
– Ninguém além dos deuses pode interferir com o heilig de outra pessoa. – Falou Griselna. – E isso só é possível se ela permitir por espontânea vontade, por isso não podiam obrigar Hansel a usar o poder contra Frieda. – Expôs. – Apesar de tudo, acreditasse que dá para burlar isso ao colocar o usuário sob uma ilusão, manipulá-lo ou o adversário use heilig não elementar de manipulação conceitual, uma vez que ele pode alterar conceitos.
– Então, por exemplo, quando atacado por heilig de atributo fogo ele pode alterar ou anular o conceito de "queimar" para se proteger, ou simplesmente negar o fogo, nesse caso ele estaria interferindo no heilig de outra pessoa. – Disse Erna.
– Não temos muitas informações, mas eu não me surpreenderia se surgisse algum usuário de manipulação conceitual capaz de ir além e até mesmo interferir diretamente com o núcleo do adversário. – Falou Griselna.
– É assustador só de pensar. – Expôs Leon.
– De fato. – Concordou a mulher. – Bathild Hummel pode estar envolvida com o culto Finsternis. – Jogou ao vento aquilo que estava pensando já a algum tempo.
– Os terroristas? – Perguntou Ralf.
– Sim, ela pode ter feito isso de forma indireta, mas o Haidu que a ajudava agia de forma organizada, sem contar que Bathild falou que a criatura conseguiu o contrato com outro alguém. – Considerou Griselna.
– Ela deu a entender que o Haidu tinha certa influência. – Os olhos de Erna estavam levemente esbugalhados, ela estava no modo análise. – Se mexemos com o culto, quais as chances deles buscarem retaliação? Mesmo que não tenham grande consideração pelo Haidu que eliminamos e não nos vejam como uma ameaça, ainda podem decidir que nossa existência fere o orgulho deles de algum modo ou que pode levar outros a questioná-los internamente, ou pior, que estarmos vivos pode diminuir a moral de seus internos... – Erna estava frenética.
– Erna, calma. – Pediu Leon. – É apenas suposição, vamos ficar bem. – Disse ele, enquanto tentava mascarar sua crescente preocupação com otimismo.
– Se eles vierem nós os esmagaremos. – Falou Ralf, seu sangue, já naturalmente quente, fervia. – Nossa família irá prevalecer, nada nos abalará desde que fiquemos todos juntos.
– Tem razão. – Concordou Frieda. – Além disso, temos o papai, só precisamos ficar mais fortes para ajudar ele. E mesmo que Tia Griselna, Tio Meine e Tio Benno não estejam lá com a gente, ainda seremos nove contra quem vier, vamos ficar bem.
Griselna sorriu, Erna, Leon e Ralf se sentiram revigorados, os animos retornavam aos poucos. Até que Leon finalmente percebeu a armadilha.
– Nove, né? – Disse ele com um sorriso e expressão meiga forçada.
Erna e Ralf finalmente perceberam que havia algo errado.
– Espera... – Disse Erna. – Nove?
Ralf começou a contar nos dedos como uma criança, fez isso mais de uma vez, mas sempre acabava em oito.
– Tem certeza de que não contou errado? – Perguntou preocupado.
– Não contei não, somos oito irmãos e o papai. – Disse ela.
Griselna já sabia muito bem como isso ia acabar, ficou cansada só de pensar no quanto teria que ouvir.
– Oito irmãos, né? – Leon mantinha a expressão anterior, mas estava surtando. Se questionava quem Heinrich responsabilizaria por não ficar de olho para que Frieda não aumentasse o número de membros da Família.
– Pessoal, vamos descer para comer. – Disse Griselna. – Depois pensamos sobre isso.
– Estou com fome. – Disse Frieda se pondo de pé. Sentiu o corpo doer, mas sua expressão não se alterou, contudo deu para perceber pois ela virou uma estátua por alguns segundos.
– Doi, né? – Perguntou Leon.
– Doi. – Respondeu. – Hans?
O rapaz demorou para entender que o apelido era referente a ele, fazia muito tempo desde a última vez que o chamaram assim.
– Eu? – Questionou Hansel. Estava confuso.
– Não vai me ajudar? – Disse manhosa.
Hans se embaraçou um pouco, mas logo se colocou à disposição, não sabia se carregava ela ou se oferecia o ombro para ela se apoiar, a assistência segurava o riso. Depois de muita luta, Hans finalmente decidiu colocar Frieda em suas costas e todos desceram para comer.
Leon ajudou a colocar Frieda em uma cadeira numa das mesas, Griselna foi até o balcão informar que já iriam jantar e voltou aos demais logo a seguir, foi quando o homem no balcão saiu do seu lugar e se aproximou deles.
– Vocês estão horríveis. – Disse o bardo.
– Muito obrigada! – Desdenhou Griselna. – Veio pedir mais uma caneca de cerveja em troca de uma boa história?
– Não desta vez, um bardo é feito de algo mais além de talento, arte e entretenimento. – Respondeu ele. – Como acha que adquirimos tanto conhecimento? a resposta é curiosidade. E não há como não ficar curioso após ver um grupo que estava bem a um tempo atrás aparecer em frangalhos horas depois. E então? Qual a história de vocês?
– Lamento, mas é confidencial. – Falou Erna.
– Entendo... – O bardo estava desanimado.
Frieda o analisou, o encarou por um tempo, a mesa estava em completo silêncio.
– Eu não sou um bardo. – Disse ela finalmente. – Mas posso te contar uma história interessante. Algo que ouvi por aí, talvez você possa ajustar a história para que ela fique mais profissional. Você tem interesse em ouvir?
O Homem não tinha muito a perder, não era como se ele estivesse ocupado. Ele não tinha percebido as intenções da menina.
– Um bardo não é um profissional desde o começo, leva tempo até achar o seu próprio jeito de se apresentar. – Ele acreditava estar diante de uma aspirante a profissão. – O primeiro passo é formular uma boa história, mas sem eliminar os fatos, afinal um bardo que se preze pode até aumentar alguma coisa, mas não somos mentirosos. – Falou pomposo. – Me conte a história, eu vou avaliá-la e te ajudar a melhorar.
Frieda olhou para Griselna, a mulher permitiu, estava tudo bem uma vez que era apenas uma história, não?
– Era uma vez um bardo talentoso. – Iniciou Frieda. – Ele viajava para todo lado levando informação e entretenimento às pessoas do reino, mas o que ninguém sabia é que o homem tinha um segredo.
– Um segredo? – Incentivou ele. Achava fofo a maneira como ela contava a história.
– Sim, um segredo. – Enfatizou ela. – O homem nasceu em uma cidade onde as pessoas desapareciam misteriosamente. – O semblante do Bardo decaiu, ele reconhecia a história. – Boatos diziam que na cidade habitava um demônio silencioso que devorava as pessoas e fazia obras de arte macabras com os seus ossos. – Ela acrescentou uma informação que o bardo desconhecia. – Certo dia o bardo recebeu uma mensagem e teve que retornar a sua cidade, algo muito triste aconteceu, seu irmão tinha desaparecido, certamente fora pego pela vil criatura. – Contou Frieda. – Um final infeliz. Então em um bar, o bardo conheceu um grupo distinto de cinco pessoas.
– Qual era o nome dessas pessoas? – Perguntou com olhar taciturno.
Frieda pensou um pouco e olhou para Erna pedindo ajuda.
– Havia uma que era chamada de Coruja. – Disse sobre si mesma. – Também tinha um Gato, um Lobo, um Cisne e um Falcão Peregrino. – Falou fazendo sutil menção com o olhar para Griselna, Ralf, Leon e Frieda, respectivamente. – Esses eram seus nomes.
– Exatamente. – Disse Frieda.
– Entendo... – Falou o homem triste. – Prossiga, por favor. – Ele , de certa forma, entendia o motivo dos nomes não serem revelados.
– O bardo não sabia, mas aquele grupo tão distinto era dotado de poderes que fogem ao natural e estavam ali para investigar a causa dos desaparecimentos. Após ouvirem uma história interessante da parte do bardo eles saíram em busca do problema.
– E encontraram? – O homem estava ansioso.
– Sim, eles encontraram. O demônio foi descoberto, o combate foi árduo. Água, fogo, terra, ar e raio dançaram em volta do demônio silencioso e o expurgaram. – Falou ela. O bardo tentava conter a emoção. – Então eles foram reencontrar o bardo e disseram para ele: Está tudo bem agora. Sangue foi pago com sangue, vingança foi concretizada, acalenta teu espírito, pois teu irmão descansa em paz agora.
O silêncio pairou e preencheu a mesa.
– Entendo... – Disse ele, a voz embargada devido a tentativa frustrada de segurar o transbordar de seu espírito que se confundia entre tristeza agonizante e alívio por ter conseguido um ponto final. – Essa foi uma boa história.
Ignaz chorava seu pranto contido, não queria chamar a atenção dos demais, mas ele não era o único a chorar pois na mesa ao lado uma bela mulher também pranteava discretamente, Frieda já a tinha reconhecido desde que se dirigiu aquela mesa mais cedo e durante a história tomou o cuidado para contar em uma altura boa o suficiente para que ela também ouvisse. A artista que se apresentou no primeiro encontro do grupo com o bardo tentava enxugar as lágrimas que teimam em rolar, a dor em seu peito transbordava através de seus olhos e em algum momento seu olhar sentido cruzou com os de Frieda, a menina viu quando os lábios da mulher balbuciou um silencioso "obrigada!".
– Obrigado... – Ele fez uma pausa proposital. - Pela história. – Enxugou as lágrimas. – Vou usar essa história para compor uma nova, um relato sobre uma Coruja, um Gato, um Lobo, um Cisne e um Falcão Peregrino. – Tentou parecer animado. – Terei certeza de espalhar uma bela canção sobre os heróis que libertaram uma cidade aterrorizada por um demônio. Todos perceberam a gratidão do bardo da história. – Falou Ignaz. – Devo ir agora, preciso do meu alaúde para compor a melhor canção da minha vida. Se me derem licença... – Pediu ele, fazendo uma mensura como se encerrasse uma apresentação.
– Ainda ouvirei falar sobre você, Ignaz, o bardo. – Se despediu Frieda. Os demais assentiram.
– Espero ouvir falar sobre um grupo tão distinto. – Falou antes de ir embora.
O homem se afastou, a mulher solitária se colocou de pé e o seguiu para fora da taverna.
– Tudo bem contar tudo aquilo para eles? – Perguntou Hans.
– É apenas uma história. – Disse Griselna.
A comida finalmente chegou, o grupo esfomeado devorou tudo que conseguiu, usaram a desculpa de que precisavam repor toda aquela energia. Griselna os permitiu fugir da dieta e comer até se fartar, eles mereciam isso.
Depois daquele dia, todos conheceram a canção sobre como um demônio silencioso foi derrotado. Até mesmo as crianças faziam rodas para cantar sobre aqueles heróis, a história se espalhou como fogo em palha seca e nome de seu compositor se tornou tão conhecido que chegou até mesmo aos ouvidos do rei.
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