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Capítulo LXX


No dia que antecedeu a partida de Frieda, seu amigo lhe convocou para que se reunisse com ele mais uma vez. A dupla caminhava pelas ruas da cidade despretensiosamente, conversando com naturalidade.

– Meu pai me disse que você tem o espírito de alguém que viu o pior. – Comentou Ryosuke após alguns segundos de silêncio, segundos esses em que ele a olhava atentamente de esguelha. As palavras saíram como um pensamento intrusivo.

Frieda não olhou para ele, nem tomou tempo antes de responder.

– O seu pai tem algum poder estranho? – Frieda estranhava como alguém aparentemente comum, tinha a habilidade de enxergar tanto.

– Não sei, essa habilidade que ele tem para ver as coisas é um mistério. Contudo, eu nunca vi ele errar.

– Deve ser bem útil considerando a posição dele.

– Ele diz que é terrível, falou que não é porque ele pode enxergar que poderá mudar algo. – Contou Ryosuke. – Bom... Eu quero te mostrar algo bonito, já anoiteceu, está quase na hora.

– Quase na hora do que?

– É surpresa.

O rapaz aperta o passo, o crepúsculo chegava com pressa, o céu alaranjado lhe denunciava, Ryosuke conduzia Frieda para a margem de um lago perto do centro da cidade. Naquele local, as pessoas personalizavam e ascendiam lanternas para os mortos, afinal, aquela era uma data na qual prestavam suas homenagens daquela forma. Todos os anos, em um dia especifico, ao anoitecer, as pessoas soltam as lanternas na água para que elas iluminem o céu refletido, ou soltam no ar e elas flutuam em direção ao céu.

– Apesar do seu bom trabalho, muitos morreram no último ataque. Não só para as vítimas do ataque, mas para todos aqueles que nos deixaram no decorrer do tempo. Nós acendemos para que eles encontrem o caminho de casa, ou que atravessem a ponte com segurança. – Explicou o rapaz. – Sei que essa é apenas a nossa crença, mas pensei que você poderia querer fazer algo assim para aqueles que você também perdeu. – Espere um momento.

Ryosuke deixa a mulher e vai até uma das barracas próximas, enquanto Frieda contempla o lago, o homem retorna segurando duas lanternas, uma em cada mão, e oferece uma delas.

– Aqui. – Diz ao entregar o objeto. – Essa é para as pessoas que você perdeu.

A jovem percebe que o rapaz manteve uma das lanternas para si.

– E essa? – Não conteve sua curiosidade.

– Essa é para as pessoas que eu também perdi, em especial a minha mãe. – Revelou, ele não conseguiu se conter por completo e deixou escapar uma rápida e sutil expressão de dor. – Bom... vamos acender. – Falou se agachando no chão. Contudo ele não se moveu mais, envergonhado percebeu que não tinha trazido nada para acender. – Vou procurar alguma chama. – Disse ele.

Ryosuke já começava a se levantar quando Frieda o interrompeu. Ela olhou em volta para garantir que as pessoas estavam com a atenção voltada para outras coisas, então se agachou perto do seu amigo e fez um gesto com a mão pedindo para que ele erguesse a lanterna, quando Ryosuke atendeu ao seu pedido, ela colocou sua própria lanterna junto a dele e posicionou sua mão espalmada debaixo dos dois objetos, então se concentrou pois não queria gerar chamas incontroláveis.

Viratis! – Disse ela. Nesse momento um singelo e pequeno círculo sagrado surgiu entre a mão dela e as lanternas, então uma contida chama azul se acendeu no pavio delas. – Pronto.

Ryo olhou atentamente para as chamas.

– São lindas. É a primeira vez que vejo chamas dessa cor.

– Recomendo não tocar. – Avisou Frieda.

Ryosuke ficou em silêncio por tempo demais para o feitio dele, Frieda passou a olhar para o rapaz, busca informações, se perguntava se ele estava preso em alguma lembrança do passado naquele momento, pensava se as pessoas por quem ele acendeu a lanterna tinham algo a ver com o seu súbito silêncio.

– Eu sempre fui arteiro e desleixado, diziam que eu tinha o espírito livre. – Ryo começou a falar, era como se tivesse lido a mente de Frieda, como se soubesse da sua curiosidade. – Sabia que eu nem sempre fui o herdeiro dessa terra? – Perguntou de forma retórica. Ele não olhava para ela, Frieda assumiu que era melhor deixá-lo falar. – Vivi por muito tempo sem o peso e as responsabilidades de ser o herdeiro, meu irmão mais velho me mimava muito, me dizia que ia me proteger da maldade deste mundo, para que eu pudesse manter a minha liberdade. – Explanou. – Mas daí, certo dia, quando eu tinha meus 7 anos, acabei despertando no meio de uma viagem quando regressávamos das festividades no Palácio do imperador.

Ele fez uma pausa, as palavras machucavam mesmo após tantos anos. Havia tanta culpa.

– Estávamos chegando ao lugar onde dormiríamos naquela noite. – Ele podia ver as cenas se desenrolando em sua frente, misturando-se com a chama. – Quando meu despertar veio fiquei sem entender o que estava acontecendo, meu poder se manifestou de maneira moderadamente agressiva e no susto eu tentei suprimi-lo. Aos poucos eu entendi o que estava acontecendo, já tinha visto aquilo antes, não na minha família é claro. – Seguia com os olhos vidrados nas chamas azuis. – Eu não queria ser um Tayo no ko, eu queria ser como meu irmão e meu irmão não era um humano desperto, apesar de sempre ter sido forte e habilidoso nas artes da espada e com a lança.

Seu olhar se tornou ainda mais distante e triste. Frieda o escutava em silêncio.

– Eu me agitei dentro da carruagem. Minha mãe ficou preocupada e me perguntou se eu estava bem, eu queria responder, queria tanto que ela soubesse o que se passava e devido a isso meu poder saiu um pouco do controle e acabou atingindo  ela. Não sei ao certo quais efeitos ela sentiu, mas seu semblante revelou que dor foi um deles, porém ela não parecia estar ferida. – Ele fez uma pausa para clarear a mente. – Eu pedia desculpas desesperadamente, não quis machucá-la, temia que ela de alguma forma me abandonasse, me deixasse sozinho, ou me odiasse por ser uma aberração. Sim, eu sentia que tinha virado uma aberração. Mas... sabe o que ela fez?

– O que ela fez? – Frieda lhe incentivou a prosseguir.

– Ela me agarrou com força, me apertou em seus braços enquanto me dizia que ia ficar tudo bem. Jamais me esquecerei do amor em suas palavras gentis. – Falou ele. – Meu irmão cavalgava fora da carruagem, ele ouviu a barulheira, bateu na janela para chamar nossa atenção e perguntar se estava tudo bem. Minha mãe abriu e disse que não era nada demais, mas murmurou para o meu irmão que eu tinha despertado e...

Mais uma pausa, Frieda o observava, viu que ele tentava empurrar para longe os sentimentos que aquelas memórias lhe traziam. Ela viu mais tristeza, mas também viu agonia, dor e uma boa medida de raiva.

– Seu irmão não gostou da notícia? Foi isso? – No instante em que a dedução deixou seus lábios, Frieda recebeu a resposta correta em sua mente, mas era tarde para desfazer as perguntas.

– Sim, mas não pelos motivos que te levaram a perguntar desse jeito. – Falou. – Eu disse que queria ser como meu irmão, mas quando recebi meu despertar não pensei como ele pensaria se estivesse no meu lugar e talvez isso tenha nos levado ao que veio a seguir. – Informou. – No momento em que minha mãe contou ao meu irmão sobre meu despertar, o semblante dele mudou. O meu irmão sempre teve uma expressão gentil e sorridente quase imutável, mas naquele momento sua face vestiu uma máscara representada pelo terror. Eu nunca o vi sentir tanto medo. Ele se calou, precia lutar para falar algo, olhava para mim na esperança de que eu compreendesse, mas era tarde demais.

Ele estava no passado, olhava firmemente para o passado que via crepitar nas chamas da lanterna acesa em suas mãos.

– Primeiro ouvimos um grito que logo foi silenciado, e então outro grito, e outro, e outro... Os nossos soldados corriam de um lado para o outro, ordens eram bradadas em meio a pouca luz de tochas e lanternas. Minha mãe me abraçava na carruagem e olhava preocupada para seu filho mais velho que estava exposto lá fora. – Disse Ryo. – "O que está havendo?", lembro que a minha mãe perguntou e o meu irmão apenas respondeu "Os Akuma vieram atrás de nós, vieram atrás do Ryo-chan", então ele começou a gritar ordens para os soldados na tentativa de organizar as nossas defesas, mas como humanos comuns fariam frente a uma criatura poderosa demais para eles?

Seu rosto se contorceu um pouco e seus olhos ficaram marejados. Ele tentava conter o choro.

– A minha mãe lhe disse para me colocar sobre o cavalo dele e que ele deveria proteger a sua vida e guardar a minha. Ela tinha planos de ficar para trás, só havia o cavalo do meu irmão perto da gente e ele não correria o bastante carregando nós três. – Contou. – Obviamente meu irmão recusou, ele não deixaria nossa mãe para trás tão facilmente. Eu estava atordoado, tudo estava acontecendo tão depressa, minha cabeça doía, eu sentia que iria enlouquecer. – Disse Ryosuke. – Então ela apelou para sua responsabilidade e disse que se ele não tomasse essa decisão todos nós iríamos morrer, que Ayumi teria que assumir no lugar dele e que se ela também acabasse morrendo o povo ficaria sem um herdeiro. Eu me lembro do choro dela e da dor estampada na alma do meu irmão quando ele enfiou a mão pela janela e me arrastou para fora, me colocando sobre o seu cavalo. – Falou. – Eu estava com tanto medo, tão desnorteado e confuso, eu sentia que precisava falar ou fazer alguma coisa, mas o que? Eu olhei para minha mãe em uma busca desesperada de algum conselho ou orientação, mas tudo que consegui foi ler as palavras em seus lábios... Ela disse "Eu amo você, viva por favor. Você deve viver não importa o quê.". – Sua voz estremeceu. – Eu quis gritar, me debati tentando voltar para a carruagem, mas nosso cavalo já se afastava e diante da minha visão turva e marejada, a minha mãe ia ficando cada vez mais distante. Disse ao meu irmão que ele não podia deixar a minha mãe para trás, não estava considerando o que ele sentia naquele momento. Ele apenas me apertava forte junto a ele, era como se temesse me perder de vista também. Avançamos por alguns minutos, minha cabeça doía tanto, meu poder estava me deixando louco, aquela situação de extremo estresse só piorou as coisas. – Os olhos de Ryo revelavam um breve estado de confusão mental a cada frase. – Meu irmão tentava me acalmar, dizia que estava comigo, que eu ia ficar bem e repetia que eu precisava sobreviver, evidentemente dizia esse último mais para si do que para mim.

Frieda sabia que aquele não era o fim da história, o filho mais velho costuma se tornar o herdeiro e se o Ryo era o herdeiro atual, significa que em algum ponto o seu irmão se perdeu.

– Enquanto fugíamos a criatura que nos atacou finalmente nos alcançou, fomos derrubados e o nosso cavalo foi morto. – Disse ele. – Meu irmão sacou sua katana para me proteger e o Akuma parecia satisfeito com aquela visão, nós dois sabíamos que nenhum de nós sobreviveria aquilo, mas meu irmão ainda assim me ordenou a correr. Contudo, eu não seria capaz de lhe obedecer mesmo se eu quisesse, as minhas pernas se machucaram na queda e eu não conseguia me colocar de pé. – Comentou. – O horror me consumiu, eu sentia tanta dor, tanto temor, tanta tristeza e... tanto ódio. Só queria que aquele monstro desaparecesse, queria que ele sofresse também, eu desejei que ele se sentisse como estava me sentindo e pensando nisso, desejei que ele parasse de vir atrás de nós, que parasse de tentar nos matar, e vendo o meu irmão prestes a perecer diante dos meus olhos, eu roguei aos deuses, poderia ser qualquer um, pedi que salvassem o meu irmão, mas acima de tudo, pedi para alguém extirpar a criatura diante de mim.

Frieda reconheceu aquela situação, ela mesma já esteve em algo assim quando implorou para que seu pai fosse salvo no dia em que devia celebrar seu aniversário. Sua atenção estava completamente voltada para o seu amigo, não perderia nenhuma das palavras proferidas por ele a seguir.

– Eu não esperava alguma resposta, mas alguém me respondeu. – Revelou ele. – Ela tinha uma voz estranha, porém era um tanto feminina, imagino que tenha sido Amaterasu. O ser divino colocou palavras em minha boca e eu proferi minha primeira oração. Eu me lembro de ver círculos sagrados e de ver o meu irmão decepar a cabeça da criatura com dificuldade, mas o Akuma não se movia, não revidava, ele parecia incapaz de se mover por alguma razão. – Ryo pausou brevemente antes de prosseguir. – Eu apaguei, as memórias do que veio a seguir são vagas, mas sei que acordei de vez em quando e que meu irmão me carregava em suas costas enquanto murmurava algo repetidamente, ele estava muito ferido também, eu estava completamente sem forças. Quando finalmente recobrei a consciência já estava em casa deitado em minha cama.

Aquele não podia ser o fim da história, nada daquilo respondia o sumiço do irmão mais velho de Ryo, se ambos sobreviveram, então por que o seu amigo se tornou o herdeiro no lugar do irmão? Seu pai teria dado preferência a ele por possuir poder sobrehumano? Teria sido a punição rigorosa dada ao mais velho por fugir deixando a mãe e os soldados para trás? A curiosidade instiga Frieda a perguntar, mas ela se resguarda.

Os dois se colocaram de pé.

– Eu posso tocar para você. – Frieda ofereceu sem aviso.

Ryo a olhou confusa.

– Do que está falando assim do nada? – Ele sorriu levemente, aos poucos foi sendo trazido de volta ao presente.

– Partirei amanhã, você me presenteou com a chance de fazer algo pelas pessoas que perdi. – Sinalizou as lanternas. – E me contou algo que reafirma sua confiança em mim. Me lembro que você parecia estar vindo de algum lugar divertido na primeira vez que nos encontramos.

O rosto do homem enrubesceu.

– Eu gosto de bebida de qualidade, diversão e boa música. – Falou desconcertado, tentava se justificar. – Se vou arriscar a minha vida lutando por aí contra demônios, ao menos quero sentir que vivi como eu queria, deste modo cruzarei a ponte sem arrependimentos, quando a minha hora chegar.

– Esse é um jeito de ver as coisas. – Admitiu Frieda. – Pelo menos você confirma que gosta de boa música. – Considerou ela.

– Sim, ouvir belas mulheres tocarem é algo que faz a minha vida mais graciosa. – Confessou.

– Não sei quanto a parte de "belas mulheres", mas posso tocar alguma coisa para você antes de ir embora, se me conseguir um guqin. – Falou ela. – Será o meu presente em retribuição.

– Não há necessidade de retribuição de favores feitos entre amigos, mas ainda assim aceitarei o seu presente. – Disse de maneira leve. – Felizmente tenho o instrumento.

A dupla soltou as lanternas, os objetos flutuaram e subiram cada vez mais em direção ao céu, eles assistiram a cena por um tempo e então retornaram à mansão. Frieda disse ao seu amigo que trocaria de roupa para a ocasião e Ryo disse a ela que prepararia o lugar onde ela poderia tocar, e que enviaria uma serva para guiá-la, desta forma a mulher foi levada para um dos quartos da mansão, local onde trocaria suas roupas.

Algum tempo depois, Frieda caminhava pela mansão usando um belíssimo quimono, a serva que veio buscá-la acabou ajudando-a a ajeitar a roupa e penteou o seu cabelo deixando-o semi preso, o adornando com uma kanzashi, cujas flores eram azuis e possuíam detalhes em ouro. Um presente providenciado por Ryo. A serva que ia na frente parou, se sentou sobre os joelhos no chão, ao lado de uma porta, e a abriu delicadamente após anunciar sua chegada. A mulher entrou na sala, sua iluminação era agradável, o guqin repousava diante de um assento quadrado com almofadas e de frente para o guqin, nem muito perto nem muito longe, ela viu seu amigo distraído ajeitando o tripé que seguraria uma tela.

– O que está fazendo? – A voz dela o despertou.

– Decidi registrar esse momento, espero que não se incomode, não vai tomar muito do seu tempo, eu sou bem rápido em desenhar e vou deixar os retoques para depois. Além disso... – Ele finalmente se voltou para ela. A observou por longos segundos, suas palavras sumiram. – Está tão bela que me pergunto se serei capaz de pintar algo à altura. – Deixou escapar.

Frieda não sabia como responder aquilo. Seus olhos não lhe traiam, ela já tinha visto aquele olhar antes, aquela não era a primeira vez que lhe olhavam daquela maneira. Ryo era inegavelmente uma boa pessoa aos seus olhos, qualquer um que fosse alvo do seu amor certamente estaria fadado a ser feliz. Contudo...

– Você pode se sentar aí, quando terminarmos eu quero lhe apresentar a uma pessoa. – O homem se recompôs.

A jovem assentiu e tomou o seu lugar.

– Espero que goste, faz um tempo que não toco. – Disse ela. – Na verdade... faz um tempo que não tenho um motivo para tocar. – Corrigiu tristemente.

– Está tudo bem, eu vou gostar mesmo se for mais desafinado que uma gralha. – Brincou ele.

– Não precisava ofender a gralha. – Ela rebateu.

Ele emudeceu e a encarou, ela acabou de fazer uma piada? O homem riu de lado.

– Fui pego desprevenido. – Confessou.

Frieda apenas mirou o guqin e enquanto Ryo firmava a tela e procurava pelo pincel, a jovem mulher tocou a primeira nota e então o primeiro acorde. A noite estava fria e úmida, as cerejeiras farfalhavam no Jardim e as carpas descansavam no lago. O homem sentiu a música chegar até ele como uma morna lufada de ar primaveril, de fato, ele podia jurar que já não estavam mais em uma sala e sim em um bosque repleto de flores bem no despontar da aurora. Suas mãos se moveram sem o seu consentimento, desenhando no embalo da mente, seus olhos captam cada linha, cada contorno, ele viajava em cada detalhe dela... os lábios, sim, aqueles lábios que lhe pareciam tão macios, aqueles olhos distantes, porém tão cheios de histórias e segredos que ele desejava intensamente descobrir. Era como se estivesse em transe, preso a música e ao charme daquela que tocava. O dedilhar de Frieda era suave e firme ao mesmo tempo, tinha a precisão de alguém que golpeava no meio de um combate, mas a gentileza de alguém que consola uma soldado após a guerra, após as perdas. A imagem daquela mulher apenas confirmava o óbvio, em tão pouco tempo, Ryo se apaixonou por aquela pessoa, aquela que de forma inexplicável era muito parecida com ele e ao mesmo tempo eram tão diferentes.

A mansão estava silenciosa, mas tal silêncio foi quebrado quando os primeiros acordes tocados escaparam para fora da sala pessoal do jovem mestre daquela residência. A melodia carregava certa melancolia e preenchia o ambiente com alguma medida de tristeza, mas ainda assim, havia tanta beleza naquilo tudo. Ryosuke pincelava a imagem contemplada. A cada traço o homem depositava um crescente sentimento, um sentimento que surgiu sem aviso e que ele provavelmente jamais a deixaria saber por completo. As pessoas na mansão apreciavam parte daquele espetáculo, ainda que não estivessem vendo a encantadora mulher tocar, podiam ouvir a música de onde quer que estivessem. O senhor daquela terra soube imediatamente de onde vinha o som e por conhecer bem o seu filho acabou por fechar os olhos tristemente em solidariedade a dificuldade que o rapaz enfrentaria. Na sala ao lado uma figura de esplendorosa beleza ouvia serenamente a apresentação, não se sabe ao certo que se passava em sua mente.

Depois de tocar por um tempo, vendo que seu amigo já não pincelava mais, Frieda tocou sua última nota. Ele a olhava, e vendo através daquele olhar a garota sentiu que devia falar a ele logo, ele precisava saber.

– Ryo... – Dizia ela.

– Bom... terminamos. – Ele interrompeu, inconscientemente fugia da verdade que ele já tinha assimilado. Tentava parar ou estender o tempo. – Agora, vou lhe apresentar uma pessoa.

O homem se pôs de pé, caminhou até Frieda e lhe ofereceu a mão para ajudá-la a se levantar de forma cortês. Ele a levou para fora da sala e então parou junto a ela diante da porta ao lado. Parecia criar coragem.

– Yosuke-oniisan, trouxe alguém para lhe ver. – Anunciou ele.

Não houve resposta, mas aparentemente aquilo era uma resposta, tendo em vista que Ryosuke abriu a porta em seguida.

Frieda olhou para o interior do cômodo, a claridade estava baixa, mas dava para ver tudo muito bem. A primeira coisa que seus olhos encontraram foi um homem de extrema beleza, tão belo quanto ou até mesmo um pouco mais belo que o próprio Ryosuke, ele tinha o corpo mais magro e delicado, parecia frágil. O homem era uns quatro ou cinco anos mais velho que o amigo de Frieda, ele olhava para o nada, aparentava estar viajando em um mundo longe do real.

– Frieda, esse é Ryuu Yosuke, meu amado irmão mais velho. – Apresentou. Sua voz estremeceu levemente.

Ao ouvir a voz do seu irmão dizer o seu nome, Yosuke voltou a realidade instantaneamente, ele abriu um largo sorriso e seu rosto se iluminou, ele se apressou em ir na direção de Ryosuke, abraçando-o de maneira desajeitada.

– Ryo-chan! – Exclamou cheio de animação. – Que maldade! Eu senti saudade, poxa.

Ryosuke afagou a cabeça do seu irmão.

– Você me viu esta tarde. – Defendeu-se.

– Mas você disse que ia voltar logo e já tá escuro lá fora. – Acusou.

Era impossível não perceber, aquela pessoa... não era um adulto.

– Yosuke-oniisama, esta é a Frieda-san. Ela é minha amiga. – Apresentou.

– Olá! – Frieda respondeu.

Yosuke a encarou, então olhou para seu irmão antes de voltar a analisá-la. Seu rosto se fechou um pouco, parecia uma criança prestes a iniciar uma birra.

– É a namorada do Ryo-chan? – Indagou.

Ryosuke engasgou com o próprio ar, ficou vermelho como um tomate.

– Eu disse amiga. – Ele corrigiu levemente desesperado. Nem conseguia olhar para Frieda e conferir que tipo de expressão ela estava fazendo.

– Você toca muito bem. – Elogiou.

– Como sabe que era ela e não eu tocando? – Ryo inquiriu.

– Ryo-chan não tocaria tão bem assim. – Virou o rosto ao falar.

– Yosuke-oniisan... – Sua pálpebra piscava de indignação. – Você não costuma insistir para eu tocar para você?

– Hunf!? – Yosuke apenas bufou e deu de ombros.

– Seu... – Ryosuke deu o melhor para se controlar. – De todo modo, ela irá embora amanhã. – Yosuke a olhou de canto, havia certa medida de decepção em seu rosto. O que ele esperava? – Queria que você visse ela antes disso.

– Ryo-chan. – O mais velho chamou pelo irmão antes que falasse mais, sua expressão era séria, como se tivesse algo a dizer. – Eu to com fome! – Voltou a fazer manha como uma criança.

– Você não tem jeito, vou ver se ainda tem bolinhos e chá na cozinha. – Disse ele. – Frieda-san? Você poderia ficar aqui com ele um pouco? Yosuke-oniisan pode parecer tender a ser excêntrico às vezes, mas ele costuma ter muita consideração pelos outros. Ele é uma boa pessoa, então não se preocupe tanto, além disso, não vou demorar.

– Pode ir, eu vou esperar aqui. – Falou Frieda.

Ryosuke curvou-se um pouco em sinal de gratidão e saiu do quarto. Ela esperou por um tempo, antes de fazer ou dizer qualquer coisa, queria ter certeza de que seu amigo não escutaria. Yosuke caminhou até a cama e se sentou.

– E então... até quando vai se fazer de bobo? – Indagou Frieda.

Yosuke suspirou, mas ele já esperava por algo assim.

– Que maldade! Eu realmente sou mentalmente instável, sabia? Às vezes a minha mente retrocede a um estado infantil, não encontramos nenhum médico para remediar isso. – Informou.

– Isso não justifica o fato de que você age como se fosse assim o tempo inteiro. – Argumentou. – Por que fazer isso com o seu irmão? Tanto você quanto o seu pai, não tem como ele não saber a verdade tendo aquele nível de percepção.

– Eu reconheço a minha crueldade, mas o que acha que aconteceria se o Ryo-chan soubesse que não sou completamente inválido? Ele jamais seguiria em frente, em vez de focar no dever ficaria perseguindo uma cura que sequer sabemos se existe. – Falou o homem, tinha uma postura impecável agora. – Meu irmãozinho é plenamente capaz de liderar nosso povo, ele provou isso por todos esses anos, não há motivos para trazer de volta alguém que ele admirava como se fosse o seu deus, apenas para fazê-lo ver o quão defeituoso o seu deus era. Enquanto ele perseguir o ideal que ele inventou de mim, se tornará mais e mais bem sucedido.

– Tem mais aí, não tem? – Inquiriu ela. – Tem mais algum motivo. – Ela analisava, considerava as possibilidades. – Você se lembra do que aconteceu naquele dia. – Raciocinava consigo mesma. – Você tem todas as memórias e tem algo nelas que só você sabe, uma lembrança ruim que seu irmão poderia se interessar em saber, mas que não pode perguntar a alguém que não está pleno de suas capacidades mentais. Que segredo poderia ser esse?

– Então ele te contou até sobre aquele dia... – Yousuke sorriu tristemente. – Não há ganho em saber sobre esse segredo.

A curiosidade martelava na mente de Frieda, e mesmo que ela tentasse suprimi-la, ainda queria saber.

– Tem a ver com a sua doença... – Comentou em voz alta por acidente. Yosuke não conteve a surpresa e a encarou, seu olhar questionava como ela sabia, como teria chegado naquela dedução. – Pelos deuses... – Ela murmurou frente a descoberta que se confirmava com o olhar de Yosuke.

– Não vai contar para ele. – Seu tom era de aviso.

– Não direi nada, mas ele não merece saber? – Perguntou em voz baixa.

– Descobrir que seu poder arruinou a minha mente apenas o faria sentir mais culpa, Ryo-chan tem um coração gentil demais para esse mundo. – Informou. – Eu não o culpo, ele era uma criança que estava sob muito estresse, além disso, se não usasse seu poder nós dois estaríamos mortos.

Frieda sentiu uma leve admiração por Yosuke, aquele homem se dispôs a guardar um segredo com tudo que tinha, abriu mão de uma vida mais digna em benefício de seu irmão. Yosuke tinha o seu respeito.

– "A nossa mãe morreu por que eu não era forte o suficiente, meu irmão quase morreu porque eu não era forte o bastante", não há um único dia em que não penso em coisas assim, mesmo que eu saiba que a culpa foi do Akuma que nos atacou. – Disse ele. – Ainda assim... se eu fosse mais forte... Não importa mais, dos três irmãos eu fui o único que não despertou, talvez o destino veja graça na minha situação. – Riu sem humor.

Frieda se perguntou se algum dos seus primeiros irmãos mais velhos se sentiu assim diante da impotência de proteger os demais. Não, ela sentiu essa impotência naquele dia, ainda que tivesse algum poder.

– Eu consigo ouvir o som dos passos do Ryo-chan se aproximando, sinto que poderia distingui-los mesmo em um campo de batalha. – Avisou, aquele era um sinal de que deviam encerrar o assunto o mais rápido possível. – Meu pai aproveitou a ausência do meu irmão e me contou sobre o que está por vir. Ryo-chan e Ayu-chan certamente vão acabar envolvidos nessa guerra, é inevitável. – O homem se colocou de pé e se virou para Frieda, então se ajoelhou e encostou a sua testa no chão. – Por favor, Frieda-san, os meus irmãos devem "viver não importa o quê". – Frieda sentiu um arrepio, podia jurar que uma amável voz feminina se uniu a voz de Yosuke quando as últimas palavras foram proferidas.

A garota afastou a surpresa que recaiu sobre ela.

– Vou mandar uma mensagem instruindo ao meu irmão que fique perto do seu no campo de batalha, meu irmão é bem poderoso e não estará sozinho, acredito que eles serão capazes de sobreviver e ganhar tempo para mim. – Falou demais, ele percebeu?

Yosuke se colocou de pé e então voltou a se sentar na cama silenciosamente.

– Eu bem que senti que deveria haver motivos adicionais que lhe trouxeram até aqui, um lugar tão distante da linha de frente. – Falou ele. – Sabe? Quando o Ryo-chan não está olhando, eu tenho tempo de sobra para ler e aprender todo tipo de coisa, eu li bastante sobre a religião do seu povo. Diga-me, Frieda-san, seria você, aquilo que chamam de Santa? Não... – Se corrigiu antes que ela respondesse. – Se já fosse uma Santa não viria até aqui, então é mais correto dizer que viajou para tão longe porque o caminho para alcançar o grau Heiliger está aqui em algum lugar, não é? – Indagou. – Isso explica o porquê você ainda não parece tão desesperada e sem esperanças, mesmo com a situação já estando tão ruim. Tão ruim que sem um milagre já chegamos em um ponto no qual não há meio de fugir de um destino de destruição.

Frieda não respondeu de imediato, a inteligência daquele homem era algo a se considerar, todo esse tempo, mesmo antes de ficarem cara a cara, ele a esteve analisando, avaliando e investigando.

– Não sei do que está falando. – Respondeu. Sabia que aquilo apenas o daria confirmação.

– Entendo... – Ponderou ele. – Eu só procurei saber porque estava curioso, seu segredo está a salvo comigo por enquanto.

– Yosuke-san é mais ardiloso do que parece. – Comentou Frieda.

– Não diga isso, faz parecer que sou uma raposa. – Falou ele.

Silêncio. Ela e ele sabiam que Ryosuke estava perto demais e em um minuto ele cruzou a porta.

– Voltei! Trouxe o que me pediu, Yosuke-oniisan. – Falou Ryo. Ele foi até a mesa e colocou a bandeja com o chá e os bolinhos.

– Ryo-chan é tão gentil, é o melhor irmão de todos. – Yosuke voltou a agir de maneira infantilizada.

– Eu sei que sou o melhor. – Se gabou descaradamente, sorria para o seu irmão mais velho. – Já está ficando tarde, Frieda-sa vai viajar amanhã, então temos que ir agora. – Avisou. – Eu volto amanhã para te ver e jogarmos alguma coisa.

– O papai vai brigar com você se ficar vindo brincar comigo o tempo todo. – Disse Yosuke.

– Não se preocupe, eu aguento os sermões, mas não suportaria deixar de passar algum tempo com você. – Ryosuke não viu pois ajeitava os lençois na cama, mas Frieda não deixou escapar o sorriso melancólico expressado por Yosuke.

– Boa noite, Frieda-san. – Falou sorridente.

– Boa noite, Yosuke-san. – Respondeu ela. – Foi um prazer te conhecer.

Frieda e Ryosuke deixaram o quarto e a porta foi fechada, o homem a conduzia de volta para a sala e ao entrar ela se atentou a tela no tripé, caminhou até lá e viu uma imagem inacabada. A garota podia perceber os sentimentos na imagem, ela se sentiu grata(?), mas depois de tudo apenas confirmou a necessidade de ser franca com ele.

– Ainda não terminei. – Ele se aproximava devagar pelas costas dela, experimentava um limite. – Mas espero completar antes da sua partida amanhã e...

Ele já estava perto o suficiente, Frieda não queria que ele se ferisse, não desejava pagar suas boas ações com sofrimento. Ela se virou para ele.

– Ryosuke-san, eu... – Ela dizia.

Sua fala foi interrompida quando o jovem homem colocou delicadamente a mão em seu rosto, seu olhar estava repleto de compreensão, ele sabia o que viria a seguir ainda que desejasse que fosse diferente. Silenciosamente ele implorava que o deixasse ao menos externar o que sentia.

– Frieda-san, eu gosto de você. – Falou. – Foi a primeira vista, meus olhos sempre buscam por você na multidão. Não houve um dia na minha viagem que eu não tenha pensado em lhe pedir para ficar e te conhecer mais, saber mais sobre você, mesmo que fosse estranho alguém ter se apaixonado tão rápido assim.

Silêncio.

– Eu lamento, Ryosuke-san, sei que nada além de um "sim" te faria feliz agora. – Falou. – Contudo, é justo que você ao menos saiba o porque não posso aceitar os seus sentimentos. Escute, Ryosuke-san, eu amei um dia, mas o meu amor morreu e com ele foi o meu coração. – Expôs. – Você é uma boa pessoa e sei que quem quer que se coloque ao seu lado receberá todo o cuidado, mas estar nele só vai desgastar a mim e a você. Eu poderia ignorar tudo isso e tentar, mas no fundo eu sei que, não importa o nosso esforço, lavar, cuidar e aquecer a minha alma não vai trazer ela de volta. Eu sinto muito, não posso lhe dar o que você quer.

O homem contemplou o semblante estoico da mulher, ela não seria capaz de expressar tudo através do seu rosto, porém ele era capaz de vislumbrar sua tristeza e consideração através da janela de sua alma, os olhos dela.

– Eu entendo... – Disse ao receber a resposta que já esperava.

Ryosuke saboreava aquele gosto amargo, mas o que poderia fazer?

– Eu preciso ir agora, tenho que me preparar antes de ir amanhã. – Falou indo para a porta. – Ryosuke-san... – Chamou sua atenção já na porta. – Muito em breve uma Santa nascerá no continente, não posso te dizer mais nada além disso. Apenas tenha em mente que as chances da humanidade ainda não acabaram. Só haverá dois futuros nessa guerra, Ryosuke-san, um chão banhado em nosso próprio sangue ou com o sangue de nossos inimigos. E eu farei até o impossível em prol do segundo. – Externou. – De todo modo, foi muito bom te conhecer. Obrigada!

Ela se foi sem dar a ele nenhuma chance de elaborar sobre o assunto, e Ryosuke se sentou diante do quadro. O homem apanhou o pincel e voltou a pincelar.


❇❇❇


A noite se foi e o dia veio dar boas vindas ao sol. Ryosuke dava a última pincelada quando sua irmã, Ayumi, entrou na sala sem cerimônia e abriu o shoji que dava acesso a área externa sem pedir permissão ou sequer saudá-lo antes, deixando o ar e a luz do sol invadir o cômodo. Então olhou para o jardim lá fora e ficou encarando a vista por algum tempo.

Ryo se apaixonou por uma mulher morta e ela sentia que ele já tinha recebido sua resposta apenas ao olhar de esguelha para ele quando entrou.

– Estou de luto por você, Ryo-oniisama. – Ayumi finalmente quebrou o silêncio. – Eu lamento profundamente que tenha se apaixonado por uma mulher morta. – Disse ela. – No momento que vi como você olhava para ela eu já tinha previsto o que aconteceria, mas nada do que eu te dissesse lhe faria desistir, você precisava ouvir dela.

A mulher se aproximou do seu irmão e viu a imagem na tela, nesse instante seu coração certamente se entristeceu por ele.

– Pobre irmão! Como foi se apaixonar por alguém que não pode corresponder? – Divagou em voz alta ao ver a imagem desenhada.

– Não me ressinto de forma alguma, coisas como essa acontecem e não há nada que se possa fazer. – Ryosuke esclareceu. O pincel seguia em sua mão ainda que a pintura estivesse completa.

– Não vai se despedir dela? Ela já está partindo. – Falou olhando mais uma vez lá para fora.

– Não há necessidade, sei que a verei novamente. – Respondeu.

– Você parece confiante.

– Não há o que fazer, o destino a trouxe até mim e ainda que não nos mantenha juntos, ele certamente já decidiu que ainda temos um papel a cumprir.

– Fala da guerra?

– Não podemos ficar parados e depender do sucesso dos despertos no continente, certamente seremos os próximos se eles falharem. – Falava como um líder militar. – Nossas chances aumentam se nos aliarmos sob o mesmo propósito.

– "Propósito"? – Perguntou a mulher.

– Sim, o propósito de sobreviver. – Falou ele. – Certamente acabaremos revelando nossas forças, mas lidaremos com as consequência disso depois. Sobreviver para se preocupar com o amanhã é prioridade.

A mulher ponderou e então algo lhe ocorreu.

– Espero que seu coração se cure logo. – Retomou o assunto inicial. – Alguém em sua posição não pode se dar o luxo de ficar solteiro até a morte, você precisa se casar e ter herdeiros, é um problema que ainda não tenha filhos uma vez que estamos prestes a ir para a guerra. – Expôs. – Seu coração pode estar ferido, mas ele ainda pertence ao povo e está atado a suas obrigações. Se nós dois acabarmos da pior forma, essa terra enfrentará sérios problemas. Guerras são imprevisíveis. – Disse ela. – Devo lhe lembrar que o único motivo para nosso pai tolerar toda essa sua "liberdade" e modo de vida despreocupado é pelo fato de que lhe fazer viver uma vida sobre pressão e responsabilidades apenas o tornaria mais fraco, uma vez que o seu poder se potencializa se sua criatividade for alimentada, ainda que o atributo do seu heilig não seja o de Criação.

– Não precisa ficar me lembrando dessas coisas chatas. – Ele suspirou colocando o pincel de lado.

– Alguém precisa te manter atento à realidade. – Reclamou cansada.

Ayumi assumiu o papel de conselheira de seu irmão a algum tempo, ela estudou e treinou para esse cargo, uma vez que desejava tornar a vida de Ryosuke o mais confortável possível, acima de tudo ela não queria que ele se sentisse sozinho.

– Os deuses me abençoaram com uma irmãzinha séria demais. – Falou ele.

– Pare de reclamar, onii-san. – Falou com certa manhozidade.

Ele sorriu, adorava quando ela o chamava assim. Lhe fazia lembrar de quando eram crianças e ela o seguia para todo lado.

– Está tudo bem, não se preocupe tanto. – Disse Ryo. – No fim eu sempre faço o que é necessário...

– Porque você ama o nosso povo. – Ela concluiu o interrompendo. – Eu sei disso melhor que qualquer um, mas isso só me deixa ainda mais preocupada. – Falou. – Por favor... – Disse indo para trás dele e então colocou os braços sobre seus ombros e escorregou sobre o irmão o abraçando. – Não faça nada muito perigoso, eu desejo que você tenha uma longa vida.

Sua voz estremeceu, seu rosto estava escondido no pescoço do irmão. Ela estava chorosa, parecia a imagem de uma criança. Por ser alguém que sempre parecia tão forte, era comum que esquecem que como qualquer outro humano, a jovem possuia suas fragilidades.

– Proteger você e o mundo em que você e o nosso irmão possam viver é a minha prioridade, espero que entenda que não posso prometer nada que vá me desviar desse objetivo. – Disse serenamente, transbordando gentileza. – Mas posso lhe garantir que eu jamais colocaria minha vida em risco gratuitamente. O seu oniisan também deseja viver para ver os seus dias mais felizes junto ao nosso povo. Além disso, alguém tem que cuidar do Yosuke-oniisan. – Falou ele. –E tem mais, se eu morrer, quem vai lhe dar trabalho extra?

Ela levantou rapidamente e golpeou a cabeça dele com a mão.

– Idiota!? – Reclamou.

Ele protegeu a cabeça com as mãos para evitar um possível novo golpe enquanto fazia careta.

– Desse jeito quem vai me matar é você. – Fez beicinho. – Quanta crueldade com o seu irmão.

– Vou dizer ao papai que você está à toa de novo. – Disse ela girando nos calcanhares e marchando até a saída.

Ryo se levantou e foi atrás dela a fim de fazê-la mudar de ideia, prometia para ela todo tipo de doce e guloseima para comprar o seu silêncio. Deixou para trás o quadro preso ao suporte, o desenho finalizado revelava a imagem de uma bela mulher sentada diante do guqin, vestindo um quimono, uma expressão estoica se fazia presente em sua face, mas se olhasse atentamente poderia jurar que seus olhos produziam um pouco de brilho.


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Gostou do capítulo? Espero que sim. Agora Frieda finalmente irá correr atrás do poder que irá ajudá-la a manter viva a esperança da humanidade. Uma responsabilidade e tanto. Será que ela conseguirá o que almeja e completará sua vingança? 

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