散歩
Coloquei os pés para fora da escola e encarei o céu nublado, tudo ao meu redor parecia cinza e sem graça.
— Que dia entediante... — Suspirei e sinto uma mão em meu ombro, era Lia, e atrás estavam Yeji, Ryujin e Chaeryeong, minhas melhores amigas.
— Yuna, você quer ir com a gente na festa de Halloween? — Lia perguntou animada.
— Não estou com humor para festa.
— Mas o Kai vai estar lá! — Yeji sorriu de um jeito sapeca.
— Só por que o Kai vai estar em uma festa não quer dizer que eu vou querer ir também. — Respondi tentando parecer confiante, mas era em vão. Era difícil esconder algo dos olhos das minhas amigas, principalmente tentar esconder ou negar meus sentimentos pelo garoto. — Podem ir vocês, eu vou descansar, estou com dor de cabeça. — Me despedi delas e voltei a caminhar.
[...]
Eu andava segurando as alças da minha mochila durante o percurso. Um trovejar me fez parar e encarar o céu. Que ótimo, eu estava longe de casa e ainda por cima não tinha um guarda-chuva comigo.
Enfiei as mãos no bolso da calça e percebi que minhas chaves haviam desaparecido. Tiro a mochila das costas e a coloco no chão, vasculhei em tudo e nada de achar minhas chaves.
Algo no chão próximo a mim brilhava, me aproximei e vi uma moeda. Suspirei entendiada e a enfiei no bolso. Ao me levantar ouço passos, olhei para a esquina, de lá vinha alguém.
— O que é aquilo? — Perguntei a mim mesma. Andava de forma esquisita e muito lenta, estava usando uma longa capa preta e o rosto não dava para ver. — Que bizarro... — A pessoa parou de andar e sua cabeça foi se virando para o lado contrário, ou seja, minha direção.
Corri e me escondi atrás de um furgão, sem saber por que do nada me senti amedrontada.
Comecei a ouvir sussurros vindo de todas as direções, era como se muitas pessoas sussurrassem ao mesmo tempo dentro da minha cabeça.
Corra garotinha.
Ande logo enquanto há tempo.
Fuja minha jovem.
O que são essas vozes? E por que estão pedindo para fugir? Eu estava ficando louca?
Olhei para a mesma direção de antes, cobri a boca em espanto ao ver uma fumaça escura fazer um rastro por onde aquela "pessoa" andava.
Quando aquela... coisa terminou de virar a rua saí de onde estava e continuei meu caminho. Parei no meio da rua ao lembrar que perdi minhas chaves. Como entrarei em casa?
Me escorei em uma máquina de refrigerantes que havia em frente à uma loja de conveniência que estava fechada. Minha boca estava seca devido ao nervosismo, quando fui colocar a moeda que havia encontrado na máquina algo chamou minha atenção. Estava caído ao lado da máquina.
— Uma chave mixa? — Aquele objeto prata brilhante foi como um colírio para meus olhos. Me abaixei e peguei aquele objeto, se eu tinha perdido minhas chaves pelo menos eu tinha algo para abrir a porta.
E não, não me interessava de onde aquela coisa tinha saído. Eu só queria chegar em casa logo. Eu precisava descansar urgentemente, afinal já estava vendo coisas.
Ao olhar para trás me assusto ao ver, não muito longe dali, uma figura enorme. Era aquela de antes, mas agora de frente parecia ainda mais assustadora e com uma máscara bizarra.
Lentamente ele andou em minha direção.
Ande garotinha.
Corra por sua vida!
Fuja enquanto há tempo.
As vozes voltaram me fazendo acordar pra a vida, comecei a correr. Passei rápido pela rua estreita arranhando minhas pernas em meio às coisas que estavam por ali e tropeçando em latas.
A luz dos postes ficaram vermelhas por algum motivo, meu corpo ficando cada vez mais tenso e o terror me consumindo. Mas eu não podia parar de correr. Não podia!
Olhei para o chão e vi uma sombra enorme atrás de mim. Apesar de estar sem fôlego continuei correndo o mais rápido que pude sem olhar para trás.
Ao chegar na esquina de minha casa minhas pernas fraquejaram, não aguentava mais correr, mas desistir não era uma opção. Me esforcei para chegar em casa e usei a chave para abrir a porta.
Ao entrar em casa joguei a mochila no sofá e caí de joelhos no chão.
Eu estava a salvo.
A televisão estava com uma imagem completamente branca, me aproximei e dei algumas batidinhas nas laterais, mas nada mudou. Meus olhos pousaram em um pequeno bilhete perto dela.
"Yuna, seu pai e eu estamos saindo, se você chegar antes de nós fique quietinha dentro de casa, ok? Vi nos jornais que tem há algumas crianças desaparecendo, não saia de casa"
Respirei fundo passando as mãos pelos cabelos.
Ouvi batidas na porta da sala, me aproximei da janela e puxei a cortina, mas eu não via ninguém. Meu corpo se arrepiou e senti que estava ficando sem ar. Me agacho debaixo da janela e escondi o rosto nas minhas coxas.
As batidas cessaram por um momento, mas depois voltaram, agora junto à um assovio de uma música bem conhecida por mim. Só havia uma única pessoa que assoviava aquela música daquela forma, e por algum motivo, automaticamente eu me levanto do chão. Talvez agarrada à uma esperança de ver alguém conhecido. E a última coisa que eu queria era ficar sozinha.
Abri a porta.
— Huening... — A visão que tive me fez parar de respirar.
A figur que me perseguia estava ali, diante de meus olhos, parecendo ter o dobro do tamanho. Os olhos por baixo da mascara branca me olhou de um jeito afiado enquanto seus braços enormes vieram em minha direção.
[...]
— Yuna? Yuna, acorda logo! — Alguém me balançava e abri os olhos me sentindo tonta. Me sentei rápido e olhei para todos os lados.
— O que aconteceu?! Cadê aquela coisa?!
— Que coisa? — Lia coçou a cabeça olhando em volta.
— Aquela coisa assutadora que me perseguiu até em casa!
— Você deve ter tido um pesadelo amiga. — Afagou meus cabelos. Passei as mãos pelo rosto aliviada.
Era tudo um sonho.
— Vamos embora, lembra que o Soobin vai fazer uma festa e como boas amigas dele, precisamos estar lá. — Me puxou pelo braço e me levantei da cadeira.
Saímos para fora da escola, o tempo estava quente, bem diferente de meu sonho/pesadelo. Eu andei até em casa mais aliviada, a rua estava cheia. Ao entrar em casa respirei fundo e me joguei no sofá, ainda tinha um tempo para descansar antes de ir para casa de Soobin.
Meu pai estava assistindo jornal, resolvi me levantar e ir tomar um banho, mas então uma notícia atraiu minha atenção.
— Só nesta tarde, oito crianças desapareceram, ao que indica, os sequestradores estão aproveitando o Halloween para as atrair ou perseguí-las. — Uma pessoa com o rosto borrado aparceu na tela para falar sobre a aparência do sequestrador.
— "Era uma pessoa alta, usada uma roupa preta que arrastava no chão, tipo um vestido e uma máscara branca. Estava perseguindo um garotinho pequeno, mas eu chamei o garoto e ele veio até mim, nisso o cara sumiu."
Estremeci, era exatamente como o ser que me perseguiu no sonho.
Afinal, aquilo que tive, realmente foi um sonho?
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