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Gomu Gomu


Acordei num susto, como se estivesse afogando no mar por muito tempo e de repente recebesse uma lufada de ar direto nos pulmões. Minha respiração estava acelerada, e parecia ter alguns bons quilos forçando o meu tórax para baixo. Sentia algumas gotas de suor em minha testa, tentei me mexer, mas não consegui. Apenas senti uma onda de dor, minha coxa esquerda estava toda enfaixada assim como o meu torso.

Grunhi e olhei envolta, estava na minha cabine no Red Force. E tudo parecia estar exatamente onde deveria estar, ouvia passos apressados no convés e vozes distorcidas pela distância. Usando toda a força de vontade que tinha me levantei, e usando as paredes como apoio caminhei com passos arrastados em direção ao convés, estranhamente não tinha ninguém no interior do navio.

Minha surpresa foi ver que já estávamos de volta ao mar, o navio seguia calmamente pela imensidão azul. Estava apoiada na porta olhando os tripulantes dançando e cantando envolta de um círculo, ninguém tinha realmente notado a minha presença. Pelo menos não até Gallie fazer um escarcéu.

— [Nome]! — um dos tripulantes falou e foi quando toda a festa se calou, lentamente eles começaram a virar na minha direção, soltei o meu apoio e dei dois passos à frente. Parecia que não sentia a luz do sol bater contra a minha pele há anos.

No centro do círculo, Shanks estava sentado ao lado de um barril. Andei devagar em sua direção, as pernas ainda falhando pelas feridas não cicatrizadas e a cada tropeço que dava os tripulantes à minha volta estavam preparados para me pegar.

Parei na frente do homem com os braços colados ao lado do corpo, as mãos fechadas em punho e a cabeça baixa.

— Capitão... — senti meu corpo começar a tremer, logo tinham lágrimas escorrendo pelo meu rosto caindo no chão de madeira — Me des-

— [Nome] — Shanks me interrompeu, o nó se fez presente em minha garganta. Não consegui falar e muito menos olhar para ele. Se aconteceu algo de errado, foi porque eu os coloquei naquela situação.

O ruivo se levantou e parou na minha frente, então ele fez uma coisa que nunca havia feito antes. Normalmente o homem só colocava a mão no meu ombro ou bagunçava o meu cabelo, mas nunca tinha me abraçado.

— Que tripulante problemática que você é — pude perceber o tom de riso nele.

Joguei meus braços pelo pescoço dele, foi quando comecei a soluçar devido ao choro. Ele levantou comigo no colo enquanto eu continuava chorando e apertava a camisa dele entre meus dedos.

— [Nome] você é mais durona do que isso.

— Fala sério, você acabou com um navio e capitão da marinha para ficar chorando?

— [Nome], você é uma tripulante do Red force.

— [Nome]-chan!

— Hey, bebê chorão.

— Não sou um bebê chorão! — Levantei a minha cabeça do ombro do ruivo para olhar quem gritou isso, é claro que foi o Yasopp. Podia sentir as minhas bochechas vermelhas.

O capitão me colocou sentada em cima de um barril — Então o que aconteceu?

Com a atenção da tripulação voltada pra mim, contei o que aconteceu, como sofremos uma emboscada e que quando acordei já estava sob a posse da marinha. Shanks não disse nada nem mesmo quando contei sobre o pirata e seu estranho trato com marinheiro.

— Ele disse que a sua cabeça era um prêmio. E a minha venda ajudar a subir algumas posições, Shanks ele ia me levar para vender em Sabaody.

Passei a mão nos braços tentando me livrar do arrepio, claro que passamos por lá algumas vezes, então sabia que nada de bom vinha das ilhas. Principalmente quando era relacionado às questões do submundo, os tráficos de itens e até de escravos.

— Continuava perguntando onde você estava — levantei a cabeça —, mas eu não disse!

— [Nome] foi torturada e não disse nada?

— [N-Nome]-chan!

Alguns tripulantes colocaram as mãos no rosto emocionados, embora eu não entendesse o porquê daquilo. Tombei a cabeça para o lado — Por que eles estão chorando?

— Porque são um bando de idiotas — Lucky respondeu com um osso na mão —, agora [Nome], temos que te agradecer.

O homem se virou apenas para pegar algo revelando um baú pequeno, e abrindo a tampa uma fruta com espirais de cor roxa. Era uma akuma no mi, a akuma no mi que Shanks queria roubar há meses.

É claro, a frota que vi quando estava voando com Gallie, só poderia estar prisioneira naqueles mesmos navios que o bando planejava atacar.

— Seu sofrimento não foi em vão. Consegui pegar durante a confusão, a ordem dos navios era um blefe, a Gomu Gomu no mi estava no navio do flanco direito.

— No fim parece que deu tudo certo.

— Mas Shanks...

— Mas nada, hoje vamos festejar!

A tripulação soltou gritos de animação e logo já tinha bebida e comida distribuída por todo o convés. Eu mesma não percebi o quanto estava faminta até que começasse a comer, o médico da tripulação acompanhando de perto e tendo certeza de que eu estava realmente bem.

A certa hora, quando a maioria dos tripulantes estavam bêbados, Yasopp me chamou para conversar, junto de Shanks e de Benn.

— Não acho que os outros perceberam capitão, mas [Nome] e seus poderes se revelaram durante a última batalha, se ela já era uma raça procurada antes apenas pelos olhos com um poder como o que vimos vai ser caçada.

— Chamas brancas de pontas vermelhas — Benn comentou —, quem afundou o navio foi você.

Olhei para as palmas das minhas mãos — Não me lembro muito, mas senti um calor correndo pelas minhas veias, e minhas mãos. Era como se fossem feitas do próprio sol, me lembro das chamas derretendo o metal e incendiando a cabine, mas não sei como fiz isso.

Shanks cruzou os braços e olhou para o teto da cabine do capitão, parecendo pensar — Não me lembro de algo do tipo acontecendo com Cyrus, mas vamos descobrir. Por hora não pense muito sobre isso.

Benn me levou de volta para o banquete, e nos dias seguintes até que eu me recuperasse não fiz nada além de apenas existir no Red Force. Lucky me ensinou sobre as akumas no mi e as que já haviam sido descobertas até hoje.

— Uma fruta da borracha parece fraca contra outras — comentei enquanto balançava meus pés e folheava o livro que tinha as frutas catalogadas.

— Quem faz o poder útil ou não é o usuário. Ficaria surpresa com todas as variações de fruta do diabo que existem por aí. Vamos atracar na ilha Dawn logo.

— Verdade? — perguntei animada.

Ele acenou, fazia um bom tempo que tínhamos deixado a Grand Line e o Novo Mundo, navegamos por alguns meses antes de chegar no Reino de Goa. Shanks revolveu fazer dali a nossa base temporária e isso já fazia quase um ano.

Subi para ficar com Benn e Shanks no leme.

— Oh, não vai voar? — o imediato me perguntou. Balancei a cabeça.

— Minha perna não está ótima ainda — reclamei e apoiei o cotovelo na lateral —, nem consigo subir no ninho para ver a ilha.

— Quanto drama — Shanks reclamou e me jogou sentada nos ombros dele —, não se acostuma.

Cruzei meus braços em cima do chapéu de palha dele, enquanto segurava meu tornozelo — Hai, capitão.

— Aposto que ele está nos esperando no porto — comentei.

— Aposto que ele está nos esperando no porto para fazer algo idiota como sempre – Shanks completou.

Eu ri, aos poucos a ilha foi crescendo e não demorou muito para eu avistar uma figura conhecida acenando na costa.

— OE, SHANKS! PESSOAL!

O Red Force parou na costa e a tripulação desceu a âncora. A figura desceu as escadas e o ruivo foi até a lateral para podermos acompanhar ele com o olhar.

— Voltamos, Luffy! — falei e acenei.

Ele abriu um sorriso gigante — Bem-vinda de volta!









N/A: Obrigada por ler até aqui!

Xx

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