Capitulo 1
Aos 16 anos...
A imagem de Alexsander James parado na minha frente fez pela primeira vez meu peito arder, quanto mais eu mergulhava dentro daquelas piscinas de águas verdes que não eram calmas, mas tempestuosas, melhor entendia que eu tinha feito aquilo, eu o tinha magoado daquele jeito. Alex era tudo o que qualquer garota poderia querer, bonito, gentil e rico. O que eu mais gostava nele era a combinação perfeita dos cabelos escuros, na maior parte do tempo bagunçados, e aqueles olhos verdes incríveis. Às vezes ele parecia uma pintura, de tão lindo. Mesmo agora ele era perfeito. Não consegui evitar percorrê-lo com meus olhos, apreciando o jeans escuro meio desbotado e a camiseta preta, deixando seus braços definidos à mostra, enquanto suas mãos permaneciam escondidas nos bolsos da calça.
— Sinto muito, Alex! — Algumas lágrimas deslizaram pela minha bochecha quando segurei com a ponta do meu indicador a lágrima solitária que deslizou do olho do meu melhor amigo, lágrimas que eu causei. Eu queria abraçá-lo, queria que tudo isso acabasse, só que não podia fazer nada, não tinha a menor ideia de como desfazer tudo. — Se pudesse escolher, eu me apaixonaria por você agora mesmo.
Só que eu sou uma covarde.
— Eu sei, não te culpo por não conseguir, talvez eu devesse, mas não culpo você, Gal.
— Alex, eu... — Senti minha garganta arranhar e o nó quase me impedia de respirar. Eu queria dizer alguma coisa, só não sabia o quê. Talvez, dizer que tinha medo. Só que não saiu mais nada e o que me deixava pior era o quanto ele era compreensivo e tão maduro para a nossa idade.
— Eu sei, não se preocupe, talvez a gente se encontre lá na frente, se esbarre ou se conheça novamente, de uma forma mais madura, quem sabe? Vou torcer para que você se permita. — Suas mãos trêmulas seguravam o meu rosto, Alexsander olhou no fundo dos meus olhos, a voz saiu meio embargada, mas tentou sorrir, sem sucesso, é claro.
— Sinto muito mesmo, Alex!
— Eu sei... espero do fundo do meu coração que você deixe de ser essa pessoa medrosa para o amor, Gal — disse por fim. — Bom, é isso... e-eu não podia ir embora sem te ver uma última vez, sei que você também tá magoada porque antes de qualquer outra coisa somos amigos, mas não aguento mais sofrer desse jeito, isso está acabando comigo. Preciso pensar um pouco em mim, dói muito te ver e saber que nunca será minha, não da forma que eu quero e preciso. Sinto muito por ter que te deixar, só que preciso tirar você de mim, entende? — Mais lágrimas molharam meu rosto quando acenei, compreendendo suas palavras. Não queria perdê-lo, mas entendia, meu melhor amigo acariciou meus lábios e concluiu antes de beijá-los pela última vez. — Eu te amo tanto, Gal, talvez eu nunca seja capaz de amar mais ninguém e, sinceramente, tenho medo de que isso seja verdade. Preciso tentar ser feliz, eu... preciso disso... acho que hoje será um dos piores dias da minha vida, porque tenho que deixar você para trás e olhar para a frente, não foi uma decisão fácil, pelo contrário, foi difícil e doloroso porque eu amo tanto você, mas preciso me amar também e cuidar de mim agora.
— Eu entendo...
— Se for pra ser você e eu, nos encontraremos de novo, de um jeito ou de outro, né? — Acenei forçando um sorriso. — Fica bem, tá?!
Por favor, não me deixe! — Quis suplicar para o meu melhor amigo, mas sabia que não podia ser uma vaca egoísta.
— Se cuida, Alex!
Aquele foi o mais perto que já cheguei do amor, começou aos quatorze anos e se arrastou por mais dois. Ainda me lembrava de como meu coração batia forte e o calafrio que percorria meus poros toda vez que o via. Alexsander James Scott. No colégio, todas as meninas queriam uma fatia de sua atenção, eu, no entanto, apesar de sentir algo mais além de amizade não via necessidade de fazer qualquer alvoroço, afinal, nunca precisei fazer nada especial pra ter sua atenção. Nós éramos amigos desde sempre. Alexsander era filho de Martha, minha madrinha e enteado do meu padrinho, Sebastian, ambos amigos dos meus pais desde a época da faculdade, então, meio que já era esperado que nos tornássemos amigos.
Nossa aproximação aconteceu exatamente quando comecei a me tornar mulher, meus seios tomavam forma assim como meus quadris se tornavam mais acentuados, acho que Alex também notou essa mudança em mim, porque ele começou a agir diferente, me ver com outros olhos. Sempre era atencioso e cuidadoso, muito carinhoso, só que com uma pitada de possessividade, sim, aquilo não me passou despercebido. Ele não gostava que outros garotos falassem comigo, isso acabou nos deixando mais próximos, conforme o tempo foi passando, nós nos tornamos inseparáveis.
Quando eu tinha quatorze anos, já beirando os quinze, fui beijada pela primeira vez.
Aproveitando a piscina, Alex e eu, saímos da água para brincar com uma bola no gramado ao lado, quando eu escorreguei e caí, meu amigo protetor como era, correu para me ajudar a me levantar, mas acabou caindo também. Rimos um do outro até enjoar ou o ar parecer diferente, algo na atmosfera havia mudado.
Por um instante, foi como se nos víssemos pela primeira vez, nos encaramos de um jeito quase surreal, como se ainda estivéssemos debaixo d'água, sentindo toda aquela pressão, eu mal conseguia respirar. Meus olhos passaram pelo rosto dele até sua boca entreaberta, vermelhinha e macia. Alex também não tirou os seus olhos dos meus lábios, até que sem aviso, trouxe a mão em meu rosto e tocou suavemente minha pele antes de puxar minha boca para a sua.
Um beijo fofo e romântico. Ele foi cuidadoso, apenas grudou seus lábios nos meus, movendo-os timidamente. Eu sabia que Alex já tinha beijado outras bocas, assim como ele sabia que até aquele momento eu nunca tinha beijado ninguém. Quando nos afastamos, ambos arfando, não tivemos chance de falar qualquer coisa porque nossos pais chegaram e se acomodaram nas cadeiras ali perto.
De qualquer forma, o beijo não mudou muita coisa em nossa relação, continuamos muito amigos e confidentes, exceto pelo fato de que daquele momento em diante vivíamos nos agarrando em qualquer oportunidade, testando beijos e pegadas um no outro. Ficamos nessa por mais de um ano.
Tinha acabado de completar dezesseis, e Alex dezessete anos, quando tomei uma importante decisão. Ainda conseguia me lembrar da cara de espanto dele quando disse que queria que fosse meu primeiro, obviamente, o filho da mãe já tinha feito sexo antes, embora não ficasse com mais ninguém durante aquele nosso tempo.
Apesar da pouca idade, julguei minha decisão saudável, eu confiava em Alexsander, nos conhecíamos e tínhamos uma relação muito forte, por isso me sentia segura em me entregar a ele.
A conversa com a minha mãe também me ajudou a ficar mais segura, não exatamente sobre querer perder a virgindade nos próximos dias, mas sobre dúvidas e curiosidades, já que eu podia falar com ela sobre qualquer coisa. Alexsander e eu fizemos tudo bem planejado, aquele foi nosso segredo durante semanas até o incrível dia. A ideia era dizer aos nossos pais que participaríamos de um acampamento da escola durante o fim de semana, mas, na verdade, com a ajuda de um amigo de Alex, havíamos conseguido reservar uma suíte em um hotel maravilhoso e discreto, já que éramos menores de idade.
O quarto era perfeito, os lençóis brancos faziam contraste com os móveis sofisticados do lugar com alguns itens dourados, havia um dossel com caimento cheio de luzes decorativas em uma cortina azul bem clarinha. Quando me aproximei da cama, notei algumas pétalas de rosas amarelas enfeitando os lençóis, tudo estava perfeito. Apesar do nervosismo de ambos, Alex tomou as rédeas da situação e me guiou perfeitamente como o cavalheiro que era.
O tempo todo me pedia para relaxar e ficar calma, não parava de me beijar nem um instante ou repetir o quanto eu era especial e linda.
— Relaxa, tá bom? Preciso que fique o mais confortável possível, não quero machucá-la!
— Estou tentando, é que foi mais do que imaginei... — reclamei. Alex beijou minha testa com carinho.
— Vou fazer ficar bom pra você, prometo, Gal!
Foi tudo tão maravilhoso que a minha vontade era ficar ali para sempre nos braços dele, mas as coisas não demoraram a ruir. Eu fui inconsequente em não cogitar que aquilo poderia acontecer, afinal, os sinais estavam todos ali na minha frente, mas eu achei que o fato de termos transado não mudaria em nada nossa relação assim como nosso primeiro beijo, entretanto, me enganei. Alex começou a nutrir por mim um sentimento que eu não correspondia da mesma forma.
Quando meu melhor amigo se declarou achei que fosse alguma pegadinha, aquela não seria a primeira vez que ele tentava me fazer de boba para tirar sarro de mim, mas não sobre aquilo. Ele falava sério e eu tive tanto medo de magoá-lo, de perdê-lo para sempre, que acabei optando pela sinceridade em relação aos meus sentimentos, achando que poderíamos ter apenas nossa amizade de volta. Só não tinha ideia do quão enganada eu estava, aquilo só nos afastou ainda mais, nós nunca seríamos os mesmos, muito menos nossa amizade. De repente, parecia que a gente não tinha mais nada em comum.
Alex me afastava cada vez mais, por isso compreendia que precisava de tempo e espaço para lidar com aquilo, assim como sabia que a minha proximidade era dolorosa demais para ele. Em contrapartida, eu também sofria, pois, aos poucos, perdia o meu melhor amigo e não conseguia lidar com a situação, nós não passávamos de adolescentes, afinal de contas.
Tentei ser paciente, esperar até que estivesse pronto para voltarmos a conversar, contudo, isso nunca aconteceu. O tempo foi se arrastando, levando nossa relação cada vez mais longe de nosso alcance. Pouco tempo depois, continuávamos como dois estranhos, Alex me evitava ao máximo, embora me deixasse ter um pouco mais dele e quando, finalmente, achei que caminhávamos para a normalidade de nossas vidas, surgiu algo que fez meu coração quebrar pela primeira vez.
Alexsander desfez todos os nossos planos e decidiu fazer faculdade em Londres, bem longe de mim, e o pior era que sua decisão veio até mim um dia antes de ele ir embora. Não tive chance nenhuma para qualquer coisa a não ser a despedida. Aquele foi o dia mais triste da minha vida depois de ter perdido minha mãe. Doeu mais do que eu imaginei quando suas palavras foram lançadas, enquanto Alex me abraçou por longos minutos, antes de beijar meus lábios com toda delicadeza e amor. Aquele foi o fim, ele nunca mais voltou, aos poucos perdemos o contato até nossa amizade se transformar em nada.
Toda aquela situação me fez pensar que talvez o amor não fosse mesmo pra mim, eu achava que não sabia lidar com aquele sentimento, não sabia o que fazer com ele. A grande questão era que eu estava fodidamente enganada.
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