Capítulo 35.
Quarta-feira, 05 de Fevereiro de 2020
Rio de Janeiro/ Brasil
DOIS MESES DEPOIS
-Luane eu tenho a sensação que se deixar você sair pra resolver mais um problema desse chá de revelação, você vai ficar louca - Falei descendo as escadas da casa da Ludmilla logo atrás dela.
-Eu já sou louca, esqueceu? - A garota soltou uma risada.
-Eu que o diga - Júlia falou batendo o ombro no de Luane.
-Júlia você é minha psicóloga, tem que me ajudar e não me taxar de louca! - Luane reclamou, Ju soltou uma gargalhada.
-Eu já disse que tirei seu nome da minha agenda a meses, não atendo pessoas do meu ciclo pessoal - Júlia disse.
-Sou prova disso - Falei indo pra cozinha com as duas - Cansei de ter surto, ter a amiga psicóloga e ela se negar a me atender.
-Isso não é contra aquele juramento que você faz no dia da formatura? - Luane perguntou abrindo a porta da geladeira e tirando a garrafa de vinho de lá - Não importa, o que quero saber é se posso fazer as brincadeiras.
-Me explica melhor que brincadeiras são essas dai - Pedi levantando pra encher um copo de água pra mim. Estar grávida tinha pós e contras, não beber álcool era um dos contras.
-Então, temos duas opçãos - Luane começou a falar, tirando a rolha do vinho e despejando nas duas taças, eu salivei e desviei o olhar.
Sabia que não tinha problema beber apenas um gole, mas era melhor evitar qualquer fadiga, sem contar que mesmo com minha mãe e a Silvana falando que provavelmente os enjôos melhorariam quando entrasse no terceiro mês de gestação eu ainda continuava muito enjoada.
-A primeira é aquela brincadeira mais clássica da mãe tentar descobrir quais presentes ganhou e tal - Luane continuou.
-E a outra? - Júlia perguntou na minha frente, dando um gole no vinho que Luane serviu.
-Essa é provas duas brincarem - Luane falou puxando um banco da mesa americana e sentando - Seria tipo um jogo de perguntas, tive a ideia de tipo, quem for errando o outro vai podendo maquiar o outro do jeito que quiser, ou tipo, sei lá, a Brunna pode ir transformando a Ludmilla nessa patricinhas, algo assim - Ela deu de ombros e deu um golada no vinho, eu bebi minha água imaginando que fosse o vinho.
-Eu curti - Júlia respondeu rindo -Seria o auge ver a Ludmilla estilo patricinha.
-É, só basta saber se ela aceitaria uma coisa dessas - Luane riu também, as duas olharam pra mim exatamente ao mesmo tempo.
-Quê? - Perguntei sem entender.
-É que tipo a Ludmilla te escuta bem mais do que me escuta... - Luane falou e eu entendi na hora a olhada, soltei uma risada.
-Vocês só me metem em roubada, véi - Falei revirando os olhos, mas na brincadeira.
-A gente te ama - Júlia passou o braço pelo meu ombro - Mas agora conta pra gente quais os nomes que vocês escolheram, por favoooooor.
Na verdade eu e a Ludmilla já tínhamos conversado sobre isso, mas nunca chegamos a uma decisão, porque pasmem: Ela queria porque queria homenagear os ídolos do rap dela e elas não precisavam saber disso ainda, já que estava tudo certo pra revelarmos os nomes somente no chá de revelação que aconteceria no sábado. Ainda tínhamos três dias pra conversar bem sobre isso e podia não acontecer também.
-Segredo - Falei pras meninas com uma risadinha - Vocês vão descobrir junto com os outros.
Ficamos conversando sobre o chá de revelação por um tempo, Lulu tinha fica responsável pela organização de tudo, mas Ju estava ajudando-a, as duas me contraram que os comes e bebes já estavam certos, assim como a decoração e os convidados. Apenas os amigos mais próximos e familiares foram convidados e mesmo assim eu tinha certeza que a área da piscina da casa ia ficar lotada, por isso, alugaram uma chácara pra esse momento.
Durante os dois meses algumas coisas começaram a mudar na minha vida. Eu passava a maioria das noites aqui com a Ludmilla e a maioria dos dias também, mas preferia não colocar o rótulo de "estarmos morando juntos" ainda que estivesse acontecendo de certa forma.
Até a semana passada, a vida da Ludmilla no Flamengo ainda estava indefinida, ela tinha recebido ótimas propostas pra jogar fora mais uma vez, mas depois de uma conversa séria comigo, minha família e a família dela, decidiu permanecer no flamengo, então assinou um contrato de 5 anos. Com essa notícia o dia 28 de janeiro ficou conhecido, para os flamenguistas, como o dia do "fico".
A Luane tinha se resolvido entre Xamã e Reinier, deu um pé na bunda dos dois e agora estava plena e beijando geral nas baladas que estava frequentando com a Júlia. As duas também pararam com ciúmes besta uma da outra e começaram uma amizade até forte demais. Se davam muito bem.
-Ai, a gente precisa ir - Júlia levanta de uma vez - Esqueceram que a Emily chega hoje de madrugada? E a gente enchendo a cara, Luane! - Praticamente gritou.
-Caralho - Luane levantou bebendo o resto do líquido todo da taça de uma só vez - Vamo embora que ainda dá tempo de dar uma cochilada antes do horário de ir.
-Porque não ficam aqui? - Perguntei levantando também.
-A gente ficou de passar lá na casa da minha tia - Disse a Júlia conferindo as horas no relógio de pulso - E já estamos atrasadas - Bateu a mão na cara.
As duas se despediram de mim e eu fiquei sozinha, aproveitei pra lavar as taças e o copo de sujei e dar uma geral na cozinha pra quando a Nete (cozinheira da Ludmilla) chegasse amanhã estivesse pelo menos apresentável. Logo depois escutei a porta abrir e a Ludmilla entrar.
-Mas você já tá limpando tudo de novo? - Ela perguntou jogando as chaves na mesa de centro, provavelmente vindo pra cozinha.
-Tava nojento - Falei passando um paninho na bancada, ela chegou perto e me abraçou por trás, deixando um cheirinho no meu cangote.
-Como estamos hoje? - Perguntou descendo a mão pra minha barriguinha saliente.
Ainda não estava tão visivel, só dava pra ver caso eu colocasse uma blusa ou um vestido mais coladinho ao corpo, mesmo assim já dava pra sentir bem, afinal, já eram três meses.
-Hum... - Murmurei virando a passando meus braços por seu pescoço - Estamos relativamente bem, porém... Algumas questões nos pertubam.
-É sério? - Ela fez uma careta, grudando nossos lábios rapidamente em seguida.
-Ludmilla, a gente precisa conversar sobre os nomes - Falei, ela me largou.
-A gente ainda tem seis meses pra isso, Bru. - Murmurou caminhando até a geladeira - A Luane e a Júlia beberam meu vinho? De novo? Puta que pariu - Resmungou fechando a porta e fazendo um bico na minha direção.
-Ludmilla não pode ser sério que você quer colocar o nome da criança de Matuê - Falei pra ela.
-A gente não vai discutir sobre isso de novo, Brunna - Ela fez a volta e saiu da cozinha.
-Prometemos que íamos revelar o nome no chá de revelação, amor - Falei indo atrás dela escada acima.
-Tá bom, eu vou tomar um banho e vamos conversar melhor sobre isso - Ela disse abrindo a porta do quarto.
Não respondi e deixei ela ir tomar banho, deitei na cama e esperei. Será que estava vindo mais uma discussãozinha boba por aí? Ela saiu do banheiro só de toalha e passou pra chegar até o closet.
-Você sabe que nem eu, nem sua mãe, nem sua irmã, nem ninguém vai deixar colocar o nome da criança de Matuê caso seja menino, muito menos Emicida, né? - Eu perguntei acompanhando ela com o olhar.
-E o nome pra menina? - Ela desconversou - Passamos muito tempo brigando pelo nome masculino e não falamos nomes femininos - Disse ela largando a toalha e colocando uma cueca e um top, depois virou e caminhou até a cama, deitando-se ao meu lado e aguardando minha resposta.
-Eu sempre gostei de... Elena - Falei virando de ladinho pra olhar melhor pra ela - De Jade, de Maia...
-Eu gosto de Jade - Ela disse com um sorriso - E eu não cheguei a falar que queria colocar o nome do meu filho de Emicida, eu tenho senso tá bom? - Me encarou - Mas podia ser Leandro ou Pedro que é o nome do Mano Brown...
-Eu não discrimino a ideia de homenagear alguém, sabe? - Falei de uma maneira mais séria - Mas queria que o nome do nosso primeiro filho ou filha - Me corrigi rápido - Queria que fosse algo original, só nosso - Mordi o lábio.
-Certo, então vamos pensar em algo - Disse de um jeito fofo.
Passamos muito tempo batendo boca. O nome para a menina já estava decidido, seria Jade que significava, obviamente "pedra preciosa", mas o nome para o menino era um grande problema. Eu disse um nome, depois outro e ela ficou falando não, não e não. Eu já tinha desistido de tentar chegar a um acordo quando a campainha tocou.
-Eu vou lá - Avisou levantando da cama, eu deixei que ela fosse.
Escutei ela gritar um "tô indo" das escadas e fiquei pensando em outro nome. Talvez se tivesse pensado nisso bem antes e tivesse o sonho de ter um filho com tal nome, a escolha agora seria mais fácil, só que nunca tinha parado pra pensar nem na ideia de ser mãe um dia. Bem que dizem que o mundo não gira, ela capota.
Lá embaixo, escutei a Ludmilla abrir a porta e em seguida a voz de uma pessoa que eu não queria ouvir nunca mais na minha vida.
-Oi - A voz disse.
-É sério, Rafaella? - Escutei a Ludmilla retrucar - O que você quer?
-Faz um tempo que não venho no Rio, aproveitei a viagem pra vir ter uma conversa com você - Rafaella falou soltando uma risada.
-Opa, não te convidei pra entrar - Ludmilla disse, provavelmente colocando o corpo na frente da mulher pra que ela não entrasse, eu levantei da cama e fui até o corredor. Ata que eu não ia escutar a conversa da minha namorada com a ex maluca, ata.
-E desde quando sou convidada nessa casa? - A mulher exclamou, cheguei mais perto e observei pelo canto do olho ela tentar entrar mais uma vez.
-Você não é bem vinda a muito tempo - Ludmilla falou colocando o braço em frente ao corpo da mulher que olhou pra ela e riu.
-Meu Deus, mas que espécie de lavagem cerebral foi essa que essa mulher te fez, Ludmilla? - Perguntou ela piscando os olhos com inocência - Começou com aquela bagunça na festa do seu trabalho e agora esse papinho de que está grávida...
-Que porra é essa, Rafaella? Saiu da casa do caralho pra vir encher meu saco? - Ludmilla esbravejou, eu prendi minha respiração. Se escutasse ela falando algo de mim de novo... Sinceramente? Não responderia por mim e muito menos pelos meus atos.
-Aquela filha da puta... - A mulher começou e isso foi o suficiente pra mim. Deixei a descrição de lado e comecei a descer as escadas, ela parecia bastante concentrada em me esculhachar pra Ludmilla, porque nem me percebeu enquanto descia os degraus - Tá fingindo uma gravidez, Lud!
-Como é? - Cheguei perguntando, a Ludmilla deu um pulo com o susto que levou e até tenou me afastar, mas... - Calma - Tirei a mão dela do meu braço - Você poderia, por favor, repetir o que acabou de dizer?
-Uau, além de dissimulada é surda também? - A garota me olhou, soltou um sorriso debochado e cruzou os braços em frente ao corpo, eu precisei respirar fundo e lembrar que agora tem um ser crescendo dentro de mim e não posso me meter em porrada, mas a vontade, eu juro, era de meter minha mão na cara dela.
-Você deve ser muito infeliz pra sair da sua casa e vir até aqui falar uma coisa dessas - Falei tentando segurar a raiva que estava sentindo.
-É mesmo? E se eu sou infeliz você é o que? Uma golpista? - Continuou debochando - Porque olha, eu tenho certeza absoluta de que a Ludmilla não te ama, acha mesmo que ela me trocaria pra ficar com você? Você é insignificante.
Eu até tentei me controlar, juro! Mas quando percebi minha mão já tinha voado na cara dela e ela já estava metendo a mão na roupa que eu estava usando, aí é que eu enlouqueci mesmo. Ninguém tocava no meu bebê sem a minha permissão, ainda mais se fosse essa... essa...
-Amor, calma - Ludmilla falou se intrometendo.
-Eu estou calma! - Gritei soltando um palavrão em seguida.
-Dá pra perceber o quanto você é calma - Rafaella riu. A cara nem tremeu - Com certeza é da alta classe.
-E você só pode estar achando que estamos na porra de uma novela mexicana pra dar golpe da barriga, golpe da barriga! - Soltei uma risada - Faça-me o favor.
-Rafaella, vaza - Ludmilla disse virando pra ela - Estou falando sério, sai da minha casa agora mesmo.
-Essa daqui é a última chance que estou te dando - A mulher falou - Juro. É a ultima vez que estou te dizendo que vai se arrepender disso, Ludmilla. Ela não é a mulher da sua vida. Eu sou, eu sempre fui, lembra?
-Meu Deus, Rafaella, você me cansa - Ludmilla soltou um suspiro e passou a mão no rosto - Olha só, você foi muito importante pra mim, mas nosso relacionamento acabou. Você consegue entender isso? Acabou. Segue sua vida, Rafa. Você merece ser feliz.
-Eu juro que foi a última vez que tentei e espero que você se arrependa amargamente dessa decisão - Ela falou encarando ela com ódio.
-Estou vivendo essa decisão desde a festa que você citou - Ludmilla cruzou os braços em frente ao peito - Eu pareço arrependida pra você? - Perguntou erguendo uma das sobrancelhas.
-Você parece burra pra mim - Rafaella disse arrumando a bolsa no ombro e desviando o olhar da Ludmilla para olhar pra mim - E você ... Pode tentar, mas nunca vai conseguir chegar aos meus pés - Levantou a cabeça, deu meia volta e foi embora.
-E nem quero - Murmurei, ainda sentindo meu sangue ferver. A Ludmilla fechou a porta com um empurrou, virou pra mim e colocou as mãos na cintura.
-Porque você tem que ser tão brava?!
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