Vômitos Angustiados 34
Olho para todas essas ruas
e me pergunto
a qual lugar elas levam
e o que são esses lugares,
como são
e quais segredos guardam.
Me pergunto o por quê
de tantas pessoas
transitarem por essas ruas,
por que elas falam
e também olham,
porque quando olham
parece que essas pessoas
me olham nos olhos
e que mergulham
no fundo da minha alma.
Depois emergem
levando tudo o que sou:
me resta o nada
e o alívio de me sentir vazio.
Então venta
e esse vento me sopra as ventas,
enche minha paisagem de nuvens cinzentas.
Procuro assim
pelo silêncio da minha existência,
mas encontro o caos
em alamedas barulhentas
e sinto meu corpo sucumbir
em uma paz turbulenta
e repito o mantra
de ser esse
mais um dia daqueles!
de que não adianta
eu fechar minhas portas
e que dentro de mim
o indizível habita
e de que a segurança
de que tudo passou
passa como uma ave
nos céus de outono;
de que forçar um sorriso amarelo
é como derramar uma chuva
de lágrimas sem gosto
com a cor desbotada do cansaço
e da luta
que ninguém entende,
nesse nada em que me desfaço
em mais um dia daqueles.
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