A Poesia é o refúgio
nos momentos em que só conjugo sofrimentos,
nas horas
que são como pedras na garganta,
quando há chagas nas mãos,
peso nos olhos vermelhos
e marcas
no corpo que não levanta.

A Poesia é o consolo,
o alívio que acolhe a alma
e a afaga
com um sopro de leveza
que te leva,
como leva o barco para mais longe
e o naufraga
na intimidade
do momento que não passa;
é o acalanto no desespero
que cresce
como um vazio que se espalha
e faz de cada verso
uma eterna busca por palavras
que traduzam o silêncio
que salta
de dentro
e que se alastra.

Não há tempo para contemplação,
a urgência se dá
na falta de lamentos,
pois viver não basta -
é preciso ir além daquela linha
que se afasta
e me arrasta
para a distância que há
entre mim
e o nada.