As marcas expostas na minha pele
demonstram o que vivi,
mas elas não significam nada.
Significam nas palavras exprimidas
em folhas de papel surradas
a verdade do tempo que me coube
e que ainda me cabe.

Cabe sempre um verso a mais
num peito vazio;
cabe sempre a poesia
a me fazer companhia
nos momentos de desespero
e agonia.

Marcas,
tenho-as por toda alma,
que se esvai pelos olhos
nas madrugadas
a se livrar de mim
e termos nosso alívio,
mas que retorna na manhã
para que soframos juntos
as mazelas dos dias.

É um pouco triste,
mas minha tristeza me justifica,
me permite
cumprir com minhas faltas
e as ausências que se sucedem,
essa vida de perdas diárias
e culpas eternamente sentidas
no silêncio pungente de resiliência.

Chego a 3 com 3 sem dar ouvidos
aos fantasmas que sempre me atiçam,
mas me esforço
para não ceder ao sono
de que tanto me afastei
por não querer sonhar
com mais nada,
mas viver o que tenho a escolher
e sofrer
o que se suceder das minhas escolhas.

Eu me libertei!