Vômitos Angustiados 22
O vento passou pela janela
e fez balançar a cortina branca.
Eu, que me afasto de simbolismos,
quis acreditar
que o vento soprava boas novas,
mas seu uivo não dizia nada disso -
que soprasse algum conforto
ou alguma expressão de alívio!
Ai de mim
quando me traio
nas esperanças da madrugada,
no silêncio castigador,
insônia bendita.
O sofrimento que se torna poesia!
Eis me aqui de novo,
a derramar as lágrimas
que nunca são necessárias
para que eu chegue a mim,
eu que me distancio
e pouco me conheço,
sei apenas que vivo por viver,
ao atravessar o tempo
em suas brechas finas
e contar os dias
com uma dor de pesar.
O calendário sempre aponta a data errada,
os rostos das pessoas mudaram
e os antigos
transitam pelos meus sonhos.
Não há mais qualquer pesadelo
que eu não tenha vivido
ou alguma lembrança
que eu consiga esquecer.
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