01.
Capítulo 01 - Prólogo.
Não é fácil ser uma Agente da Shield. Ainda mais, quando sua própria mãe foi uma Agente nos anos oitenta e, ainda por cima, uma das melhores. Tem que ter muita maturidade para escutar que "Só entrou porque a mãe era" ou "Alcançou um nível tão alto, tão cedo? Mas com conhecimento, até eu!".
Nada disso era verdade. Justamente por minha mãe ter sido uma Agente extremamente competente, que exigiram mais de mim. Mais dedicação, mais esforço, mais luta...
E confesso que eu mesma me empenhei muito em dar o meu melhor para que ninguém tivesse dúvidas da minha capacidade. Nem eu mesma. Ainda mais, quando meu pai era um preso da Shield.
Martha Miller se envolveu com um traficante de armas, sem fazer idéia de que ele era isso, em 1995. Meses depois, junto com a notícia de que ela estava grávida, veio a bomba: Daniel Porter estava a usando para chegar até o carregamento da Shield de forma mais rápida.
Então, Martha se viu obrigada a tomar duas decisões muito rapidamente. Decisões que ela afirma nunca ter se arrependido até hoje: Prendeu Daniel, o entregando diretamente ao diretor da Shield, apesar da dor e da decepção amorosa. E teria o bebê sozinha.
Não foi tarefa fácil já que meus avós tinham morrido anos antes que eu nascesse mas minha mãe sempre pôde contar com os amigos que fizera naquela organização.
E é óbvio que eu não tinha e não queria ter a menor ligação com o homem que me pôs no mundo, da mesma forma que ele fingia não ter escutado os boatos de que era pai. Minha mãe sempre foi o suficiente para mim e ela era minha maior heroína antes que a onda de Super-heróis, metahumanos, mutantes e isso tudo que todo mundo conhece nos dias atuais, virasse febre.
Eu cresci cercada por esse ambiente e aos doze anos, minha mãe, pessoalmente, começou a me treinar para luta corporal e defesa pessoal. Eu passava horas trancada no meu quarto enquanto repassava os passos que ela me ensinava e, aos quinze, eu já conseguia derrubar um homem adulto no chão, sem dificuldades.
De tanto ler os livros de código de conduta, eu já sabia várias regras e leis de cor e salteado e esse fato foi um pretexto para que eu entrasse em Havard, na faculdade de direito, aos 17. Saí dela aos 19, com a ajuda de um grande amigo da minha mãe, Nicky Fury. Ele acreditava no meu talento e no meu futuro como Agente da Shield, mesmo que minha mãe não quisesse esse destino para mim.
Claro que ela só foi saber de tudo quando eu voltei para casa, avisando que ia começar o treinamento. Tivemos uma briga feia, mas por fim, minha mãe aceitou e foi aí que eu comecei a exigir tudo de mim. Queria ser melhor que os comentários maldosos. Queria ser melhor do que minha mãe era, até.
O ano em que me formei na Academia de Agentes foi o ano em que minha mãe resolveu se aposentar e ir curtir férias ao redor do mundo com um namorado que eu nem mesmo sabia que existia. Confesso que no início, fiquei triste e até chateada, mas entendi que ela merecia. Eu já tinha 23 anos e ela dedicou a vida inteira somente para mim. Eu seria egoísta demais se não entendesse que, agora que eu tinha a minha vida, ela podia ter a dela do jeitinho que ela quisesse.
Foi aos 25 anos que eu subi em mais um nível o meu conceito de Agente. E por um motivo completamente aleatório.
Eu moro em um prédio de seis andares com dois apartamentos por andar, totalizando 10 vizinhos, já que dois apartamentos estavam vazios. Meu vizinho de porta era um veterano de guerra bonitão e super bem humorado e nos conhecíamos há cerca de dois anos, desde quando mudei para lá.
Tínhamos o mesmo hábito, coincidentemente: Sairmos antes do Sol nascer para dar uma corrida antes do dia começar. Esse foi um hábito que adquiri enquanto estava na faculdade, já que não tinha tempo para fazer os exercícios no decorrer do dia. Provavelmente, Samuel Wilson tinha adquirido na Força Aérea.
Foi só na terceira ou quarta vez que descemos pelas escadas juntos, que criamos coragem e começamos a conversar. Aquele foi o ponto de ignição para a nossa amizade.
Eu não sabia bem com o que ele trabalhava, mas sabia que de vez em quando, ele viajava à negócios e sumia durante uns dias. As vezes, ele aparecia levemente machucado, mas segundo ele, ele praticava boxe. Eu nunca o segui para saber se era verdade ou não.
Em um desses dias que ele sumiu, saí sozinha para caminhar. O trabalho andava me estressando muito de forma que eu nem mesmo, dormi naquela noite. Andei em volta do quarteirão três vezes e encarei o relógio no meu pulso. Talvez, eu tivesse saído cedo demais.
Então, comecei a correr e me propus a correr cinco voltas em velocidade média. As ruas estavam calmas, apesar de morar em Nova York. Devia ser devido ao frio.
Todo mundo se prezasse acompanhava o jornal e sabia quem eram os seis Vingadores Principais. Isso, porquê ainda não tínhamos conhecimento que existiam vários outros Heróis como o Homem Aranha ou o Pantera Negra. A Famosa "Guerra Civil, ainda não havia acontecido".
E é claro que, apesar de trabalhar na Shield, eu nunca tinha encontrado um único Vingador. Aquele dia foi a primeira vez e eu nem imaginava que ia significar tanta mudança para mim.
Era a quarta vez que eu subia a rua correndo, no sentido contrário dos carros. Um caminhão veio descendo a rua na toda, e eu cheguei mais para dentro da calçada, me apoiando no muro de uma loja. Mas subitamente, ele parou. Bem próximo a mim.
Peguei meu celular e fingi estar ligando para alguém, já que não dava para ver dentro do caminhão e ele ficou um tempão parado. Então, cheguei à conclusão que era melhor sair de lá e comecei a subir a rua, calmamente. Quatro lojas depois, ouvi a porta do caminhão ser aberta, algo ser arremessado no meio da rua, e eles fugirem, cantando pneu.
Tentei continuar andando e me convencendo de que não havia nada para ser visto por mim e que eu não tinha nada a a ver com o que quer que fosse aquilo.
Mas ouvi um leve gemido de uma mulher e paralisei. O medo de achar alguém estuprada me fez ficar parada igual a uma idiota despreparada. Só até escutar um outro gemido abafado. Voltei para onde o caminhão descartou o que parecia um saco de batatas enorme e não vi nada.
Por segundos, achei que tinha ficado maluca.
Então, o saco de batatas se mexeu e mais um gemido foi ouvido. Me agachei ao lado dele, percebendo que o saco estava ensopado de sangue. Mas quem quer que estivesse lá dentro ainda estava vivo, por isso, peguei uma faquinha em estilo canivete de dentro da minha pochete e cortei o saco.
A mulher era ruiva, estava completamente suada e tinha dois buracos de bala em sua blusa, na altura do quadril. Ela estava pálida e desmaiada, gemendo involuntariamente.
Confesso que eu nem mesmo olhei para o rosto dela antes de ligar para uma ambulância e pedir socorro. Tirei minha própria blusa, ficando de top, e tampei os ferimentos dela que jorravam sangue.
Assim que desliguei o telefone, percebi que o caminhão voltava de ré e arregalei os olhos. Eu não queria deixar ela lá, mas eu também não podia correr riscos assim por uma desconhecida. Enquanto eu me decidia o que fazer, dois homens pularam do caminhão. Meu sangue agitou de tanta adrenalina.
A mulher se remexeu em baixo de mim e só então, percebi a arma na cintura dela. Franzi a testa e a peguei. Não esperei os homens fazerem nada. Apontei a arma e atirei neles, os fazendo cair ao chão. Um deles, caiu já morto.
Larguei a mulher e fui, com a arma em punho, até o caminhão. Não havia mais nenhum. Achei melhor pegar a arma deles, especialmente a do que estava só desacordado. Consegui abrir a traseira do caminhão com um pouco de esforço.
Algumas pessoas começaram a se agrupar em volta da mulher e do caminhão onde eu estava e, quando eu o abri, meu queixo caiu.
Aquela era uma base-móvel da KGB. Enquanto eu revirava os papéis que achei em uma bancada, achei a ficha da mulher. E foi alí que eu quase tive um piripaque nervoso.
Aquela era a Viúva-negra.
Afastei a multidão que começava a se agrupar e corri com a mulher para a Shield, depois de dar cem pratas para um cara fortão me ajudar a colocar o corpo do homem morto, o desacordado e a Viúva Negra no caminhão, enquanto eu corria, desembestada, pela rua.
Horas depois, quando ela saiu da sala de cirurgia, ouvi as palavras que mudaram minha vida: "Parabéns pela agilidade em trazer ela direto para cá, Agente Martin. Se demorasse mais alguns minutos para ela ser atendida, poderíamos dar adeus à Viúva Negra".
E por qual motivo eu digo que isso mudou minha vida? Pelo fato de que, no dia seguinte, enquanto eu andava pelo corredor da Shield, percebi todo mundo cochichando quando eu passava e apontando para mim. Achei que tinha sido impressão até ouvir um novato falando "Sim, foi ela que salvou a Viúva Negra!".
Em questão de horas, passei a ser tratada de "Filha da Martha Martin" como "A salvadora da Viúva Negra" e isso só não me incomodou, porque horas depois, fui chamada na Clínica da Shield onde a própria Viuva Negra pediu para que eu comparecesse. Eu estava tão nervosa que acabei derrubando um banquinho quando entrei no quarto dela e comecei a explicar a ela que não foi nada, que eu teria feito por qualquer pessoa.
De qualquer forma, Natasha Romanoff ficou muito grata e acabamos conversando durante alguns minutos. Depois disso, todas as vezes que ela me via, Natasha vinha falar comigo e conversávamos. Segundo ela, eu lembrava um amigo dela e por isso, ela simpatizou comigo. Foi assim que, após meses de conversas pelos corredores, Natasha me convidou para sair com uns amigos e eu descobri que meu vizinho era o Falcão.
Fiquei duas semanas sem falar com Sam, me sentindo traída, mas depois, o perdoei porque eu entendia o lado dele.
Embora eu escutasse sempre falar do Grande Steve Rogers, eu nunca o conheci. Nem a nenhum outro vingador que não fosse Clint Barton e Bruce Benner. Dois fofos que me acolheram como se eu fizesse parte da família, embora fosse muito difícil que Bruce fosse para os mesmos lugares que nós.
Anos depois, talvez dois, a Guerra Civil estourou e fui eu que ajudei uma amiga do Sam, Sharon Carter, a conseguir as informações que ela previsava repassar ao Steve Rogers. De novo, minha rapidez fez com que eles conseguissem agir mais rápido que o Governo e conseguiram desmacarar o Presidente, o Secretário, e um monte de senadores, impedindo assim, que o Tratado de Sockóvia fosse para frente e o estrago na equipe não fosse tão grande assim.
Demorou mais algumas semanas para que, de tanto insistir, eu tivesse aceitado ir encontrar um amigo de Natasha que estava querendo me conhecer e agradecer pela ajuda.
E foi nessa ocasião que eu conheci Steve Rogers.
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