|| TRINTA E SEIS - MESMA DOR! - JAMES
Mais uma vez estou em um hospital.
Tudo aconteceu tão rápido. Em um momento meu noivo sorria para nós iluminando tudo ao redor com sua fala fácil e alegre. No outro, vi bem diante dos meus olhos uma marca vermelha surgir bem no centro do seu peito, ele arfar em surpresa e então cair como se seu peso fosse demais para suas pernas aguentarem.
No caminho do parque até aqui, a cena se repetia na minha mente turbulenta vez ou outra como um filme ruim mas que eu era obrigado a assistir. Enquanto os paramédicos trabalhavam nele que desde que caiu no chão e fitou o céu por alguns segundos, não abriu mais os seus tão lindos olhos, eu chorava baixinho sentindo a textura do seu sangue em minhas mãos e peito. Ele era quente contra minha pele repentinamente fria de pânico.
Rose assumiu a responsabilidade de ficar com as crianças para que o restante de nossos amigos pudessem vir para o hospital. Eu estava tão aéreo que nem ao menos me despedi dos meus bebês. Hope a coitadinha tremia nos braços de seu pai, que não foi capaz de acalma - la o suficiente. Então Marcel a levou nos braços grandes e que pareciam tão acolhedores naquele momento e a consolou. Por um momento eu desejei ser ela. Uma criança assustada que tinha braços prontos para os quais eu poderia correr naquele instante.
Na ambulância, eu ainda estava um pouco fora de mim. Ver o homem que você ama, aquele que tem sempre um sorriso completo e contagiante em seu bonito rosto para alegrar seu dia, ferido e coberto de tanto sangue que você pensa que talvez ele realmente não vá abrir os olhos, de repente parar de respirar bem diante de você, é algo que não consigo expor em palavras exatas. É como morrer junto com ele. Nossas mãos estavam ligadas e subitamente seus dedos não tem mais força o suficiente para se ligar aos meus. Eu queria sacudi - lo, enche - lo com minha força, minha vida ou mais do meu amor para que ele aguentasse até chegarmos ao hospital mas não pude.
Os paramédicos começaram com as técnicas de ressuscitação. A cada choque que ele recebeu e não havia indícios de que iria acordar para mim, para nossa família e para a vida, eu morria um pouquinho mais.
"Sem pulso!"
Essa frase foi repetida em tantas vezes dentro daquele veículo opressor e cheirando ao sangue do meu amor, que passei a odia - las com tudo de mim. Eu tinha que ter raiva de alguma coisa ou alguém e aquelas malditas palavras eram meu alvo naquele momento. Eu só queria voltar para hoje de manhã, quando ele dava voltinhas diante do espelho todo fantasiado para torcer pelo primeiro jogo da sobrinha. Quando iria se se arriscar a tomar outro banho com nosso bebê que adora uma água ou ouvi - lo chamando nosso garoto de filho pela primeira vez e não parecer nenhum pouco culpado. Era algo que me confessou ter vontade de fazer tem muito tempo.
Um suave roçar de um toque gentil e quente me arranca de meus pensamentos. Mas a imagem congelada dele sorrindo na mesa ao tomar café da manhã não me abandona.
Ajoelhada diante de mim, minha ruiva tem os olhos verdes e vermelhos pequenos por causa do choro. Os cabelos estão uma desordem total mas ela parece não se importar. Envolvendo suas mãos nas minhas, me arrepio ao senti - las frias, percebo também que as minhas estão vermelhas. Caio em um choro compulsivo novamente mas agora parece muito real. Eu tenho e sinto o sangue dele em mim.
Com paciência e novas lágrimas que escorrem por seu belo rosto, tenta secar com seus dedos as minhas. Eu quero ser forte mas não consigo.
- Amor, o que acha de ir em casa trocar de roupa? As suas estão...
- Tem sangue dele eu sei. - abro e dedo minhas mãos. - Acredita que eu sinto o sangue ainda quente nelas? - murmuro mais para mim mesmo mas acerto - a como um tapa. Ela engasga. - Desculpa.
- Não se desculpe....- funga. - Ai eu não consigo fazer isso. Jenah!
Logo um par de braços muito conhecidos por mim me envolve. A quentura e sua vida do abraço me derrubam de vez. Só me deixo levar pelo conforto e abraço que desejei desde que tudo começou. Esse inferno de dia.
Sinto lábios em minha cabeça.
- Conseguimos conversar com o diretor do hospital, ele estudou conosco. Consegue se lembrar do Mason? - aceno fracamente. Como esquecer daquele homem que é uma parede de músculos humana, com um cérebro genial e com quem fiquei algumas vezes? - Ele nos cedeu uma sala aqui onde poderíamos ficar, nessa sala há um banheiro no qual poderá tomar um banho quente, ficando lindo para quando nosso homem acordar. O que acha? - disse tudo isso me ninando como se eu fosse um bebê.
Suspiro baixinho.
- Não posso sair daqui Jenah. - nego freneticamente.
- James....
- E se tiverem notícias e eu não estiver aqui? Ele precisa de mim! - digo com força. - Não vou sair daqui.
- Ele está em cirurgia amor! - me aperta em seus braços magros mas são fortes o suficiente para me segurar agora.
- Por favor filho, faça isso por mim? - meu pai diz ao meu lado. Nem o vi chegar.
- Eu...
- Vamos fazer assim, eu fico aqui e espero por notícias dele até você voltar. O que acha?
Dimi.
Me ergo com as pernas um pouco instáveis. Mas não me contenho em me lançar contra ele, que me recebe de braços abertos. Seu perfume que nunca mudou fazendo a barreira se romper de vez, me lembro que ele sempre me protegeu quando éramos crianças. Eu era um garoto magrelo e não sabia bater mas meu irmão sempre foi muito grande e forte para a idade que tinha e não deixava ninguém tirar vantagem de mim. O seu cheiro me lembra de força e garra.
Me agarro a isso. Me lembro que tenho que ser forte por Mathias que foi praticamente arrastado para o carro por Dan e de Lilian que em algum momento estará aqui.
Ele me guia pelos corredores brancos que parecem muito iguais para mim, me coloca dentro de uma sala espaçosa com um jogo de sofás na cor creme que são grandes para acomodar várias pessoas com uma mesa de centro com uma superfície de vidro escuro. Há somente uma porta também branca, que acredito ser o banheiro. Me entrega algumas roupas que não percebi estarem em sua mão esquerda e fecha a porta me dando o espaço que não quero. Não quero ficar sozinho pois sei que foi quebrar.
Mas puxo o ar com força dos meus pulmões e me forço a caminhar até o banheiro, tirar minhas roupas e entrar sob a água quente, quase escaldante que me despertou um pouco. O suco vermelho que escorre do meu corpo e mancha o piso imaculado vai perdendo a cor conforme vou me lavando.
Me seco e coloco as roupas. Percebo agora olhando mais atentamente, que são minhas. E na certa meu irmão foi até minha casa para pega - las.
No corredor encontro - o ainda me esperando. Abre os braços e me enfio neles. As vezes temos opiniões adversas, ele pisa na bola e tenho vontade de socar a garganta dele, mas ele nunca vai deixar de ser meu irmão. O mesmo que tentou manter meu amor vivo.
Meus amigos estão todos sentados ou pé na recepção. Há um grande movimento de pessoas ao nosso redor mas a nossa dor se torna algo individual que é sentido somente sentido por nós.
- Alguma notícia? - minha voz soa fraca para meus ouvidos.
Eles negam. Uma agitação na entrada me diz que as coisas estão prestes a ficar piores.
- Onde ele está? Onde? Meu filho!
Tapo meu rosto, as mãos tremem. Lilian tem o rosto pálido como papel, suas roupas se resumem a um moletom gasto, algo que nunca a vi usando. Os cabelos loiros e que antes eram sempre arrumados, estão presos em um coque no alto de sua cabeça. Anos atrás estávamos no mesmo lugar mas não do mesmo lado. Ela não fazia questão nenhuma de esconder seu desagradado em me ver no hospital em busca de notícias de seu filho. Hoje além de estar no mesmo lado, compartilhamos uma mesma dor e o desespero cru só de pensar em perde - lo. Ela seu filho e eu o amor da minha vida.
- Senhora se acalme...
- Não me toca! - grunhe. Lágrimas molham seu rosto. Ela me vê no meio dos meus amigos. Seu lábio treme. - James, diz para mim que é algum engano! Que ouvi errado no telefone.
- Eu...
- Me diz que meu filho está em qualquer lugar, menos aqui!
- Não posso!
- James....eu não vou passar por isso de novo! - leva as mãos para o rosto. Vou até ela, deixo minha fraqueza e me deixo ser seu forte. - Meu bebê...
- Ele...vai..sair dessa! - digo entre ofegos. Mas nem eu mesmo acredito em minhas próprias palavras.
- É um engano não é? Eu o vi hoje de manhã sorrindo e falando da coreografia dele! Você estava com a gente! - segura meus ombros. O desespero em seus olhos me quebra em pedaços. Ela quer que eu lhe diga uma verdade que não existe. - Me diz que é mentira! - se descontrola.
- Eu...
- Não vou quase perde - lo pela segunda vez! Não vou! - chora e a abraço com força sem palavras para lhe dizer. Também estou com medo dele não sair bem daquela sala. Sinto - a um pouco diferente em meus braços. Quando ergo seu rosto, vejo que sua cor praticamente deixou de existir. Com ela desmaiada, a seguro para que não caia.
- Um médico! Preciso de um médico! - Marcel que nem vi chegar, é rápido em tira - la dos meus braços e coloca - la em uma maca que um enfermeiro tira não sei de onde.
- Fique tranquilo, vamos examina - la! - um homem que parece ser o médico diz e sinto que o conheço de algum lugar.
Minha ruiva diz que vai com ela. Carl tem seu celular em seu ouvido e ouve qualquer coisa que é dito em seu ouvido. Ele me olha por um momento e fica pálido.
Então desparece da minha linha de visão.
Quase meia hora depois, Madson volta dizendo que minha sogra está bem mas que teve uma queda de pressão. Mas que o médico que a atendeu, teve que deixa - la em observação. Eu queria ficar com ela para apioa - la mas não sem antes ter notícias do meu amor.
Fomos encaminhados para a mesma sala onde tomei banho e as meninas foram comprar comida para nós. Mas não sentia fome. Jenah insistiu para que eu comesse um pouco mas realmente nada passava na minha garganta. Só tomei um pouco de água ao sentir sede, mas até ela desceu um pouco atravessada em mim.
- Oh meu Deus! A Rachel, alguém conseguiu avisa - la? - esfrego meu peito ao andar para lá e para cá.
- Hum....
Aperto meus olhos na direção do meu irmão.
- O que?
- Nesse momento ela está em trabalho de parto. - sinto meus olhos cresceram tanto que dói.
- O que? Desde quando?
- Tem pouco mais de uma hora. O marido deixou a filha com Rose na sua casa e a trouxe para cá.
Massageio minhas temporas.
- Lilian está melhor? Ela sabe?
- Acordada, Madson está com ela. A própria Rachel mandou que ela ficasse deitada, que em breve viria te ver e ficaria a espera de notícias do irmão. - um pequeno sorriso se abre em meu rosto.
Rachel nunca me decepcionando. Ela é forte e muitas vezes prática.
Aceno rigidamente. Meus amigos estão sentados nos sofás e se abraçam. E quase choro, pois daria de tudo para ter um abraço do meu amor.
A porta se abre revelando um senhor de idade, cabelos esbranquiçados, óculos de grau em uma armação fina, de estatura baixa e mãos nos bolsos do jaleco. Ele tem uma expressão impassível. Odeio essa expressão pois ela pode esconder tanto o alívio ou o trágico atrás dela.
- Boa tarde, sou Alexander Carson, fui o responsável pelo atendimento e cirurgia do Sr. Sunders.
Nos colocamos de pé, comigo quase invadindo o espaço pessoal dele em busca de notícias. Estava me segurando firmemente pois minhas pernas em algum momento iriam me abandonar.
- Como ele está? Posso vê - lo? - sua expressão impassível vacila por um segundo e é o suficiente para me deixar em alerta. Um abraço duplo de lado me pega de surpresa e olho para ver meu pai e meu irmão me segurando.
- A cirurgia foi complexa, o paciente teve mais duas paradas cardiorrespiratórias no decorrer dela. Tivemos que lidar com uma hemorragia mas conseguimos contorna - la a tempo. A bala de alguma forma se alojou em um dos pulmões mas nós a retiramos. - retira o óculos e os coloca no bolso dianteiro do seu jaleco.
- Ele vai ficar bem? - minha amiga é quem se arrisca a perguntar. Minha mente ainda está repassando as palavras "paradas cardiorrespiratórias". E as consequências que vem com elas.
- Não sabemos como o cérebro dele vai reagir a falta de oxigenação por qual passou alguns minutos. Não há garantia de nada e o surgimento de sequelas é esperado. Vamos mante - lo em coma para que possamos monitorar o progresso do caso dele.
- Coma?
- Aí meu Deus!
- Eu...posso vê - lo? Ele está acordado não é?- me ouço dizendo. Sei que ele está acordado, sinto no meu coração desesperado.
- Meu filho, Miley está em coma.
- Ele deve estar chamando por mim. Eu sei! - não dou ouvidos.
- Jesus Cristo!
Tento sair de seus braços mas eles me prendem. Não quero ficar preso aqui, quero ir ao encontro dele. Quero sentir seus lábios nos meus, ouvi - lo dizer o quão lindo e incrível ele é. Quero deitar minha cabeça em seu peito amplo e ouvir as batidas rítmicas de seu grande e bondoso coração como faço sempre que acordo antes dele. Quero dançar com ele, mesmo que as vezes pise em meu pé no processo. Quero ouvi - lo cantar uma canção de ninar para nosso filho enquanto anda com ele pela casa em plena madrugada, quando não consegue dormir. Mergulhar na sua satisfação que é ver Mathias rir de algo as vezes sem importância.
Eu quero tudo. Quero tudo de volta e que alguém ousou tentar me tirar.
- Ele odeia ficar sozinho sabe? E também hospitais a não ser para contar histórias para suas crianças. - gargalho baixinho me lembrando de sua voz imitando uma vez ou outra os personagens que fazem as crianças que passam por aqui felizes.
- Ele não vai acordar meu irmão! - empurro com força Dimi. Ele não pode dizer isso.
- Me solta! E não diga mais isso! Você não sabe de nada! Miley está me esperando para ficar com ele....- um soluço dolorido corta minhas palavras. Olho para meus amigos e vejo o pesar em suas expressões. - Nós vamos...vamos...
- O senhor precisa ficar calmo...- dou risada na cara do médico pouco me importando se estou dando um show. Eles simplesmente não entendem que preciso estar com meu amor. Com o homem que me completa por inteiro nesse momento.
- Eu preciso ver meu noivo! Sei que ele está acordado!
Me agarro a camisa do meu pai. Sinto seu abraço. Uma voz diferente se faz presente na sala e então me sinto leve. Quase como se pudesse flutuar. Ergo meu rosto com dificuldade e olho para meu pai como se ele tivesse me traído.
- Vocês me...me drogaram? - uma lágrima sorrateira desliza facilmente por meu rosto.
- Você precisa se acalmar filho...
- Me drogaram...
Meus olhos estão pesados. E me vejo mergulhar na mais profunda escuridão.
28/07/20
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