|| TRINTA E QUATRO - PART II - O NOIVADO - JAMES
"Bom dia futuro marido do meu irmão! O que acha de um churrasco para comemorar seu noivado?😎😎😎" Rachel
"Viu que horas são? OITO! Oito da manhã mulher!" Eu
Não consigo ser educado com ela. Mesmo sendo a grávida mais temperamental que já vi na minha vida. Quem em sã consciência acorda outro ser humano a essa hora da manhã? O irmão dela não me deixou dormir boa parte da noite, por isso sei que além das olheiras que vou ostentar hoje, estarei andando estranho, para o contentamento de minha ruiva delícia, que não deixará de pedir pelos detalhes sórdidos.
"Nossa, que péssimo humor! Mas sorria! Quero ver essa aliança e também fazer uma surpresa para meu sobrinho!" Rachel
Olho bem para a tela do celular. Ficando mais desperto. Meu amor ressona ao meu lado, sua bochecha pressionada contra seu travesseiro e os cabelos pelos quais tanto amo passar meus dedos por eles, estão apontando para todas as direções.
"Que surpresa?" Eu
"Surpresa!😏"
"Argh! Vou arrumar o jardim!" Eu
"Te amo!" Rachel
"Interesseira" Eu
Saio da cama devagar para não acorda - lo, no caminho para o banheiro vou recolhendo noaaaa roupas que ficaram pelo chão. Posiciono também as muletas dele ao lado da cama, assim ele não precisa se preocupar em pega - las e tomara que pelo menos hoje ele se lembre de não sair de qualquer maneira da cama.
Vou até seu guarda - roupas, pegando uma camisa e calça de moletom. Tomo um banho rápido e após vestido, sigo o cheiro de café fresco e ovos que inunda o ar. No corredor encontro com Bob que me cutuca com seu focinho úmido e se levar em consideração a velocidade com que sua calda se move, ele quer brincar.
- Preciso comer primeiro bebê! - parecendo entender o que disse, trota na minha frente.
- Bom dia, James! - fico surpreso com sua presença. Julie é quem costuma vir pela manhã fazer o café da manhã mesmo não estando morando mais com Miley.
Depois que as crianças vieram para ficar se vez, ela ajudou a decorar ambos os quartos e voltou para o apartamento dela. Para o qual ela ia muito pouco pois passava mais tempo aqui do que na própria casa. Mesmo longe, continuo levando - a para as consultas. E ela continua tomando seus remédios.
- Oi Lilian! - não me seguro e procuro pelo cômodo. Como a planta da casa é aberta, da cozinha onde minha sogra está é possível ter uma visão completa da sala. Onde em um cercadinho personalizado com o tema de ursos está montado. - Oi bebê, bagunçou muito na casa da vovó? - pego - o em meus braços, que não demora muito a deitar sua cabecinha em meu ombro. Aspiro seu cheirinho de bebê.
- Nós tivemos nossa própria festa do pijama não é Matt?
Lhe dou um sorriso e caminho para lá e para cá com ele grudadinho em mim. Ele é um bebê tão aberto para todos o que conhece. Ao contrário do irmão que mesmo meses depois de vir para cá, demonstra pouca abertura para os de fora, Matteo se ilumina todo a cada um que vem aqui. Sejam nossos amigos, familiares ou colegas de trabalho.
Claro que já cortei relações com algumas pessoas, que vêem o diferente como algo fora do normal. Foi difícil ver algumas pessoas com quem trabalho desde que voltei para a cidade, olhar para meu filho como se ele tivesse uma doença contagiosa. Síndrome de Down não é contagioso e não faz do meu bebê diferente das outras crianças mas sim, um ser único.
Me lembro claramente também do dia que Miley quase saiu no soco com o pai de uma das crianças que fazem parte da mesma creche onde Matteo fica até eu ou meu loiro delícia ir busca - lo. O homem passou por nós soltando piadinhas sobre nosso filho no estacionamento do lugar. Tive que segura - lo até chegar em casa, pois acredito que meu noivo iria bater no homem.
- Ele teve febre? - encosto minha bochecha contra sua testa, para ele o ato parece ser uma brincadeira. Ele ri alto, os olhinhos pequenos quase se fecham com o ato.
- Não, comeu direitinho e dormiu a noite toda. - me viro para ela que ostenta toda a classe que lhe é devida. A mulher emana dinheiro por onde passa, mas nesse momento está usando um avental e emana alegria pelo simples fato de cozinhar para o filho. - Meu filho soube escolher bem a aliança.
- Já viu a grossura dela? Um exagero.
- Um exagero que você gostou! - ele bem vestindo somente uma bermuda de moletom e tem os cabelos molhados.
- É você quem está dizendo. - deixa um beijo rápido em meus lábios e na cabeça de Matteo que se joga todo para ele. Com o filho nos braços, vai até a mãe e lhe beija o rosto. - Bom dia mãe! Bacons?
- Vou fazer!
A arrumação da mesa fica a meu cargo, Miley está no jardim dando uma volta com nosso bebê com um Bob animado demais atrás deles. Estou terminando de colocar os copos sobre a superfície de vidro quando a porta se abre, através dela passa nosso menino. Mathias tem o rosto amassado pelo sono, o semblante fechado típico dele e carrega uma mochila quase maior que ele. Lilian lhe entrega um copo com suco de laranja. Isso parece aliviar um pouco seu mal humor. Jordan entra praticamente desfilando atrás dele.
- Ah Mathias! Confessa que quem ganhou foi eu!
- Fui eu! - reviro meus olhos para ambos, que depois que meu filho ganhou um vídeo game do meu irmão Dimi de presente, não faz outra coisa a não ser jogar. As vezes Miley tem que brigar com ele, para que desligue.
- Meu irmão melhorou? - Lilian também oferece um copo com suco para seu amigo. Que lhe dá um olhar agradecido.
- Sim, está no jardim com seu pa...- paro não sabendo como ele vai se sentir comigo me referindo ao Miley como seu pai. Ele me observa por um segundo e sorri de lado. Mathias é um garoto que não é muito de distribuir sorrisos, Mas quando o faz. Aja coração.
- Vou vê - lo! Obrigado pelo suco vó Lilian!
Vemos ambos desparecerem porta a porta, ambos com o queixo no chão. Escutamos a voz animada de Miley, brincando com eles e os latidos como música de fundo.
- Viu isso? Ele me chamou de vó!
- Vi e não foi maravilhoso?
- Muito. - enxuga uma lágrima sorrateira que desliza facilmente por seu rosto. - Ele está se abrindo.
- E é lindo ver acontecer. É como presenciar um milagre se realizando bem diante dos nossos olhos.
O café da manhã foi animado e cheio de conversas. Nossos amigos foram chegando por volta das dez da manhã trazendo algumas coisas para o churrasco de comemoração do nosso noivado. Os homens as cervejas, as mulheres traziam sobremesas e eu preparava o que iria ir para a churrasqueira. Rose juntamente com meu pai e o filho chegaram, com ela trazendo roupas para eu usar. Ficar de moletom o dia todo não estava em meus planos.
O ar estava leve, as crianças estavam agitadas. Com os cães correndo atrás delas. Mad abraçada ao marido nas escadas que davam para o jardim, não perdia o filho de vista. Pois segundo ela, ele estava meio febril ontem. Mas que hoje mostrou estar melhor. Meu pai segura meu afilhado e tem um sorriso que toma completamente seu rosto cansado.
Olho em meu celular em busca das horas mais uma vez. Mais cedo recebi uma mensagem de Daren dizendo que viria me ver, pois estava na cidade de passagem. Mas isso já tem quase três horas e ele não chegou. Dante sem camisa e deixando a mostra suas tatuagens ri de algo que sua neta diz para ele, enquanto vira os hambúrgueres. Hope hoje está de shorts azul escuro, galochas pretas com listras brancas e uma camiseta rosa com glitter.
Minha cunhada acena para mim do outro lado do jardim, onde está sentada no colo de seu marido que está envolvido em uma conversa animada com meu irmão. Retribuo o aceno e ganho dela uma piscadela. Busco meu noivo com os olhos e o encontro emburrado sentado perto de Jenah e Julie. Vou até onde está e ao me sentar, beijo seu rosto. Não consigo não rir.
- Não faça beicinho amor!
- Não estou fazendo beicinho! - nega freneticamente feito uma criança. Miley é todo adulto em alguns momentos mas há outros como hoje, que a aura de criança praticamente emana dele.
- Está e fica tão lindinho! - bufa ainda de braços cruzados rente ao peito.
- Olha para aquilo! É uma afronta! Ele enfeitiçou meu filho! - dou uma risadinha seguindo a direção para qual seu dedo está apontado.
- Não tem só Matteo com ele.
- Claro que não! Como se não fosse suficiente, roubar meu bebê, minha sobrinha olha para ele fascinada! - gesticula freneticamente.
Helena realmente não esconde a fascinação que tem por Marcel. Seus olhinhos idênticos aos do tio brilham de entusiasmo enquanto ouve o que quer que o marido muito gostoso da minha amiga diz a ela. Matteo também vidrado nele que hora ou outra o balança em seus braços.
- Pare de falar do meu marido! As crianças gostam dele! - Jenah deixa um aperto em seu abdômen.
- Quando vão ter mais filhos? - sua única resposta é dar um sorriso de lado, que parece tirar ainda mais nosso amigo do sério. - Assim ele deixa o meu!
- Daqui há alguns anos! - diz simplesmente.
- Anos? - rimos, Rose dá um gritinho agudo atraindo nossa atenção. Ela corre e se joga nos braços de Daren que a pega sem esforço algum e ri alto quando ela o enche de beijos. - Quem convidou ele? - agora sou eu quem soco ele.
- Não seja ridículo! - olho para o reencontro dos meus amigos mas o que me faz estacar no lugar é a mulher ao lado dele. Não a conheço mas parece que Mathias sim, pois sem hesitar praticamente corre até onde ela está, olhando ao redor e torcendo as mãos na frente do seu corpo. - Quem?
- Oh menino, estou tão feliz por te ver novamente. Fiquei preocupada quando não o vi mais na vizinhança ou não foi deixar seu irmão comigo. Não sabia a quem procurar e seu pai não deu mais notícias. - a mulher disse tudo isso tirando os cabelos escuros da frente de seu rosto e com lágrimas molhando seu rosto. Ela parecia realmente preocupada e agora também aliviada por vê - lo bem.
O volume das conversas praticamente se deu fim, todos estavam muito atentos a cena. Mathias quando se abre comigo ou com Miley, deixou escapar que tinha a ajuda de uma vizinha em relação a Matteo, quando ele tinha que estudar ou trabalhar. Ele falava dessa mulher com tanto carinho que era tocante mas nunca demonstrou vontade de voltar a vê - la.
Marcel em todos os seus quase dois metros, cabelos pretos como a noite com alguns fios brancos e olhos de um azul claro, se aproxima com nosso bebê em seus braços. A mulher por um momento não sabe para quem olhar, se para ele ou para Matteo que parece feliz em vê - la. Eu a entendo, homem é bonito por fora e por dentro. O homem é a perfeição em pessoa, que chegou na vida de Jenah para ama - la como ela merece.
- Estou bem Helen! - seus olhos se fixam em mim e no homem ao meu lado que ficou estranhamente quieto. - Essas pessoas são...- engole em seco passando as mãos pelos cabelos. - São minha família agora.
- Vejo que está muito feliz aqui. - suas bochechas ficam vermelhas.
- Eu sou. - dá de ombros.
- A senhora aceita um suco, vinho ou uma cerveja? - ofereço prontamente. Vejo que meus amigos nos deram um pouco de privacidade. E estamos em um canto somente mulher, Miley, Mathias e Matteo que se distrai tentando comer seus cabelos.
- Oh não, não vou ficar. Só precisava ver por mim mesma que estão bem e felizes.
- Minha missão de vida é faze - los felizes. - meu noivo tem um sorriso completo no rosto.
- Eles estão em um bom lugar então.
Como disse, ela realmente não ficou muito. Depois de se despedir das crianças com mais abraços e beijos, se foi. Vou até a cozinha pegar mais suco para repor o da mesa que acabou e encontro Mathias no canto da cozinha. O olhar perdido, a postura ereta e mãos fechadas em punhos.
- Está tudo bem com você amor? - me aproximo devagar e não toco - o.
Mesmo estando fazendo acompanhamento psicológico, ele ainda tem horror a toques fora de hora, pesadelos e as vezes insônia. Sei que se for comparar seu estado atual com o de meses atrás, vemos que houve uma grande melhora mas me destrói o coração saber que ele passou por tanta coisa na vida sendo tão novo.
- Está sim. Foi legal o que Rachel fez. Helen nos ajudou muito quando eu não tinha ninguém.
- Claro que sim. Ela assim como todos nós nessa família, só queremos te ver feliz.
Mantendo a cabeça baixa, vejo - o suspirar.
- Acha que ele fica triste quando não o chamo de pai? - murmura baixinho e olha para a porta da cozinha, talvez com medo que alguém entre e nos ouça.
Sentindo minha garganta seca de repente, pego uma garrafa d'água na geladeira e me sento ao seu lado. Não o abraço como tenho vontade, e passar todo o carinho e amor que tenho por ele através de um simples gesto, as vezes a gente só precisa de espaço.
Penso em meu noivo que sempre quando perguntam para ele se tem filhos, ele com seu costumeiro sorriso arrasa corações, anuncia em alto e bom sim, muito orgulhoso que tem dois filhos. Ambos lindos e saudáveis. Para não importa que o mais velho as vezes não durma ou quando faz, grita em busca de socorro através dos pesadelos. E o outro que para muitos nasceu diferente mas que para nós é único em toda a sua beleza, alegria e fofura.
- Já viu aquele homem triste? - bufo com uma pitada de humor em meu tom, aliviando assim a tensão. Ele ri baixinho.
- Acho que não!
- Miley quer ser seu amigo primeiro amor! - olho para onde sua mão está. Ela é formada por um dorso magro mas seus dedos são fortes. Ele olha também na mesma direção que eu e devagar, entrelaça seus dedos aos meus. Aperto - os suavemente.
- Eu sei que sim. - pigarreia baixinho. - Mas não consigo, ele diz a mesma coisa que ela e isso me faz recuar. Ela também me pedia para confiar nela, após apanharmos dele. Que ela nos tiraria de lá.
Tento puxar em minha mente de quem está falando. Ele é um garoto além de reservado, só fala quando necessário e de acordo com a psicóloga que está atendendo ele, em todas as consultas que tiveram, ele nunca fala do pai ou da mãe.
- Está falando de sua mãe? - ri com tanta ironia que machuca. Suas feridas emocionais ainda estão tão frescas e me pergunto se um dia vão de fechar completamente.
- Mãe? Não tenho mãe! - a força com que aperta meus dedos é grande mas não reclamo. - Ela nos deixou quando mais precisamos dela. - lágrimas silenciosas molham seu rosto mas ele parece não ligar. - Uma vez eu ouvi eles discutindo depois de meu irmão nascer. Ela disse que não queria um filho assim, com defeitos. Meu irmão para eles era um objeto que eles compraram um dia em uma loja e quando viram que vejo com defeito, deixaram de lado. - engasgo com a dor embutida em cada palavra dele.- Ela não pegava ele no colo, não dava de mamar e...um dia simplesmente não estava lá. Foi embora.
De repente não eram mais lágrimas de silêncio. Mas sim que gritavam ajuda. Gritavam por socorro, um socorro que vai além de curar feridas físicas mas as da alma.
Logo está em meus braços, o rosto enterrado em meu pescoço e sinto minha blusa ficar úmida mas não me importo. Ele precisava colocar isso para fora. Passos me fazem virar em direção a porta, Miley nos olha alarmado mas faço que não com a cabeça e ele entende mas não nos deixa a sós. Se encosta no batente e cruza os braços.
Não sei quanto tempo ficamos ali, com ele aninhado em meus braços e eu tentando passar todo o carinho que posso para ele.
Quando não há mais lágrimas, ele se afasta limpando o rosto na camisa. Não me olha em nenhum momento.
- Sabe, vou acabar ficando com ciúmes.
- Desculpa.
- Não se desculpe Mathias! Mas poxa, todo mundo recebe abraços, menos eu! Mundo cruel.
Há um segundo de silêncio, então nos quebramos em gargalhadas. Meu noivo continua fazendo beicinho e me coloco de pé, desfazendo o gesto no beijo mesmo.
- Nem todo mundo. - ele murmura. - Posso ir para o jardim?
- Claro amor! Vou consolar um certo alguém que está carente. - o menino faz careta.
- Você entende que está traumatizando ele mais uma vez? - meu noivo diz sorrindo. Não digo nada, mas com a ponta do meu dedo indicador, traço as linhas que formam seus lábios finos.
Antes de se permitir viver a vida como queria, ele era tão reprimido. Não sorria tanto, escondia seus sentimentos a todo custo e simplesmente não era ele. Mas quando deu o primeiro passo para se aceitar, ele finalmente viu a luz.
De repente meu peito é tomado por um sentimento de saudade sem igual. Não entendo mas tento esquecer ao pronunciar bem baixinho.
- Eu te amo sabia?
- Não mais que eu! - segura minha cintura. - O que acha de estrear a despensa? Nunca transei dentro de uma!
- Nem pensar! O churrasco de noivado é de vocês! Nada de transar! - sua irmã invade a cozinha com seu ventre inchado e um sorriso feliz. - E olha, ganhei um abraço do meu sobrinho, não é legal?
- Eu te amo Rachel! Mas tinha que aparecer agora? - sua voz sai abafada por estar com o rosto em meu pescoço. Nós rimos.
- É claro!
Anuncia feliz da vida. E sentindo que tudo estava onde deveria estar, voltamos para o jardim. Minha aliança brilhando a luz do início da tarde, me fazendo saber que fiz a coisa certa ao aceita - lo novamente em minha vida. Amo esse homem com tudo de mim.
SAIU OUTRO GENTEEEEE.
27/07/20
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