|| TRINTA E DOIS - ENFIM EM CASA - MILEY
Mal terminei a ligação com Sabrina, e meu advogado Declan me ligou informando que Sandro havia procurado ele ontem a tarde e assinado os papéis que me passariam a guarda dos filhos. Em suma, era a mesma informação que Sabrina tinha me dito. Que as crianças eram minhas e que elas estariam chegando em minha casa em um prazo de uma hora.
Meus amigos e familiares me observavam em silêncio. Com o corpo trêmulo e os olhos úmidos, me ergui e segui em direção ao meu quarto. Meu namorado seguiu atrás de mim em silêncio mas sua presença era um alívio em certo momento. Ao me sentar na cama, ele se junta a mim. Seus dedos se ligam aos meus. E ficamos ali apenas curtindo a companhia um do outro.
Puxo com força ar para meus pulmões, pois percebi que não estava respirando direito.
- Ainda não estou acreditando sabe?
- Eu sei.
- O pai estava desparecido até onde eu sabia. Então do nada ele aparece e entrega os filhos assim? Algo nessa história não está batendo.
Um homem que fazia o filho de saco de pancadas, que era nitidamente arrogante ao ponto de não ter medo de ser descoberto, desaparece após os filhos saírem de casa e de repente, abre mão dos filhos.
Percebo que o silêncio maçante se instalou no ambiente. O homem que tem meu coração todinho em suas bonitas mãos, me observa com cuidado.
- Não está feliz amor?
- Porra, não imagina o quanto. Estou explodindo por dentro. Mas com uma mistura de choque também.
- Choque?
- Sim, eu fui informado por meu advogado que o processo de adoção poderia ser demorado. As investigações sobre os abusos, procura pela mãe e a família por parte do pai. Tudo isso poderia levar muito tempo entende?
- Você passaria por tudo isso sorrindo se fosse possível.
- Eu faria. Em pouco tempo, os meninos ocuparam um espaço em meu coração que nem sabia existir. Eu te amo com toda a minha alma. Um sentimento que sinto em cada célula minha. Mas o tipo de amor que tenho por eles, é quase inexplicável. - Engulo em seco, sendo tomado aos poucos pela noção de que eles realmente são meus. Que não vou trabalhar e voltar para casa para vê - los sendo levados de mim. Que Mathias finalmente vai poder deixar de ser um adulto e ser uma criança que sorri de verdade. Que o pequeno Matteo vai crescer em um lar cheio de amor e pronto para enfrentar o mundo lá fora.
- Agora você sabe o motivo de estarem aqui. - Me lança uma piscadela. - Eles assim como eu, estão prontos para recebe - los.
- Você está? - levo um soco no abdômen com tanta força, que me deixa sem ar. Massageio o lugar lhe dando um olhar feio.
- Claro que sim. Que pergunta. - Revira os olhos. - Miley, você não está sozinho nessa.
Seguro seu rosto, nossos olhos nunca se desviando, minha vida toda passando em uma linha reta passando bem diante de meus olhos. Já cometi muitos erros, retrocedi tento por medo e vergonha, deixei que me modulassem conforme a vontade alheia, julguei, fui julgado, quase morri, e despertei para buscar uma nova chance com o homem que amo.
E também fui perdoado por aqueles que feri e por mim mesmo.
Muitos vão dizer que é cedo. Que não estou pronto para as crianças. Mas eu me sinto pronto e farei de tudo para fazer - los felizes.
Devagar beijo seus lábios macios, circulando com a língua e quando entro em sua boca deliciosa, ambos só somos gemidos e peitos arfantes.
- Vai busca - los comigo?
- Com certeza!
Ao chegarmos na sala, encontro Dante. Com toda a sua altura, aura perigosa e tatuagens que lhe dão um aspecto quase selvagem. Mas usando um terno que o coloca como um lobo maldito em seus negócios. Ele tem um sorriso no rosto cheio de uma barba cinzenta.
- Não está tomando café com os outros?
- Na verdade ninguém realmente tocou na comida. Estão indo para o abrigo?
- Claro! Vou pegar meus garotos! - digo com o peito estufado de orgulho.
- Não vai ser preciso.
- Por que?
- Eles já estão a minutos de distância. - o observo mais de perto.
- Quem está trazendo eles? A assistente social?
- Meu filho! - dou uma risadinha pensando que ele esteja brincando mas a seriedade em suas duras feições me diz que não.
- Ele quer cair nas minhas graças? Já sou amigo dele mais ou menos. - meu amor bufa ao meu lado.
- Jordan é amigo do seu filho. Então a pedido do irmão, Paul foi buscar as crianças. - a palavra "filho" retumba dentro do meu peito.
Massageio ele para que a palavra de assente ali e nunca mais me deixe. Claro que vou esperar pelo tempo de Mathias para me chamar ou não de pai. Mas se não fizer, eu aceito. Ele estará seguro e é isso que importa.
- Hum...
O som de portas se abrindo do lado de fora me tira do estado de contemplação de que sou pai. De duas crianças. E sem me conter, corro para recebe - los. Vejo o monstro preto que o viking metido dirige parar ao lado da calçada, as portas se abrem e a passos largos vou até eles. Primeiro descem do veículo meu sobrinho e o irmão, que me cumprimenta com um erguer mínimo de queixo. Então ele desce, agarrando firmemente o irmão em seus braços magros. Ele usa outro dos moletons que Rose lhe deu.
James se aproxima e pega suavemente o bebê. Que lhe dá um sorriso completo mas sem dentes. Ele agarra o pescoço dele e deita sua cabecinha em seu ombro. Vejo uma lágrima sorrateira descer por sua bochecha mas ele é rápido em seca - la.
- Seja bem - vindo de volta Mathias! Onde está sua mochila?
- Aqui! - o loiro ergue - a juntamente com a bolsa de Matteo.
Me seguro para não segura - lo com todas as minhas forças e enche - lo de beijos. Ele não gosta de ser tocado e sei que é regra todo adolescente nesse mundo, odiar ser abraçado ou beijado por seus parentes.
Ele também não se move. A postura ereta, os mesmos olhos velhos e cheios de sofrimento me fitam com ansiedade.
- Então quer dizer que veio para ficar garoto?
- Acho que sim. - sorri minimamente. - Prometo não dar trabalho. Vou cuidar do meu irmão também, trabalhar e...- bem, foda - se a coisa do não toque. Acabo com a distância entre nós e o abraço. Ele demora alguns segundos para retribuir o gesto mas não me importo. Preciso fazer com que se sinta querido.
Os outros entram silenciosamente, nos deixando a sós. E é como um interruptor sendo ligado. Seu magro e castigado corpo estremece por completo seguido de um soluço que me machuca a alma.
Seu rosto está enterrado em meu peito, seu choro dolorido quase me fazendo fraquejar.
De hoje em diante, ele não terá mais que se preocupar com sua próxima refeição ou ter que se defender dos punhos do homem que deveria protege - lo.
Não conto quanto tempo ficamos ali. Apenas apoiando um ao outro. Mas acredito que foi o suficiente, ele ergue o rosto e parece constrangido.
- Vou te preparar tudo bem? - digo meio dramaticamente.
- Para que?
- Minha família e amigos são um pouco loucos sabe? Mas eles tem um grande coração.
Seus olhos quase saem do seu rosto.
- Não fica preocupado. Eles vão te amar.
- Hum...
- Mad! Espera amor!
- Olha que garoto delícia! Você é tão lindo! - nem dá tempo de avisar que o menino pode afasta - la. A ruiva da minha vida, o abraça sem reserva alguma.
- Obrigado!?
- Ele é tão fofo! - aperta as bochechas dele. - Estava ansiosa para conhece - lo. Bem. - vindo a família!
Sem ao menos olhar na minha direção, o leva para dentro.
- Você sabe, não há como segura - la. - o marido me oferece um encolher de ombros.
- Amo esse jeito dela.
Juntos entramos. No jardim vejo Madson ainda agarrada a meu garoto que não sabe para quem olhar. Todos querem falar com ele.
Minha mãe está entre eles. Não sabe como falar ou se aproximar. Mathias a observa bem de perto e olha para mim. Logo depois para ela novamente. Acho que deve estar nos achando parecidos. Ergo ambos os meus polegares para cima confirmando o questionamento que há em seu rosto. Ele ri e fala com Lilian pela primeira vez. Minha irmã usa um lenço para enxugar as lágrimas abundantes que correm por seu rosto. O que não é novidade, ela está chorando até por causa de comerciais de produtos de limpeza.
Quando as apresentações são feitas, finalmente nos sentamos na mesa posta no jardim e não me pergunte como, mas a madeira parece ter sido esticada. Pois comportou todo mundo, Matteo estava nos braços de Ketlyn que está quase sufocando o menino que só faz rir, sua risadinha infantil. Mathias se senta entre mim e Jordan que conversa com ele animadamente.
Sinto seus dedos nos meus. Olho para o lado e vejo o homem da minha vida com um grande sorriso em seu rosto. Beijo seus lábios rapidamente. Ao redor da mesa todos já se servem. Hope está sentada no colo do pai, que foi um merda no começo ao voltar para a vida da filha, mas olha para a menina como se ela fosse seu mundo. Nossos olhos se cruzam por um instante e sem palavras, ele sabe que vou querer explicações.
O que seria apenas um café da manhã de recepção, se transformou em uma manhã de conversas animadas e um tempo precioso onde todos nós pudemos nos juntar. O que não acontecia há muito tempo. Pois cada um tem sua vida, seus compromissos ou trabalho. Senti meu coração aquecido ao ver minha mãe pela primeira vez se envolver com meus amigos, minha outra família não por laços sanguíneos mas sim por que me aceitam como sou.
Vejo - o no canto oposto do jardim, ele acaricia distraidamente a cabeça de Poe, o cão de Marcel que não parece estar afim de brincar hoje. Ao contrário de Bob que está se fartando com as crianças. Luke o fez até de cavalinho e o cão parecia muito satisfeito.
Espero pacientemente que ele termine sua ligação. O olhar gelado que recebo, nem ao menos me abala. Já soquei a cara dele anos atrás, posso fazer de novo. Ao invés disso, enfio as mãos em meus bolsos e lhe dou meu melhor sorriso.
- Quer me dizer alguma coisa?
- Você teria algo a ver com o pai entregar a guarda deles rápido desse jeito?
- Não está feliz?
- Não foi isso que quis dizer. O pai estava desaparecido desde que foi procurado pela polícia para esclarecimentos. Então de repente ele procura meu advogado que nunca o viu na vida e...
Paul não fiz nada por tanto tempo que nem espero que ele responda. Me distrair por um instante com a gargalhada de Daren que está conversando com Rose. Os olhos cinzentos estão enrugados devido ao riso.
- O mundo dos jogos pode ser perigoso. - diz simplesmente.
- Você....
- Tenho contatos. - reviro os olhos.
- Máfia? - sua cabeça se vira com tanta força na minha direção que fico impressionado que não estalou seu pescoço. - O que?
- Sério, de onde tirou isso? Máfia?
- Vejo muitos filmes.
- Eu só tenho contatos e é só o que precisa saber.
- Isso continua com cara de máfia!
- Miley, não estou envolvido com a máfia! Jesus Cristo! - Ele solta o ar com força dos pulmões. - Só o que precisa saber, que não se deve dever nos jogos.
- Oh meu Deus! Você é um associado da máfia! - digo o mais sério que posso.
- Miley, você está importunando meu filho novamente?
- Dante assim você me ofende. - levo a mão ao peito. - Sabia que seu bebê viking tem laços com a máfia?
- De onde tirou isso?
- Ele me disse!
Perdendo a paciência, ele nos deixa sozinhos. Um segundo de silêncio se passa e estamos rindo até faltar o ar. Sei que tirei o homem do sério e não me arrependo.
- Eu estava com ele Miley. Então nada de máfia! Sandro estava devendo muito dinheiro, por isso estava sumido. Daren puxou algumas cordas e Paul com os contatos dele encontrou o homem em um motel. Fedendo, bêbado e muito chapado. - ele olha para as pessoas no jardim. Seu olhar se fixa na esposa que continua com sua missão de afogar Matteo em seus beijos e baixou o tom de voz. - Paul pode ter perdido a paciência as vezes, deixando Sandro sóbrio rapidamente. Ele precisava de dinheiro para pagar a dívida e eu precisava que esses meninos tivessem um lar. É isso que deve saber.
- Por quê não me chamaram? Adoraria bater no cara novamente.
- Tenho certeza que sim.
- E se ele voltar?
- Ele não está mais nada cidade.
- Como?
- Vai curtir seus filhos Miley! - bagunça meus cabelos como se eu tivesse dez anos.
- Obrigado cara!
- Não agradeça. Eu já estive no seu lugar, me matava ter que deixar meu garoto naquele abrigo todos os dias.
Cruzo meus braços e com um sorriso no rosto observo todos sorrirem. Meu sogro que conheci pessoalmente ainda hoje de manhã, se coloca ao meu lado. O homem é a cópia de Dimitri, o filho mais velho. O que os diferencia apenas, é a cor da pele.
- Você faz meu filho feliz sabia?
- É o que mais quero. - dou de ombros. Minha mãe acena de onde está sentada agora com Matteo nos braços. A satisfação em seu rosto é tocante.
- E estou satisfeito com isso.
- Já que está aqui, vou te informar que pretendo me casar com ele o mais rápido possível. - digo calmamente. Prometi que iríamos devagar mas quero acordar ao lado dele pelo resto dos meus dias.
- Me informando?
- Vai me dizer não?
- Nós últimos anos não fui muito presente na vida dos meus filhos. Depois da morte da minha esposa, eu me isolei em uma fazenda no meio do nada.
- Mas isso não te faz menos pai Mike. Cada um passa pelo luto da maneira que pode suportar. Poderia ter ficado aqui com seus filhos? Sim? Mas não posso te julgar.
- Eu sei. Vocês tem uma história juntos. Com erros, acertos e perdão. Não vou ficar no seu caminho. Só peço que faça meu filho feliz.
- Tio! Me pega!
Helena se joga em meus braços. Beijo seu rostinho suado e avermelhado.
- Te peguei danadinha! - Mike sorri para ela e me deixa após apertar meu ombro firmemente.
Meu dia começou como qualquer outro. Mas fui presentado com a dádiva de ter meus garotos comigo e estou noivo praticamente, é um status unilateral por enquanto, mas vou começar a trabalhar para tornar ele recíproco o mais rápido possível. Quando deixei meus medos e preconceitos de lado, minha vida começou a florescer, houve algumas surpresas no caminho mas não me arrependo de nada.
Nosso bebê passou reto já fila da paciência!
17/07/20
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