|| TRINTA E CINCO - PAI! - MILEY
Pisco um olho para meu reflexo, escutando uma gargalhada vindo da cama. A qual ignoro com prazer, meu noivo resolveu que debochar de mim é mais interessante que se levantar, tomar um banho e se vestir para o primeiro jogo da nossa menina. Faço muitas poses e envio as fotos para Mad, a ruiva não acreditou que eu iria me personalizar inteiro para o primeiro jogo de Hope. Estou usando uma blusa de cor rosa clara, bermuda de moletom preta nova que comprei ontem, e tênis rosa com listas pretas.
Meu celular não demora a vibrar com a chegada de sua mensagem.
"Ah caralho Miley! Até todo personalizado você fica uma delícia!" Ruiva delícia
"Carl está por perto? Ele vai ficar com ciúmes viu?" Eu
"Carl é gostoso também. Na questão de marido, peguei bem sabe? Mas não sou cega! 😏😏😏" Ruiva delícia
Solto uma gargalhada ao fechar nossa conversa.
- Amor tem certeza que vai assim?
- Sim, minha ruiva disse que estou uma delícia! - lhe dou meu melhor sorriso.
- Ela está te enganando amor! - diz entre risos mas não me importo. Me aproximo da cama e lhe dou um beijo de bom dia indo em direção ao quarto de Matteo para em seguida acordar Matthias.
- Você não me engana, sei que sou muito irresistível.
- Meu Deus! Lilian criou um monstro. - deixo - o ainda esparramado na nossa cama, batendo levemente na porta de Mathias. Espero ouvir seus resmungos para ir ao quarto do irmão.
Após seu encontro com a mulher que o ajudou a cuidar do irmão, ele pareceu se abrir um pouco mais para o mundo. Para a nova família que o recebeu de braços abertos e para si mesmo. Antes, mesmo que fosse sair com os amigos ele quase sempre inventava desculpas para não ir, tentava ficar sempre em silêncio e continua trabalhando na clínica veterinária após a escola. Mesmo eu dizendo que não era preciso ele trabalhar mais, não aceitou muito bem.
No entanto após o churrasco de noivado, ele está se permitindo completamente a viver como qualquer adolescente. E me enche o coração de paz, ver que mesmo com tanta bagagem emocional, ele tenta ser feliz e gentil com as pessoas ao seu redor. E se depender de mim, nunca mais irá derramar uma lágrima qualquer.
Não consigo não sorrir ao ver o bebê que amo com todo o meu coração, sentado no berço e parece estar me esperando. Assim que me vê, sorri largamente, mostrando apenas um dente na parte de baixo da boquinha.
- Bom dia flor do meu dia! - beijo seu rostinho rechonchudo, logo fazendo careta ao sentir um cheiro não muito agradável vindo dele. - Oh Deus, agora sei o motivo de sua animação em me ver.
Respirando pela boca, fico vesgo e coloco minha língua para fora fazendo graça, arrancando uma gargalhada gostosa dele. Esse som é como alento para minha alma, sua risada e as esporádicas que seu irmão solta uma vez ou outra. Faço - o ficar parado espalmando minha mão aberta em seu pequeno peito, para que possa tirar a fralda sem nenhum acidente. Tantas vezes fui alvejado por minhas crianças ainda bebês, que peguei um pouco de prática. Mas quando abro - a, quase caio para trás. Tem merda até nas suas costas. Entendo ainda mais seu desespero por alguém, ninguém quer ficar sujo por tanto tempo.
- Só te digo uma coisa bebê: banho! - jogo meu punho no ar, ele engasga ainda rindo.
- Amor, espera na sala. Se der banho nele vai estragar sua arrumação.
Olho por sobre meu ombro, ele nem ao menos tomou banho. Seu peito está nu e fico um instante olhando e me imaginando colocando minha boca em sua pele perfeita e cheirosa. Pisco uma vez.
- Tem certeza?
- Absoluta. Você fica ridículo de rosa mas não deixa de ser gostoso. - dou uma risadinha, fazendo cócegas em sua barriguinha. Meu noivo toma meu lugar dando - me um beijo rápido seguido de um bom aberto em minha bunda.
- Até daqui a pouco filho!
No corredor encontro com Bob cutucando as costas de Mathias que não parece muito feliz em estar acordado. Um de seus olhos escuros estão fechados, o rosto marcado pelo travesseiro e há um rastro de baba marcando seu queixo. Eu juro que tento não rir, mas é engraçado. Ganho um olhar atravessado seu.
- O que é tão engraçado? - diz em um grunhido. Ele não é uma pessoa da manhã.
- Você! - jogo alegremente. Passo por ele e bagunço seus cabelos. Recebendo outro grunhir.
Me jogo no sofá depois de apertar e beijar minha mãe que fez questão de vir fazer nosso café da manhã antes do jogo. Eu disse que não seria necessário pois iríamos tomar café na casa de Jenah e de lá iríamos diretamente para onde seria o lugar onde a escola de minha princesa iria enfrentar uma escola rival. Ainda é estranho te - la ao redor da família que estou formando após me permitir amar sem amarras. Ela tem sorrido mais e é apaixonada pelos netos. E sua relação com meu noivo é de uma amizade verdadeira, e estou chegando a um acordo com isso.
- Precisava disso tudo meu filho? - me observa atentamente. Ela está tentando não rir, lhe dou uma piscadela. Um pano de prato está pendurado em um de seus ombros.
- Claro que precisava! Hope precisa de todo apoio possível nesse jogo.
- Ela é uma menina muito especial.
- Assim como a mãe! Ensaiei até uma coreografia sabia?
Ela engasga com a própria saliva, seu corpo esbelto se tremendo todo enquanto tenta bravamente não rir do seu filho.
- Coreografia?
- Claro!
- É pior do que pensava! - fico ultrajado com sua fala. Aperto meus olhos na sua direção.
- Eu sei dançar mãe!
- Hum...- tapa o rosto com o pano de prato e se permitir rir, mas por causa do pano, o som sai abafado.
- Oh Jesus! É sério! - morde o punho com força. Bufo revirando meus olhos. - Pode rir mãe!
- O que é tão engraçado? - James surge arrumado, cheiroso e sorridente. Matteo segue na mesma linha, praticamente usando uma roupa igual a do pai que se resume a uma bermuda branca, tênis e camisa rosa claro. Como ele consegue dar banho em nosso filho e se arrumar tão rápido?
- Sabia que seu noivo tem uma coreografia para o jogo de hoje?
- Não? - me olha com humor se destacando em suas feições.
- Sim!
Eles tomam seu tempo tirando sarro de mim. Mas não ligo, estou feliz demais para me importar. Hoje é o primeiro dia de Hope em campo, ela agirá como a goleira do time e se ela se sair tão bem quanto nos treinos que costumo ir na companhia de seus pais, ela vai arrasar hoje.
Meu filho mais velho se junta a nós já mesa ainda se arrastando. Durante o café da manhã ele entre uma garfada e outra ficava um ou dois segundos a me observar. Há tristeza em seus olhos e parte do meu bom humor vai para o inferno.
- Está acontecendo alguma coisa filho? - mando de repente. O filho saiu sem minha permissão. Ele para de comer mas não parece chateado. Há uma emoção em seus olhos que se traduzem em lágrimas mas ele as segura. Dá de ombros, James e minha mãe também estão em silêncio e observam - no.
- Não sei.
- Sabe que pode nos falar qualquer coisa não é?
- Eu sei James. - continua brincando com suas panquecas, que a avó fez especialmente para ele. - É só...- engole em seco, meu noivo acaricia suas costas vagarosamente. - Acho que era só um sonho.
- Ruim?
- Hum...
- Sonhos ruins são somente isso. Sonhos ruins.
- Obrigado vó Lilian!
Mas antes de voltar a comer, ele me fita por mais um tempo. Matteo puxa sua camisa, atraindo sua atenção para ele. O restante do café da manhã se passa normalmente. Mamãe diz que vai ficar para arrumar a cozinha e sair um pouco com Bob, Mathias está nesse momento conversando via mensagem com seus amigos, Jordan e Martha que veio algumas vezes em nossa casa. Seu rosto está mais sério que o normal e fico preocupado. Prendo Matteo na sua cadeirinha, lhe dando seu bichinho de pelúcia em forma de polvo que ganhou de Dante, beijo sua testa e fecho a porta do banco de trás.
No banco da frente ao meu lado, meu noivo animadamente ao celular com o amigo que está de volta em Nova York. Seu trabalho aqui chegou ao fim e não havia mais nada para ele fazer aqui. Antes que pudesse entrar e dar partida em meu carro, mamãe são correndo de casa, o rosto pálido como papel. Vou em sua direção para segura - la se for necessário. Ela tem os lábios entre abertos e segura ambas as mãos no peito.
- O que aconteceu mãe? Está pálida! - toco seu rosto.
- E - eu... não sei. Só senti vontade de fazer isso! - me abraça envolvendo seus braços em minha cintura, enterrando o rosto em meu peito. Toco seus cabelos e dou um beijo neles.
- Eu já te abracei hoje mãe! - faço graça. Um tapa é minha recompensa.
- Não seja um engraçadinho! Se eu quiser te abraçar mil vezes, eu vou!
- Eu sei! - meus olhos ficam úmidos de repente. Beijo sua testa e me despeço dela que nos observa partir parada na calçada de casa.
O caminho foi feito com a playlist que Mathias fez para mim preenchendo o silêncio no carro. Quando ele começou a se sentir mais a vontade, ele me confidenciou que ama música, principalmente música clássica, que tocava violoncelo na escola quando era mais novo. A atividade era inclusa na grade curricular da antiga escola onde estudava, mas que parou de ir quando o filho da puta a quem chama de pai descobriu. Colocando fogo em seu instrumento após bater na mãe e no filho. A vontade de arrancar os dentes do infeliz no soco quando ouvi isso foi grande mas a sorte dele é que estava fora da cidade. A música clássica acalma de alguma forma minha alma um pouco perturbada.
Estaciono em uma das poucas vagas que há no espaço perto do campo onde o jogo irá acontecer. Há dois ônibus, os quais deduzo ser das escolas rivais. Há tantas pessoas transitando que sinto Mathias um pouco hesitante em estar aqui, aperto seu ombro levemente e ganho um sorriso de lado de presente.
Mas arquibancadas nossos amigos nos esperam. Jenah roi a unha do indicador enquanto Marcel a abraça dizendo uma coisa ou outra em seu ouvido. Minha ruiva delícia tenta fazer o filho ficar sentado em seu lugar mas ele não parece disposto a isso, pois o amor da sua vida está sentada um degrau acima com Dimitri e Mike ao seu lado. Ben olha a tudo com os olhinhos azuis espertos. Dan, Ketlyn e os filhos estão sentados ao lado de Jenah.
Procuro por uma garotinha de olhos bicolores que ama usar roupas coloridas e irradia sua luz por onde passa e a encontro praticando sua defesa já no campo. O time rival está do outro lado do campo com um treinador mal encarado na certa dando as últimas instruções para seu time. Percebo que em seu time só há meninos enquanto no da escola da minha sobrinha é um time misto.
- Que delícia, você fica muito melhor pessoalmente.
- Eu sei disso. - me jogo ao seu lado, após falar, beijar e cumprimentar os outros. - Cadê seu marido ruiva tarada?
- Trabalhando.
- Em pleno sábado? Ele não estava de férias?
- Esse caso que o nosso escritório pegou é dos grandes loiro lindo! - Rose se enfia entre nós, beijo seu rosto de forma demorada arrancando um grunhir do irmão do meu noivo, lhe pisco um olho.
- E como vai o emprego gostosa?
- Melhor do que pensava! O pessoal que trabalha comigo são muito simpáticos e estão sempre dispostos a me ajudar quando preciso.
- Sabia que iria arrasar no seu emprego.
Sorrindo largamente, arruma meus cabelos através da fita rosa com glitter presa a minha testa e volta para seu lugar.
O juiz soa o apito e logo as crianças estão no centro do campo. Não é grande mas ainda assim posso imaginar essas crianças suando ao tentar chegar com a bola. Matteo como sempre me abandonou e está com Marcel nesse momento. Hope após ouvir as instruções juntamente com suas colegas, ocupa seu lugar no gol.
O jogo começa com o time rival chegando muito perto de fazer o primeiro ponto em dez minutos, mas não consegue. Nossa garota pega a bola com tudo. Nós gritamos feito loucos, Paul quase arranca os cabelos longos e loiros quando outro passe chega mais uma vez perto de de tornar o que seria o segundo gol do time adversário. O time da casa tem a defesa muito vazada e a bola não fica com eles por muito tempo.
Em determinado momento do jogo, o nosso time enfim consegue furar a defesa do outro e então temos o nosso primeiro gol. Eu me levanto gritando feito um louco, dizendo que aquela goleira era minha garota. Grito por Hope que me acena animadamente de onde está e faço nossa coreografia, com ela me imitando. As risadas ao meu redor são muitas mas não me importo. É tudo por ela.
- Pelo amor de Deus loiro abusado, não dança mais. Meus olhos não vão suportar outra visão horrível dessas. - meu cunhado alfineta, mas somente abro meu melhor sorriso.
- Isso que estou sentindo no ar é inveja? - finjo cheirar, Mad ri alto com Ben agora em seus braços.
- Não se sinta tanto! - aperta os olhos na minha direção.
- Ele arrasa Dimi, confessa!
Ele faz careta para Rose que lhe mostra a língua. Voltamos nossa atenção para o campo quando as crianças voltam com tudo, passes errados, gritinhos de frustração e alguns choros. Crianças.
Em determinado momento o time adversário faz uma falta em uma menina do time da casa. A mãe da criança grota revoltada uns degraus acima de nós e entendo seu lado, a filha levou uma rasteira tão forte que caiu e não levantou por mais de cinco segundos mas quando fez, parecia estar possuída. Quando o juiz deu o sinal, a garota chutou em direção ao gol. Prendemos a respiração e gritamos como loucos quando a bola passou. Hope no gol gritava e fazia sua dança esquisita.
Estávamos tão distraídos comemorando nosso segundo ponto que não vimos um ser de cabelos ruivos entrando no campo com um grande sorriso. A torcida adversária começou a vaiar e quando vi o motivo não me aguentei, somente rindo do desespero de minha amiga que não sabia o que fazia, se gritava para o filho voltar para seu lugar ou se ria de lágrimas escorrerem por seu bonito rosto.
Mathias pela primeira vez desde que chegou a minha casa, está gargalhando e segurando a barriga. Tenho que agradecer meu pequeno furacão ruivo depois. Luke está dentro do gol, segurando firmemente a bola contra o pequeno corpo, enquanto o goleiro duas vezes maior que ele tenta tirar - lhe a bola. O pequeno não facilita tentando morde - lo quando tenta pegar a bola. Parecendo desistir, olha para o alto e Luke aproveita esse momento para correr campo a fora, já não tinha time algum com raiva. Era difícil não se encantar com a fofura em forma de gente no meio do campo.
O menino correu, desviando de uma criança ou outra que ousou ficar em seu caminho. Ele abre seu melhor sorriso desdentado para a prima que tem as bochechas rosadas, entregando a bola para ela.
As gargalhadss foram unânimes!
Paul entra em campo e pega o menino de cabeça para baixo, que ri como se fosse a melhor coisa do mundo. A mãe tem o celular em uma mão, os olhos verdes atentos vendo algo nele. Parecendo satisfeita, enfia o aparelho na minha cara.
- Peguei o melhor ângulo não?
Aceno rindo vendo - a enviar a imagem e mais um vídeo do que aconteceu para o marido. E realmente foi o melhor ângulo.
O jogo volta a sua normalidade dez minutos depois. Foi incrível, nunca me diverti tanto como aconteceu nesse jogo. Nosso time saiu vitorioso com um placar de quatro a zero para nós. Hope era passada de um ombro para o outro e jogada no ar, pois sua defesa foi incrível. Seus pais não escondiam o orgulho que sentiam dela.
Quando deixamos o campo, foi minha vez de coloca - la sobre meus ombros. Estávamos na entrada do estacionamento, com meus amigos tentando decidir onde iríamos almoçar após o passeio que faríamos em grupo. Ela dava risadinhas toda vez que fingia tropeçar e segura meus ombros com força. Me viro de frente para minha família e faço careta para eles. Luke corre em volta de meu sogro que segura Ben. James conversa animadamente com Jenah que não disfarça o grande sorriso que domina seu rosto. Por um segundo seus olhos se fixam em mim. Tento passar através dos meus todo o amor que sinto por ele. Lhe pisco um olho.
Mas então sinto uma dor aguda no centro do peito assim como meu sorriso morrendo. O caos se instala ao meu redor com as pessoas gritando e se jogando no chão, quando vejo meu filho correr até mim com o rosto pálido e dominado pelo puro e sólido terror, minha princesa não está mais sobre meus ombros quando não consigo respirar direito. Em um piscar de olhos estou fitando o céu azul acima de mim.
- Pai! - mãos em meu rosto. James chora, quero enxugar suas lágrimas mas não consigo. Sinto meus pulmões cheios como se tivessem água dentro deles. - Pai! Por favor! Não morre!
Mathias me chamou de pai. James chora desesperado, suas lágrimas estão molhando meu rosto mas não consigo falar nada que os conforte.
A última coisa que vejo é o rosto de um Dimitri desesperado pressionando meu peito, seus lábios se movendo com palavras que não consigo ouvir.
POSTEI E SAI CORRENDO!!!
28/07/20
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