° PRÓLOGO
A NOITE ESTAVA escura e silenciosa, com apenas o suave balançar dos barcos ancorados no porto da vila. Colette, vestida com trajes simples mas que denunciavam sua profissão, finalmente retornou ao pequeno aposento que compartilhava com sua filha, Annika, após um longo dia de trabalho no bordel à beira do mar.
Annika, uma criança de oito anos com olhos brilhantes e cabelos roxos, estava sentada na cama, olhando para fora pela a única janela empoeirada do quarto. Ela se virou quando viu a porta se abrir, revelando sua mãe. Pulando da cama de madeira que tinha apenas com um colchão fino e velho, ela abraçou sua mãe.
— Mamãe, você está bem? — perguntou notando a mulher com uma expressão cansada.
Colette sorriu acolhedora, soltando seu coque que antes estava parecendo um ninho, e aproximando de Annika para a envolver em um abraço carinhoso.
— Estou bem, minha pequena. Só estou um pouco cansada. — contou tirando seus saltos que davam calos em seus pés.
— Eu não gosto quando você sai à noite, mamãe.
Colette afagou os cabelos de Annika com gentileza, tentando encontrar as palavras certas para explicar sua situação.
— Eu sei, querida, e eu também não gosto de deixar você sozinha. Mas estamos juntas nisso, não é? E um dia, teremos uma vida melhor, onde você não precisará se preocupar com nada disso e ter um lar. — comunicou notando as bochechas de sua filha suja de terra. — Andou brincando com o filho do vizinho de novo?
— Sim! — sorriu culpada. — Ele quer entrar pra Marinha mas não consegue nem segurar uma espada de madeira.
Colette riu enquanto se levantava atrás de uma toalha.
— Tem que aprender a se defender nessa vida, estão certos.
Annika assentiu, seu olhar refletindo uma sabedoria além de sua idade.
— Eu vou ser esperta, mamãe, como você me ensinou. E vamos encontrar um jeito de sair daqui, para longe dessas pessoas. — as pessoas sempre a olhavam com olhares julgadores.
As lágrimas começaram a brotar nos olhos de Colette, emocionada pela força e coragem de sua filha.
— Você é a luz da minha vida, Annika. E juntas, navegaremos para um futuro melhor, onde você terá tudo o que merece.
A pequena loira sorriu acreditando naquelas palavras, mas não era o que o destino guardava para ela. A sua história estava prestes a tomar um rumo ainda mais inesperado quando uma semana se passou desde daquela conversa e em uma noite, enquanto o vento uivava e as ondas do mar batiam com força contra as rochas, homens peixes invadiram o bordel. Annika, escondida em um canto escuro, observou horrorizada enquanto sua mãe lutava para se defender. Os gritos de Colette ecoavam pelo corredor, mas eram abafados pelo som do caos que se desenrolava.
Annika, estava impotente, vendo a mãe ser arrastada para fora pelos homens cruéis.
Uma hora depois de tudo estar destruído e muitos corpos pelo chão. Annika, com o coração pesado e os olhos embaçados pelas lágrimas, aproximou-se cautelosamente do local onde sua mãe, Colette, havia sido brutalmente levada. A cena diante de seus olhos era um pesadelo real: o corpo de Colette jazia no chão, cercado pela escuridão da noite e sangue. O rosto de Annika estava pálido e seus lábios trêmulos enquanto ela se ajoelhava ao lado de sua mãe caída. Ela segurou a mão fria de Colette, suas lágrimas caindo silenciosamente sobre o rosto da mulher que a havia criado com tanto amor.
— Mamãe... você não merecia isso.— ela fechou os olhos por um momento, recordando as palavras que sua mãe havia compartilhado naquela noite, há uma semana, palavras de amor e sonhos de uma vida melhor. — Mãe, eu prometo. Eu vou realizar o nosso sonho. Vou encontrar um lugar seguro para nós duas, e vou fazer justiça por você.
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