
11 | CONDENADA
ANOS ATRÁS
ALGUM TEMPO depois da morte de Colette, Annika Oakland estava sozinha no mundo e agora era forçada a seguir os passos de sua mãe na mesma profissão, e enfrentava um mundo sombrio e desolador. Ela tinha dezesseis anos, o povo a chamava de garota mais bela de Vogelfrei. Ela tirava as bebidas que alguns homens deixaram para trás, e passava um pano velho em cima da mesa. Dorotéia, a dona do bordel, que tinha por volta de seus quarenta anos, se aproximou mexendo nos cabelos roxos da garota.
— Está usando o que te indiquei? — ela havia dado um tipo de líquido que fazia os outros dormirem.
— Isso é óbvio. — disse revirando os olhos.
— Não faça essa cara, eu ainda tô te salvando de vários bastardos bêbados dessa espelunca. — respondeu a mulher colocando as mãos na própria cintura.
— Oh, desculpe se fico triste em viver nessa vida. — provocou indo pra próxima mesa. — E você não me salvou da primeira vez.
— Ele deu muito dinheiro pra ter uma noite com você, o que eu poderia fazer?
— Poderia ter dito não! — berrou como se fosse óbvio.
— Mas você disse que ele não foi além.
— Não foi, porque pelo visto o Senhor da Guerra tem senso e só quis me ajudar. — comentou dando um suspiro. — Eu quero ir embora daqui, Dorotéia.
Quem diria que Dracule Mihawk teria compaixão com a adolescente Annika. Ela tinha sido forçada a dar em cima dele e ele percebeu na hora que tipo de situação era aquela, então pagou uma noite com ela e ficaram conversando a noite toda, até ele ir embora da vila ao amanhecer. Com isso, muitos pensaram que ela não era mais pura, então não foi mais tão disputada, e ela só teve sua primeira vez depois de mais velha, com um cara que estava gostando, mas que não tinha dado futuro.
— Bem… pare de reclamar! Você vai embora quando pagar a dívida que sua mãe tinha aqui e aí, só aí, você pode dar adeus. — enunciou arrumando o decote. — Vamos abrir logo, se arruma!
Annika suspirou e foi para seu quarto, que antes era seu e de sua mãe. Ela tirou aquela camisa velha e suas calças soltas, vestindo um vestido roxo, com alças caídas e sapatilha. Ela pegou as maquiagens já bastante usadas e começou a se maquiar.
Ela finalizou dando um suspiro e forçando um sorriso para o espelho quebrado, mas então derramou suas lágrimas. Como ela sentia falta de sua mãe, e como queria apenas realizar o sonho dela, mas era impossível com ela estando naquele buraco. Limpando a maquiagem borrada, ela saiu do quarto velho, já vendo a casa cheia.
E em poucos minutos, um pirata bêbado a levou para o quarto, ele caiu em um sono profundo antes que qualquer dano pudesse ser feito. Faminta e desesperada, ela vasculhou o quarto em busca de algo para comer.
Raramente ela comia algo bom, e deve ser por isso que tinha um corpo magro, que parecia que com pouco esforço, quebraria. Bufando frustrada, ela olhou pro babado dormindo e se aproximou.
— Cê é mais pobre que eu, hein. — zombou é deu um tapa na cara do homem para ver se ele estava mesmo dormindo e de fato estava.
Seus olhos procuram por algo em volta e se fixaram em um saco que o homem levava consigo. Curiosa, ela se aproximou para ver o que tinha, e foi quando ela viu um baú misterioso, ornado com estranhos símbolos.
— O que temos aqui? — sussurrou.
Com o estômago roncando, Annika abriu o baú e encontrou uma fruta estranha, com cores e formas que nunca tinha visto antes. Ela a segurou nas mãos com curiosidade.
— É… dá pra ser. — Sem pensar duas vezes, ela a devorou, ignorando os riscos desconhecidos. A fruta tinha um gosto peculiar, a fazendo estranhar no início.
O que Annika não sabia era que aquela fruta era uma Akuma no Mi, e ao consumi-la, ela ganhou habilidades extraordinárias, mas também desencadeou uma série de transformações em sua mente. À medida que os dias passavam, ela começou a notar mudanças em si mesma. Sua agilidade aumentou, ela desenvolveu a capacidade de se mover silenciosamente como uma sombra, e sua intuição tornou-se afiada como uma lâmina.
No entanto, junto com essas habilidades, a insanidade começou a se infiltrar em sua mente. Annika começou a ver visões perturbadoras, ouvindo vozes sussurrando em sua cabeça. Às vezes, ela não conseguia distinguir a realidade da ilusão, e seus olhos sempre brilhavam, como um alarme quando iria se descontrolar. E quanto a sua busca por vingança contra os homens-peixe que haviam tirado sua mãe, agora estava impulsionada tanto pela necessidade de justiça quanto por uma crescente obsessão causada pela fruta do diabo. Annika sabia que estava mudando, e essa metamorfose era tão assustadora quanto empoderadora.
Após uma semana de convivência com sua insanidade crescente, em uma noite, que estava mais uma vez, escura e sombria. Annika estava sentada em um canto, observando enquanto algumas pessoas no bordel, principalmente Dorotéia, começavam a zombar de sua mãe, Colette, cuja memória era preciosa para ela.
Ela cutucava as suas unhas na mesa em sinal de nervosismo e tentava se distrair.
— Ela mereceu tudo o que teve. Ela se achava a última bolachinha do pacote, mas sabe o que ela era? Uma ranpeira. — a gargalhada cruel de Dorotéia soava em seus ouvidos.
E de repente, algo dentro de Annika quebrou. Um grito primal escapou de seus lábios, e ela se lançou sobre os zombadores com uma fúria que era mais do que humana. Suas habilidades sobrenaturais entraram em ação, tornando-a uma força imparável. Annika eliminou todos, sem distinção entre culpados e inocentes, e em seu rastro, havia apenas o silêncio da morte. Ela estava ensanguentada, suas mãos trêmulas e olhos selvagens cheios de dor e insanidade. Ela olhou para os corpos à sua volta, atônita com a carnificina que tinha causado.
— O que eu fiz? — sussurrou aterrorizada.
Ela não reconhecia a pessoa que se tornara. Sua insanidade havia a condenado, deixando para trás um rastro de destruição e morte. Annika agora enfrentava as terríveis consequências de seus atos, e assim como sua cidade se transformou em " Maré Vermelha ", ela ganhou o subtítulo de "A Dama Sangrenta ", porque ninguém sabia quem ela era, só que usava uma manta com capuz, enquanto sumia com um barco, entre a escuridão do mar.
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