✨-8-✨
🌟▫️BRUNNA ▫️🌟
- Acredita que aquela professora de Biologia quer acabar com a minha vida? – Eu reclamei num falso tom indignado enquanto me jogava no sofá com minhas maçãs, tentando esquecer a visão do inferno que era a Oliveira pelada.
- Eu acho incrível como a missão de todo o mundo é acabar com a sua vida, o que foi dessa vez? – Minha mãe respondeu num tom duvidosamente debochado.
- Não faça pouco caso, é sério. Ela me passou um trabalho gigante para eu fazer em dupla e a senhora sabe muito bem que minha parceira de carteira é a maldita Oliveira, isso quer dizer que além de aguentar a babaca nos encontros desnecessários que vocês fazem e no colégio, ainda vou ter que aturá-la durante esse trabalho. Ela vai chegar daqui a pouco. – Depois da minha última frase, minha mãe apareceu no umbral que dividia a cozinha e a sala e cruzou os braços.
- Você vai recebê-la naquele lixo que está o seu quarto? – Eu não entendia o tom indignado dela e meu quarto nem estava tão bagunçado.
- Qual é o problema? – Eu perguntei enquanto pegava outra maçã.
- O problema é que eu não criei filha porca. Há quanto tempo eu tenho falado para você guardar suas roupas? Eu lavei aquilo tudo, era só você guardar, mas você simplesmente as jogou em cima da cadeira e já está lá há uma semana. – Ela deu umas batidinhas com a colher de pau que ela segurava, na parede. – Anda, vai dar um jeito naquele quarto antes que a Ludmilla chegue! – Minha mãe às vezes podia ser tão exagerada...
- Mas mam... – O toque da campainha me interrompeu e eu fui correndo atendê-la enquanto ouvia minha mãe murmurar um "que vergonha".
- Oi, Bru! – A demo me pegou de surpresa com um beijo no rosto enquanto eu cerrava os dentes.
- Sem contatos desnecessários, Oliveira. – Eu murmurei enquanto dava espaço para que ela pudesse entrar carregando a mochila.
- Então você pode me espiar enquanto estou sem roupa e eu não posso te dar um mísero beijo no rosto? – Ela sussurrou de modo que minha mãe não pudesse ouvir - Tsc, tsc, tsc... você é injusta, Brunna... – Senti meu rosto pegar fogo ao ter certeza que ela havia descoberto meu estudo de terreno inimigo.
- Ludmilla, querida! Como você está? Acabei de fazer um bolo de baunilha, venha comer enquanto a Brunna termina de arrum... – Eu a interrompi e segurei a mão da Ludmilla enquanto a puxava escada acima.
- Mãe, temos que começar o trabalho logo, depois eu venho pegar bolo para nós. – Eu não ia ficar arrumando o quarto só por causa da imbecil.
- Estou bem dona Mia, como a senhora está? – Não tivemos chance de ouvir a resposta da minha mãe porque eu empurrei Ludmilla para dentro do quarto e tranquei a porta. – Você deveria ser mais educada com a sua mãe. – Ela murmurou colocando a mochila encostada numa das paredes.
- Cala a boca! Minha mãe iria ficar a tarde toda falando com você e quanto menos tempo ficarmos juntas, melhor. – Ela revirou os olhos antes foca-los em uma parte específica do meu quarto.
- Nossa! O que aconteceu com sua cortina? – Seu tom de voz era zombeteiro e eu senti meu rosto enrubescer porque ela sabia o que havia acontecido.
- Sem gracinhas, Ludmilla! Estamos aqui com o único propósito de você me ensinar a conquistar o Pedro. –Claro que eu não iria dizer para ela que meu outro propósito seria usar nossa proximidade forçada para afastar a Vanessa dela.
Eu ainda queria vingança por ela ter me roubado meu primeiro e segundo beijo.
- Tá! Tá! Oliveira. – Ela abanou a mão antes de pegar um porta-retratos, que eu logo tirei da mão dela. – Diga-me, pelo o que eu ouvi do seu papinho como Mello você estará presente na festa de Vanessa no sábado, não é? – Eu assenti sem poder acreditar que ele havia me convidado para a festa da Vieira. Eu me sentia eufórica e em pânico ao mesmo tempo.
- Aham.
- E eu também sei que você nunca foi a uma festa com o pessoal do colégio.
- Como você sabe? – Perguntei com as sobrancelhas erguidas e a vi desviar o olhar e pegar minha pelúcia de cereja.
- Eu sempre vou a todas as festas e nunca vi você por lá, simples. – Ela deu de ombros enquanto eu cruzava os braços e deixava que um sorriso nascesse em meus lábios.
- Você fica me procurando nas festas? – Ela continuou brincando com a pelúcia e sentou-se na ponta da cama.
- Você é a pedra no sapato que é minha vida, eu preciso estar atenta. – Franzi meus olhos para a imbecil.
- EU sou a pedra no sapato? – Gritei – Você é um demônio e eu sou a pedra no sapato? – Ela levantou a cabeça para mim.
- Acho melhor você abaixar esse tom de voz. Você quer que sua mãe venha aqui e descubra que não estamos fazendo trabalho coisa nenhuma? – Eu relaxei os músculos que nem sabia que estavam tensos.
- Ok, vamos começar logo com isso. – Ela sorriu e assentiu.
- Primeira coisa, com que roupa você vai à festa? – Eu já havia pensado numa roupa, por isso fui até o closet e peguei exatamente o que já havia pensado em vestir.
- Isso! – Joguei o macaquinho azul claro com mangas rendadas na cara dela. Segui até uma gavetinha e peguei um laço de tamanho médio preto e também joguei na cara dela.
Agora é a vez dos sapatos...
Pensei com um sorriso nos lábios enquanto pegava o par de ankle boots preto.
- Se você jogar isso na minha cara eu vou ir embora agora e farei questão de queimar o seu filme com idiota do Mello. – Ela avisou com uma carranca e eu desisti de jogar os sapatos na cara dela.
- Ok, o que achou? – Perguntei me referindo à roupa que havia escolhido. Eu não confiava no gosto da Ludmilla para montar looks, mas ela sabia do que Pedro gostava e era isso o que importava. Ela olhou as peças e suspirou.
- Brunna, por mais que eu ache que você fica uma gracinha com esse tipo de roupa, o babaca não vai achar isso. – Ela levantou-se da cama e se aproximou, fazendo com que eu desse um passo para trás. Eu não queria correr o risco dela vir me beijar de novo, eu não suportaria os lábios dela tocando os meus pela terceira vez.
Ela passou direto por mim e foi ao meu closet, onde começou a revirar as roupas.
- Você vai arrumar tudo o que bagunçar! – Avisei, enquanto ela continuava vendo as peças nos cabides.
- Eu não sou sua escrava, isso daqui já está uma bagunça. – Ela resmungou – Aqui! – Ela sorriu retirando um vestido preto com mínimos detalhes brancos, decote lateral e traseiro separados por uma alça larga e cavada que eu havia ganhado de presente no último aniversário.
- Não acha que isso está muito decotado? –Ela me olhou de cima a baixo e deu de ombros, jogando o vestido em cima da cama.
- Ainda bem que o decote é nas costas, porque se fosse na frente, pareceria que é nas costas porque você não tem peito. – Ah! Mas eu ia acertar um murro na cara dela! Avancei para cima da babaca com os punhos fechados, mas recuei no último instante porque eu precisava daquela idiota.
- Não é como se você tivesse muito peito também. – Resmunguei, olhando para o torso coberto por uma regata preta e justa.
Aquela criatura nunca usava sutiã?
- Você bem sabe, não é? Viu bastante enquanto ficou me espiando pela janela. – A idiota riu. – Diga-me Bru, você já pensou na possibilidade de gostar de garotas? – Meus olhos foram de seu torso para seus olhos zombeteiros.
- É claro que eu não gosto de garotas! Eu só gosto do Pedro.
Onde já se viu, pensar que eu gosto de garotas...
- Tem certeza? – Ela se aproximou de mim e colocou as mãos na minha cintura e eu a empurrei sentindo meu estômago se contrair.
- Não se aproxime Oliveira, quer levar outro socão no peito? – A idiota deu de ombros.
- Quem perde é você, aliás, seu beijo é horrível, teremos que treinar isso também. – Meus olhos se estreitaram.
- Como assim teremos que treinar o beijo? – Ela pegou a pelúcia novamente e começou a balançar pro lado e pro outro. Aquilo estava me dando nos nervos, por isso tomei o brinquedo das mãos dela. –Responda, Oliveira!
- Como você acha que se treinam beijos? – Ela perguntou de volta com as sobrancelhas erguidas.
- Usando gelo no copo ou uma laranja? – Ela revirou os olhos de novo. Eu queria que os olhos dela ficassem virados para sempre.
- Não, minha querida Gonçalves. A não ser que você queira passar vergonha, terá que beijar a tia Ludmilla aqui. – Ela respondeu, batendo o indicador de leve nos próprios lábios e um arrepio percorreu meu corpo de cima a baixo ao imaginar ela me beijando de novo.
- Eu não vou te beijar. – Afirmei com veemência.
- Você acha que o desejo da minha vida é receber seus beijos babados e desengonçados? Eu quase me afoguei na sua boca! – Eu ia fingir que não fiquei ofendida, mas eu fiquei.
- Você roubou dois beijos a força e ainda quer reclamar? Você sabe muito bem que você foi a primeira pessoa que eu beijei.
- O primeiro beijo foi um mero encostar de lábios, nem pode ser classificado como beijo e o segundo você correspondeu! – Ela retrucou e eu senti meu sangue começar a esquentar.
- Eu não correspondi! – Respondi cruzando os braços na frente dos seios.
- Claro que correspondeu! Eu senti muito bem sua língua passeando pela minha boca, e se eu não houvesse interrompido, nós ainda estaríamos naquela cabine provavelmente copulando.
- Quem na face da terra fala copular? – Eu impliquei tentando desviar do assunto porque talvez, só talvez, eu tenha ficado curiosa sobre como era beijar usando a língua.
- Se preferir eu posso dizer: fazer sexo, transar, fazer amor, foder, queimar couro, botar aranha para brigar... Meu vocabulário é extenso!
- Cala essa boca! Nós não estamos aqui para discutir. – Ela suspirou.
- Você tem razão, coloque este vestido. – Ela estendeu o vestido para mim e eu peguei sem discutir, indo em direção à porta do quarto. –Aonde você vai?
- Vou colocar o vestido, idiota!
- Troque de roupa aqui. Para todos os efeitos, nós estamos fazendo um trabalho de Biologia. O que sua mãe vai dizer se a vir saindo do banheiro com um vestido para festa?
- Eu não vou trocar de roupa na sua frente!
- Você é bastante hipócrita. Ficou me vendo trocar de roupa escondida, mas fica reclamando por trocar de roupa na minha frente? – Ela não iria me deixar esquecer aquilo? – Além disso, a não ser que tenha um pênis, você não tem nada que eu já não tenha visto. Anda logo com isso porque não vou ficar para sempre ao seu dispor.
- Tá bom, vira pra lá! – Ela bufou e se jogou de bruços em cima da cama, com a cabeça virada em direção a cabeceira. Eu retirei o short que vestia com os olhos grudados na idiota e quando fui passar o moletom pela cabeça, eu vi a merda que eu havia feito ao vestir uma roupa que eu havia ganhado quando tinha treze anos. Aquele cacete havia entalado na minha cabeça e eu estava com os braços erguidos tentando puxá-lo, mas sem sucesso. Ok, vestir aquilo não havia sido tão fácil, mas quando eu iria imaginar que precisaria trocar de roupa na frente da Oliveira? Chamar minha mãe estava fora de cogitação.
- Já terminou?
- Não! Não vire agora. – Eu respondi me sentindo sufocar pela roupa. Meu cabelo estava solto e pinicando todo o meu rosto. Cacete! Eu tentei puxar mais uma vez.
- Está tudo bem, aí? – Ai porra! Eu com certeza passaria a usar sutiã dentro de casa, era uma promessa.
- Me ajude aqui, Oliveira!
- Nossa, demos nosso primeiro beijo hoje e já nos vimos quase peladas, não acha que estamos indo rápido demais? Eu nem te levei para jantar ainda.
- Cala a porra da boca e tire logo isso, antes que eu morra sufocada! – Eu não estava enxergando nada, mas minhas células sentiram sua proximidade e uma brisa gelada parece ter entrado pela janela, porque senti todos os meus pêlos se arrepiarem.
- Eu me enganei, Gonçalves, você tem sim peitos e eles são bem bonitos. –Desgraçada! Ela estava se aproveitando da minha vulnerabilidade para ficar me olhando.
- Eu vou arrancar seus olhos Oliveira, olha pra cima!
- Estou olhando. – Quando o moletom finalmente passou pela minha cabeça eu dei de cara com a idiota olhando meus peitos com um sorriso sem mostrar os dentes plantado no meio da cara. Eu senti todo o meu corpo esquentar de vergonha e empurrei seu ombro, me virando para pegar o vestido.
- Já falei que te odeio?
- Já falei que seu traseiro é lindo? – Eu estava curvada em cima da cama, com o braço esticado para pegar o vestido, mas depois daquilo, levantei-me rapidamente e passei o vestido por cima da cabeça.
- Pronto, sua ridícula! Ficou bom? –Ela sentou-se na ponta da cama de novo.
- Sou míope, chega mais perto para eu olhar. – Eu franzi os olhos duvidando muito daquilo, mas ela falou tão sério que eu dei dois passos à frente enquanto a idiota dava um sorriso.
- Vire de costas. – Ela pediu me analisando e não parecia estar fazendo gracinha, por isso, fiz o que ela pediu.
- Acabou a análise? – Perguntei olhando-a por cima do ombro. – Para de olhar para minha bunda, Ludmilla! – Ela imediatamente levantou os olhos.
- Desculpe, foi inevitável. Sim, eu acabei a análise e eu acho que está muito indecente, vai chamar muito atenção, melhor você ir com o macaquinho.
- Vai chamar a atenção?
- Sim. – Ela falou olhando para as unhas, que raspavam o lençol.
- Então eu vou com ele! – Seu olhar se desviou para o meu rosto.
- O quê?
- Você é surda? Eu vou com ele! Anda, agora me ensina a fazer uma maquiagem para combinar. Eu tenho que admitir que se tem uma coisa que você faz certa nessa vida é maquiagem. – Eu fui até a pequena penteadeira que eu usava como porta-tudo, peguei um nécessaire contendo alguns itens de maquiagem, e sentei na cadeira.
- Achei que eu fosse a professora aqui. – Ela resmungou, mas tomou o nécessaire da minha mão e espalhou toda a maquiagem sobre o tampo da penteadeira. Com um gesto ágil, foi ao meu closet, pegou uma toalha e colocou ao redor dos meus ombros prendendo-a ao meu pescoço.
- Temos de ter cuidado com o vestido – Explicou com um ar profissional. – Não quero sujá-lo. – Ela me avaliava com olhar crítico. A expressão séria se atenuou, e ela sorriu, encontrando meus olhos. — Você não precisa de muito. Seu rosto é perfeito. Vou apenas realçar alguns traços. Erga a cabeça e feche os olhos. – Eu fiz o que ela pediu. – E a boca também, Bru.
Eu obedeci e senti os dedos em meu rosto. Para uma garota tão bruta, estúpida, grosseira, idiota e babaca, o toque era incrivelmente leve e gentil. Abri os olhos e vi o rosto a poucos milímetros do meu. Aquele olhar intenso provocou uma onda de calor no meu corpo sem que eu pudesse conter. Ludmilla estava quase sobre mim, suas pernas desnudas estavam abertas de modo que ela quase sentava em meu colo. Eu me encolhi involuntariamente, afastando-me do contato, mas não havia para onde fugir.
Então, fechei os olhos novamente, tentando relaxar. A voz dela era suave, mas rouca e falha enquanto explicava o que estava fazendo, ou pedia que virasse a cabeça para o lado. A respiração quente acariciava meu rosto, aquecendo-o.
- Pronto – Ela disse, retirando a toalha. - Você está perfeita. – Ela se afastou e avaliou-a com um sorriso satisfeito, mas ele se desfez. – Perfeita até demais.
Eu a encarei, hipnotizada pela veemência que identificava nos olhos castanho claro. Ela ainda estava muito próxima.
- Você tem olhos lindos, Oliveira. – Sussurrei, observando as pupilas se dilatarem. Eu não queria ter falado aquilo, mas foi involuntário.
Aquele era o momento oportuno para um beijo, se qualquer outra pessoa que não fosse Ludmilla Oliveira da Silva estivesse diante de mim. Ela piscou, riu e se levantou.
- Venha! – Ela puxou minha mão e me levou até o espelho, colocando-se atrás de mim. – O que achou?
A imbecil sabia o que estava fazendo. Eu estava linda, como nunca estive antes. O vestido realçava cada curva minha, sem me deixar vulgar e a maquiagem era discreta, mas ao mesmo tempo mostrava cada ponto positivo do meu rosto. Eu olhei para seu rosto refletido no espelho e nossos olhos se encontraram.
- Você acha que o Pedro vai gostar? – Ela se afastou e pegou a mochila encostada na parede.
- Sim, ele vai gostar, agora tenho que ir porque preciso pensar em alguma coisa para vestir. Preciso estar maravilhosa para Vanessa. Amanhã nós continuamos.
Como se eu fosse deixar você ficar com a Vanessa e ser feliz...
- Você nem sabe se ela gosta de garotas, como quer ficar com ela? – Ludmilla já estava saindo pela porta, mas parou e se virou para mim com um sorriso bastante presunçoso.
- Meu bem, não existe mulher hétero quando se trata de Ludmilla Oliveira. – Ela piscou e saiu.
Idiota.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro