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🌟▫️BRUNNA ▫️🌟
Chega um momento na vida em que você corre e se fode ou fica parada e se fode do mesmo jeito e esse momento chegou para muitos presentes na sala de Yris. Quando eu digo muitos presentes, eu quero dizer só Yris mesmo, mas não queria jogar isso na cara e parecer uma pessoa horrível.
Porque eu não era uma pessoa horrível, só estava com um pouco de vontade de rir, mas era por causa do nervosismo.
- Para começar, Ludmilla nunca foi minha namorada. - Yris explicou a Lilly depois de alguns instantes de silêncio.
- Aleluia! - Eu não consegui evitar exclamar o quanto me senti aliviada por sair daquele personagem que era só amiga da minha namorada. Fui até Ludmilla e a abracei, beijando de leve seus lábios antes de voltar-me para Lilly. - Eu sou a namorada e futura mãe dos nossos filhos, mas ela também será mãe.
Ela precisava estar ciente de que meu futuro ao lado de Ludmilla era muito promissor. Eu me desviei da minha namorada por alguns instantes para ir até Clara e pegar a bandeja com sanduíches antes de segurar a mão da minha namorada e fazê-la sentar no lugar que Fernanda havia desocupado no sofá. Assim que ela se sentou, eu sentei em seu colo e Yris olhou para mim e fez uma careta que eu não entendi antes de voltar-se para a sobrancelhuda.
- Continuando... eu pedi a Ludmilla para fingir ser minha namorada para que você não desconfiasse que eu estava apaixonada por você.
Ludmilla me abraçou pela cintura e apoiou o queixo em meu ombro enquanto eu estendia um sanduíche para Camila e dava um pouquinho do meu para a minha namorada linda antes de enfiar o resto na boca porque ele era pequeno demais.
- Você era apaixonada por mim? - Lilly perguntou como se não pudesse acreditar naquilo.
- Sim. - Yris respondeu assentindo.
- Bru... - Ludmilla sussurrou no meu ouvido, fazendo um arrepio percorrer todo o meu corpo.
- Oi, amor! - Eu sussurrei de volta.
- Posso tirar umas quatro camisas? Eu estou sufocando. - Eu assenti e coloquei a bandeja com os sanduíches em cima da mesinha de centro antes de me virar para ela, segurando a primeira camisa para que ela não corresse o risco de apresentar um show grátis para todo mundo naquela sala.
- Por que você não me contou que era apaixonada por mim?
- Porque eu não queria correr o risco de te perder por causa disso.
Ainda bem que minha vida amorosa era muito bem resolvida.
- Você deveria ter me contado e resolveríamos isso juntas. - Lilly se aproximou de Yris e segurou seu rosto entre as mãos. Não acho que ninguém além de mim percebeu o momento em que Aline saiu da sala. Eu me virei para minha namorada e lhe beijei.
- Apenas fique aqui e me conte tudo depois, mais tarde eu te explico. - Levantei discretamente e fui atrás de Aline, entrando no quarto no exato momento em que ela ia fechar a porta. - Venha comigo! - Eu falei, segurando seu pulso e a puxando para fora do quarto, verificando se meu dinheiro e celular estavam dentro do moletom antes de passar pela sala. - Aline e eu vamos comprar lenços umedecidos para Natan porque ela acabou de ver que o estoque dele acabou. - Eu anunciei sem olhar para ninguém e arrastei Aline para fora do apartamento. - Você quer conversar sobre ou prefere só andar mesmo?
- Por enquanto eu só quero andar. - Ela respondeu já sabendo ao que eu me referia.
Andamos por cerca de quinze minutos em silêncio, compenetradas em nossos pensamentos. Aproveitei aquele tempo para refletir sobre os meus últimos meses e em tudo o que aconteceu entre Ludmilla e eu para que pudéssemos chegar onde estávamos e agradeci a Deus por tudo ter dado certo, digo, eu sabia que ainda iríamos enfrentar muitas coisas ruins, mas o que passamos me deixou ciente de que éramos fortes para enfrentar tudo juntas.
- Eu acho que devo me mudar. - Aline falou quebrando o silêncio e de longe eu vi uma cafeteira.
- Vamos tomar um chocolate enquanto conversamos. - Nós fomos até a cafeteria e eu pedi dois chocolates quentes e uns trinta biscoitinhos depois de Aline alegar que não queria nada. Eu iria dar um dos chocolates para ela. - Então, você acha que se mudar é a melhor opção?
- Eu não sei de nada. - Ela apoiou a cabeça na mesa.
- O que você sente por ela exatamente? - Entender aquilo era o primeiro passo para tentar ajudá-la. Ela levantou a cabeça e me fitou, apoiando o os cotovelos na mesa.
- Eu gosto de tudo nela.
Está fodida.
- Continue...
- O modo como ela está sempre lá para me ouvir, o jeito carinhoso com que ela trata Natan e eu, a alma artística dela, o jeito de bad girl, o sorriso dela, que nunca chega a ser um sorriso...
- Você já pensou em conversar com ela? - Eu perguntei com cuidado.
- Não há o que conversar, você estava lá na sala também e sabe muito bem que ela não sente nada por mim, além disso, eu não quero prejudicar a nossa relação. - Ela parou de falar quando o garçom trouxe nosso pedido.
- Obrigada! - Eu olhei para o meu pedido e percebi que estava com muita fome. - Poderia trazer mais trinta biscoitinhos? - Ele assentiu antes de se retirar e eu voltei minha atenção para Aline. - Pode continuar.
- Nós moramos juntas e seria uma completa merda... - Ela parou de falar quando seu celular começou a tocar. - É ela, o que eu faço?
- Atenda!
- Eu não quero falar com ela agora.
- Se você não atender ela vai perceber que tem alguma coisa errada.
- Oi Yris... - Ela atendeu olhando para o meu rosto. - Brunna estava com fome e paramos para comer alguma coisa, está tudo bem? [...] Quando eu chegar em casa, conversaremos direito. Beijo! -Ela desligou o telefone. - Ela queria saber se aconteceu alguma coisa. - Ela grunhiu. - Eu odeio esse jeito dela sempre preocupada comigo... ela não colabora!
- Sei bem do que você está falando... - Falei pensando em Ludmilla e o modo como ela sempre se preocupou comigo, mesmo quando eu não merecia.
- Sabe, eu sei que não tenho chances com ela, digo, eu nem sei mais como é estar em um relacionamento. - Ela evidente a frustração em sua voz. - Eu tenho que focar no meu trabalho e no meu filho e esquecer essas paixões adolescentes...
- A gente não consegue controlar o coração, Aly... Se você tiver que ficar com Yris, vai acontecer. Quando Ludmilla se declarou para mim, eu fui a pessoa mais estúpida e ridícula do mundo com ela... repudiava qualquer tipo de sentimento romântico relacionado a ela e agora eu sinto vontade de morrer só de pensar em ficar longe dela... - Aline sorriu.
- Sabe... eu lembro do desespero da Ludmilla quando veio nos contar que achava que gostava de você. - Eu me inclinei sobre a mesa, bastante interessada naquele assunto.
- Como foi?
- Você já presenciou alguma crise de ansiedade da Daiane, certo? - Eu assenti. - Então, com a Ludmilla, foi um pouquinho pior que aquilo. - Ela bebericou o chocolate e eu até deixei ela pegar um dos meus escassos biscoitos. - Nós havíamos marcado uma festa do pijama na casa da Lauren e ela chegou atrasada, suando... parecia que ela iria cair dura a qualquer momento. Ela contou que havia ficado a tarde toda refletindo sobre o que sentia por você e concluiu que não podia "gostar daquela idiota", porque vocês viviam brigando e tal. - Eu sorri, imaginando a cena. - E então ela começou a chorar, para dizer a verdade, ela chorou a noite toda dizendo que se odiava por gostar de você porque você era uma estúpida. - Meu sorriso morreu.
- Ela que é uma estúpida.
- Vocês brigavam desde o segundo que se conheceram. - Ela falou como se justificasse, mas não justificava.
- Mas porque ela me xingou porque eu inocentemente vi quando ela estava cagando na caixa de areia do gato.
- Eu me lembro quando a Silvana contou pra gente esse episódio... bem, depois de ter concluído que gostava de você, a Ludmilla surtou porque não sabia como consertar todos os anos de brigas.
- Ela não consertou.
- Eu sei, ela decidiu só ficar perto de você, do jeito estranho dela e nenhuma de nós podíamos ajudar porque éramos tão inexperientes como ela.
- No final deu tudo certo, digo, ainda não estamos no final, mas tem dado tudo certo.
- Sim... Eu fico feliz por vocês duas porque vocês são perfeitas juntas. - Eu segurei sua mão por cima da mesa e apertei. Minha namorada sabia escolher amigas.
- Seu momento também vai chegar, deixe as coisas acontecerem naturalmente...
- Sim, eu sou vou seguir o curso do rio e ver no que vai dar...
Ficamos conversando por um longo tempo e depois voltamos para o apartamento de Yris. Só minha namorada e Yris estavam lá porque Taylor havia ido buscar Lilly e eles fizeram as pazes. Yris contou que Lilly reagiu bem com toda a verdade e elas decidiram esquecer o assunto e continuar a amizade. Camila havia recebido uma ligação da mãe dela dizendo que era para ela ir urgentemente para casa e ela aproveitou e levou Clara para casa.
Ludmilla e eu decidimos deixar Aline e Yris terem o momento sossegado delas e fomos para a casa da minha namorada.
- Qual deles você vai querer? - Eu estava ajoelhada na cama de Ludmilla, segurando duas barras de chocolate diante de seus olhos. - Temos de chocolate ao leite com avelãs e chocolate branco.
- Chocolate branco não é chocolate. - Ela disse, segurando a compressa de água morna em cima do útero que eu havia entregado a ela instantes antes.
- Claro que é chocolate, está escrito na embalagem que é chocolate então é chocolate.
- Mas não tem cacau, então não é chocolate.
- É chocolate sim, para de ser teimosa... eu não vou discutir com você, qual delas você quer? - Eu perguntei mais uma vez.
- Nenhuma, estou ficando gorda! - Ela reclamou cruzando os braços em abaixo dos seios.
- Você está gostosa, e eu amo o seu corpo. - Eu afirmei lamentando o fato dela estar em seus dias sangrentos porque não dava para eu mostrar a ela o quanto eu amava o corpo dela.
- Para de mentir, eu devo ter engordado uns dez quilos. - Eu larguei os chocolates em cima da cama, me sentei em cima das coxas cobertas pelo moletom xadrez e segurei seu rosto entre minhas mãos, fazendo-a olhar para mim e verificar a verdade em minhas palavras.
- Você pode pesar mil quilos que eu vou continuar amando cada pedacinho de você, digo, se você pesar mil quilos eu vou amar cada pedação de você, mas ainda assim eu vou continuar te amando. - Eu beijei seus lábios brevemente. - O fato de você ter engordado um pouquinho mostra que você está saudável de novo, amor, você pode não ter percebido, mas você perdeu muito peso por causa da doença... eu gosto muito mais de você assim. - Ela sorriu para mim e eu tinha certeza que sua expressão refletia o meu rosto porque eu também estava sorrindo.
- Eu já disse que te amo? - Eu me ergui e fingi pensar.
- Faz uns dez minutos desde a última vez. - Falei, deitando-me ao seu lado e entregando as duas barras de chocolate a ela antes de deixar minha cabeça em seu peito e ligar a televisão.
- Eu te amo, Bru! - Ela sussurrou para mim, beijando a minha testa.
- Eu te amo, amor!
🌷▫️DAIANE ▫️🌷
Eu quase atropelei um cachorro enquanto pedalava com toda a velocidade possível em direção ao meu destino. Eu não conseguia tirar aquele beijo estúpido entre Fernanda e Piu-piu da minha cabeça, nem toda a gelatina que comi conseguiu-me distrair e eu não consegui nem olhar para o meu vídeo game.
Eu precisava conversar com Fernanda.
Reafirmando aquilo, eu aumentei mais ainda a velocidade das minhas pedaladas e precisei frear bruscamente ao notar que já havia passado da casa da 'pijamuda'. Joguei a minha bicicleta em cima de umas flores que havia no quintal dela e marchei até a sua casa, onde afundei o dedo na campainha.
Instantes depois aquele ser maravilhoso abriu a porta, com os cabelos desgrenhados, o rosto vermelho e...
Eu senti minha pressão subir e meu peito acelerar.
ELA ESTAVA USANDO O PIJAMA DE SATANÁS COM ESTAMPA DO HOMEM ARANHA.
- Daiane, você está bem? - Ela me perguntou com cuidado enquanto eu tentava focar no meu propósito inicial.
Eu inspirei fundo, fechei os olhos, contei até dez e os abri de novo.
- Eu não quero você jogando vídeo game com a Yris, não quero você beijando a boca dela e muito menos usando esse pijama na frente dela. - Eu podia jurar que havia deboche na expressão dela.
- E por que eu obedeceria a você?
- Porque eu estou pedindo.
- Você não está pedindo, você está impondo. - Ela me acusou.
- E se eu pedir?
- Por que você pediria isso? - Ela perguntou fechando a porta atrás de si, oferecendo a toda vizinhança a visão do seu pijama. Eu abri a porta e a empurrei para dentro, batendo a porta com força antes de responder.
- Porque só eu quero poder jogar vídeo game com você, só eu quero poder te beijar e só eu quero poder te ver com esse pijama ou com qualquer ouro pijama que você tenha. - Falei de uma vez e ela ficou estática por alguns instantes.
- Isso quer dizer que você gosta de mim? - Ela me perguntou devagar.
- Eu acho que sim, não é? - Eu perguntei, mas eu sentia que gostava dela.
- Você acha? - Ela cruzou os braços e eu tentei não olhar o decote dela para não morrer.
- Eu gosto, tá legal? Eu não queria pensar nisso, na possibilidade de eu ter gostado de duas garotas ao mesmo tempo, mas eu gostei, eu gosto, gosto pra caralho! - Eu gritei sentindo meu coração se acelerar mais ainda, pensando na possibilidade de que talvez eu fosse cardíaca.
Fernanda começou a rir. Rir de mim, da minha pessoa, do meu ser, da minha figura.
- Do que você está rindo? - Perguntei enquanto ela ainda ria, perfeitamente linda, mas ainda sim rindo de mim.
- Estou rindo porque eu estou feliz. - Ela rodeou o meu pescoço com um braço e usou o outro para tirar o óculo do meu rosto e colocar sobre o dela, deixando-a mais perfeita ainda. Eu não me contive a abracei, sentindo meu corpo inteiro formigar no instante em que ela beijou meus lábios. - Vamos lá para cima jogar!
Eu assenti e beijei seus lábios mais uma vez, sentindo meu corpo completamente calmo e a segui.
Eu adorava jogar.
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