✨-68-✨
🌟▫️BRUNNA▫️🌟
Era hora de, mais uma vez, eu colocar meu dom interpretativo em ação.
Abracei o travesseiro que Ludmilla havia me entregado e desci as escadas do apartamento de Yris, sabendo que Ludmilla estava atrás de mim também carregando um travesseiro como o disfarce perfeito para justificar nossa ausência.
Camila foi a primeira a notar a nossa presença e olhou para mim e sorriu sem mostrar os dentes antes de se virar na direção das meninas.
- Daiane, quanto em média pesa um travesseiro? – Daiane, que até então tinha os olhos grudados em Fernanda, virou-se para Camila e franziu as sobrancelhas.
- Depende muito do material, por quê? – Camila virou-se para mim novamente e sorriu, enchendo a mão com salgadinhos.
- Porque eu acho que os travesseiros da Yris são de chumbo. Ludmilla e Brunna só conseguem carregar um, quando na verdade, seriam capazes de carregar uns trinta. – Ela respondeu enfiando todo o salgadinho na boca.
Vadia.
- Nós só achamos esses, sua idiota! – Eu respondi para aquela traidora que deveria estar me ajudando. Como resposta, ela arremessou um travesseiro na minha cara sem eu merecer.
- Idiota é você! – Ela resmungou e voltou a atenção para as garotas novamente. – Então Yris, conte como a Ludmilla a pediu em namoro.
Camila era a funcionária do ano do satanás. Eu poderia apostar que no mural de fotos de melhores funcionários do inferno, estava todo ocupado pelas fotos de Karla Camila.
Como eu, inocente e bondosa do jeito que era, me tornei melhor amiga daquela criatura?
- Não é o momento certo para conversar sobre o meu namoro, Camila. – Yris respondeu com uma careta.
- Ludmilla e eu vamos preparar alguma coisa para todas comermos. – Clara interveio e puxou minha amiga namorada em direção à cozinha, provavelmente querendo saber o que estava acontecendo.
Eu me preocupei por Daiane falar alguma besteira e estragar o nosso disfarce, mas ela parecia tão concentrada demais em seus próprios pensamentos para notar nossa mentira.
- Lilly, quer conversar sobre o que aconteceu? – Yris perguntou abraçando a sobrancelha de bigode pela cintura, que olhou para ela antes de encostar a cabeça no ombro dela.
- Não, agora eu só quero esquecer aquele idiota. – Ela virou-se de frente para Yris e a abraçou pelo pescoço. – É melhor eu ir embora porque eu não quero atrapalhar sua reunião.
Estava na cara que ela não queria ir embora.
- De maneira nenhuma! – Yris protestou. – As meninas não se importam se você ficar, não é? – Ela virou a cabeça, nos olhando por cima do ombro e eu aproveitei logo incorporei minha personagem.
- Claro que não queremos que você vá, fique com a gente Lilly! – Eu praticamente implorei e até juntei as mãos em sinal de reza para enfatizar as minhas palavras. As outras meninas, menos Aline, também pediram para Lilly ficar.
- Obrigada meninas, eu realmente precisava de companhia hoje. – A filhote de Eugene Levy falou, sorrindo como uma boneca inglesa.
- Eu vou precisar de uma camisa emprestada. – Minha amiga namorada falou entrando na sala de repente.
A panaca não estava me ajudando.
Ludmilla estava com a camisa completamente molhada, parecia que havia sido atropelada por um tsunami. Os peitos inchados pela visita sangrenta estavam completamente evidentes e arrepiados e minha garganta ficou seca. Eu precisava beber água, a água que estava no corpo dela.
Redondos, quase médios, macios, lambíveis, apertáveis, meus... os peitos da minha namorada amiga eram lindos iguais a ela e... E ESTAVA TODO MUNDO OLHANDO!
Eu marchei até aquela estúpida exibida com o travesseiro ainda em mãos e coloquei-o em frente àqueles peitos estupidamente lindos.
- Vá colocar umas cinco camisas agora, Ludmilla Oliveira! – Eu queria gritar, mas eu apenas falei, sentindo meus dentes trincarem porque eu naquele momento era apenas amiga dela. Eu a empurrei pelos ombros em direção ao quarto de Yris e ela foi sem reclamar, eu me virei para as garotas, tendo todos os olhares sobre mim e sorri amarelo – Vocês sabem que o pulmão precisa de proteção... – Aquilo não era mentira porque minha namorada amiga ainda estava sob cuidados médicos.
- Fernanda! – Daiane chamou, cutucando-a com o cotovelo. – Acho que não vai dar para vermos a série aqui, por que não vamos lá pra casa? – Eu acho que ela tentou sussurrar, mas eu tinha sérias dúvidas se Daiane conseguia sussurrar porque todo mundo conseguiu ouvir o que ela galou.
- A gente vai assistir daqui a pouco, Daiane. – Yris respondeu e Daiane olhou para ela com as sobrancelhas franzidas.
- Seu nome é Fernanda?
- Eitaaaaa! – Camila falou, lendo o meu pensamento.
- O que está acontecendo com você hoje? – Yris perguntou voltando toda a atenção para Daiane, sem alterar o tom de voz. – Tem algum problema comigo que eu não saiba?
- Me diga você, sua oferecida! – Day retrucou.
- Oferecida? – Yris franziu as sobrancelhas enquanto eu me aproximava do sofá onde Camila estava deitada e me sentei na pontinha disponível dele, pegando um punhado do salgadinho de Camila.
- Você está se esfregando na Fernanda não é de hoje! – Daiane gritou.
- Daiane, se acalme... – Fernanda interveio e se aproximou de Daiane, que desviou do seu toque.
- Eu estou muito calma! – Daiane berrou se levantando do sofá. – Eu nem deveria estar aqui. – Ela marchou até a própria mochila e a abriu. – Eu deveria ter aceitado quando Alexa me convidou para tomar sorvete com a Josefina... – Ela retirou da mochila os óculos sem lentes e colocou no rosto.
Por que ela havia feito aquilo?
- Josefina? Aquela vadia que gosta de você? – Fernanda gritou, se levantando do sofá também.
- Ela mesma, qual é o problema?
Era errado eu estar gostando de assistir aquilo? Talvez eu merecesse mesmo ser amiga da Camila.
Fernanda abriu a boca para responder, mas fechou-a depois de alguns segundos parecendo muito cansada.
Fiquei com pena.
- Quer saber? – Ela perguntou em voz exausta. – Vá com a Josefina, com a Vanessa, com a Aline.. com quem você quiser, porque eu cansei de ficar igual uma idiota esperando você reparar em mim...
- Mas eu reparo em você! – Daiane respondeu com as sobrancelhas arqueadas.
- Eu não estou falando da droga de um pijama, Daiane, eu estou falando de quem eu sou, Fernanda, a babaca que tem uma queda por você desde o ano passado.
O salgadinho que eu estava levando até a boca, caiu da minha mão depois de ouvir aquilo.
- Como assim desde o ano passado? – Daiane perguntou.
- Por que você acha que eu fui te pedir ajuda com a matéria de Biologia?
Eu iria adicionar essa cena a um dos roteiros de sucesso que eu iria escrever.
- Por que você era horrível? – Daiane perguntou com um encolher de ombros.
- Eu não sou horrível em matéria alguma, Daiane, eu te pedi para me ajudar porque queria me aproximar de você... quer saber, esqueça isso. – Ela pegou a bolsa em cima da mesa de centro e seguiu em direção a porta, mas parou o percurso ao estar na frente de Yris, que assim como todas nós, também observava a cena estupefata. Ela observou o rosto da garota careca por alguns instantes antes de segurar o queixo dela e tascar um beijão nela. – Depois vá jogar vídeo game lá em casa qualquer dia...
- Uma, duas, três, quatro, cinco... pronto Bru, coloquei as cinco camis...
- Shrr! – Eu falei para a minha namorada amiga enquanto via Fernanda ir embora.
- Eu também estou indo embora! – Daiane anunciou, colocando a mochila nas costas e indo a até a cozinha, logo voltando com um tupperware com alguma coisa não identificável dentro e parando em frente a Yris. – Vou levar a gelatina que eu trouxe porque eu não quero certas pessoas.. – Ela olhou para Yris de cima a baixo. – Comendo a gelatina que minha mãe fez. – Ela concluiu antes de sair e eu fui correndo até a janela esperando ver se Fernanda e Daiane iriam se esbarrar do lado de fora, mas não aconteceu porque Yris morava no primeiro andar do prédio e havia dado tempo de Fernanda ir embora.
Eu virei-me para as meninas, vendo o exato momento em que Clara chegou à sala carregando uma travessa com vários sanduíches e olhei para minha namorada amiga.
Por que ela estava vestindo mais de uma camisa?
- Eu não quero ser intrometida – Lilly começou. - Mas alguém poderia me explicar o que acabou de acontecer aqui?
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