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⭐▫️BRUNNA ▫️⭐
Filha da puta!
Como ela teve a coragem de me beijar? Merda! Eu havia sonhado com o meu primeiro beijo durante toda a vida e a maldita havia feito a questão de estragar até aquilo.
Correndo desnorteada pelos corredores, finalmente voltei para uma das áreas que eu conhecia e me enfiei no primeiro banheiro que vi. Lavei meu rosto com a água fria e com as costas da mão, esfreguei minha boca furiosamente diversas vezes com o intuito de tirar qualquer resquício de Ludmilla Oliveira dos meus lábios.
Porra! Aquela merda não estava adiantando.
Eu ainda podia sentir a macieis dos lábios daquela cretina contra a minha boca. Olhei para meu reflexo no espelho e minhas pupilas ainda estavam dilatadas de ódio. Desci o olhar para meus lábios e eles estavam mais vermelhos por eu tê-los esfregado, mas ainda pareciam os mesmos. Lentamente passei os dedos trêmulos sobre eles e a pressão feita por mim em nada se assemelhava ao que eu senti quando Ludmilla os tocou. Fechei os olhos, lembrando-me do ocorrido há poucos minutos. Revivi cada sensação e senti meu abdômen tremular de ódio e um arrepio percorrer toda minha espinha.
- Maldita! – Sem que eu pudesse me controlar, bati meus punhos de encontro ao mármore frio da pia.
- Você está bem? – Virei para o lado e vi quem eu menos esperava ali, aliás, eu nem havia notado que tinha alguém no banheiro.
Vanessa Vieira me fitava com as sobrancelhas franzidas e um sorriso simpático no rosto. Ela tinha um sorriso lindo, será que era por isso que Ludmilla era apaixonada por ela?
Ah! Ludmilla...
Um sorriso brotou em meus lábios em meio àquela desgraça.
- Eu só estou de TPM. – Eu limpei as lágrimas que haviam se misturado à água. – Você é Vanessa Vieira, não é? –Ela assentiu e eu seguei minha mão na calça antes de esticá-la. – Sou Brunna Gonçalves.
- Prazer, como você sabe o meu nome? Temos alguma aula juntas? -Ela inquiriu com as grossas sobrancelhas franzidas.
- Não fazemos nenhuma aula juntas. Eu sei seu nome porque minha amiga não tira o seu nome dos lábios dela. – Eu acenei para que ela se aproximasse e ela o fez sem questionar. Ludmilla iria se arrepender de haver me beijado. –Ela já me confidenciou que tem um crush enorme por você.
- Que amiga? Ela estuda aqui?
O plano era bem simples: eu contaria para Vanessa que Ludmilla gostava dela. Como Ludmilla era uma pessoa desprezível e Vanessa era hétero, todas as esperanças de Ludmilla virariam poeira e com sorte, ainda levaria um belo fora.
Eu tinha uma mente brilhante!
- Sim, talvez você a conheça. O nome dela é Ludmilla..... Ludmilla Oliveira, uma idio... uma aluna do último ano que participava do time de softball é alta, tem cabelo preto, olhos castanhos... – Vanessa ergueu as sobrancelhas e sorriu.
Espera! Ela sorriu? Por que ela estava sorrindo?
- Sei bem quem é, você tem certeza que ela gosta de mim? – Ela perguntou mostrando todos os dentes, com animação demais na voz.
Sem saber o que fazer, eu assenti devagar. Minha intenção era que Vanessa desprezasse Ludmilla ao saber daquilo e não que sorrisse daquele jeito. Se fosse eu no lugar da Vanessa, provavelmente iria ignorá-la com todas as minhas forças e não sorrir como se houvesse acabado de ganhar um bolo de chocolate.
- Obrigada pela informação, Brunna. Você não sabe o quanto ela foi útil para mim. – Ela me abraçou brevemente e por alguns segundos eu me esqueci de que ela estava ficando com o MEU Pedro.
Ela tinha que ser tão simpática?
Ela saiu do banheiro praticamente saltitando e eu fiquei igual uma palhaça tentando assimilar aquilo tudo. A única certeza que eu tinha, era que daquela vez eu realmente faria Ludmilla Oliveira invisível na minha vida.
Meu celular tocou e vi a foto da Clara iluminando o visor.
- Clara, chame a Camila e me encontre no banheiro perto dos laboratórios de informática, é urgente! – Eu não a deixei pronunciar nenhuma palavra e desliguei. Em menos de cinco minutos, elas chegaram e como o banheiro ficou vazio depois da saída de Vanessa, eu o tranquei e as puxei até um canto.
- O que você está fazendo aqui, Brun... – Eu me aproximei e as abracei.
- Foi horrível! Vocês não vão acreditar no que a cretina da Ludmilla fez dessa vez! – As mãos da Camila me afastaram enquanto Clara ainda me abraçava.
- Essa é a sua urgência? Vai pra puta que pariu, Brunna! Eu não acredito que você interrompeu minha conversa com o gato do Matthew para falar da Ludmilla.
O Matthew tinha cara de troll e não era nada gato, mas eu não diria aquilo para a Camila.
- Mas Mila... dessa vez ela passou dos limites! – Eu respondi inconformada com a postura indiferente da minha melhor amiga.
- Todas às vezes você fala isso. O que ela fez dessa vez? Respirou perto de você? Olhou na sua direção? Eu já estou cansada das suas briguin...
- ELA ME BEIJOU! – Aquilo fez Camila calar aquela boca enorme dela. Clara se desencostou de mim e levou as duas mãos à boca, com os olhos arregalados. Aquilo durou alguns segundos e antes que eu pudesse reclamar a falta de reação delas, a gargalhada da idiota da Camila ecoou por todo o banheiro.
- Eu sabia! E te falei que esse ódio entre as duas era tesão reprimido. Minha bunda linda está aguardando um beijo seu. – Ela colocou a mão na minha nuca e empurrou minha cabeça para baixo, em direção ao seu enorme traseiro.
- Para com isso, porra! – Eu me desvencilhei – Você não ouviu a parte do horrível? A filha da puta me violou, roubou o meu primeiro beijo. Tem noção do que é isso?
- O que aconteceu, Bru? – Clara questionou enquanto apertava o meu braço gentilmente.
- Ela se trancou comigo na salinha de limpeza e me agarrou. – Eu respondi sentindo meu ódio pela Oliveira reacender.
- Você sempre aumenta as coisas quando fala de Ludmilla. – Camila me acusou injustamente com as mãos na cintura. – Conta essa merda direito antes que eu vá pessoalmente perguntar a Ludmilla o que aconteceu.
Camila às vezes podia ser tão ridícula...
- A imbecil me arrastou até uma salinha para propor um acordo estúpido. – Eu resmunguei. – Ela disse que iria me ajudar a conquistar o Pedro porque ela é a fim da Vanessa Vieira e a Vanessa está ficando com o Pedro.
- Eu espero que você tenha aceitado o acordo porque a Oliveira exala sex appeal enquanto você exala cheiro de frango. – Imediatamente eu levei meu nariz até minha axila e inspirei.
- Eu não tenho cheiro de frango.
- Tá para nascer gente mais burra que você, puta que pariu! – Ela meneou a cabeça como se desistisse de mim. – Eu quis dizer cheiro de covardia, Brunna.
- Vocês não ficaram surpreendidas pelo fato da Ludmilla gostar de uma mulher? – Eu inquiri após pensar na falta de reação das duas.
- Olha Brunna... para dizer a verdade, eu suspeitava que a Ludmilla pudesse gostar de garotas. – Clara disse, enquanto arrumava seu cabelo preto com mechas rosas.
- Ela tem a palavra SAPATÃO tatuada na testa, vai dizer que nunca percebeu? Só o jeito que ela olha para sua bunda já denuncia isso. – Clara assentiu em concordância. – Mas não muda de assunto. Você aceitou o acordo? Como ela te deu uns amassos? Você gostou?
Ludmilla tinha o costume de olhar pra minha bunda?
- Claro que eu não aceitei a merda do acordo. Por que eu iria confiar justo na Ludmilla para me ensinar a conquistar o Pedro? – Eu soava inconformada, mas a idéia de aceitar o acordo havia sim passado pela minha cabeça, porém elas não precisavam saber daquele detalhe. – Eu questionei o fato dela querer me ensinar alguma coisa sem eu nunca tê-la visto com ninguém e ela veio querer me dar uma prova da capacidade dela como professora, me empresando na porta e me beijando.
- Eu sabia que a Ludmilla tinha fogo no rabo! – Camila exclamou dando um soquinho na palma da própria mão. – E então, como foi o beijo? Ela usou a língua? Diga que ela usou a língua! Teve mão naquilo e aquilo na mão?
- Camila! – Clara e eu exclamamos ao mesmo tempo e eu senti minha cabeça zumbir com a imagem involuntária de nós duas que surgiu em minha mente.
- Você prefere ser espancada por ter interrompido minha conversa com o Matthew ou contar os detalhes do beijo que a Ludmilla te deu? – Eu preferi a segunda opção, óbvio!
- Ela me empresou na porta, encostou os lábios aos meus e depois deu uma mordida no meu lábio inferior, foi isso. – O sorriso de expectativa da Camila morreu no mesmo instante e até Clara pareceu decepcionada.
- Isso foi um beijo? Você ficou com esse cu doce todo por causa dessa merda? O beijo que eu dou na janela do ônibus enquanto estou dormindo é mais emocionante que isso. Eu deveria ter espancado!
- Olha Brunna, não é por nada não, mas isso não foi empolgante. – Senti minha cara assumir um formato de bunda com a reação delas e um bico enorme se formou na minha cara.
- Vocês falam isso porque não sentiram o que eu senti! – Eu resmunguei e vi Camila entortar a cabeça para o lado e franzir os olhos.
- E o que você sentiu? – Como eu ia explicar a sensação de raiva e nojo que tomou conta de mim? Eu inspirei fundo e tentei.
- Um tremor de horror percorreu meu corpo quando aqueles olhos de demônio olharam para minha boca e eu fechei os olhos. Todos os pêlos do meu corpo se arrepiaram de esgar quando eu senti seu corpo encostar em mim desde os meus pés até o peito. Vocês acreditam que a idiota estava sem sutiã? Ela nunca usa sutiã, já repararam? – Eu respirei fundo e continuei me sentindo cara vez mais indignada. – Enfim... Quando seus lábios tocaram os meus, eu senti algo explodir dentro de mim, era pura raiva, mas eu não consegui me mover. A pressão do beijo aumentou um pouco e ela tomou meus lábios entre os dentes, fazendo a porra desandar toda! Eu não poderia ter tido um primeiro beijo mais horrível! – Nesse instante eu já estava gritando sem perceber. Camila e Clara trocaram um olhar por alguns instantes e viraram suas cabeças para mim.
- Agora conseguimos entender o quanto foi horrível. – Por que o tom de voz da Clara parecia um pouco debochado?
- O pior beijo da história dos beijos! O que você fez depois? – Agora vinha a parte que eu mais gostava.
- Eu a empurrei contra a parede e um monte de vassouras caíram em cima dela, foi lindo e bastante cinematográfico. – Eu tinha uma visão bastante artística das coisas. - Então eu gritei que ela havia tornado meu sonho um pesadelo, falei que a odiava e mandei-a voltar para o inferno. – Eu terminei com um dar de ombros e as duas olharam-se mais uma vez.
Que porra de monte de olhar era aquele?
- Ah tá, legal! Nada com o que não estejamos acostumadas. Vamos para a aula porque já estamos atrasadas! – Camila agarrou minha mão enquanto Clara destrancava a porta do banheiro.
- Eu não quero olhar na cara dela, Mila! – Eu tentei me desvencilhar, mas ela apertou minha mão com uma força desnecessária. Aquela égua...
- Aposto vinte dólares contigo que a Ludmilla não estará naquela sala.
- Se você perder serão quarenta dólares, porque eu também aposto. – Até a Clara? Por quarenta dólares, eu podia correr o risco de esbarrar com a demônia.
- Apostado! – Eu já sentia o sabor da vitória em forma de toda comida que eu iria comprar assim que ganhasse a aposta.
☀️▫️LUDMILLA ▫️☀️
Eu fiquei durante um tempo naquela sala esperando que as lágrimas levassem a minha culpa embora, mas não adiantou nada. Eu me sentia culpada por ter feito o primeiro beijo da Brunna ser tão horrível e me sentia mais culpada ainda por não estar arrependida de tê-la beijado.
Chegava a ser cômica a forma que havia sido perfeito para mim enquanto para ela havia sido repugnante. Agora como eu ia fazer para consertar as coisas? Digo, não consertar, mas ao menos fazer voltar ao pé de guerra em que estávamos? Nunca havia sido tão grave. Eu nunca vi aqueles olhos maravilhosos inflamarem daquela maneira. Qualquer esperança que eu tinha de um dia estar em paz com Brunna havia se enfraquecido consideravelmente depois daquilo.
O que eu iria fazer?
- Pensa Ludmilla, pensa! – Eu murmurava para mim mesma enquanto batia minha cabeça contra a parede daquela salinha.
Deve ter dado certo, porque uma ideia surgiu em minha mente como uma perfeita assombração. A melhor forma de ficar perto da Brunna seria fingindo que nada aconteceu. Isso! Eu iria continuar perturbando a vida dela e com isso eu a teria perto de mim, mesmo que fosse arremessando coisas em mim.
Eu preferia o ódio à indiferença.
Eu sei, é confuso, mas eu sou confusa, as pessoas são confusas, o mundo é confuso. Então não me julguem porque isso de uma forma estranha, faz muito sentido na minha cabeça!
Saí daquela sala, escondi os sinais de choro com maquiagem e resolvi ficar passeando pelas áreas não monitoradas do colégio até a hora do almoço. Quando o sinal do almoço tocou, me dirigi ao refeitório.
Ao chegar lá, meu olhar buscou Brunna rapidamente pelo local e a vi numa mesa não muito distante com a Clara Garcia e a Camila Cabello, mas desviei-o assim que sua cabeça virou em minha direção.
- Ludmillaaaaaa! –Os braços magrelos da Daiane enlaçaram meu pescoço enquanto suas pernas delgadas rodeavam minha cintura.
- Que porra, Dai! –Tirei seus braços do meu pescoço e me virei para minhas melhores amigas.
- Onde você estava, Ludmilla? Nós a procuramos antes de irmos para sala e não te achamos em lugar algum. – Lauren estava junto dela e eu resolvi não contar sobre o episódio do beijo porque eu não queria o olhar piedoso delas.
- Eu não estava com vontade de sentir o cheiro de carniça daquele professor e resolvi dar uma volta por ai. – Dei de ombros.
- Ainda bem que eu não tenho aula com ele de manhã, eu vomitaria meu café da manhã todinho. – Dai reclamou ajustando os óculos no rosto magro.
- Do que adianta não vomitar o café, mas vomitar o almoço? – Lauren questionou.
- É verdade... –Dai assentiu e olhou para algo atrás de mim antes de suspirar. – Como uma coisa dessas pode ser tão perfeita? – Ela sorriu e inclinou a cabeça para o lado, quase me cegando com a luminosidade de seu aparelho dental. Eu me virei já sabendo a quem ela se referia: Vanessa.
- Eu não acho que ela seja tão perfeita assim, Brunna é muito mais bonita. – Eu resmunguei, vendo-a em pé no início da fila para comprar comida, conversando com suas amigas Camila e Clara e me virei de novo para minhas amigas.
- Camila é tudo de bom. – Lauren comentou, voltando seu olhar para onde eu sabia que Camila estava, almoçando com Clara e Brunna, mas não arrisquei um outro olhar na direção delas.
- Nós somos um bando de fodidas, só gostamos de quem não devemos. Digam-me, quando uma mulher linda daquelas vai querer alguma coisa comigo? – Eu olhei para minha melhor amiga e franzi o cenho.
- Eu já disse que não gosto de ouvi-la falar sobre si mesma assim, você é linda!
- Linda como o cu de uma galinha! Seria como se a Mulher Maravilha se apaixonasse por uma abóbora, além disso, eu tenho noção de que... – Seus olhos quase pretos se arregalaram e ela começou a estapear o meu braço com força. –Puta merda! Ela está olhando para cá! Olha está olhando para cá, caralho! – Ela começou a se jogar em cima de mim. – Me segura Ludmilla, eu vou cair!
- Pode cair Dai, o senhor Wilson passou desinfetante de lavanda no chão hoje. – Lauren comentou rindo. Aquela risada de neném.
- Cala a boca, Jauregay! – Dai continuou se jogando nos meus braços – Porra Ludmilla, me segura, meu coração vai parar! – Seus olhos se arregalaram mais ainda e pareceram gigantes por trás das lentes dos óculos. – Ela está vindo pra cá! Meu Deus...
- Olá, meninas! – Vanessa nos cumprimentou com um sorriso, mas eu percebi que o olhar dela estava fixo no meu rosto.
- Olá Vanessa, como vai? –Daiane praticamente berrou, fazendo Vanessa franzir as sobrancelhas e desviar o olhar para ela.
- Vou bem.... você é...? – Ela levantou as sobrancelhas, deixando a pergunta no ar.
- Daiane Oliveira – Ela secou o suor da mão na manga cumprida na camisa larga antes de estendê-la para Vanessa, que a apertou brevemente com uma careta.
- Você é nova por aqui? – Daiane meneou a cabeça freneticamente, com um sorriso ocupando quase todo o rosto.
- Não, eu faço todas as aulas com você desde o fundamental e sempre te dou cola nas provas de Saúde, Física, Álgebra, Ciências Sociais, Geometria... – Vanessa soltou um risinho fraco e eu não gostei de notar que ela não sabia quem era a minha amiga.
- Ah sim... – Ela se virou para mim sorrindo largamente. – Sábado eu vou dar uma festa lá em casa e eu gostaria muito que você...– Ela pigarreou. – Digo, vocês aparecessem.
- Nós adoraríamos! –Daiane berrou novamente e Vanessa nem olhou na cara dela, continuou com o olhar fixado no meu rosto.
- Ótimo! Me empresta o seu celular para eu colocar o meu número? Assim eu te passo todas as informações direitinho. – Ela perguntou para mim olhei para Daiane, que a admirava igual uma babaca.
- Meu celular está descarregado. – Menti enquanto cutucava minha amiga. – Daiane, empresta o seu celular para a Vanessa colocar o número dela. –Virei-me para Vanessa com um sorriso enquanto via o dela se transformar numa espécie de careta. – Passe as informações para Daiane e sábado apareceremos lá. – Ela pegou o celular da Daiane com um dar de ombros e digitou alguma coisa nele antes de devolvê-lo.
- Prontinho! –Ela beijou meu rosto sem que eu pudesse evitar e acenou para Lauren e Daiane. – Verei vocês no sábado!
Porque eu tinha a impressão de que alguma merda iria acontecer?
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