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🌟▫️BRUNNA ▫️🌟


Enquanto Ludmilla estava no banho, eu refleti sobre tudo o que havia acontecido naquela noite e cheguei à conclusão de que Pedro teria sido capaz de me estuprar se Ludmilla não houvesse aparecido. Ela teve razão sobre ele o tempo todo e por eu não ouvi-la, fiz com que ela ganhasse uma boca toda machucada e o supercílio e maçã direita do rosto cortados e se eu não houvesse empurrado Pedro, talvez ela estaria muito pior. O mínimo que eu poderia fazer era pedir desculpas.

- Ela se importa com você. – A voz de Lauren interrompeu meus pensamentos e eu olhei para seu rosto calmo. – Sei que o modo dela demonstrar os sentimentos dela é um tanto confuso, mas a Ludmilla é assim. Há anos eu a vejo babar por você. – Ela se ajeitou na cama. - A única alternativa que ela encontrou de ficar perto de você durante todo esse tempo foi te infernizando. Ela pagou o almoço da estagiária da secretaria do colégio por um mês só para descobrir os seus horários e se matricular nas mesmas turmas que você. Às vezes sinto vontade de socar a cara dela de tanto que ela fala sobre o modo que você fica linda de vermelho ou sobre fica fofa quando está batendo nela. Quando ela dorme aqui em casa em dia de semana é um inferno porque ela levanta de madrugada para se arrumar só porque quer estar no colégio antes de você. – Ela segurou minha mão. – A ameaça que Daiane fez a você naquele dia ainda está valendo, Brunna. Se eu ver minha amiga chorar por sua culpa mais uma vez, eu vou te arrebentar a cara.

- E eu vou ajudar, com um pedaço de tronco. – Camila completou a ameaça sentada ao lado de Lauren e eu senti muito mais medo da minha melhor amiga do que da garota sentada ao lado dela. Camila era meio louca das idéias.

- Eu não fazia idei... – A voz de Ludmilla ecoando de dentro do banheiro me interrompeu.

- Laur, pode trazer a toalha pra mim?

- Pode fazer esse favor para mim, Brunna? – Lauren perguntou sorrindo e jogando a toalha em cima de mim.

- Claro! – Eu sorri sem mostrar os dentes, fui até o banheiro e bati na porta.

- Ela não vai ouvir, pode entrar. – Lauren fez um gesto com a mão enfatizando suas palavras e Camila soltou um risinho muito estranho, mas eu dei de ombros e entrei no banheiro.

- Laur, obrig... – As palavras morreram em sua boca no instante em que ela se virou. Eu ainda estava com a boca aberta pela visão de seu traseiro desnudo. Por que ela ficava perdendo tempo olhando a minha bunda? Se eu tivesse uma bunda igual a dela, eu ficaria a vida toda em frente ao espelho me admirando. Olhei em seus olhos arregalados sem coragem de olhar para baixo e engoli a seco antes de entregar-lhe a toalha.

- Lauren pediu para eu trazer. – Ela pegou a toalha e sorriu sem mostrar os dentes.

- Hum... você pode me dar licença para eu me trocar? – Ela perguntou e eu pisquei umas cinco vezes antes de me dar conta de que ainda estava parada no meio o banheiro com a Oliveira pelada dentro dele. Senti meu rosto enrubescer enquanto corria para fora do banheiro, me deparando com Camila e Lauren aos risos. Desde quando elas eram amiguinhas?

- Demorou Bru, se perdeu lá dentro? – Camila perguntou com um risinho e enquanto Lauren a acompanhava.

- Cala a boca, Camila!

- Que seja! Eu estava conversando com a Lolo e decidimos que você e eu vamos passar a noite aqui.

- Lolo? – Eu perguntei e Camila abraçou Lauren pelos ombros. A garota pareceu congelar.

- Sim, Lolo. Por que, está com ciúmes? – Ela me olhou provocadora e eu me sentei ao lado de Lauren abraçando-a pelos ombros também.

- Não estou com ciúmes. – Eu estava sim.

- O banheiro está livre! – Eu peguei a roupa que Lauren havia me entregado mais cedo e corri para o banheiro.

Durante o banho eu assimilei todas as palavras sobre Ludmilla que Lauren havia dito para mim. Era completamente estranho saber que Ludmilla gostava de mim com aquela intensidade, digo, durante todo o tempo eu interpretei seus atos como meros jeitos de me irritar, mas olhando por outro prisma, tudo aquilo foi até... hum... bonitinho. Se eu gostasse de meninas eu até que poderia gostar de Ludmilla de um jeito romântico, mas até então eu só gostava do filho da puta do Pedro e nunca me senti atraída por meninas e...

- Termina logo essa merda de banho! – O grito de Camila interrompeu meus pensamentos enquanto ela esmurrava a porta. Eu me sequei, vesti as roupas de Lauren e sai resmungando do banheiro. Todas as três estavam sentadas no tapete do quarto formando um semicírculo e havia uma pizza gigantesca no meio delas. Eu me sentei no espaço vazio ao lado de Ludmilla, a todo momento tendo consciência dos nossos joelhos se tocando.

Pelo visto a boca toda machucada de Ludmilla não a impediu de comer quase metade da pizza sozinha e no final acabamos brigando pelo último pedaço. Garota ridícula!

- Eu resolvo isso! – Camila tomou a fatia pizza da mão da Ludmilla, deu metade para Lauren e enfiou todo o resto dentro daquela boca gigante dela enquanto eu definhava de fome. Eu reclamei durante uns quinze minutos, mas parei depois que Camila ameaçou deixar a minha cara pior que a de Ludmilla.

- Então está combinado. Eu emprestarei roupas para Brunna e Camila irem para o colégio amanhã. Agora só falta decidirmos onde vamos dormir. – Lauren sentenciou depois de alguns minutos de conversa.

- Eu vou dormir contigo! – Camila abraçou Lauren que arregalou os olhos e pareceu parar de respirar.

- Não é melhor eu dormir com a Lauren no quarto dos pais dela e Brunna e Camila dividirem esse daqui? – Ludmilla sugeriu e eu não estava me importando com quem eu iria dormir, só queria dormir e esquecer aquela noite dos infernos.

- Cala a boca Oliveira, eu vou dormir com a Lolo e pronto! – Ninguém mais reclamou e todas nos preparamos para dormir. Lauren e Camila saíram do quarto e Ludmilla começou a forrar os cobertores no chão.

- O que você está fazendo? – Perguntei com o cenho franzido.

- Arrumando minha cama.

- Para de palhaçada, vem logo! – Eu bati no espaço ao meu lado na cama. Ela deu de ombros se deitou de frente para mim.

- Você acha que está bem para ir para a escola amanhã? – Ela me perguntou depois que eu desliguei a lâmpada, mas o quarto ainda estava iluminado pela claridade que vinha de fora.

- Eu estou sim, só não quero que aquele filho da puta saia empune. E você, como está? – Eu toquei seu rosto machucado e ela fechou os olhos, inspirando fundo.

- Eu já falei que era só sangue. – Ela abriu os olhos e sorriu.

- Sim, era só sangue. – Eu concordei com um sorriso antes de senti-lo se desmanchar. – Desculpe por não ter acreditado em você.

- Só promete para mim nunca mais chegar perto dele. – Ela sussurrou e eu retirei a mão de seu rosto, sentido sua respiração bater em meu rosto.

- Eu prometo. – Eu sussurrei de volta.

- Isso é ótimo. - Ela sorriu mais uma vez antes de fechar os olhos. – Boa noite, Bru.

- Boa noite, Ludmilla!

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