🌟▫️BRUNNA ▫️🌟

Duas desgraçadas.

Estava na hora de chamar um grupo de padres para fazer um exorcismo na cidade. As portas do inferno haviam sido abertas e os demônios estavam a solta.

De onde Ludmilla havia tirado aquela garota? A Silvana sabia que a filha dela andava com esses tipinhos mais velhos? Alguém deveria avisar.

Eu estava achando lindo demais o fato dela ter falado que me amava e dois dias depois aparecer engolindo a cabeça de espantalho da motoqueira com cara de vândala igual a dela. Eu cogitei a possibilidade dela ter feito uma piada com a minha cara ao dizer que me amava, mas ai eu me lembrei de quando Daiane ameaçou a minha vida inocente por ter feito a amiga dela chorar, lembrei que a Oliveira cortou a Cherry (grande perda) e lembrei do olhar dela quando eu disse que não gostava dela. Se tudo fosse mais uma de suas piadas sem graça, essas coisas não teriam ocorrido. Mas então por que ela beijou aquela garota? Nem olhar na minha cara ela olhou. Eu sempre sentia seu olhar sobre mim durante as aulas, ela sempre dava um jeito de implicar comigo, seja roubando minhas canetas, rabiscando as folhas do meu caderno ou me cutucando com o lápis, ela sempre dava um jeito de me perturbar. Agora ela estava ali, apoiando a bochecha no punho fechado enquanto prestava atenção em absolutamente tudo o que o professor dizia. Palhaça!

- Se quiser eu posso te dar uma foto minha de presente para você admirar. – Eu quase morri de ataque cardíaco quando sua voz interrompeu meu momento de hostilidade. Ela ainda observava o que o professor dizia.

- Eu não estou te admirando, sua ridícula, eu estava reparando nesse cabelo desgrenhado, você não penteia?

- O cabelo é meu, por que você está tão preocupada? – Ok, eu deveria ter ficado quieta. Ou eu deveria pisar no pescoço dela, isso me parecia melhor.

- Eu não estou preocupada. – Eu respondi com um dar de ombros que ela não viu.

- Ótimo, então para de olhar para mim e preste atenção na aula. – Ah! Mas é claro que eu não ia seguir nenhuma ordem dela, por isso, ao invés de prestar atenção na aula, eu simplesmente fiquei encarando ela na cara de pau, para melhorar as coisas, eu ainda comecei a imitá-la. Passou-se uns quinze minutos e eu já conseguia ver sua pele adquirir um tom rosado de raiva. – Para com isso, Brunna! – Ela sibilou entre os dentes.

- Para com isso, Brunna! – Eu repeti. Aquilo era muito melhor que a aula de inglês. A jumenta se mexeu na cadeira e eu repeti seus movimentos, vendo-a franzir os lábios e repeti isso também.

- Você está me irritando.

- Você está me irritando.

- O professor vai brigar com a gente.

- O professor vai brigar com a gente.

- Porra, Brunna! – Ela falou em tom mais alto.

- Porra, Brunna! – Eu repeti acompanhando o seu tom de voz.

- Oliveira e Gonçalves, o que está acontecendo ai atrás? – Eu imediatamente olhei para o professor.

- Professor, eu posso mudar de lugar? – Ela perguntou sem olhar na minha cara. Mudar de lugar, uma ova!

- Posso saber o motivo do seu pedido, senhoria Oliveira? – O professor perguntou cruzando os braços. Aquele cara odiava a gente e a babaca ainda ficava fazendo pedido estúpido a ele.

- Não é nada professor, minha parceira está sendo apenas dramática. – Eu expliquei com um sorriso falso na cara.

- Dramática o seu rabo! – A idiota gritou para mim e eu me virei para ela.

- Fala comigo direito, sua palhaça! – Eu gritei para ela.

- Para de perturbar minha vida, sua idiota! – Que absurdo ela estava dizendo?

- Eu perturbar a sua vida? Você que é um demônio Oliveira, vai se foder!

- Já basta! As duas para a diretoria agora mesmo! – O professor berrou e eu me levantei, encarando a culpada daquilo enquanto ela me olhava como se a culpa daquilo tudo fosse minha. Depois de ouvir o mesmo discurso de sempre o diretor, ficou definido que iríamos ficar de detenção e fomos dispensadas para voltar para aula.

- Tudo culpa sua, eu tenho um encontro com Pedro hoje e você conseguiu estragar os meus planos de fazer tudo com antecedência. –Ela me olhou como se eu houvesse dito o maior dos absurdos.

- Você acha que eu planejei tudo isso? – Não sei por que o tom de voz dela era tão indignado, ela poderia ter muito bem planejado aquilo só para eu não ter que sair com Pedro.

- Você é capaz disso. – Eu dei de ombros enquanto continuávamos seguindo pelos corredores.

- Você está se ouvindo? Eu nem sabia que você vai ter um encontro hoje e muito menos planejava ficar até depois da aula por que de repente você resolveu voltar a ter cinco anos de idade e começar a me imitar, além disso, eu também tenho planos essa noite.

- Com aquela garota que estava com você hoje? – Não havia mal nenhum eu perguntar.

- Yris? Sim! – A idiota confirmou e eu soube que a demônia dois se chamava Yris.

- Ela não é muito velha pra você? – Eu perguntei e ela olhou para mim.

- Ela tem vinte e três anos, não é tão velha assim, por que isso te interessa? – Eu desviei o olhar.

- Não me interessa, mas ela parece ser a sua tia. – Eu menti.

- Eu não beijo minha tia na boca. – Ela retrucou. Aquelas porras de corredores nunca acabavam? Eu só queria chegar logo à sala.

- Sabe o que eu acho engraçado? O fato de fazer dois dias que você se declarou para mim e agora aparecer beijando essa garota com cara de gato possuído. – Eu despejei as palavras e a vi estacar no meio do corredor e cruzar os braços.

- E sabe o que eu acho engraçado? Fato de você eu ter aberto o meu coração para você, você ter me esculhambado, me fazendo sentir pior que um verme e agora estar querendo tomar conta da minha vida. Eu já entendi que você não gosta de garotas e que se gostasse, jamais poderia gostar de mim e eu respeito isso, não vou correr mais atrás de você ou infernizar a sua vida. – Ela inspirou fundo enquanto passava as mãos nos cabelos, bagunçando-os mais ainda. - Eu não menti para você quando eu disse que conheço o Pedro com a palma da minha mão e eu ainda acho que ele não serve para você ou qualquer outra pessoa, mas eu não vou dizer mais nada porque sei que você não acredita em mim. Você prefere acreditar num idiota para quem você só dá bom dia todos os dias do que em mim que você conhece há nove anos e convive o tempo todo. Sua cabeça é o seu guia Brunna, eu só espero que ela a guie para um caminho certo e que você perceba o tipo de cara que ele é antes que seja tarde demais. – Ela finalizou antes de andar na minha frente e entrar na sala.

☀️▫️LUDMILLA ▫️☀️

- Tudo certo para nós irmos ao cinema hoje? – Eu perguntei à Daiane e Lauren durante o almoço. Eu havia decidido que não iria esquentar minha cabeça falando da Brunna, mas ao mesmo tempo eu estava preocupada com o encontro dela com Pedro porque apesar de todas as ameaças que eu fiz a ele naquela festa, eu não poderia cumprir nenhuma. Eu não podia expor Aline e não tinha prova sobre os anabolizantes que ele vendia para os garotos do time, além disso, ele usava anabolizantes na época que jogávamos juntos, mas eu não tinha certeza se ele ainda usava e ele poderia me processar de alguma forma caso não estivesse usando merda nenhuma, ou seja, eu estava de mãos atadas no que se referia a Pedro e Brunna.

- Eu queria muito ir, mas Fernanda cismou que eu devo ir à casa dela para ela me ajudar com algumas dicas de moda. – Ela bufou. – Como se eu precisasse disso...

- Então por que você não recusou? –Eu franzi as sobrancelhas. Desde a festa de Vanessa, Daiane e Fernanda não se desgrudavam e eu ainda estava tentando entender aquilo.

- Eu não podia recusar, acho que Vanessa também estará lá.

- Daiane, eu acho que você está se enrolando com essa coisa da Vanessa... – Lauren confidenciou mais uma vez uma coisa que estava na cara.

- Eu sei, mas dessa vez eu não estou sendo invisível para ela e também não posso contar a ela que menti sobre essa promessa entre Ludmilla e eu. Estou muito fodida... – Eu afaguei as costas da minha amiga sem saber o que dizer porque eu não sabia dar conselho.

- Eu nem sei o que dizer Dai, minha vida não está lá essas coisas para eu poder aconselhar alguém. – Eu murmurei para minha melhor amiga que estava com a cabeça sobre os braços.

- Tudo bem. – Ela olhou para a Lauren. – Você nem abra a boca porque você é péssima em conselhos, afinal, você vai ou não ao cinema hoje? – Lauren revirou os olhos antes de responder.

- Eu não vou poder ir, minha mãe quer que eu faça compras com ela porque ela quer redecorar a cozinha e se eu não for, ela vai comprar tudo verde com estampas de pinguins ou vacas eu preciso impedir esse desastre.

- Você vai querer comprar tudo preto e essas coisas dark, acho que é melhor seu pai escolher a decoração. – Daiane respondeu.

- Cala a boca! - Lauren respondeu, mas todas nós sabíamos que aquilo era verdade.

- Vem calar! – Pronto ia começar a guerra.

- Parem as duas! – Eu as interrompi antes que começassem a jogar comida uma na outra. – Dessa vez eu vou perdoar o bolo que vocês vão nos dar, mas da próxima vez, vamos todas nós. – Elas assentiram e eu peguei meu celular para enviar uma mensagem para Yris.

[12:16 – LUDMILLA]

Yris,

Lauren e Daiane não poderão ir, serão apenas nós duas hoje às 18h30 no Charplin Cine, ok?

Beijos!

🌟▫️BRUNNA ▫️🌟

Ainda enfrentando o gelo da Ari e Clara, eu havia decido que passaria o horário do almoço na biblioteca porque lá eu teria como fazer minha pesquisa em paz e sabia onde poderia me esconder para comer em paz também, além disso, eu não queria ter que olhar na cara da Oliveira durante o almoço.

COMO SE COMPORTAR NUM PRIMEIRO ENCONTRO COM O CRUSH DOS SONHOS? (PESQUISAR).

Abri os vinte primeiros resultados e desembrulhei meu sanduíche silenciosamente enquanto esperava as páginas carregarem. Senti meu celular vibrar dentro do bolso e o desbloqueei.

[12:04 – FUTURO MARIDO]

Brunna,

Eu não ti encontrei no almoço. Só quero lenbrar que hoje vou ti buscar as 19h para irmos no Charplin Cine.

Beijão!

Eu resolvi perdoar os erros gramaticais dele, respondi a sua mensagem e comecei a ler minha pesquisa.

Hoje eu conseguiria o meu primeiro beijo de verdade.