✨-17-✨
☀️▫️LUDMILLA ▫️☀️
Brunna olhava para mim como se eu houvesse dito que sou um ET, seus olhos estavam arregalados, seus lábios entreabertos e seu corpo inerte como se ela fosse uma fotografia. Enquanto isso, eu sentia meu coração bater apressado, como se quisesse chegar a algum lugar, mas eu sabia que ele jamais chegaria onde queria. Fechei meus olhos e inspirei fundo. Era hora de eu me entregar a ela.
- Eu amo você Brunna. Eu não faço a mínima idéia de quando ou como aconteceu, mas aconteceu, está legal? Quando estou perto de você eu sinto como se eu estivesse completa e quando eu estou longe de você é como se eu não existisse, como se o meu eu não fosse o suficiente para eu me sentir feliz. –Eu tomei fôlego e continuei, sem coragem de olhar nos olhos dela. - Eu sei que é uma situação fodida, que eu deveria me bastar, mas acho que amo você mais do que amo a mim mesma, só que ao mesmo tempo eu sou egoísta por querê-la perto de mim, só para mim, porque só possibilidade de vê-la ao lado de outra pessoa é capaz de acabar comigo. – Eu comecei a andar pelo quarto enquanto tentava me explicar de maneira atropelada. - Eu sei, é confuso, eu não sou boa com palavras, para dizer a verdade eu sou uma merda com palavras, mas o amor é difícil de explicar, a gente só sente, por isso é uma coisa tão incrível, não sei... – Bufei frustrada. – É assim que eu vejo e sinto você Bru, inexplicável e incrível, você é o meu amor.
Eu esperava que ela tivesse entendido.
Parecia que eu havia acabado de correr uma maratona e meu peito iria arrebentar com aquele sentimento a qualquer momento. Eu sentia cada músculo do meu corpo trabalhar no esforço de me sustentar em pé. Eu me sentia transbordar. Era como se o ato de verbalizar um pouco do que eu sentia houvesse desencadeado todo um turbilhão de sentimentos que meu corpo era incapaz de suportar.
- E Daiane? – Se eu não estivesse muito atenta a Brunna , não teria ouvido a sua pergunta. Levantei a cabeça, me deparando com a sua própria, baixa, impossibilitando-me ter uma visão completa de seu rosto.
- O que tem ela? – Ela levantou o olhar para mim e ela franziu as sobrancelhas, com os olhos inflamando um sentimento que eu não conseguia identificar.
- O que tem ela? – Gritou indignada. – Ela é a sua namorada, porra!
- Do que você está falando? Claro que Daiane não é minha namorada. Eu acabei de falar que amo você e você vem me falar da Daiane? Você acha que eu seria capaz de me declarar para você enquanto estivesse namorando outra? Que tipo de pessoa você acha que eu sou?
- Eu vi vocês se beijando no estacionamento do colégio. – Ela esbravejou. – Se ela não é sua namorada, por que ela estava tão alterada pelo beijo que você trocou com a magrela da Vieira?
- Aquilo é o meu modo de selar meus juramentos com minha melhor amiga e o fato dela ter ficado tão alterada com o beijo é porque ela teve motivos para isso, mas não cabe a mim contar a você porque isso é um segredo dela. – Eu expliquei e a vi balançar as mãos.
- Bem, isso não muda o fato de que eu não sinto nada de bom por você. Porra, se você gosta de mim, por que fez da minha vida um inferno desde sempre? Por que quis me ajudar a ficar com um cara que você sabe que eu gosto? – Ela ficou em silêncio por alguns instantes como se pensasse em algo e logo em seguida seus olhos se arregalaram como se ela tomasse consciência de alguma coisa. – Agora ficou tudo claro para mim! – Ela riu sem humor. - Você inventou tudo aquilo sobre o Pedro porque "gosta de mim", não é? Você joga sujo, Oliveira! Se fiquei alterada é porque nunca havia bebido antes. – Ela rodeou a cama, se aproximando a ponto de nossos narizes se encostarem, seu olhar inflamado seria capaz de me cegar. – Eu não gosto de garotas, Oliveira, e mesmo se eu gostasse, você seria a última pessoa pela qual eu poderia me apaixonar. – Ela cuspiu as palavras na minha cara, pegou sua bolsa e saiu do meu quarto sem que eu movesse um músculo.
Aquilo havia doído muito mais que uma paulada no meio da cara. O fato de se eu saber que Brunna não gostava de mim não amenizava o efeito das palavras que ainda ecoavam em minha cabeça. Como aquilo pôde causar uma dor física em mim? Um nó havia se formado em minha laringe e eu mal conseguia respirar, o meu peito ardia de maneira inexplicável enquanto eu dava passos inconscientes em direção a cama onde me deixei desabar em lágrimas.
🌟▫️BRUNNA ▫️🌟
Me ama.
Como aquela criatura foi capaz de dizer que me amava depois de tudo o que me fez? A idiota nem deveria saber o que era amar alguém.
"Olha, eu te amo, e como forma de demonstrar isso eu vou infernizar a sua vida"
Estúpida! Além disso, eu não gostava de garotas e não menti quando disse que ela era a última garota pela qual eu me apaixonaria. Como poderia?
- Bom dia, filha! – Minha mãe me cumprimentou com um sorriso enquanto eu passava pela cozinha.
- Bom dia... – Eu resmunguei.
- Chegou cedo... Ludmilla me disse que... – Eu a interrompi.
- Ludmilla?
- Sim, ela me avisou que você dormiria na casa dela porque você estava muito cansada e acabou apagando na cama. – Minha mãe sorriu largamente. - Sabe, é bom saber que estão se dando bem, ela é uma boa garot...
- É melhor a senhora tirar da cabeça a ideia de que Ludmilla e eu seremos amigas. – Deixei um beijo no rosto da minha mãe e fui correndo para o meu quarto.
Eu precisava desabafar com alguém. Peguei meu celular e disquei o número da Camila e logo em seguida o da Clara, pedindo urgentemente que elas fossem até a minha casa. Óbvio que Camila ameaçou arrancar a minha cabeça e Clara resmungou por estar tão cedo, mas quando falei que era grave, elas concordaram em vir e Camila informou que buscaria Clara na casa dela.
- Acho bom seu motivo para me fazer levantar da cama ser ótimo porque estou com uma puta cólica e meu desejo de matar alguém está cem vezes mais aflorado. – Camila esbravejou antes de pular em cima da minha cama, fazendo-a ranger audivelmente.
- Eu não vou te matar, mas eu também espero que seu motivo seja ótimo porque eu ainda estou morrendo de sono. – Clara resmungou antes de também se jogar em cima da cama. Aquela merda de cama iria acabar quebrando.
- Ludmilla falou que me ama. – Eu soltei logo de uma vez e de repente Camila rolou para cima de mim enquanto suas mãos começaram a apertar o meu pescoço.
- Eu falei que você tinha que ter um bom motivo Brunna, e isso não é um bom motivo. – Ela continuou apertando meu pescoço enquanto o ar começava me faltar.
- Larga ela, Camila! – Clara gritou enquanto empurrava aquela idiota de cima de mim. – Ela está ficando vermelha. – Eu não podia acreditar que minha melhor amiga estava me matando.
- Você é uma idiota! – Ela resmungou antes de me soltar e voltar a se sentar na cama como se nada houvesse acontecido e eu não estivesse quase cuspindo os meus pulmões.
- Você... é... uma... vagabunda! – Eu gritei em meio a soluços e Camila revirou os olhos antes de se deitar de costas para mim.
- Ninguém mandou ter me acordado. – Eu ainda busquei por um pouco de fôlego antes de respondê-la.
- Eu digo que a Oliveira falou que me ama e você tenta me matar? – Ela se virou para mim enquanto Clara se ajeitava na cama.
- Isso não é nenhuma novidade.
- Ela tem razão, Bru. – Clara completou.
- Como assim não é nenhuma novidade? – Claro que aquilo era uma novidade!
- A garota lambe o chão que você pisa.
- Lambe o chão que eu piso? Você está louca? A idiota só me fez mal nos últimos anos! Como você tem a coragem de dizer que ela lambe o chão que eu piso?
- Para de ser idiota. Ela nunca fez nada demais para você. Você que sempre ficou com fogo no cu, se sentindo ofendida por pouca coisa. Ela apenas fez algumas brincadeiras contigo e você acha mesmo que não percebi os sorrisinhos que você dava? Você também adora brincar de gato e rato! – Aquilo era mentira, às vezes eu tinha espasmos labiais. – Se ela fosse realmente escrota a ponto de te magoar, eu mesma iria lá quebrar os dentes dela, mas eu nunca levei as briguinhas de vocês a sério. Se você não fosse tão imbecil e ficasse correndo atrás daquele idiota do Pedro, teria percebido o modo como Ludmilla te olha. Acho até que tia Mia percebeu. – Camila esbravejou enquanto pegava uma banana.
- Além disso, você acha que se Ludmilla realmente não gostasse de você ela teria se dado ao trabalho de plantar e cuidar de uma cerejeira para você? Você está sendo estúpida, Brunna! – Clara disse irritada.
- O que você disse para ela? – Camila me perguntou e seu olhar me disse que não gostaria da minha resposta.
- Eu disse a verdade. – Dei de ombros.
- Brunna, o que você disse? – Ai porra, eu estava fodida.
- Eu disse que não gostava de garotas e se gostasse, ela seria a última garota pela qual eu poderia me apaixonar. – Camila imediatamente levantou-se da cama e puxou Clara pela mão. Eu não entendi nada. – Para onde vocês estão indo.
- Estamos indo embora. Eu seria capaz de dar um soco na sua cara agora. Você foi escrota, sua idiota! Como você se sentiria se o Pedro dissesse isso para você depois de você haver se declarado para ele? A coitada da Ludmilla deve estar arrasada. – Eu podia ver a raiva transparecer em cada palavra que minha amiga dizia.
- Ela é uma pessoa boa, Brunna. Basta observarmos o modo com que ela trata os pais e as amigas. Ela tem aquela pose de marginal, mas nunca se comportou como uma. Ela é uma pessoa com sentimentos como você. Você vacilou Brunna, e eu estou com um pouco de raiva de você. – Clara disse enquanto Camila a puxava para fora do quarto.
Será que eu havia sido muito dura com a Oliveira?
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