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️▫️LUDMILLA ▫️☀️

Que porra era aquela?

Num instante eu estava conversando com Vanessa sobre a festa de sábado e no outro ela estava me beijando.

Eu tentei falar alguma coisa, mas no instante em que abri a boca para verbalizar algo, sua língua invadiu-a e eu não conseguia nem respirar.

- Oliveira! – Ao ouvir a voz feminina, empurrei Vanessa pelos ombros e me virei para Brunna, que estava rubra de raiva apertando os dedos nos punhos.

- Bru, eu poss... - Minha fala foi interrompida pelo som estridente de algo se chocando contra o chão. Minha cabeça imediatamente seguiu o som e eu me deparei com Daiane estática ao lado da bicicleta caída.

Isso vida, me foda de todos os jeitos!

Ignorando Brunna que estava puta da vida, eu fui em direção à minha melhor amiga, mas a cada passo que eu dava para frente, Daiane dava um para trás. A decepção no olhar dela estava acabando comigo. Eu aumentei a velocidade e ela não teve tempo de afastar. Eu segurei seu braço e a puxei para mim, abraçando-a enquanto ela se debatia.

- Me larga, porra! – Ela gritou, tentando se desvencilhar, mas eu a apertei mais ainda contra mim.

- Ela me beijou, acredita em mim. –Tentei explicar, tomada pelo desespero e medo dela não acreditar que aquela merda toda foi acidental.

- Caralho Ludmilla! Você a beijou, merda, a beijou! – Ela não iria sair dali enquanto eu não pudesse me explicar. Eu segurei seu rosto entre minhas mãos e olhei em seus olhos, já desprovido dos óculos, que deveria ter caído quando ela se debateu.

- Amor, você sabe muito bem de quem eu gosto e você acha mesmo que eu faria uma coisa dessas com você? – Eu não queria contar o que aconteceu, para não magoá-la, mas eu não queria que nossa amizade acabasse por causa da idiota da Vieira. – Ela pediu para conversar comigo e eu pedi para ela me acompanhar até o estacionamento para que eu pudesse guardar a minha moto, no meio da nossa conversa sobre a festa de sábado, ela me agarrou, eu não a beijei. – Seu olhar marejado oscilava entre meus olhos quando ela me perguntou.

- Você jura? – Sua voz era trêmula e ela levantou o queixo e uniu os lábios, que eu imediatamente beijei, como nosso modo de juramento desde que nós tínhamos seis anos.

- Claro que eu juro. – Sorri, puxando-a para mim e abraçando-a, quase morrendo de felicidade quando ela retribuiu o abraço. Em meio ao abraço, lembrei que Brunna ainda estava ali e dirigi meu olhar a ela, que estava sozinha. Eu nem queria saber para onde Vanessa havia ido.

- Vá conversar com ela, eu vou para a aula tentar aceitar o fato que minha crush gosta da minha melhor amiga. – Dai sussurrou para mim e eu me virei para ela. O sorriso vacilante em seu rosto era de cortar o coração e eu amaldiçoei aquela merda de situação fodida.

- Eu não estou pronta para te deixar ir. – Eu sussurrei de volta, sabendo que ela precisava de mim.

- Eu não estou bem, mas eu vou ficar, eu só me precipitei ao pensar que ela pudesse ter interesse em mim. Ontem ela não parava de me perguntar sobre minhas amigas e agora eu sei o motivo. – Ela riu secamente. – Ludmilla, antes daquela mensagem estúpida que ela me enviou, eu nunca havia pensado que ela pudesse sequer olhar na minha direção, então eu meio que voltei à estaca zero agora. Vai conversar com a sua garota! Sabe-se lá o que ela está pensando. Ela estava bem puta quando chegou ao estacionamento. – Eu pude sentir a alegria verdadeira quanto ela riu novamente. – Você está tão fodida quanto eu, gata.

🌟▫️BRUNNA ▫️🌟

- Por que você me falou que ela gostava de mim? – Vanessa perguntou enquanto eu assistia a interação entre Daiane e Ludmilla. Pelo canto do olho, eu percebi que Vanessa também estava com o olhar grudado nas duas.

E agora, Brunna?

Tudo culpa da Ludmilla! Ela me falou que gostava da magricela. Quando eu iria imaginar que na verdade ela era apaixonada por Daiane?

Eu decidi ser parcialmente sincera.

- Desculpa, para dizer a verdade, Ludmilla e eu não somos amigas. Estamos mais para inimigas mortais e a idiota mentiu para mim dizendo que gostava de você. Decidi te contar porque achei que você iria ignorá-la ou coisa parecida, mas eu não sabia que você gostava dela. – Eu olhei para Vanessa.

- Como não gostar dela? – Ela apontou para Ludmilla que ainda conversava com Daiane. – Ela é maravilhosa! – Ela deu de ombros. – Enfim, vou ter que superar porque dá para ver que aquelas duas se gostam de verdade. Pelo menos sua mentira valeu um beijo! – Ela sorriu e começou a se afastar. – Tchau, Gonçalves! – Eu sorri sem mostrar os dentes e voltei meu olhar para Ludmilla e Daiane, vendo-as se despedirem enquanto Daiane empurrava sua bicicleta para o compartimento de bicicletas e Ludmilla vinha correndo até onde eu estava.

Ela tinha muitas explicações a me dar.

- Oi... de... novo, Bru! – Ela sorriu ofegante enquanto apoiava as duas mãos nos joelhos e comecei a desferir tapas em seu braço, sentindo-me furiosa pelo chupão, pela mentira, pelo beij... por tudo!

- Eu vou acabar com você Oliveira! Já viu o que você fez no meu pescoço? – Apontei para o local onde eu sabia estar a marca. – Você quase arrebentou minha artéria com a boca, sua idiota! Além disso, mentiu para mim ao dizer que gostava da magricela com bafo de cigarro! – Gritei enquanto ainda desferia tapas em seu braço.

- Calma, eu posso explicar! – Ela respondeu tentando se defender e eu só parei de bater nela porque senti minha mão começar a latejar.

- Estou esperando. – Eu cruzei o braço na frente dos seios e meu pé direto começou a bater freneticamente no chão. Ela olhou para o estacionamento já quase vazio e segurou meu cotovelo, me levando em direção à moto ridícula dela.

- Vamos sair daqui antes que alguém nos pegue. – Ela me estendeu um capacete e eu peguei enquanto lhe entregava minha mochila.

Conseguimos sair do colégio sem sermos pegas e Ludmilla me levou até um parque que havia um pouco distante dali. Durante o percurso, eu me perguntava o motivo de estar ali naquela garupa, abraçando a cintura da Ludmilla ao invés de apenas tê-la xingado e batido nela como eu sempre fiz. A resposta era que eu queria ouvi-la. Desde a noite anterior minha cabeça estava uma merda e conversar com ela talvez me trouxesse as resposta das quais eu precisava.

Nos sentamos num banco sob a sombra de um carvalho e ela quebrou o silêncio.

- Desculpa... – Meus olhos imediatamente foram para o seu rosto e ela estava séria. – Não foi minha intenção deixar seu pescoço marcado.

- Por que você falou para mim que gostava da Vanessa? Por que você plantou a Cherry? – Eu ignorei seu pedido de desculpas, querendo sanar minhas primeiras dúvidas. Ela desviou o olhar do meu e suspirou, olhando para o parque quase vazio.

- Ao contrário do que você pensa, eu não te odeio. – Óbvio que ela me odiava, se vivia me infernizando era porque me odiava. – E sempre quis ver uma planta crescer. Como sempre soube da sua fascinação por cerejas, pensei: por que não? –Ela deu de ombros. – Eu sabia que se você soubesse que as cerejas eram presentes meus, você não as aceitaria então eu deixei você pensar que eram presentes da minha mãe. A resposta para sua outra pergunta é parecida com essa. – Ela começou a mexer nos próprios dedos. – Eu sabia que você gosta do babaca e resolvi te ajudar, mas sabia que você não aceitaria a minha ajuda se eu não apresentasse um motivo para isso, por isso, inventei que gostava da Vanessa.

- Mas não imaginava que ela pudesse gostar de você, não é? – Perguntei baixinho e ela assentiu. –Por que não me disse isso antes? –Ela revirou os olhos e riu.

- Brunna, você me odeia desde o instante que me conheceu, até parece que eu dizer uma coisa assim iria adiantar alguma coisa. – Eu não conseguia acreditar que aquelas palavras iriam sair da minha boca, mas mesmo assim eu as disse.

- Eu quero continuar as lições. – Ela imediatamente voltou o olhar surpreso para mim.

- Quê?

- É surda? Você falou que quer me ajudar, não é? Sua mãe está certa e já está na hora de pararmos de nos comportar como se tivéssemos cinco anos. Vamos continuar com as lições e eu verei ou não se posso confiar em você e tê-la como amiga. – Eu a vi olhar para os lados sem mover a cabeça.

- Ter-me como amiga?

- Sim. - Ela ficou em silêncio por alguns instantes.

- Ok, então hoje vou levá-la ao cinema!

- Cinema?

- Sim, ué. – Ela deu de ombros. – Se Pedro a chamar para um encontro, você deverá saber como se comportar.

- Mas... – Ela me interrompeu.

- Mas nada, Gonçalves! Hoje vou levá-la ao cinema e ponto final.

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